quinta-feira, 30 de junho de 2011

Estado de Graça

Imagem: Josephine Wall - Direitos Reservados. Uso não comercial, conforme http://www.josephinewall.co.uk/licensing.html

E nesse Estado de Graça,
Chamado Minas Gerais,
Um Anjo distrai-se e passa;
Deixa cair, por pirraça
(Isso dois anos atrás),

Falando com seus Botões,
Mais que falas - orações;
São Botões de Madrepora,
Sentimentos, corações,
De madrepérola agora;

Irisados, furta-cores,
Grandes, pequenos também,
Da cor da luz, dos amores,
De alegrias, de dores,
Trazem dádivas do Bem;

E nesse Estado de Graça
Onde qualquer coisa é trem,
Exceto a Maria-fumaça,
A gente ao Anjo abraça
E todos dizem Amém.

Internético Bordado,
Já disse a Lu, com razão;
Teu talento derramado,
Teu sorriso encantado
Transborda do coração.

E nesse Estado de Graça
Chamado também de Minas,
Por onde teu Anjo passa
A gente levanta a taça;
A todos nós tu fascinas.

Parabéns a teus Botões,
E a teu Anjo, que abraça
Estes nossos corações,
Murmurando orações
Nesse Estado de Graça!

Parabéns, dona Maria das Graças Lacerda!
Vida longa aos Botões de Madrepérola!
Postagem inaugural dos "Botões de Madrepérola":
http://botoesmadreperola.blogspot.com/2009/07/os-botoes-de-madreperola.html
Vida longa ao Anjo de Prata!
A postagem inaugural do "Anjo de Prata" é de 26 de agosto de 2009 - sinal que a amiga Graça levou quase dois meses preparando-a. Ou então, Anjos gostam de esconder a idade - ou vai ver o tempo deles é diferente, mesmo...
http://anjopratablogspotcom.blogspot.com/2009/08/blog-post.html
Sonhos de uma Noite de Quase Primavera

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Mellíss II

(primeiro dia)

     A Escultura perderia algumas obras-primas se Antonio Francisco Lisboa não fosse aleijado.
     A Música seria mais pobre se Beethoven não fosse meio surdo.
     A Poesia... que seria dela se Homero não fosse cego?


MEUS VERSOS


Empresto o coração apaixonado,
o coração sofrido,
o coração alado,
os sonhos que alguém sonhou,
as lágrimas que alguém chorou,
o sentimento esquecido,
o sorriso perdido,
a alegria plena,
para compor meu verso...
Empresto um pouco de ti
e crio meu universo.


Santos, 26/04/2011


     À poetisa que extrai beleza da adversidade, ofereço estes espaços:
1 - por três dias na página de rosto do Sete Ramos de Oliveira;
2 - por tempo indeterminado no "Entre aspas", no cabeçalho deste "blog";
3 - permanentemente na minha admiração e na minha alma.
     Deus te dê luz, Fátima Guerreira!


(segundo dia)


Sentes, Poetisa, o carinho
De tantos, tantos amigos?
São outros tantos abrigos,
São teu refúgio, teu ninho!

A todos, tocaste a alma,
A todos, o coração;
A todos trouxeste a palma
No toque de tua mão.

E teu verso tão sublime,
Onde a mensagem sagrada
Na voz dos anjos se exprime,

É a ânfora dourada
Cujo néctar nos redime
Das dores desta jornada!



LUZ INTERIOR

Quando a luz fugiu do meu olhar,
E as estrelas não pude mais achar,
Quando a noite escura se estendeu ao meu redor,
Vivi da minha luz interior
E das estrelas que eu já sei de cor.

Santos, 03/06/2011
Fátima Guerra (Mellíss)


(terceiro dia)


Ofereço este singelo testemunho de minha admiração à poetisa Fátima Guerra, confiando em sua generosidade para aceitá-lo.
"Não é o prêmio que valoriza a obra. A obra é que dá valor ao prêmio que a homenageia."
Rodolfo Barcellos



"Acredito que o coração humano é o solo mais fértil que existe, no qual podemos plantar e colher estrelas... Acredito que as palavras são sementes preciosas. Acredito que a eternidade nos pertence desde sempre, pois dela viemos e para ela voltaremos. É muito bom saber que somos companheiros de viagem."

