sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Nomes

 - Dizem que nossos caboclos herdaram dos antepassados índios o hábito de darem aos recém-nascidos nomes relacionados com fatos, pessoas ou objetos que lhes chamavam a atenção, na época do nascimento. Não sei se isso é verdade, mas conheci muita gente boa com nomes no mínimo curiosos - um colega de sobrenome Pernilongo, um outro chamado Onaireves...
- Há uns 40 anos atrás, um artigo numa das últimas páginas do Jornal do Brasil me chamou a atenção. Recortei-o e guardei-o, mas após quatro décadas de vida cigana, com oito mudanças de domicílio, o recorte perdeu-se em algum desvão imperscrutável de um caminhão baú.
- O artigo era simplesmente uma listagem de nomes pitorescos, garimpados no arquivos do extinto INPS. Não me recordo da autoria.  Cito o texto de memória, ressalvados alguns lapsos.
- Antônio Dodói, Antônio Melhorança, Antônio Treze de Julho de Mil Novecentos e Treze, Bomfilho Persegonha, Cafiaspirina Cruz, Céu Azul do Sol Poente, Dezêncio Feverêncio de Oitenta e Cinco, Joaquim Pinto Molhadinho, José Casou de Calças Curtas, Leão Rolando Pedreira, Maria Passa Cantando, Maria Privada de Jesus, Marimbondo da Trindade, Remédio Amargo, Restos Mortais de Catarina, Um Dois Três de Oliveira Quatro, Veneza Americana do Recife.
- Bom, sei que o tal Um Dois Três existiu mesmo, e era funcionário da Companhia Siderúrgica Nacional, se não me engano. E meu pai confirmou que conhecera a tal Veneza Americana, de modo que a lista adquiriu foros de verdade para mim.
- Para fechar esta matéria, fiz uma breve pesquisa na Internet. E descobri que quase todos os nomes citados (com mais alguns que eu havia esquecido) constavam em uma lista bem mais extensa, que pode ser consultada em
 
- Oxente! 

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tristesse

- Ah, os revolucionários! São eles que trazem vida nova à velha e confortável rotina nossa de cada dia, e sacodem a poeira, o mofo e as teias de aranha que se acumulam na nossa mente. São eles que nos resgatam do passar igual de nossos hábitos monótonos!
- Há-os na política e nas ciências humanas. Há-os na filosofia e na culinária, na estética e na ética, na matemática e na física... onde quer que os busquemos, vamos encontrá-los.
- Há-os nas artes - na Arquitetura, na Pintura, na Escultura, na Literatura, nas artes cênicas - incluindo teatro e cinema... e hoje eu quero falar de um revolucionário da Música. Seu nome: Frédéric Chopin, o malabarista do piano.
- Chopin nasceu na Polônia, em 1810. Gênio musical precoce, aos dez anos já compunha e tocava piano com maestria.

-No final de 1830, já famoso, Chopin transferiu-se de mala e cuia para Paris. Poucos dias depois, a Polônia foi invadida pela Rússia. E logo vieram a lume suas "Polonaises" - que são a exata contrapartida musical do mural "Guernica", de Picasso, em relação à guerra espanhola, um século depois.
- Durante dez anos, Chopin manteve uma relação amorosa problemática com a escritora George Sand. A relação teve fim em 1847, talvez por problemas familiares. Dois anos depois, o compositor morria, vitimado pela tuberculose - sua companheira fiel e inseparável.
- Chopin inovou as técnicas do arpejo e do uso dos pedais, usando-as para produzir um fluxo contínuo - um legato harmonioso, quase cantabile. Raramente apelava para os fortes e fortíssimos - exceto, talvez, nos trechos mais enérgicos das "Polonaises".
- Entre tantas composições vibrantes e patrióticas, o profundo romantismo do compositor deixava escapar ocasionalmente pequenas jóias musicais. O Estudo N. 3 em Mi Maior,  conhecido como "Tristesse", é uma destas. Escrita para piano solo, recebeu inúmeros arranjos para outros instrumentos. Escolhi aqui um arranjo que mantém o piano como protagonista, apoiado por um fundo orquestral de grande profundidade romântica.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Luzes da Ribalta

