terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Augúrios de Inocência, 16-20


     À medida em que vou avançando na tradução, vou encontrando pela WEB diferentes análises e interpretações deste poema. A própria estrutura das estrofes sugere que os versos foram compostos como provérbios ou aforismos independentes, a partir das visões apocalípticas de Blake.
A Criação de Adão - Michelângelo

16
It is right it should be so;
Man was made for joy and woe;
And when this we rightly know,
Thro' the world we safely go.
Assim é que é, e assim deve ser;
O homem foi feito para dor e prazer;
E se essa verdade for bem compreendida,
Seguros iremos nas trilhas da vida.

17
Joy and woe are woven fine,
A clothing for the soul divine.
Under every grief and pine
Runs a joy with silken twine.
A dor e a alegria são a veste fina,
A roupa que cobre a alma divina.
Debaixo de toda tristeza e penar
Há uma alegria para presentear.

18
The babe is more than swaddling bands;
Every farmer understands.
Every tear from every eye
Becomes a babe in eternity;
O bebê é mais do que pano enrolado;
Todo lavrador está familiarizado.
Cada lágrima de cada olho, em verdade,
Torna-se um bebê na eternidade;

19
This is caught by females bright,
And return'd to its own delight.
The bleat, the bark, bellow, and roar,
Are waves that beat on heaven's shore.
Este é recolhido na luz das mulheres,
E resgatado para seus próprios prazeres.
O lamento, o latido, ganido e engulhos,
São ondas nas margens do céu, em marulhos.

20
The babe that weeps the rod beneath
Writes revenge in realms of death.
The beggar's rags, fluttering in air,
Does to rags the heavens tear.
O bebê que chora sob cruel castigo
Nos reinos da morte condena o inimigo.
Os trapos do pobre, flutuando ao ar,
Em muitos farrapos os céus vão rasgar.

Niterói, janeiro de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 26 de janeiro de 2013

Trovas 231-240

     As quadrinhas de números 235 a 238 foram publicadas aqui no Sete Ramos, num "Ensaio sobre a Saudade". As demais nasceram, como de costume, em comentários às matérias postadas pelos amigos.



240- Milene, 5/7/12
Como ainda não provei
O seu doce de bombom
O de leite elegerei
Por ser também muito bom!

239- Marcia, 5/7/12
Nunca te faltem palavras
Para exprimir o que sentes
Nesses poemas que lavras
Inspirados, vivos, quentes!

238- Sete Ramos, 25/7/11
Todos dizem que a saudade
É alimento do poeta;
Mas se isso for verdade
Eu quero é fazer dieta!

237- Sete Ramos, 25/7/11
Sem saudade, sem tristeza,
Sem dor ou sem agonia,
Poetas não haveria,
Nem poetisas, com certeza.

236- Sete Ramos, 25/7/11
Se um dia tua saudade me deixar
Meu peito explodirá em dores mil;
Pois certo minha alma irá chorar
Saudades da saudade que partiu.

235- Sete Ramos, 25/7/11
Um poeta, na verdade,
No fundo do peito seu,
Sofre até com a saudade
Da saudade que morreu.

234- Otilia, 3/7/12
Há sorrisos que viajam
De uma boca a uma alma
Sempre quando neles hajam
Amor, ternura e calma.

233- Evanir, 2/7/12
Seja bem-vinda, Larinha!
Como é bom te ver sorrir!
E digo: a tua carinha
É a cara da Bisa Evanir!

232- Marilene, 2/7/12
Poetas e poetisas
Devem vestir-se somente
De estrofes indivisas
Num poema solto e quente.

231- Ma, 2/7/12
Caminho por retas tortas
Ligadas por curvas certas
Batendo a todas portas,
Menos às que estão abertas...

Niterói, janeiro de 2013
Rodolfo Barcellos


CONVITE


RODOLFO, 13 Fev 1946, & RICARDO, 21 Fev 1972 - (pai e filho)

CONVIDAM os amigos de BLOG e suas famílias para um churrasco em comemoração aos seus 108 aninhos.

O crime será cometido no dia 12 de fevereiro, TERÇA FEIRA GORDA, em nossa residência (Itaipu-Niterói) com o seguinte "modus operandi":

11:00 horas: Abertura do fabuloso PARQUE AQUÁTICO, composto por uma piscina de 20.000 litros, um chuveiro e uma mangueira de jardim. Solicita-se o uso de traje adequado nas dependências (permitido o uso de fantasias).

