Amigo é assim, chega à casa do outro, pega a chave embaixo do vaso e entra sem cerimônia alguma. E quando ele não está presente, espalha bilhetinho de amor por cada canto, escancara a porta e convida a todos para um derramamento de amor vindo de longe, de perto, daqui, dali... A ideia é misturar sons e cores, bilhetes e rimas, na tentativa de promover um imenso abraço virtualmente real para esse homem a quem todos adoram amar.
Mago? Bruxo? Quem hoje aniversaria nos permite a magia que é fazer parte de sua vida, enfeitiçados pelas suas generosas demonstrações de afeto. Viemos celebrar com a tua parte poeta, e já que abrimos a porta, lembramos que o cofre guarda preciosidades como esta que escolhemos para te homenagear. Palavras... versos... vozes... são ecos do poeta.
Quando o amor não coube mais dentro do peito, ele resolveu abrir estradas e construir pontes. Abrir portas e estender as mãos, num gesto amplo, puro e fiel. Em campo aberto nos convida diariamente, distribuindo tenros ramos de oliveira, cobrindo-nos de flores e mimos. Mais que gratos, estamos felizes e com sorte por tê-lo como amigo...
Me deste a chave, lembra? Então eu, Denise e Lu viemos bagunçar tua casa, fazer sopa de letrinhas no teu caldeirão, bruxo querido! Dizer do nosso amor, respeito, admiração e amizade, representando todos os teus amigos que certamente gostarão de compartilhar desse momento... É bom você nos ouvir atentamente. É bom que receba nossos beijos e afetos. É bom!
Salve, Rodolfo Barcellos!
Jamais se perca de nós...

PEDAÇOS
Pedaços de mim, esquecidos
Nas horas perdidas das noites...
Nas tardes chuvosas do outono...
Nas ondas profundas do mar...
Pedaços de mim são crianças
Sem teto e sem esperanças,
Sem pais, sem amigos, sem sonhos,
Seus olhos molhados, tristonhos.
Pedaços de mim, espalhados
Por tantas esquinas da vida,
Por tantas pessoas amadas,
Por tantos lugares passados.
Pedaços de mim são soldados
Vencidos de dor, mutilados,
Famélicos, tristes, cansados
De lutas que não são as suas.
Pedaços de mim são saudades
De tempos de serenidades,
Sem lutas, derrotas e mortes,
Que em guerras vitória não há.
Pedaços de mim, derramados
Em juras de amor olvidadas,
Em beijos tão desesperados,
Em lágrimas mal enxugadas.
Pedaços de mim são as preces
Dos anjos por seus protegidos,
Dos pais por seus filhos drogados,
Das mães por seus filhos perdidos.
Pedaços de mim, sequestrados
Por tantas lembranças queridas,
Por tantos retratos guardados,
Por tantos carinhos trocados.
Pedaços de mim, sepultados
Nas tumbas profundas da alma,
Nas mil covas rasas da vida,
Na cripta escura da dor.
Pedaços de mim...
Folhas arrancadas...
Páginas queimadas...
Promessas rasgadas...
E assim,
Aos poucos me despedaço,
E em cada verso que faço
Vai um pedaço de mim...
Recolhe tu meus pedaços
E guarda-os no teu coração,
Se lá ainda houver espaços
Para amor ou compaixão.
Pedaços de mim...
Pedaços de ti...
Pedaços...
Rodolfo Rodrigues de Barcellos
Maio de 2010