- Não gosto de teatro e não gosto de ópera. Acho que nasci com um defeito de fabricação sem "recall" e sem conserto, que me provoca uma espécie de indiferença - às vezes, aversão - pelos espetáculos da ribalta.
- Não que eu não valorize os profissionais do palco. Como bem frisou o Jair, eles não têm o recurso cinematográfico do "Corta! - Tá uma merda! - Vamos gravar de novo!". Não, eles têm que desempenhar seu papel à perfeição, dia após dia, enquanto dure a temporada.
- Mas há um tipo de espetáculo "de palco" que aprecio muito: é a apresentação de corais. As vozes em harmonia de homens e mulheres de diversas idades e classes sociais são para mim uma melodia celestial, um verdadeiro retrato da confraternização que todos gostaríamos de ver pelo mundo... e isso me lembra  um certo "post" no "Relicário" da Milene, com um coral universal cantando Stand by Me.
- De qualquer modo, o canto coral me reconciliou com algumas árias operísticas, mesmo cantadas em solo. Destas, as que mais me tocam são aquelas de tom intimista, como a do ciclo
"Canções de Sir Walter Scott", de Schubert (título original Ellens dritter Gesang, D.839 - também conhecida como "A Dama do Lago"), que deu origem à sua famosa "Ave-Maria". E tem uma ária em "Sansão e Dalila", de Camille Saint-Saënz, cuja segunda parte é, no mínimo, enternecedora. O nome da ária é "Mon coeur s'ouvre a ta voix"; aperte o nariz da Maria Callas para ouvi-la:


- Imaginando como ficaria essa última parte num canto coral, meti-me a fazer uma letra em português para ela:

Sim, eu te amarei...
Eu te amarei por toda a vida!
Sim, eu te amarei
Na derradeira despedida!
Todo o meu coração
Se abre ao teu amor,
Como pela manhã,
Ao beijo do sol se abre terna a flor.....
Sim, eu te amarei,
Eu te amarei,
Amor...


- Não sou musicista e não posso julgar o valor da adaptação para corais ou sua viabilidade; mas, na qualidade auto-assumida de poeta menor, acho que a letra não é de se jogar fora.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Mico de Ouro

- Pois é... falei tanto contra os prêmios e selinhos da blogosfera... e aqui estou, pagando mico - literalmente.
- Acontece que tive a honra e o orgulho de receber, de fonte anônima, o mais cobiçado prêmio da blogosfera: o famoso MICO DE OURO!
- O troféu, de posse transitória, tem a finalidade precípua de torrar a paciência dos agraciados. As regras para recebê-lo e distribuí-lo são as seguintes:

- DIREITOS E DEVERES DO DOADOR:
1. Direitos:
-   Repassar o prêmio a quem quiser e quando quiser, sem necessidade de qualquer justificativa;
-   Reter o prêmio para si próprio, indefinidamente, até ser atacado por algum vírus desconhecido;
-   Editar e mudar a figura do prêmio a seu bel-prazer;
-   Mudar estas regras à vontade.
2. Deveres:
-   (não há).

- DIREITOS E DEVERES DO AGRACIADO:
1. Direitos:
-   (não tem).
2. Deveres:
- Xingar o doador na rede pública;
- Xingar o doador também na privada;
- Como recipiendário, começar a exercer de imediato os direitos de doador, ou seja, pagador de mico.
 

- Bem, a princípio, pensei em repassá-lo ao amigo, irmão e ancestral (se assim posso chamá-lo) XIPAN ZÉCA. Achei que ele gostaria de dar um trato no visual desse primo distante, que está meio desmazelado. Mas depois de profunda reflexão resolvi seguir meus inabaláveis princípios éticos.
- Portanto, no exercício de meus legítimos direitos de pagador de mico, repasso o MICO DE OURO, com muita alegria e profundo alívio, para TODOS os meus amigos e seguidores, sem exceção. Sei que vocês não merecem isso, mas o espírito da coisa é esse mesmo.
- Parabéns a todos!

