quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Natal - a data


Crônicas natalinas - A data


Eventos como o Natal deveriam ser celebrados diariamente, não importando o que diga a folhinha – se não com luzes, presentes e ceias, pelo menos com o coração.

Dito o importante, vamos ao interessante.

Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro: sete, oito, nove, dez.

Não parece estranho que os meses de nove a doze tenham nomes de sete a dez?

Essa confusão tem mais de dois mil anos de idade. O calendário romano daquela época compunha-se de dez meses – quatro nomeados em honra a deuses e os demais simplesmente chamados pelos seus números: Martius, Abrilis, Maius, Junius. Quintilis, Sextilis, Septembris, Octobris, Novembris e Decembris.

Ano sim, ano não, um mês extra – Mercedonius – era incluído. O resultado era uma sequência irregular de anos com 355, 377 ou 378 dias cada um.

Em 46 AC Júlio César resolveu acabar com a bagunça e, com a assessoria do astrônomo Sosígenes, instituiu o calendário hoje conhecido como Juliano. Ele acrescentou mais dois meses – Unodecembris e Duodecembris – e eliminou o mês intercalar (Mercedonius), substituindo-o por um único dia que seria acrescentado a cada três anos ao último mês – Duodecembris, o famoso ante die bis sextum kalendas martias.

Mas havia erros acumulados a ajustar, e por conta deles aquele ano acabou durando 445 dias. Com a confusão reinante, os romanos passaram a considerar Unodecembris e Duodecembris não como os últimos, mas como os primeiros do ano seguinte, dando-lhes nomes em honra de Janus – Januarius – e Febo – Februarius.

Em 44 a. C., o senado  homenageou Júlio César, trocando o nome do mês Quintilis para Julius. E sessenta anos depois César Augusto mudou o intervalo dos bissextos de três para quatro anos e recebeu a mesma homenagem, quando o mês Sextilis passou a se chamar Augustus – roubando um dia de Februarius para ficar com os mesmos 31 do ilustre antecessor... ô vaidade!

Mas o que isso tem a ver com o Natal?

Bem, naquela época ainda era grande a confusão no calendário. E os judeus seguiam um calendário próprio (que usam até hoje), sem relação com o calendário romano. E no meio da confusão, a data real do nascimento de Jesus perdeu-se – parece que definitivamente.

A data de 25 de dezembro foi adotada pela Igreja, já no século IV, para contrapor-se às festas pagãs do solstício de inverno, entre as quais a Saturnália romana e o festival do Sol Invictus..

Mas existem alguns indícios que permitem uma pesquisa sobre a data aproximada do evento. As fontes históricas mais confiáveis são os evangelhos canônicos de Lucas e Mateus, alguns textos dos apócrifos, os registros do Templo de Jerusalém e os escritos de Tácito, Plínio, o moço, Suetônio e Josefo.

E o que nos dizem essas fontes?

Jesus nasceu durante o reinado de Herodes, o Grande – o rei-fantoche designado pelos romanos, que ordenou a tristemente famosa "matança dos inocentes". Ora, Herodes morreu no ano 4 a.C., de modo que Jesus deve ter nascido uns dois ou três anos antes. E sabemos que José foi com Maria a Belém para cumprir a ordem da autoridade romana que exigia, para o censo, que o registro fosse feito na cidade de origem do chefe da família.

Em Belém, o censo ocorreu no mês Sextilis (posteriormente agosto) do ano 7 a. C.

Mais uma pista: a apresentação dos recém-nascidos no templo e a purificação de suas mães tinha um prazo máximo de 21 dias após o parto, pelas normas judaicas. Jesus foi apresentado no templo de Zacarias, segundo os registros locais, no mês de Setembro, num sábado. Ora, o mês de Setembro do ano 7 a.C. teve quatro sábados: 4, 11, 18 e 25. Como os censos em Belém ocorreram entre 10 e 24 de Agosto, o sábado de apresentação seria o de 11. E assim, Jesus teria nascido entre 21 e 30 de Agosto do ano 7 a.C.

Bem, espero vocês tenham apreciado, que o Leonel não tenha tido dores de cabeça e que o Jair não tenha ficado matutando demais em frente à folhinha – pois dito o interessante, voltemos agora ao importante:

3 comentários:

  1. Rodolfo, uma verdadeira aula essa sua postagem. Nada havia lido, anteriormente, sobre o assunto. Mas não vou ficar fazendo contas (kkkkkkkkkkkkkkkkkkk). O importante é que desejo a você um Natal de solidariedade e amor, ao lado daqueles que lhe são queridos. Bjs.

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  2. Sempre aprendendo mais um cadim com esse Bruxo amaaado. Vim deixar meu carinho e votos de um natal repleto de paz, LUZ e amor, para vc e seus amaaados. Que 2016 se faça leve e feliz! Beijuuss

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  3. Complicado, mas interessante, Barcellos.

    Desejo a você e familiares um abençoado e alegre Natal.
    Que 2016 seja regado a acontecimentos felizes. Saúde e paz!

    Abraço.

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