Fátima Guerra


terça-feira, 21 de junho de 2011

Inverno


     Para a imensa maioria dos habitantes do hemisfério sul - o lado debaixo do equador - a noite de 21 de junho é a mais longa e a mais fria do ano. Explica-se: é a noite do solstício, quando o sol atinge o limite máximo em sua jornada para o norte e para por um instante, inaugurando verões em Lisboa e Paris, antes de, hesitantemente, inverter seu curso e começar sua longa jornada de volta ao sul.
     Mas para mim, por muito tempo, essa foi a noite mais curta e mais quente do ano, mesmo aqui no Brasil. Era a noite em que vinhos e queijos disputavam com carinhos e beijos a primazia nas comemorações do aniversário da Maria Helena.
     Este ano, sentirei frio, e a noite do solstício demorará a passar. Mas não me queixarei. Abrirei o Porto que nossos compadres me ofertaram em fevereiro, e brindarei às boas lembranças dos solstícios passados; e também a tantos amigos da blogosfera que têm aquecido meu coração neste inverno, que para mim começou em novembro e não tem data para terminar.
     E meu primeiro brinde será em homenagem à Flor de Maria Helena. Transcrevo aqui a matéria publicada há um ano, em plena Copa do Mundo:

Fotografada pela Beatriz em 20 de Junho de 2010
- Schlumbergera truncata (Epiphyllum truncatum, Zygocactus truncatus).
- Nome Popular: Flor-de-maio, cacto-de-natal, cacto-da-páscoa, flor-de-seda.

- A Flor de Maio é uma cactácea originária da mata atlântica, especificamente da região norte do estado do Rio de Janeiro, e atualmente difundida pelo mundo inteiro, devido ao seu belíssimo aspecto durante a floração e à facilidade de cultivo doméstico. Floresce nos meses tardios do outono, e por isso é conhecida na Europa como Flor do Natal, ou Cacto de Natal.
- Aqui em casa, uma variedade particularmente exuberante resolveu exibir-se neste dia 20 – véspera do solstício. Nada a ver, eu acho, com a bela atuação da seleção brasileira frente à forte esquadra elefantina; aposto que é mais uma homenagem que a natureza presta à minha querida Maria Helena, na véspera de seu aniversário.
- Aliás, em anos anteriores e com outras variedades da mesma planta, tem acontecido coisa semelhante. Já faz uma década que venho apelidando a espécie de Flor de Junho... mas acho que já está na hora de chamá-la – pelo menos dentro das fronteiras dos nossos humildes domínios – de Flor de Maria Helena.
* * * * * * * * * *
Perda.
Foi-se a primavera. O verão se foi. Vai-se agora o outono,
Castanhas folhas mortas, caídas,
Varridas pelo vento gélido do sudoeste invernal,
Assim como apagou-se aquele amor ardente
Ao sopro frio do fado mortal.

Agonia.
Meu coração está triste. E como ele
O sol se arrasta pelo céu, baixo e cansado,
Retrato ou reflexo,
Navegando cume a cume em cabotagem,
Qual uma nau carregada de pesados nadas,
Sem forças para se afastar do horizonte recortado por serras cinzentas e nuas.
Cinzenta está minha alma. Nua. Nuvens frias,
Úmidas névoas debruçadas nos morros,
Rastejando nos vales...
Seus dedos em garra em volta de mim.


Ausência.
Ah, as lembranças dos invernos de outrora,
Quentes carícias, abraços, beijos... onde?
Não mais. Não mais agora.

Angústia.
Definha pouco a pouco a esperança
Esvai-se lentamente a luz da alma
Agarra-se a mente na lembrança
Dos momentos de êxtase e de calma.


Saudade.
Onde o murmúrio doce, carinhoso?
Onde as estrelas que moravam em teu olhar?
Onde  o teu perfume nos lençóis? Onde?
Nesta luta da saudade contra a vida,
Que faz deste meu peito a liça, sem quartel,
A saudade gera hidras, se abatida...
Saudades da saudade que morreu.


Vazio.
Não mais lágrimas - estão secas.
Não mais dores - cicatrizes.
Onde estão as minhas flores?
Onde, as minhas raízes?


Amargor.
Ah! os vinhos que aqueciam nossas noites!
Hoje, o tinto sabe a sangue,
Sabe a pranto hoje o branco.
Sangue de Boi? Lachrima Christi?


Esperança.
Talvez que a Primavera
(Depois de tanta espera)
Possa trazer-me alento
Na forma de novo amor...
Na forma de esquecimento...

Dúvida.
Mas ainda
Choram as flores da noite,
E as estrelas do Cruzeiro
Choram lágrimas de luz.


Oração.
Vem, primavera! Eu te imploro!
Enquanto não vens, eu choro
Mais que as estrelas da Cruz!



(e esta noite que não passa... e esse frio...)
Inverno. Inverno. Inverno.

