Nesta tarde de domingo, a Bia achou um tempo para remexer nos papéis guardados da mãe, em busca de nem ela sabia o que. Pura curiosidade, que não ousarei chamar de feminina, pois eu e o Daniel acompanhamos com interesse essa incursão nos arquivos secretos da saudosa querida nossa.
Entre retratos e diplomas antigos, recortes de jornais e revistas, cartas e cartões postais, receitas e folhinhas de calendário, eis que a Bia descola dois poeminhas que eu havia feito para Maria Helena. E embora estejam sem data, tenho quase certeza de que foram escritos em outro milênio. Ei-los:
A TI, AMADA MINHA
Soneto feito para Maria Helena, em uma noite de cansaço, perto do aniversário dela.
A ti, que me trouxeste luz e vida,
E que fizeste de uma tenda um lar,
Consolo meu, meu amor, meu amar,
Repouso meu, na sempiterna lida;
A ti, a quem todo o meu ser convida
Nas horas más, nos tempos de penar,
Nos dias ruins, nas noites sem luar,
Que sofro só por não te ver sofrida!
Ah, meu amor, querido e adorado!
Como quisera eu, teu bem-amado,
Dizer-te mais do que me diz a pena!
Quisera tanto, tanto, ser capaz
De, em formas menos toscas e banais,
A ti meu amor dar, Maria Helena!
O outro poeminha é um acróstico. E os amigos que curtiram meu livro - O Outro Nome da Rosa - reconhecerão nele a semente que gerou, muito tempo depois, a dedicatória de Ego In Verso.
MARIA HELENA
Versos brancos (meio acinzentados, admito), feitos para Maria Helena, logo depois do poema anterior. Tive um trabalhão para evitar rimas, sem fugir do ritmo...
Minha amiga,
A ti dedico este humilde verso,
Rústico seja, pobre, mas sincero,
Intérprete confuso do que sinto,
Amiga minha!
Helena amada,
Em ti repouso da perene luta,
Lida constante, só por ti vivida,
E cada teu carinho é meu troféu.
No teu amor está minha vitória,
Amada Helena!
Niterói, fevereiro de 2012
Rodolfo Barcellos