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sábado, 12 de novembro de 2011

Triste Chuva


     Está frio, e chove. Embrulho-me no meu puído manto de esperança e abrigo-me sob o guarda-chuva rasgado de um otimismo falso. Mas o vento cortante da tristeza insiste teimosamente em trazer-me as gotas grossas e geladas da solidão, enquanto a espessa neblina cinzenta da saudade, mal iluminada pelo solitário lampião das recordações, paira como uma mortalha sobre a rua escura e vazia que é minh'alma.


     Incomoda, essa luz espectral, amarelenta e morta do velho lampião. Parece sólida, como se fosse tinta velha, pintando cada gota de chuva com cores doentias. Dói...
     O tempo gruda-se em meus dedos, como uma massa amorfa, feita de momentos desconexos, o presente perdido nos passados. São momentos ocos e pesados, intermináveis como um soluço preso na garganta, eternos como a lágrima que teima em não rolar.
     Vislumbro ao longe, no limiar da visão, um fantasma silencioso e meditativo. É teu vulto, talvez, perdido no infinito espaço vazio que existe entre duas camadas de eternidade.
     Quero seguir-te. Quero alcançar-te. Mas não posso. E choro a minha renúncia em lágrimas ausentes e vazias. E percebo, enfim, que também eu sou um espectro extraviado, vagando num mundo que não é o meu.
     Choro. E sobre mim continua chovendo esta tristeza... esta solidão...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tristesse

- Ah, os revolucionários! São eles que trazem vida nova à velha e confortável rotina nossa de cada dia, e sacodem a poeira, o mofo e as teias de aranha que se acumulam na nossa mente. São eles que nos resgatam do passar igual de nossos hábitos monótonos!
- Há-os na política e nas ciências humanas. Há-os na filosofia e na culinária, na estética e na ética, na matemática e na física... onde quer que os busquemos, vamos encontrá-los.
- Há-os nas artes - na Arquitetura, na Pintura, na Escultura, na Literatura, nas artes cênicas - incluindo teatro e cinema... e hoje eu quero falar de um revolucionário da Música. Seu nome: Frédéric Chopin, o malabarista do piano.
- Chopin nasceu na Polônia, em 1810. Gênio musical precoce, aos dez anos já compunha e tocava piano com maestria.

-No final de 1830, já famoso, Chopin transferiu-se de mala e cuia para Paris. Poucos dias depois, a Polônia foi invadida pela Rússia. E logo vieram a lume suas "Polonaises" - que são a exata contrapartida musical do mural "Guernica", de Picasso, em relação à guerra espanhola, um século depois.
- Durante dez anos, Chopin manteve uma relação amorosa problemática com a escritora George Sand. A relação teve fim em 1847, talvez por problemas familiares. Dois anos depois, o compositor morria, vitimado pela tuberculose - sua companheira fiel e inseparável.
- Chopin inovou as técnicas do arpejo e do uso dos pedais, usando-as para produzir um fluxo contínuo - um legato harmonioso, quase cantabile. Raramente apelava para os fortes e fortíssimos - exceto, talvez, nos trechos mais enérgicos das "Polonaises".
- Entre tantas composições vibrantes e patrióticas, o profundo romantismo do compositor deixava escapar ocasionalmente pequenas jóias musicais. O Estudo N. 3 em Mi Maior,  conhecido como "Tristesse", é uma destas. Escrita para piano solo, recebeu inúmeros arranjos para outros instrumentos. Escolhi aqui um arranjo que mantém o piano como protagonista, apoiado por um fundo orquestral de grande profundidade romântica.