sábado, 30 de março de 2013

Sete sete-setes, XX

     Vinte ramalhetes, cada um com sete flores, cada flor com sete pétalas, cada pétala com sete pontas... e nenhuma flor é igual a qualquer outra. Flores que brotaram dos textos em verso e prosa que vocês, amigos, lançaram descuidados aos ventos da blogosfera.

XX.7- Beth Lilás (data não anotada)
A tua frota de táxis
Virou cooperativa;
Tem minis, médios e maxis
Com freguesia cativa.
No bata-papo gostoso
De um taxista saudoso
A memória segue viva.

XX.6- Marcia, 10/11/12
Este teu canto, querida,
Contanto conte contente
Com cantos tantos de vida
Pode contar com a gente;
E enquanto o conto passa
Nos encontros desta praça
Há encanto contingente.

XX.5- Mery, 8/11/12
Tu me cativaste, Mery,
E a outros como eu também;
Mas por muito que te espere
Sei que tu estarás bem.
Te pedimos, não demores,
Vai sorrindo, nunca chores,
E volta alegre também.

XX.4- Zilani, 5/11/12
E quantos de nós se esquecem
Que todos somos errantes
Andarilhos que carecem
De mapas, guias, sextantes,
Sem bússola, rumo ou norte
Seremos reféns da sorte
Tristes sombras viajantes...

XX.3- Rita, 5/11/12
Peixe na folha de couve?
Já fiz na de bananeira...
Assado, menina, ouve:
Na grelha da churrasqueira;
Mas já perdi a receita
E vou fazer, desta feita,
Na couve e na assadeira.

XX.2- Beth, 4/11/12
Essas quinze irrelevâncias
Muito revelam de ti;
Pois mesmo nessas distâncias
Melhor eu te conheci.
Teus gostares sabem bem,
Teus desgostares também,
A este amigo daqui.

XX.1- Milene, 4/11/12
O vento que abre portas
É o mesmo que as cerra;
Carrega as folhas mortas
E leva o grão vivo à terra.
Traz a boa e a má notícia
Sem compaixão ou malícia
Seja na paz ou na guerra.

     E para comemorar a Semana Santa,

Pequena cantiga de Páscoa

Os modernos vendilhões
Os devotos do tlim-tlim
Vendem ovos aos milhões
Entre um e outro plim-plim

Diz que Páscoa é chocolate
No ovo que o coelho bota
Mentiras que a TV late
Nunca ouvi tanta lorota

E na verdade tem gente
(Não me refiro a você)
Que acredita piamente
Nos anúncios da TV

Se queres um bom conselho
Não vás na onda do povo
Desse mato não sai coelho
Desse coelho não sai ovo

Páscoa é a festa da alma
É a alegria da Luz
Passagem tranquila  e calma
Ressurreição de Jesus

Mas bombons e bacalhoada
E um gole de vinho fino
Têm indulgência firmada
Pelo decreto divino

Só não te esqueças da reza
Em sinal de gratidão
Porque em Páscoa que se preza
Todo mundo é irmão

É a festa em que judeus
Muçulmanos e cristãos
No louvor a um só Deus
Erguem juntos suas mãos

E Orixás da Natureza
Forças por Deus delegadas
Cantam em coro a beleza
Das crenças sincretizadas.

     Feliz Páscoa, amigos!

Niterói, março de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 26 de março de 2013

O deputado

Imagem: Internet

     (Véspera)
     - Deputado, amanhã é a votação do projeto sobre o aborto. Estamos fazendo uma pesquisa e gostaríamos de saber sua opinião sobre o assunto.
     - Sou contra. Acho que é a legalização do assassinato de inocentes.

     (Noticiário do dia)
     "O projeto sobre o aborto foi aprovado por um voto de diferença. O voto decisivo foi proferido pelo mesmo deputado que ontem declarou ser contrário ao projeto."

     (No dia seguinte)
     - Deputado, o que o levou a mudar de opinião sobre o projeto?
     - Minha opinião não mudou. Sempre fui e continuo sendo contra o aborto.
     - Mas o senhor votou a favor!
     - Amigo, eu não estou aqui para defender minha opinião. Meu dever é fazer valer a opinião de meus eleitores. E as consultas que fiz às minhas bases eleitorais indicaram que a grande maioria desejava a aprovação do projeto.