* * * * * * * * * *
     Não se preocupem, meus amigos... eu precisava me libertar de alguns fantasmas, e a melhor maneira de exorcizá-los, para mim, é essa. Não deixem que a alegria e o calor fujam de seus corações. Eu estou bem, e se quiserem brindar comigo ao solstício e ao inverno... saúde!
     Ah! e verifiquem se neste dia de solstício não estarão sorrindo as Flores de Maria Helena por esse Brasilzão todo! As minhas estão...


Nota: os direitos de publicação e distribuição do poema "Inverno", em sua forma impressa, foram cedidos à editora VIVARA.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Quadrângulo

Títulos alternativos:
DR
Da imponderável fluidez do amor


Terei eu ciúme dela?
Inveja do namorado?
Às vezes sonho com ela,
Às vezes fico acordado.

Só sei que a minha bela
Que me chama de amado
Diz que tem inveja dela
E ciúme do namorado!

E a verdade se revela
Num encontro combinado
Num jantar à luz de vela.

Fica tudo acertado:
Ficam juntas ela e ela
E me sobra o namorado...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Propósitos



     Todos temos nossos defeitos. Dos meus, procuro sacudir os que me incomodam, como um vira-lata sacode suas pulgas. Mas há os que eu cultivo discretamente, e um desses é a mania de escarafunchar os "blogs" dos amigos. E de vez em quando deparo-me com alguma coisa interessante. Por exemplo...
     Por exemplo, fiz agorinha mesmo uma viagem no tempo - os amigos mais antigos sabem que curto essas aventuras - e testemunhei o nascimento, em  20 de junho de 2009, às 17:46, de um tal de "Cotidiano Agridoce". E não é que o pirralho já nasceu cheio de bossa?
     Vai um trecho do primeiro choro do nascituro:


SÁBADO, 20 DE JUNHO DE 2009


Propósitos
Hoje descobri o que realmente significa a palavra propósito, estava assistindo o programa 'Soletrando', e os finalistas eram o Bruno do Rio de Janeiro, o Pedro Henrique do Ceará, e a Larissa Oliveira daqui de Pernambuco, de início estava torcendo pela Larissa, mulher e pernambucana, era óbvia a torcida, depois, com a saída do Bruno comecei a torcer pelo Pedro, a mãe dele o criou sozinha, era empregada doméstica, mas teve que sair do emprego por ter que cuidar dos avós do Pedro que têm alzheimer, uma história realmente comovente. Então, passei a torcer por ele, deixando de lado o ufanismo por Pernambuco e a honra obtida pela vitória de uma mulher.


     Bem, o resto, quem estiver interessado clique aqui embaixo, no painel da máquina do tempo - e aproveite para deixar seu comentário dois anos atrás, antes de vir de volta para o futuro.




     Feliz aniversário! Parabéns, Cotidiano Agridoce! Parabéns, Débora!


Passou-se já um ano... e outro ano...
Onde é que no caminho te perdi?
No meigo e sempre doce cotidiano
Nunca, nunca, o "agri" teu senti;

Ou passou por nós, tão célere, o tempo,
Ou certo nós por ele é que passamos;
Mas sem jamais ver qualquer contratempo,
Em belos versos nós nos encontramos.

Eras riso? eras pranto? ou malícia?
Eras distância? estavas bem aqui?
Eras sabor amargo? ou delícia?


Sempre foste como sempre te senti;
Uma lágrima... um sorriso... uma carícia...
Um sabiá... uma gaivota... um colibri.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Namorados


Rodin: O Beijo
     Peço licença aos amigos para republicar hoje a matéria de um ano atrás - devidamente revista, atualizada e enriquecida.
     Na maioria dos países do Ocidente - Portugal inclusive - o Dia dos Namorados é celebrado em 14 de Fevereiro, em homenagem a S. Valentim. No Brasil, comemora-se em 12 de junho; é véspera de Santo Antônio, o santo casamenteiro, esperança de muita gente encalhada.
     Esse santo milagreiro não consegue ter um minuto de paz nesta época do ano. Sua imagem de barro virada de costas, fitando a parede, ou em precário equilíbrio, de ponta-cabeça, é a tradução dos anseios das moças casadoiras... e nada melhor que algumas  rimas, modestas que sejam, para alegrar os corações esperançosos.
     Quando eu me meto a versejar, prefiro as redondilhas. Esse tipo de verso suporta bem um ou outro tropeço nas rimas e disfarça melhor um pé quebrado no ritmo. Por isso é o predileto dos poetas menores, como eu.
     Mas de vez em quando, a musa me desafia a vôos mais altos, e eu arrisco um estilo mais ousado. E aí me atrevo a imitar Camões - é claro que em vôos bem mais curtos (o grande vate escreveu Os Lusíadas em mais de oito mil e oitocentos versos - todos decassílabos heróicos perfeitos).
     Por falar nisso, eu já ia passando batido, sem prestar continência: neste dia 10 de junho, foi o dia dele... o vate maior de todos os poetas de falares e cantares portugueses. Honra a ele! Obrigado, Glorinha e Amélia, por lembrar-me.
     A maioria das minhas tentativas vai parar no lixo, mas de vez em quando sai alguma coisa que se aproveita...

