quarta-feira, 29 de maio de 2013

Banco de rimas I

Imagem: Josephine Wall
     Os amigos de mais tempo vão se lembrar deste poema. Publicado em janeiro de 2011, serviu como pretexto para uma brincadeira, onde os versos foram embaralhados para que o leitor usasse sua imaginação tentando ordená-los e assim criando novos poemas. Hoje, apresento aos amigos os mesmos versos - mas sem as rimas, que foram listadas em ordem alfabética no final.
     As rimas da primeira estrofe já foram colocadas. Vamos poetar?

CIÚME

Desperto. E quando te vejo
Junto à janela, desejo 
Beijar-te sem mais tardar 
Mas logo o sol te ilumina
E o ciúme me domina
Quando o vejo te beijar.

Mas então vens ______
Dar-me um beijo tão ______
Que começo a ______
Que o sol vem de ______
Toda manhã, bem ______
Para teu calor ______

Depois é a brisa que ______
E docemente ______
Carinhos ao teu ______
Afagando teus ______
Em movimentos tão ______
Que o ciúme vem ______

Mas logo estás a meu ______
E teu corpo ______
Me leva a ______
Que a brisa te rouba ______
E aromas de tantas ______
Para o mundo ______

Mais tarde no mar ______
E eu volto a sentir ______
Na alma e no ______
Pois o oceano te ______
Com toda a malícia e ______
De uma imensa ______

Mas logo tu sais das ______
E me vens curar as ______
Com beijos de ______
E o sal nos teus lábios ______
Diz que as ondas ______
Te roubaram quase ______

À noite olhas ______
Para a abóbada ______
Mirando-a com tanto ______
Que o ciúme ______
E em meu coração ______
Com redobrado ______

Mas logo após tu me ______
Com estrelas ______
Brilhando no teu ______
E vejo então que a ______
E as estrelas são a ______
Dádiva a mim por te ______

Hoje sei que o mundo ______
Com seu viver tão ______
Sem ti não seria ______
E por isso às vezes ______
Que o ciúme é o ______ 
Que eu acendo à minha ______

*   *   *   *   *
BANCO DE RIMAS
abraça
acreditar
águas
amada
amar
amor
apaixonada
beijar
belos
cabelos
cedinho
chega
cismada
coração
cresce
desconfiar
desejo 
domina
entrega
estrelada
fagulhas
fininho
fitas
flores
furor
graça
ilumina
imenso
incenso
infinitas
intenso
lado
lua
mágoas
maior
mergulhas
nada
nada
odores
olhar
paixão
penso
perfumado
perfumar
quente
quentes
recrudesce
redor
reverentes
roubar
sorridente
tardar
tua
vejo

     Confira alguns dos poemas que nasceram dos "versos embaralhados" nos comentários dos amigos em
     E veja o poema original em
     Abraços a todos... principalmente a Carla, Brandina, Sissym, Débora, Bia, Severa, Bruna... recém aniversariadas ou preparando a festa. E se esqueci de alguém é porque esqueci.

Niterói, maio de 2013
Rodolfo Barcellos 

     PS: PC em recuperação após transplante de fonte e extração de diversos órgãos inoperantes...

sábado, 25 de maio de 2013

Sete sete-setes, XXIV

     Mais sete setilhas em redondilhas maiores - as nossas sete-setes. Nossas, sim... os escritos de vocês, amigos, são os ingredientes principais da receita. Eu só sovei a massa e pus na forma número sete.

XXIV.7- Leninha, 5/12/12
Saudades das noites belas,
Das rosas que, nas janelas
Ouviam o meu cantar
Em serestas ao luar!
Daquelas doces meninas
Com olhos de dançarinas
Que diziam me amar...

XXIV.6- Denise, 4/12/12
Amar é o que você é
Amar é o que você faz
É ter esperança e fé
No amor que você nos traz
É o sorriso de alegria
Que brota da Poesia
É isso... e muito mais!

XXIV.5- Marcia, 4/12/12
Aumente um pouco o doce,
Misture melhor o ovo;
Ponha o amor que alguém te trouxe
E a amizade do teu povo;
Regule pra fogo brando,
Cutuque de vez em quando
E vamos tentar de novo!

XXIV.4- Leninha, 4/12/12
Ao saltimbanco da rua
Ou ao artista da casa,
Aos de alma como a tua
Não se pode cortar asa;
Seja rápido ou lento,
Cedo ou tarde o talento
Cresce, transborda, extravasa.

XXIV.3- Lu, 4/12/12
Beba com moderação
Deguste bem devagar
Cada gole é uma canção
Cada sorvo é um versejar
Pra alegrar o coração
E refrescar o verão
Com a Lu vamos brindar!

XXIV.2- Rosa Branca, 4/12/12
Talvez seja a poesia
Talvez seja meu sentir
Talvez seja o fim do dia
Talvez a noite a fugir
Talvez seja a Rosa Branca
Talvez Florbela Espanca
Talvez lágrima a cair.