*  *  *  *  *
     Deveria ser simples assim... mas quem consultaria as bases na hora de votar seu próprio salário?
     Já dizia Winston Churchill: "A democracia é um sistema de governo tão falho e imperfeito que é de admirar que até hoje não se tenha inventado um melhor."

Niterói, março de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 23 de março de 2013

Trovas 271-280

     Olha aí mais dez trovinhas, gente. Desta vez, a "intrusa" - a 277 - resolveu exibir-se com um traje longo, em decassílabos...


Imagem roubada do Inquietude
280- Regilene, 6/10/12
Tu posas doces poesias
Alegrias contagiosas
E as prosas que tu querias
Vadias sorriem rosas...

279- Marcia, 5/10/12
Mas tu sempre dizes tudo
Até quando nada dizes
Pois no teu silêncio mudo
Gritam as tuas raízes...

278- Sandra Subtil, 4/10/12
Misturaste em harmonia
Estequiometricamente
Combustível, comburente
E acendeste a poesia...

277- Marilene, 4/10/12 (quadrinha decassilábica)
Recorte um sonho no seu figurino
E faça o alinhavo em ilusão;
Costure com agulha e fio fino
E nele abrigue alma e coração.

276- Milene, 3/10/12
Vou mandar, querida minha
Três rolinhas pra arrumar
Na comunheira a caminha
Pro teu sonho acalentar.

275- Mariguedes, 1/10/12
Uma mulher à espera
Será sempre encontrada
Pois numa mesma esfera
Reúne o tudo e o nada.

274- Ma, 1/10/12
Demore o tempo preciso
Porém nem mais um segundo;
Sem o teu belo sorriso
Fica mais triste o meu mundo.

273- Marilene, 26/9/12
Na onda que vai e vem,
No sopro que vem e vai,
Vai-se o amor que convém,
Vence o amor que se esvai.

272- Regina, 26/9/12 (Yom Kipur)
Não sei se você merece,
Não que isso me interesse,
Todavia o meu amor
Tens que aguentar - como for.

271- Marcia, 26/9/12
"Amor"... o que será isso?
Todo mundo dá palpite,
Porém ninguém admite
Amar sem ter compromisso.

Niterói, março de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 16 de março de 2013

Sete sete-setes, XIX

     Sete-sete: segundo minha própria definição trata-se de um poema curto, composto de uma única estrofe com sete versos, cada verso com sete sílabas poéticas e esquema de rimas definido. Mas quem disse que a poesia obedece aos ditames do poeta? A XIX.7, que abre o desfile, recusou-se terminantemente a vestir as sete sílabas das redondilhas maiores e teimou em apresentar-se com um traje feito com as cinco sílabas das redondilhas menores. E o poeta, submisso, rendeu-se...

XIX.7- Cátia Bosso, 1/11/12
Quem ama não mata
Quem fala consente
Quem cura não trata
Quem cala não mente
Quem é da realeza
Carrega a tristeza
De nunca ser gente.

XIX.6- Tatiane, 30/10/12
Dez medidas de amizade,
Uma colher de malícia,
Ternura e afeto à vontade
Temperados com carícia.
Leve ao fogo da paixão,
Sirva com o coração;
A receita é uma delícia!

XIX.5- Lili, 30/10/12
Um vento suave beijou
Sete Ramos de Oliveira;
Flores d'África levou
Para a terra brasileira.
E da bela Aveiro um anjo
(É você, Lili Laranjo)
Soprou-me a brisa fagueira.

XIX.4- Cecília, 23/10/12
Casas velhas são ruínas
Sem alma ou esperanças;
Velhas casas são meninas
São sorrisos de crianças.
São guardiãs de segredos
Que afugentam os medos
Com suas doces lembranças.

XIX.3- Zilani, 22/10/12
Geralmente a poesia
Cobre a nudez da verdade
Nas vestes da fantasia;
Mas a tua, sem alarde,
Expõe a chaga dorida
De uma criança ferida
Da indiferença covarde!

XIX.2- Marilene, 19/10/12
Há palavras que são nuas,
Há-as vestidas em galas;
Às vezes são falas tuas,
Às vezes são minhas falas;
Nossos silêncios são plenos
Nos meus calares amenos
Nos momentos em que calas.

XIX.1- Marcia, 14/10/12
Em que peito pulsará
Esse outro coração?
Que amor resistirá
Ao chamado da paixão?
Um chamado tão profundo
Que ressoa pelo mundo
Nos ecos da amplidão!