- P. S.:  Em consideração aos amigos, usei os meus privilégios de doador para editar a imagem original, substituindo um gesto de mau gosto (obsceno, mesmo) da pata direita do mal-educado símio por uma cópia espelhada da pata esquerda.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Troféus e Spams



- Na modesta opinião deste leigo apreciador da boa música, essa chinesinha é a maior virtuose do violino desde Paganini. Vê-se na sua expressão que ela ama o que faz. Eu a convoquei para deleitar meus amigos enquanto exponho um assunto interessante, mas meio sem graça.
- Quando resolvi criar meu blog, não esperava mais que um ambiente para compartilhar ideias e opiniões. Bem, descobri que há muito mais que isso na "blogosfera"; mas estou particularmente intrigado com a quantidade de "selinhos" e "prêmios" fartamente distribuídos pelos blogueiros.
- É um prazer receber o reconhecimento dos amigos, e a maioria dos selinhos tem realmente um belo apelo visual; mas o que me deixa com a pulga atrás da orelha é a imposição de redistribuí-los por um certo número de blogs. Isso me lembra as fatídicas pirâmides de anos atrás, que primeiro acalentavam esperanças para logo destruirem amizades.
- Um prêmio que se multiplique dez vezes ao ser redistribuído, alcançará na décima geração a incrível marca de 10.000.000.000 só na base da pirâmide! Não existem tantos blogs no mundo!
- E se o selinho for portador de um vírus? Um vírus com data marcada para atacar? Arquivos de imagens podem ser manipulados nesse sentido...
- Quando recebi o "Blog de Ouro", fiz uma pesquisa: Qual instituição criou o prêmio, quando foi criado, com que finalidade, quais as regras para obtê-lo e indicá-lo... e não obtive obtive respostas claras.
- É chato recusar um presente ofertado por um amigo. Por isso criei regras próprias para receber e redistribuir prêmios e selinhos cuja primeira origem me é desconhecida:
- 1. Pesquisar a origem;
- 2. Passar a imagem por um antivírus confiável e, se possível, cortar os links associados;
- 3. Disponibilizar o selinho para todos os meus seguidores que o quiserem, mas sem impor qualquer obrigação de redistribuí-lo.
- Meus amigos sabem que eu já criei um selinho: é o Certificado de Excelência, individual e intransferível - e por isso mesmo garantido. Outro que lancei é o "Seleções dos 7 Ramos". Ambos indicam claramente sua origem, na própria figura.
- Mas antes que o amigo comece a deletar apavorado todos os seus selinhos e prêmios, quero tranquilizá-lo: creio que a finalidade oculta da maioria deles (se e quando houver) é identificar a máquina hospedeira para fins de "spam" - e nada mais. E os navegadores atuais filtram com eficiência esse invasivo "infomarketing" indesejado.
- E permitam-me finalizar esta matéria dizendo que um breve comentário com que honrem meus escritos me é mais valioso que todos os selinhos da blogosfera!


- P.S.: Escolhi a Ária na Corda de Sol por motivos sentimentais e para destacar a expressão de absoluta entrega que essa soberba violinista mostra ao executá-la. Para melhor julgar seu valor virtuosístico, recomendo vê-la - ainda aos 12 anos - interpretando o próprio Paganini em:
http://www.youtube.com/watch?v=yhve5jT4xmM&feature=fvw

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Churrasco de Gato

- Na época em que os tamborins eram feitos com couro de gato, havia no Rio de Janeiro, nos meses que antecedem o carnaval, uma hecatombe desses felinos, em busca da matéria prima indispensável à manifestação artística maior da cultura brasileira. E, por uma lei econômica formulada por Adam Smith e comprovada por Karl Marx, os agentes dessa hecatombe buscavam auferir algum lucro da parte não aproveitada do gato. Assim nasceu o mais famoso prato da culinária carioca: o churrasco de gato.
- Essa iguaria tem a vantagem de poder ser preparada "indoors". Aprendi a receita com uma integrante da bateria da União da Ilha, e repasso-a aqui para os apreciadores da boa comida.
 

