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sábado, 25 de dezembro de 2010

Missa do Galo

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/m/missa_do_galo
     In illo tempore, as missas eram rezadas em latim - não só as missas, mas a maior parte dos textos litúrgicos, como as ladainhas, por exemplo. Obviamente eu não entendia nada, mas guardei alguma coisa na memória e refresquei as lembranças com leituras posteriores.
     Enquanto o latinório se limitava ao celebrante, tudo ia bem; mas quando o ritual exigia os responsos dos fiéis, o caso era outro...
     Turris davidica! - puxava o celebrante, na ladainha.
     Tudo é da Dica! - ecoava a caboclada, contrita.
     Turris eburnea!
     Tudo é burro!

     Sedes sapientiae!
     Sede de Sá Piença!
     Virgo potens! Virgo clemens! Virgo fidelis!
     Viva o pote! Viva o creme! Viva o Fidélis!
     A Missa do Galo não era diferente. Por volta das 23 horas, saiam todas as famílias e serviçais para o ato religioso. E a igreja festivamente adornada, com todas as velas do Advento acesas, transformava-se numa referência social tanto quanto num templo de alegres orações. Cantava-se a plenos pulmões o Gloria in Excelsis Deo - que durante as quatro semanas do Advento fora deliberadamente banido da liturgia - e o celebrante despejava sobre os fiéis o melhor sermão que seus dotes oratórios lhe permitiam. Rezava-se o Confiteor e cantava-se o Tantum Ergo.
     Nós, crianças, com o pensamento nas guloseimas da ceia e, principalmente, nos desconhecidos mas maravilhosos presentes que ganharíamos, achávamos enfadonho aquele ritual... mas tínhamos que nos conformar.
     E ao fim da missa, dado o Dominus Vobiscum - que alguns respondiam "e com espirro tutum" - e o Ite Missa Est (Deo Gratias!), ainda tínhamos que aturar os intermináveis cumprimentos e despedidas dos adultos...
     Finalmente voltávamos para casa, mas ainda havia uma provação a vencer: a solene colocação da imagem do Menino na manjedoura, acompanhada de orações que nos pareciam intermináveis!
     É... talvez por essas e outras, nós, que temos mais quilometragem (por favor, "idade", nesse contexto, é palavrão), tenhamos aprendido a ser mais pacientes do que os jovens apressadinhos de hoje, que querem tudo para ontem...
     Sei que há muitos rincões - felizes e abençoados lugares! - por esses Brasis afora, que preservam muitas dessas tradições que enriqueceram minha meninice. E especialmente para essas gentes quero hoje desejar boas festas e...
...FELIZ NATAL PRA TODOS.