Niterói, março de 2013
Rodolfo Barcellos

PS: Habemus Papam!
Quando Francisco, em sua viagem, sobrevoar o agreste brasileiro, aspergirá com seu hissope pontifício algumas gotas de água benta nos céus do sertão nordestino, realizando a famosa profecia conhecida como "transposição das águas do Velho Chico" e terminando com a agonia da seca. O homem é milagreiro, oxente!

terça-feira, 12 de março de 2013

Déjà vu 2013


     QUOUSQUE TANDEM?
     Estou cansado de reeditar este artigo, ano após ano! Esta é a nona edição!


Depois da tempestade vem a enxurrada
     Escrito em junho de 2005, este artigo foi em grande parte inspirado pelos trágicos efeitos das tempestades daquele ano, não só no Brasil como no resto do planeta. Entra ano, sai ano e nada mudou... ou mudou para pior. Por isso, venho reeditando o texto a cada verão, com as adaptações necessárias, de 2006 em diante (já neste blog). 
Imagem: UOL Notícias (via Lu Cavichioli)
     Chuva, chuva, chuva. Falo dos aguaceiros de verão que castigam S. Paulo, Rio, Belo Horizonte... cidades grandes e pequenas pelo Brasil afora. Famílias que perdem tudo... vítimas fatais ... tristeza e prejuízos. Cobranças às autoridades, explicações e desculpas... e tudo se repete, ano após ano.
     Dizem que o problema é falta de escoamento, por causa de bueiros entupidos e lixo acumulado nos canais. Besteira. Isso é jogar pra cima da população a responsabilidade pela incompetência dos engenheiros municipais e dos secretários de obras.
     Na verdade, a grande maioria dos problemas é causada pelo excesso de escoamento. Isso mesmo - excesso de escoamento. Você não acredita? Bem, deixa eu explicar.
     As maiores inundações são causadas por chuvas torrenciais que causam uma precipitação pluviométrica  de uns 200 milímetros, no máximo, em 24 horas. Isso quer dizer que, se não houvesse nenhum escoamento, se cada gota de chuva ficasse onde caiu, cada rua, ao fim das 24 horas de tempestade, teria apenas um palmo (200 mm) ou menos de água. Além disso, não haveria enxurradas, que são a principal causa de desabamentos e afogamentos. Em S. Paulo, o Tietê e o Pinheiros subiriam apenas 20 centímetros, assim como o canal do Mangue no Rio, e outros escoadouros.
     Obviamente, os telhados também ficariam com seus 20 cm de água acumulados, assim como as calçadas, praças e jardins. Mas qualquer telhado bem feito resiste a uma pressão de 200 mm de água.
     É claro que é impossível querer obrigar cada gota a ficar onde caiu (*); mas é perfeitamente possível controlar o escoamento de modo a reduzi-lo a um nível que evite os grandes problemas acima citados. A água demoraria um pouco mais a baixar - talvez dois ou três dias - mas a cidade e seus habitantes teriam trocado uma calamidade pública por uma inconveniência de consequências mínimas.
     Portanto, Srs. Prefeitos, secretários e engenheiros, parem, por favor, de gastar nosso dinheiro aumentando o fluxo do escoamento pluvial. Tratem, isso sim de procurar meios de reduzi-lo e controlá-lo. Desde já, eleitores e cidadãos agradecem.

     (*) Esse efeito pode ser observado nos lugares e épocas do ano onde cai neve, em vez de chuva. Cada "gota" - ou floco - permanece onde caiu, e os problemas maiores são causados pelo frio e pelo volume acumulado da precipitação (muito maior em forma de neve do que em forma líquida). Quando chega a primavera, o degelo é lento e o escoamento não causa maiores transtornos.