- Ingredientes:
- 1 kg de lombo de gato.
- 2 pimentões médios.
- 2 cebolas médias.
- 250 g de linguiça calabresa fina.
- Sal refinado (não use sal grosso).
- Nota: para alívio dos felinos e frustração dos ratos, os tamborins são hoje produzidos com material sintético. Por isso, é difícil encontrar no mercado lombo de gato de boa procedência. Na falta do nobre produto, use alcatra ou contrafilé bovinos.
 

- Modo de preparo:
- Corte a carne em cubos de 3 cm de lado. Tempere com sal a gosto;
- Corte da mesma forma o pimentão, a cebola e a linguiça;
- Espete os cubos em espetinhos de bambu, intercalando pedaços de pimentão, cebola e linguiça;
- Disponha os espetinhos lado a lado, apoiando as extremidades nas bordas de uma assadeira retangular, de forma a não tocar o fundo;
- Leve ao forno alto por 20 a 30 minutos. Não há necessidade de virar os espetinhos.
 

- Rendimento: 10 porções de 2 a 3 espetinhos cada.
- Sirva com farofa mineira e molho à campanha catarinense. Um bom vinho tinto gaúcho acompanha bem o prato e um pudim de tapioca das Alagoas, como sobremesa, fecha com perfeição o banquete.
 

- Informação nutricional (por porção):
- Lipídios: 0 mg.
- Glicídios: 0 mg.
- Protídios: 0 mg.
- Gorduras trans: 0 mg.
- Gorduras totais: 0 mg.
- Valor calórico: 0 kCal
- Não contém glúten.

- Nota: valores máximos garantidos para degustação virtual.

- Bon apétit...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Prêmios


- Tenho algumas restrições quanto aos prêmios e "selinhos" que proliferam na blogosfera, mas sempre ressalvo o valor afetivo dos mesmos. Existem, porém, aqueles que trazem, além do afeto dos amigos, alguma coisa a mais - um valor próprio. E a Milene me mimoseou com um desses.
- Para merecê-lo, devo cumprir a gostosa tarefa de enumerar dez coisas que amo fazer. Lá vai:
- Dez coisas que eu amo:
1- Fuçar postagens nos blogs dos meus amigos, incluindo os comentários. Foi assim que descobri antecipadamente a data do aniversário da Milene e das Bodas de Pérola da Amélia;
2- Usar minhas mãos. Sempre que posso, faço eu mesmo pequenos serviços de eletricista, encanador, técnico de informática e às vezes de "Chef de cuisine", para desespero da Maria Helena;
3- Versejar. Gosto mesmo de submeter-me à métrica e à rima, mas não dispenso o verso branco, ocasionalmente;
4- Pesquisar na internet. Às vezes escolho uma frase ao acaso e a digito na caixa de pesquisas. Entre muita coisa óbvia, sempre aparecem pequenas jóias;
5- Comida mineira, churrasco gaúcho e quitutes baianos. De modo geral, tudo o que faz mal à saúde;
6- Fazer amigos. Esses dez meses de "blog" têm sido cheios de alegrias;
7- Meditar. Ouvir o conselho de minhas vozes interiores. Lembrar com saudade e carinho os entes queridos que se foram, mas que continuam comigo;
8- Receber e repassar prêmios como esse, que além do valor agregado pelo carinho dos amigos vêm com o bônus de um valor intrínseco - no caso, o prazer de nos fazer relembrar coisas boas e compartilhá-las;
9- Bater papo com os amigos, seja sobre assunto sério ou sobre abobrinhas;
10-Nada. Isso mesmo, gosto de não fazer nada, e isso quer dizer ócio, e não "lazer". Quer dizer ficar longe da TV e do computador, esticado numa rede, sentindo os cheiros que a brisa me traz - às vezes das flores da Bia, às vezes do guisado da vizinha - e ouvindo o farfalhar das folhas, o cantar dos pássaros, os latidos dos cães e a discussão dos vizinhos;
11- Curtir uma música gostosa - de preferência, dos anos 60;
12- Assistir a um filme de qualidade;
13- Ler um bom livro;
14- Escrever artigos, crônicas, contos etc;
15- Soltar uma boa gargalhada ao ouvir uma piada das boas;
16- Ensinar alguma coisa nova a meus filhos e netos;
17- Aprender alguma coisa nova com meus filhos e netos...
- Opa... passei da conta? Desculpem, foi no embalo... afinal, eu tenho o privilégio de amar tantas coisas!
- (É... mas tem umas que também odeio. Não sou tão bom-moço assim. Mas não vou falar nelas aqui.)
- Falar nisso... o Serra apareceu em Aparecida. Alguém viu a Dilma por lá?
- Mas eu não aprendo mesmo... tanta coisa boa pra dizer, e eu perdendo tempo com a exemplar política nacional... Desculpem. Tenho novidades melhores para vocês.