XXIV.1- Tatiane, 3/12/12
Entre nuvens e estrelas
Construiremos um lar
Para que possamos vê-las
No coração habitar.
Abriremos as janelas,
Deixaremos a luz delas
Nossa alma embriagar.

Niterói. maio de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 18 de maio de 2013

Trovas 311-320

     Esta safra é de novembro de 2012. Apreciem sem moderação. Vocês, amigos, forneceram uvas de boa cepa para nossa vinícola poética. Espero que gostem dos vinhos.
De olho na safra de maracujá... também dá bom vinho.
320- Daniel Garcia, 30/11/12
No teu poema singelo
Meio assim que de repente
Em um sorriso amarelo
Vai-se a alegria da gente...

319- Zilani, 30/11/12
As paixões mais poderosas
Conduzem a maus caminhos;
Colhidas todas as rosas
Restarão só os espinhos.

318- Lu, 30/11/12
Quer dizer que a dona Chica
Foi visitar a vizinha
Que faz a festa e clica
No niver da Joaninha...

317- Marilene, 30/11/12
Para evitar a ressaca
Há dois modos comprovados:
Ou beber bebida fraca
Ou ficar embriagados...

316- Regilene, 20/11/12
Teus versos se alimentam
Do contraste em chiaroscuro
Que a dor e o amor inventam
Em teu sentimento puro.

315- Marcia, 20/11/12
Não foi por querer,
Ou querer também;
Foi por bem-querer,
Foi por querer bem.

314- Isa, 11/11/12
Nesta festa, minha amiga,
Da tradição portuguesa,
Que não falte a Jeropiga
Nem castanhas na tua mesa...

313- Lu, 9/11/12
Como teu fã declarado
Desafio o fã secreto
A um duelo disputado
Em um versinho discreto...

312- Tatiane, 9/11/12
Se a canoa furar
Tape o furo com estopa
Vá para o banco da popa
E continue a remar...

311- Regilene, 9/11/12
A amizade que é minha
E que nunca se desfaz
Nesses teus versos se aninha
E neles encontro a paz.

Niterói, maio de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 14 de maio de 2013

E pode?

     Não sei quem produziu esse clipe - fico devendo os créditos. Mas as legendas são minhas.
    Abraços, amigos.

sábado, 11 de maio de 2013

Sete sete-setes, XXIII

     Início de dezembro. Vinte e três vezes sete... deixa ver... mais de 160 sete-setes - quase todos inspirados pelos belos textos em prosa e verso dos amigos da blogosfera. Vamos aos sete da vez.

XXIII.7- Marcia, 2/12/12 (aniversário dela)
Colhes hoje outra flor
Nas primaveras da vida
Perfumada com o amor
Que é teu, minha querida;
Vê o Sol, como ele brilha!
É para ti, sua filha,
Que à alegria convida!

XXIII.6- Marilene, 1/12/12
Há que viver duas vidas:
Uma que existe lá fora
Onde só vale o "agora"
Feita de lutas renhidas;
E existe a vida de dentro
Onde a alma é o centro
Que atrai almas queridas...

XXIII.5- Marcia, 30/11/12
O fruto que hoje colhes
Vem do grão que tu plantaste
E a alegria que recolhes
Vem dos risos que doaste.
Come a polpa e planta o grão
No fecundo e rico chão
Que com amor preparaste.

XXIII.4- Graça, 15/11/12 (comentando um conto)
É sempre um erro grosseiro
Confundir preço e valor;
Um se conta em dinheiro,
O outro se mede em amor.
A distinção deste ponto
Fica clara neste conto
Do Natal do Salvador.

XXIII.3- Lili Laranjo, 15/11/12
Reticências que afirmam
Sem qualquer hesitação
Amizades que confirmam
O poder do coração,
Quando os mais belos momentos
Explodem em sentimentos
Calando a voz da razão...

XXIII.2- Sandra Subtil, 15/11/12
A dança da vida é breve
E exige que você
Dance num passo tão leve
Num solo pra quem te vê;
Mas o bailado é mais belo
Se em vez de um passo singelo
Se dança em "pas de deux"...

XXIII.1- Lu, 15/11/12
Sinto a flor de tua pele
Na tua pele de flor;
Que esse aroma me revele
O que era de supor;
Toda a sensibilidade
De quem ama a verdade
E acredita no amor.

     Ah! Não posso esquecer-me de homenagear tantos anjos amigos pelo dia deles:

     Pensamento: "Mãe é o título que se dá aos anjos da guarda que habitam um corpo de mulher."


     Soneto - Canção da Vida:


Mãe! Tu és o solo fecundo
No qual germina a semente
Em corpo, alma e mente
Dos filhos todos do mundo.

Tu és o amor mais profundo
A beleza inconsciente
A Deusa que toda gente
Venera a cada segundo.

Em teu seio hoje deponho
Um poema, um canto, um sonho,
Em louvor a ti, ó Mãe;

Dou-te um abraço e um beijo
E brindo-te neste ensejo
Numa taça de champanhe.


     Trova - para uma mãe que nunca morreu:

Mães não se vão, na verdade;
Elas transformam-se, um dia,
De presença em saudade,
De ternura em poesia...