     Mas como controlar o fluxo do escoamento? Sugiro um estudo em quatro etapas:
     1 - Identificar e mapear as "minibacias pluviais urbanas" - os canais naturais ou artificiais do escoamento, definindo seus "divisores de águas" (acho que isso já existe);
     2 - Selecionar uma ou duas minibacias adequadas a um programa de controle de fluxo;
     3 - Efetuar as obras públicas necessárias e incentivar os proprietários dos imóveis a adaptá-los ao programa. As áreas impermeáveis serão priorizadas;
     4 - Aguardar a próxima época de chuvas torrenciais, fazer o levantamento estatístico dos resultados, divulgá-los e partir para o abraço - ou para a reeleição.
     As obras públicas e particulares necessárias seriam simplesmente a coleta da chuva através de calhas e canaletas, conduzindo o fluxo total a reservatórios apropriados, dos quais seria liberado o fluxo controlado. Um imóvel com área impermeável de 1.000 metros quadrados (um condomínio vertical de porte médio) necessitaria de um reservatório com capacidade para apenas 100 metros cúbicos de água para controlar um débito de 100 mm/dia. Os engenheiros sabem como fazer isso.
     É claro que isso não é uma panacéia, e só se aplica na prática a áreas de alta concentração urbana e baixa permeabilidade. Mas imagino que um prefeito mais interessado nas próximas gerações, e menos nas próximas eleições (eu tenho uma imaginação delirante, às vezes) possa fazer alguma coisa a respeito.
     Que tal as minibacias que deságuam na Praça da Bandeira, aqui no Rio?

     Adendo à edição de 2011: Desta vez tragédia foi maior e se concentrou em outras áreas, mas as causas continuam as mesmas: DESCASO CRIMINOSO DAS AUTORIDADES.
     Onde os planos emergenciais? Onde o plano de coordenação da Defesa Civil com outros órgãos públicos? Cadê o combustível para os helicópteros? Médicos, paramédicos e enfermeiros, onde? Aliás... e os hospitais? Onde os há, que é dos leitos? Onde foram parar os equipamentos indispensáveis?

     E, por favor... quantas vezes ainda terei que reeditar este artigo doloroso? Se nos primeiros anos o sentimento era de indignação este sentimento veio se transformando através dos anos: raiva, frustração, impotência, desilusão... mas nunca desesperança! Quando a esperança deixar de existir, eu pousarei minha pena impotente - nunca antes!

     Adendo a esta edição (2013): Parece que resolveram aplicar a "solução" de reservatórios para controle de escoamento na região do Maracanã / Praça da Bandeira. Se der certo, para alguma coisa terão servido a Copa e as Olimpíadas.

Niterói, verão de 2013 (depois da chuva)
Rodolfo Barcellos

sábado, 9 de março de 2013

Trovas 261-270

     "Que o amanhã seja melhor que o ontem. Quanto ao hoje, acho que sempre podemos melhorá-lo um pouco."
     Comentário a Marcia, 16/9/12

270- Marilene, 23/9/12
Recomendo aos namorados
Para evitar o "talvez"
Em prazos bem calculados
Um teste de gravidez...

269- Denise, 22/9/12
Mas ora veja você!
Essa imagem pendurada
Me lembra, não sei por que,
Uma poesia amada...

268- Lu, 22/9/12
E a Lu mandou recado
Pelo Correio Elegante
Que a Prima havia chegado
E a Vera estava chegante...

267- Ma, 18/9/12
Perdi-me em teu labirinto
E não quero achar saída;
Pois vou ficar, eu pressinto
Perdido aqui toda a vida...

266- Marcia, 18/9/12
Tem dia em que a alma precisa
Para o mundo enfrentar
Ser folha levada na brisa
E espuma na onda do mar.

265- Regina, 18/9/12
Troco dois dedim de prosa
Por um gole de poesia
Dou de lambuja uma rosa
Cor de sonho e nostalgia.

264- Milene, 18/9/12
Sou suspeito pra falar,
Então podem me prender;
Este soneto sem par
É bonito de doer...

263- Sissym, 18/9/12
Bravo! Ali, bem no limite -
Realidade ou fantasia?
Teus versos são um convite
Pra viver a poesia!

262- Denise, 17/9/12 (MSN)
Não se atreva a ir pra cama
Sem antes deixar um beijo
Pra este que tanto te ama
É só isso que desejo.

261- Milene, 12/9/12
Te amo, te quero, te gosto,
Com poesia ou lero-lero,
Onde Esteves com teu rosto,
Te gosto, te amo, te quero...

Niterói, março de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 5 de março de 2013

Deusas

     Esta matéria foi publicada no Sete Ramos de Oliveira em 5/03/2010, há exatos três anos, quando este espaço não completara ainda três meses de vida. Reverti o original para rascunho, reprogramei a data para hoje, revisei e publiquei. Este método tem a vantagem de manter os comentários originais.
     A matéria também faz parte da coletânea de poemas "Ego in verso" - segunda parte do livro "O Outro Nome da Rosa".