12:00 horas: Acendimento solene da pira da monumental CHURRASQUEIRA e início das provas de halterocopismo, mastigação olímpica e arremesso de papo-furado.

13:00 horas em diante: A cargo da Providência.
Contamos com sua presença. Por favor, confirme o número de pessoas pelo e-mail
r46barcellos@hotmail.com
para que possamos calcular o volume a mais de água no feijão. Enviarei em resposta o mapa do meu esconderijo e itinerário de ônibus.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Augúrios de Inocência, 11-15

     E prossegue este desafio, e muitos amigos querendo ajudar - e ajudando, alguns com valiosas sugestões e outros no entusiasmo da torcida. É gratificante esse apoio, e pretendo ao final esmiuçar todas as sugestões. Por enquanto, ainda estou pesquisando o "chafer's sprite" e o "bower".  E no folclore irlandês há referências fascinantes sobre o "Coshta Bower" ou "Death Bower" - o Coche da Morte - e há também o relato de Bernard Cornwell, em "O Rei do Inverno",  sobre a tradição de construir caramanchões (bowers) durante o Festival da Colheita, o Lughnasa. E no sincretismo que brotou da luta religiosa entre missionários cristãos e sacerdotes druidas, encontrei o "black chafer" - o besouro negro que traiu Jesus, guiando os soldados romanos que o perseguiam.
Imagem: http://bugguide.net/node/view/176397/bgimage
11
The caterpillar on the leaf
Repeats to thee thy mother's grief.
Kill not the moth nor butterfly,
For the last judgement draweth nigh.
A lagarta na folha da planta
O luto por tua mãe em ti levanta.
Mariposa e borboleta não matarás
Pois do juízo final próximo estás.
12
He who shall train the horse to war
Shall never pass the polar bar.
The beggar's dog and widow's cat,
Feed them and thou wilt grow fat.
Quem treina o corcel para a guerra
Jamais saltará com ele a barra sobre a terra.
O cão do mendigo e o gato da viúva pobre,
Alimenta-os e livra-te da obesidade que te cobre.
13
The gnat that sings his summer's song
Poison gets from slander's tongue.
The poison of the snake and newt
Is the sweat of envy's foot.
O mosquito que canta sua canção de verão
Suga o veneno da língua do caluniador malsão.
A peçonha da lagartixa e da serpente
É o mau cheiro do pé da inveja silente.
14
The poison of the honey bee
Is the artist's jealousy.
O veneno da abelha do mel
É do artista o ciúme cruel.
15
The prince's robes and beggar's rags
Are toadstools on the miser's bags.
A truth that's told with bad intent
Beats all the lies you can invent.
Os andrajos do mendigo e os mantos da realeza
São cogumelos nas mochilas da avareza.
Uma verdade dita com má intenção
É pior que todas as mentiras de tua invenção.

Niterói, janeiro de 2013
Rodolfo Barcellos.

     Nota importantíssima: Nasceu ontem o Nicolas.


Que soem as trombetas! Que vibrem os clarins!
Que rufem os tambores! Que cantem serafins!
Hoje a Lua dançará com os planetas,
Hoje serão vistos rastros de cometas,
E o Sol brilhará nas rosas e jasmins!


Abençoado este dia
Em que de Thays nasceu
Mais um neto da Poesia
Mais um poema que é seu!
Glória! Hosana! Alegria!
Nicolas é hoje o guia
A estrela resplandeceu!

     Felicidades ao Nicolas e parabéns aos pais, avós, primos, amigos e poesias.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Sete sete-setes, XV

     Nem todas as sete-setes abaixo são comentários meus às postagens de amigos. A XV.7 foi escrita pela Milene, em comentário a uma postagem minha, e mereceu resposta na XV.6. E a XV.1 foi também uma resposta, desta vez à Regilene, que honrou outra postagem com um alentado poema-comentário.

XV.7- Por Milene, 2/9/12
A muletante feliz
Tanto fez e tanto quis
Que viu os versos do bruxo
Nessa postagem de luxo,
Sete Ramos de Oliveira;
Ele não é brincadeira
Nem no lápis nem no giz.

XV.6- Resposta a Milene, 2/9/12
A militante da vez
Tanto quis e tanto fez
Que viu a alma criança
Cheia de fé e esperança
De um bruxo apaixonado
Num verso metrificado
Rimado pela lembrança.

XV.5- Severa, 31/8/12
Arte feita por caprichos
De um artista inteligente;
Plantas que viram bichos,
Escultura diferente,
Mostrada com alegria
Numa bela poesia
Por gata que virou gente...