Niterói, maio de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 7 de maio de 2013

Sabiá


Sabiá-laranjeira (internet)

     Sabiá é um pássaro de porte médio, da família dos tordos, comum em todo o Brasil. Não há curumim no norte ou piá no sul que não conheça essa ave. Mas afinal, o correto é "o sabiá" ou "a sabiá"?
     São inúmeras as músicas e poesias que cantam essa ave. A grande maioria dos poetas e compositores, incluindo Luiz Gonzaga, segue os passos de Gonçalves Dias, que versejou no masculino:
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá...
     E na ode a Clara Nunes - Um Ser de Luz - João Nogueira também usa o masculino:
Canta, meu sabiá,
Voa, meu sabiá,
Adeus meu sabiá...
     Mas sabiá é palavra do gênero feminino, no cantar de Tom Jobim e Chico Buarque:
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Cantar uma sabiá.
     Nem por isso cada forma da palavra pode ser considerada comum de dois gêneros. É preciso optar por uma das duas formas e, se necessário, usar o epiceno adequado (macho, macha, fêmeo, fêmea). Se o leitor quiser se enredar nesse imbróglio gramatical (obrigado, Milene), talvez aprecie o artigo "O Sexo dos Anjos", com o inteligentíssimo comentário inaugural de meu amigo Jair.
     O fato é que o/a sabiá foi eleito/a, com justiça, a ave-símbolo do Brasil. E um deles (ou uma delas) costuma me acordar antes do despontar do sol com seu canto, que um dia desses consegui gravar.

     E quem quiser tomar partido quanto ao gênero da palavra, é bom saber que os bichinhos não estão nem aí para as opiniões dos seres humanos - incluindo os poetas.
Sabia, sábia, sabia
Das madrugadas canoras
Da sabiá-poesia
Anunciando as auroras?

Niterói, maio de 2013
Rodolfo Barcellos

     PS: depois de 36 horas de apagão (culpa de um pé-de vento, segundo minha concessionária de energia), publico com atraso esta matéria. E agora vou em busca dos momentos perdidos... com licença.

sábado, 4 de maio de 2013

Trovas 301-310

"Aprendi com as Damas da Noite
Que a beleza mora no efêmero
Que a eternidade é transitória
Que promessas e juras de amantes não são para serem cumpridas como contratos comerciais
Pois se exprimem no dialeto não-jurídico do corpo e da alma
E serão sempre invioláveis fora do tempo e do espaço.
Assim elas me ensinaram,
Elas, as Damas da Noite..."
     (Comentário a Milene, 23/6/12)


Dama da Noite - Foto por Rodolfo e Bia Barcellos
310- Regilene, 9/11/12
Mando-te com certo atraso
Mas com meu preito perene
Pra abraçar-te neste azo
Esta trova, Regilene.

309- Catia, 8/11/12
Minha tristeza é minguante
Na lua nova da gente
Na rima cheia, vibrante
Desta poesia crescente!

308- Severa, 8/11/12
Parabéns a ti, Severa,
Tu mereces cada prêmio;
És a um tempo a Bela e a Fera,
A musa do nosso grêmio!

307- Marilene, 8/11/12
A questão por ti proposta
Muitas dúvidas ajunta.
Perguntas: Qual a resposta?
Respondo: Qual a pergunta?

306- Sandra Subtil, 7/11/12
Com vãs palavras inundas
As praias baixas da dor
E em tuas águas profundas
Moram estrofes de amor...

305- Mery, 7/11/12
Quando a amizade é concreta
Seja em qualquer circunstância
Cresce na razão direta
Do quadrado da distância.

304- Suzane, 6/11/12
To sing this kind of epic
There can be only one.
That one kind of magic,
That one called Suzane.

303- Milene, 5/11/12 (MSN)
Pra teu trivial variado
Com tantos e bons sabores
A banda toca um dobrado
Com clarins e com tambores.

302- Isa, 5/11/12
O poeta se despeja
Em versos num lago azul
Onde a poetisa o veja
Rimar na brisa do sul...

301- Vera Lúcia, 5/11/12
Quem não tem a consciência
Do que urge e do que importa,
Pra beijar marca audiência
E esquece de abrir a porta...

Niterói, maio de 2012
Rodolfo Barcellos

     PS: Amanhã é o Dia da Mãe lá na outra margem da lagoa. Sim, Dia da Mãe, no singular. Gosto de pensar que lá se homenageia em família a figura individual da matriarca, pessoalmente ou num vetusto retrato em moldura oval, representando todas as mães e avós da família, e aqui - uma semana depois - a homenagem é coletiva, no âmbito do clã, da tribo, da aldeia, da senzala e do quilombo. Portanto Dia das Mães, no plural.
     Provavelmente os filólogos e as mães dirão que estou errado, mas isso não importa. O importante é que importamos de Portugal e África o carinho e o amor que esses anjos nos merecem. E como é preciso alguns dias para vencer tanto mar, tanto mar, os barcos dos festejos só chegam aqui uma semana depois que zarpam de lá.
     Parabéns, Mãe(s)!