Foto: Rodolfo Barcellos
     Li, não me lembro onde, que o homem viveria perfeitamente sem as mulheres "se elas não fossem tão macias e quentinhas..."
     O cara que escreveu isso sofre com certeza de um grave caso de alienação da realidade, que resulta numa dependência completa em relação às mulheres.
     Tudo bem, nós, os homens normais, sabemos que somos totalmente dependentes dessas lindas, macias e quentinhas criaturas; mas sabemos também que elas têm outras qualidades que ultrapassam em muito as puramente físicas. Nós, os machos, sabemos que nossa dependência das fêmeas é profunda, vital, transcendental. E assim como existem as "Memórias Póstumas", um Machado moderno deveria escrever suas "Memórias do Útero" para celebrar essa dependência absoluta.
      Mas somos tão egocêntricos que as mais das vezes nos esquecemos de orar às nossas Deusas, nos dias de culto. Felizmente temos um despertador mais ou menos confiável que nos alerta nos aniversários de nascimento e casamento - às vezes de namoro e noivado - e no Dia das Mães. Mas ele costuma falhar no Dia da Avó e no Dia Internacional da Mulher - que é agora, ô meu! Acorda!

     Bem, eu não tenho competência para homenagear as mulheres como elas merecem. Sorte minha que elas são generosas e aceitam uma humilde bijuteria com o mesmo sorriso encantador com que acolhem um colar de esmeraldas.
     Portanto, envio a elas a minha bijuteria, e sei que elas a aceitarão com prazer.

MULHER,

Quisera ser um poeta
Para em versos cantar
Numa rima curta e reta
As curvas do teu andar;

Quisera ser um atleta
Para em ouro te ofertar
A medalha que uma seta
Certeira iria ganhar;

Quisera ser um esteta
Para poder burilar
Numa ametista concreta
O brilho do teu olhar;

Quisera ser um profeta
Para o futuro enxergar
E em poesia discreta
Teu destino exaltar.

     Parabéns a todas, minhas queridas.

Niterói, março de 2010 / março de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 2 de março de 2013

Sete sete-setes, XVIII

     "Quando a chuva faz as pazes com o sol, eles se amam. E nasce o arco-íris."
     Comentário a Denise, 12/9/12
Pimenta
XVIII.7- Sissym, 2/10/12
Cada verso é uma seta
Precisa, firme, aguçada
Que viaja em linha reta
Até à pessoa amada;
A aljava está repleta
E nas mãos desta poeta
Nenhuma será errada.

XVIII.6- Tatiane, 25/9/12
Queime uma vela por elas
E lhes reze uma oração
E às mofadas e amarelas
Ponha fogo, sem perdão;
Mas separe com carinho
As cartas que, bem baixinho,
Te falam ao coração.

XVIII.5- Sandra Subtil, 22/9/12
Ah, a palavra que voa
Na rima louca e errante
É a mesma que foge à-toa
Do poeta, recalcitrante,
Para aparecer, fagueira,
Leve, solta, feiticeira,
No pregão de um ambulante!

XVIII.4- Milene, 15/9/12
Sempre igual e diferente
De tantas outras Miminhas
Que tanto trazem à gente
Histórias de carochinhas
Ou micos do dia-a-dia
Vestidos de fantasia
Colorida e sorridente!

XVIII.3- Débora, 13/9/12
Qualquer clichê já foi dito
Ou será, sobre o amor
Seja em arroubo infinito
Seja num pranto de dor.
Seja em verso, seja em prosa,
Seja no espinho ou na rosa,
Seja na terra ou na flor.

XVIII.2- Tatiane, 13/9/12
Sê pluma na brisa leve,
Sê rocha no vendaval;
Assim será quem se atreve
Dar-se ao Bem, opor-se ao Mal.
Eis que tua é a escolha:
Ser rochedo ou ser folha
É teu arbítrio, afinal.

XVIII.1- Severa, 13/9/12
O teu olhar de pimenta
Esquenta meu coração;
A paixão já não se aguenta
Não se contenta então;
E o sentimento aparece
E o ardido recrudesce
E parece um pimentão.

Niterói, março de 2013
Rodolfo Barcellos