XV.4- Carla, 31/8/12
Certos detalhes insertos
No teu baú de ilusão
Deixam entrever incertos
Suspiros do coração;
São retalhos, são excertos
São sinais vivos e certos
Da incerteza da paixão.

XV.3- Marilene, 30/8/12
Ah, poetisa, quem me dera
Eu pudesse, em oração,
Dividir nessa espera
As dores do coração!
A casa estava vazia;
Encheste-a de poesia
Partilhando a solidão...

XV.2- Regilene, 30/8/12
As folhas secas do outono
Que já foram certo dia
Tão verdes quanto o oceano
Tão suaves como a ambrosia
Sejam cúmplices e leito
Sejam testemunho eleito
Dessa paixão-poesia.

XV.1- Regilene, 30/8/12
Teu poema-comentário
Ofuscou a minha rima;
Nunca direi o contrário
A tão bela obra-prima.
Tens, querida Regilene,
Minha amizade perene,
Minha imensa estima.

Niterói, janeiro de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Augúrios de Inocência, 6-10

     Aos trancos e barrancos esta tradução de William Blake vai avançando. O estilo arcaico, pré-vitoriano, e os traços marcantes de uma cultura muito mais antiga têm sido um desafio estimulante, assim como o esquema de rimas. O "tio Google" ajuda muito na pesquisa, mas empaca na tradução...
     Vamos então às estrofes de 6 a 10.
O voo do Sebinho. Foto: Rodolfo Barcellos
6
Every wolf's and lion's howl
Raises from hell a human soul.
Leão e lobo, cada uivo em noite calma
Resgata do inferno humana alma.
7
The wild deer, wand'ring here and there,
Keeps the human soul from care.
The lamb misus'd breeds public strife,
And yet forgives the butcher's knife.
O cervo selvagem que vagueia nos rincões
Liberta a alma humana de preocupações.
O povo discute o abuso do cordeiro
Mas inda perdoa a faca do açougueiro
8
The bat that flits at close of eve
Has left the brain that won't believe.
The owl that calls upon the night
Speaks the unbeliever's fright.
O morcego que adeja ao anoitecer
Confunde a mente que não quer mais crer.
O chamado noturno do corujão, dolente,
Traduz o pavor do descrente.
9
He who shall hurt the little wren
Shall never be belov'd by men.
He who the ox to wrath has mov'd
Shall never be by woman lov'd.
Aquele que fere a carriça indefesa
Não terá o amor dos homens à proeza.
Aquele que a ira ao boi tem suscitado
Nunca por mulher será amado.
10 *
The wanton boy that kills the fly
Shall feel the spider's enmity.
He who torments the chafer's sprite
Weaves a bower in endless night.
O menino que mata a mosca por maldade
Sentirá da aranha a inimizade.
Quem atormenta o espírito da caverna
Tece uma teia na noite eterna.

* Essa estrofe quase me nocauteou. Os dois primeiros versos foram relativamente fáceis, mas quem souber me diga o que é um "chafer's sprite" e se "bower" não seria melhor traduzido como "caramanchão". Parece-me que existe nesses versos uma forte presença das raízes célticas do folclore inglês, sem paralelos em nossa cultura popular.

Niterói, janeiro de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 12 de janeiro de 2013

Trovas 221-230

     As três últimas trovinhas deste ramalhete não são minhas. Foram-me enviadas por amigas queridas, a quem agradeço o terem vindo embelezar com seus versos o "Sete Ramos".
Meu pé de maracujá...

230- Marcia & Simone Melo, 2/7/12
Teu anjo azul é uma rosa
Que, de singelo botão,
Desabrochou tão formosa
Num poema de paixão!

229- Marcia, 2/7/12
O forte tronco sossobra
Ao furor do vendaval;
A frágil haste se dobra
E não sofre qualquer mal.

228- Graça, 2/7/12
O meu coração comprova
Toda a tua doçura
Quando minha humilde trova
Ganha tão bela moldura!

227- Sandra Subtil, 1/7/12
Pés caminham sobre o manto
Que aos pés da urbe caiu
Expondo todo o encanto
Nos pés de um verso Subtil.

226- Graça, 1/7/12
Sem luas, aos calendários
Pouco dou o meu apreço;
Só mesmo pra aniversários
Dos quais eu sempre me esqueço.

225- Tatiane, 1/7/12
Não jogues cara ou coroa
Com a moeda da vida;
Dará mil voltas à-toa
Pra ser na queda perdida.