Dia dos Namorados - Acróstico em heróicos

Duas só almas, gêmeas, se encontram,
Intímidas, amigas, companheiras,
A trocar entre si vidas inteiras.


Duas vozes irmãs em coro cantam
O hino do amor, em tons suaves,
Soltando os versos, como belas aves.


Na espera de mil beijos prometidos
Ao sopro de mil juras mal contidas,
Mil horas num minuto são vividas.
O Sol se esconde entre fulvos ares,
Romântica neblina resplendente,
Ardendo nos vermelhos do poente.
De súbito, centelham os olhares;
Os lábios unem-se em fulgente prece;
Só deles é o milagre que acontece.

     Dá pra sentir a ausência da rima nos beijos prometidos e o pé quebrado em alguns outros versos. Mesmo assim, a força dos heróicos é evidente e sustenta a estrutura toda. E com certeza é mais fácil imitar Camões - o mestre dos heróicos - do que partir para um vôo solo.
     E atenção, patrulheiros do idioma e guardiões da última flor do Lácio: não procurem em dicionários o termo "intímido". Isso é invenção minha, buscando transmitir ao leitor a idéia de "íntimo e sem timidez" - um neologismo sob a égide da jurisprudência que rege a licença poética.
     Já na simplicidade das sete sílabas das redondilhas, até um soneto razoável me socorre:

Dia dos Namorados - Soneto em redondilhas

Se você está sozinho,
Carente, abandonado,
Sem amor e sem carinho,
Não fique desesperado:

Reze muito a Santo Antônio
No seu dia consagrado;
Protetor do matrimônio,
Do namoro e do noivado.

Presto aqui meu testemunho
De excelentes resultados
Em versos de próprio punho.

Sejam todos bem-amados!
E viva doze de junho,
O Dia dos Namorados!

     E antes que eu me esqueça: nessa data também se comemora no Brasil o Dia do CAN.
     O Correio Aéreo Nacional entrou em operação em 12 de junho de 1931, ainda como Correio Aéreo Militar, quando os tenentes do Exército Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavenère-Wanderley, pilotando um monomotor biplano Curtiss Fledgling matrícula K263 (apelidado carinhosamente de "Frankeinstein"), transportaram duas cartas do Rio de Janeiro para São Paulo, retornando no dia 15, com mais correspondência.
     Vai ver, é por essa coincidência de datas que, no Pindorama, uma bela namorada é chamada de avião...
     Mas, voltando à celebração do Amor, vai aí mais um sonetinho, inspirado por uma matéria recente da amiga Otília:

Amar é...

Amar é ter paixão e ousadia,
É ter ciúme de coisas, de gente,
Sabendo usar tal condimento ardente
Na dose certa - mais quente que fria...

É partilhar a tristeza e a alegria,
É ser igual, e sempre diferente,
E, mesmo sem motivo aparente,
Reconquistar o amor a cada dia.

Amar é traçar rumos lado a lado,
Ligando o futuro ao passado
Por um presente construído a dois;

Fazer de um só olhar uma poesia,
Trazer um toque que acaricia,
Sempre antes... e durante... e depois!


     E finalmente, para fechar essa já extensa matéria, deixo aqui para todos os amigos e amigas (e principalmente para minha amada, amante e namorada secreta) os meus melhores desejos:

E para vocês, amigos e amigas,
Que são eternamente apaixonados,
Que curtem rusgas e pequenas brigas
Só por perdoarem e serem perdoados,
Que não escutam vozes de intrigas,
Feliz seja o Dia dos Namorados.


     Mas como sou desligado! Já ia fechando a porta sem dar as boas-vindas à Márcia - a amiga de número cem! (O número foi conferido antes que o "Blogger" sequestrasse misteriosamente todos os meus seguidores.)


Querida amiga Marcinha
Que pousaste nos meus Ramos
Como uma alegre rolinha,
Seguindo-nos já estamos;
Sê bem-vinda, amiga minha,
Contigo aos cem nós chegamos!