224- Milene, 1/7/12
Tu contaste os negocinhos
Com minúcia e boniteza;
Mas não contes meus carinhos
Infinitos, com certeza!

223- por Milene, 1/7/12
As tuas trovas tão lindas
Deitadas neste papel;
São sempre resplandecentes
Feito as estrelas no céu.

222- por Graça, 2/7/12
Feito as estrelas no céu
São tuas trovas tão lindas!
Da língua do "Menestrel"
Emana ternura infinda!

221- por Mirna (e-mail), junho de 2011
Devemos sempre imitar
O eterno exemplo dos rios:
Dão suas águas ao mar
E nunca ficam vazios.

Niterói, janeiro de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Augúrios de Inocência, 1-5

     William Blake foi um poeta visionário inglês, também pintor e tipógrafo, que viveu entre 1757 e 1827 - época do Iluminismo europeu e da Revolução Industrial na Inglaterra. A Bia, minha filha, chamou-me a atenção para este poema, que é um grito de revolta e inconformismo contra as convenções sociais vigentes na época - principalmente quanto ao mau trato dos animais e à opressão das classes menos favorecidas. Muitas dessas "convenções" sobrevivem até hoje.
     Traduzi as cinco primeiras estrofes buscando preservar as rimas sem prejudicar o sentido e aproveitando a liberdade na métrica que existe no original. Pretendo ir traduzindo e publicando aqui, aos poucos, todas as 35 estrofes do poema.
Imagem: Wikipedia
Auguries of Innocence
1
To see a world in a grain of sand,
And a heaven in a wild flower,
Hold infinity in the palm of your hand,
And eternity in an hour.
Para ver um mundo em um grão de areia
E um paraíso numa flor do prado
Segure o infinito em uma mancheia
E numa só hora o tempo eternizado.
2
A robin redbreast in a cage
Puts all heaven in a rage.
Um sabiá-laranjeira na gaiola
Provoca nos céus uma fúria que assola.
3
A dove-house fill'd with doves and pigeons
Shudders hell thro' all its regions.
A dog starv'd at his master's gate
Predicts the ruin of the state.
Um pombal cheio de pombas e pombos
Deixa o inferno inteiro abalado
Um cão no portão do dono, magros lombos
Profetiza a ruína do Estado.
4
A horse misused upon the road
Calls to heaven for human blood.
Each outcry of the hunted hare
A fibre from the brain does tear.
Um cavalo sobrecarregado na estrada
Clama aos céus por sangue humano
Cada grito da lebre caçada
Rasga uma fibra do cérebro insano.

5
A skylark wounded in the wing,
A cherubim does cease to sing.
The game-cock clipt and arm'd for fight
Does the rising sun affright.
Uma cotovia de asa amarrada,
Um querubim que nunca mais canta.
O galo na rinha, espora armada,
Provoca terror ao Sol que levanta.


Niterói, janeiro de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 5 de janeiro de 2013

Sete sete-setes, XIV

     Sete-setes de agosto... redondilhas que nasceram das sementes que vocês, amigos, tão fartamente espalharam pelos canteiros da blogosfera.
Infância de borboletas
XIV.7- Denise, 28/8/12
Fascina-me teu fascínio
Representado aqui
Em feliz raciocínio
Pela letra grega PSI
Pelos segredos da mente
Mistérios d'alma da gente
Que só se abrem a ti.

XIV.6- Regina, 19/8/12

Valquíria em cavalgada
Em montaria selada
Numa viagem alada
Que não tem itinerário
Voa em busca do teu sonho
Seja de qualquer tamanho;
E FELIZ ANIVERSÁRIO!

XIV.5- Marcia, 18/8/12

Coisas de amor, que se sentem
Mas não podem se explicar;
Sentimentos que não mentem
Mas que mudam sem cessar...
São notas das melodias
Que nos alegram os dias
Cantando o viver... o amar!

XIV.4- Graça, 18/8/12

Não me recordo, Maria,
Em minha longa existência,
De ter lido qualquer dia
Uma lição de sapiência,
Um discurso tão profundo
Sobre as loucuras do mundo
Pela voz da consciência...

XIV.3- Carla, 18/8/12

Metafísica evidência
Estrelas dançam balé
Sob o olhar da Providência
Só as veem quem tem fé;
E quem não tem esta ciência
Também não tem competência
Pra ver o mundo como é.

XIV.2- Ma, 18/8/12

Tu és o Sol que sentimos
Iluminar nosso prado;
Nós, girassóis, te seguimos
Com olhar maravilhado.
Teu calor e claridade
Faz a sincronicidade
Entre os que estão a teu lado.

XIV.1- Lu Nogfer, 16/8/12

Que alcancem mil universos,
Que se espalhem por mil mundos
Teus pensamentos em versos,
Teus comentários profundos.
São milagrosas sementes
Germinando em nossas mentes,
São grãos em solos fecundos!

Niterói, janeiro de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Pensamentos

     Um novo ano se abre à nossa frente, e para saudá-lo escolhi alguns pensamentos-comentários que deixei em matérias particularmente inspiradoras de amigos. Filosofices, como diria - muito bem - a Milene...
     E para quem quiser contrabalançar essas filosofices com a fluidez de uma imagem de dança e gosta de música clássica leve, sugiro Bia e Mozart.
A Dança

Mozart: Minueto do Divertimento em Ré Maior, K. 334

1. "A necessidade de outrem é a oportunidade que tens para transformar em realidade teus ideais de fraternidade e justiça. Vais desperdiçá-la?"

2. "Agradecimentos entre amigos não deviam ter qualquer sentido. Mas a água que transborda também não tem sentido, e no entanto precisa transbordar."

3. "Cego às distâncias do Espaço, surdo ao tiquetaque do Tempo, segue o Amor. Fere a mão no espinho, mas acaricia a rosa. Corta o pé na pedra, mas não abandona o caminho, e prossegue. Não sabe onde vai chegar, pois seu querer não é acomodar-se, é sempre seguir adiante. E vai em busca do inalcançável, e o alcança fora do Tempo e do Espaço... numa Poesia."

4. "Crescer é o processo que transforma os sonhos das crianças nas ilusões dos adultos e nos versos dos poetas."

5. "Dei-te o vinho em demasia
Dei-te em excesso o pão
Para dar-te a alegria
De alegrares teu irmão."

6. "Deus separou a luz das trevas para que tu pudesses brilhar."

7. "É no inverno que se planta a seara que nos alimentará na próxima safra. Assim também, é nos tempos difíceis que se reconhece e se consolida a verdadeira amizade."

8. "É preciso dar a mão a nossos sonhos e guiá-los no caminho da realidade. Eles são nossos filhos, e não o contrário. Se não fizermos isso, eles se perderão no mundo das ilusões."

9. "Há quem diga que ser feliz é ter sempre motivo para cantar. Eu digo que ser feliz é cantar sem precisar de motivos."

10. "Há quem se escravize ao tempo, há quem lute contra ele e há os sábios - os que fazem dele aliado, cúmplice e conselheiro."

11. "Não acredito em religiões que me neguem o direito de falar diretamente com Deus. Acredito menos ainda nas que querem proibir Deus de falar diretamente comigo."

12. "Não espere que a vida venha ao seu encontro. Ela está esperando que você vá encontrar-se com ela, logo ali na esquina."

13. "Não ficarei parado, definhando à beira da estrada. Sei que jamais alcançarei o horizonte; mas sei também que nessa quixotesca tentativa de alcançá-lo encontrarei tesouros insuspeitados em meu caminho."

14. "Não sei se acredito em Deus. Mas sei que Ele acredita em mim."

15. "O mundo está sempre acabando. Por isso pessoas como você serão sempre necessárias para reconstruí-lo, dia após dia, ano após ano."

16. "Onde estiver a felicidade do meu próximo, ali estará também a minha."

17. "Que o amanhã seja melhor que o ontem. Quanto ao hoje, acho que sempre podemos melhorá-lo um pouco."

18. "Quem erra na empreitada
Aprende a recomeçar;
Erra mais quem não faz nada
Só por medo de errar."

19. "Tentar definir o amor é querer impor-lhe limites. E quem consegue impor limites ao infinito?"

20. "Teu nome é Luz, porque brilhas.
Teu nome é Vida, porque sentes.
Teu nome é Amor, porque buscas.
Mas a Luz não ilumina a si própria,
A Vida não sente a si mesma
E o Amor não busca senão outro.
Portanto
Teu nome também é Metade,
Até te completares."

21. "Tu és a soma do que foste e do que serás. És a integral, de zero a infinito, de todos os tempos do verbo ser".

Niterói, janeiro de 2013
Rodolfo Barcellos

Nota: essas frases e muitas outras estão registradas, com suas origens, na página "Citações" do Sete Ramos.