- Já estava esquecendo: indico para receberem o troféu todos os meus seguidores, sem exceção. E vamos às boas novas:
- Todos sabem que os Sete Ramos já teve um rebento - os Sete Bardos, do meu neto Daniel, fissurado em música. E agora, apareceu mais um, de uma tal Alethea Amara, que deu ao seu blog o nome de "Os Sete Véus"! Adivinha se a moça não é vidrada em música, dança e poesia?
- Aliás, sei que ela é coreógrafa, e sei também que atrás desse exótico codinome esconde-se uma pessoinha muito centrada e firme. E como os véus são diáfanos, vocês não terão dificuldade em descobrir sua identidade secreta, se a visitarem em
http://www.osseteveus.blogspot.com
- Gente, estou besta de tanto orgulho... boa sorte, amada Alethea!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SERio DILema

 - Dentro de poucas semanas, vou ter que enfrentar meu pior pesadelo. Estarei só e indefeso ante uma máquina diabólica que, qualquer que seja minha escolha, me convidará a condenar meu querido país a um período de quarentena e de retrocesso.
- E a máquina, sarcasticamente, estará aguardando minha sentença irrecorrível com a palavra FIM, em letras imensas, gravada na sua face hipócrita! E eu, como um general da guerra fria, terei que apertar o botão maldito! E, mísero juiz de meu país, proferirei a sentença fatídica, e como carrasco de mim mesmo me retirarei do cadafalso sob o aplauso de uns, os apupos de outros e a vergonha íntima de ser um eleitor impotente.
- Mas perdoem-me o desabafo, amigos... desde já estou buscando alternativas menos frustrantes para o meu veredicto, e acho que a saída está nos vices.
- Longe de mim desejar um fim prematuro do eleito... mas um impeachment ou outro recurso constitucional poderia reduzir o período de sofrimento...
- Sim, está resolvido! Vou votar no vice!
- Falando nisso... alguém aí sabe quem são os vices?...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Imagine

 
- Ele estaria festejando neste sábado setenta primaveras (aliás, outonos, lá na terra dele). Imagine os tesouros que ele teria acrescentado ao seu legado, se não tivesse sido assassinado - inexplicavelmente por um fã (fanático?)!
 - Veja também
 http://www.youtube.com/watch?v=okd3hLlvvLw

- Saudades, John.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Bate-papo

  Quase todo mundo tem seus momentos de conversar com Deus. Os meus são de pouca oração e de muito bate-papo.
  Outro dia, comecei o diálogo reclamando:
- Monte de coisa errada nesse mundo!
- Não concordo. Tudo que eu fiz tá certinho. O sol nasceu na hora certa, as chuvas caíram onde deviam...
- Pera aí! E aquela enxurrada em São Paulo? Parece que andou morrendo gente lá!
  Ele disse, sério:
- Aquilo foi obra de vocês. Um amontoado de prédios, um solo totalmente impermeabilizado, rios e riachos canalizados e sem opções de extravazamento... queriam o quê? Não vou obrigar vocês a fazer o que não querem, mesmo que estejam errados.

- Mas porquê? Você poderia ter evitado tantas tragédias e sofrimentos!
- É... mas estou preparando a humanidade para uma missão muito importante, e isso exige o mínimo de interferência da minha parte.
  Fiquei curioso:
- Que missão?
  Ele deu um sorriso enigmático e não respondeu.
  De vez em quando, ele faz isso comigo... lança uma indireta e me deixa morrendo de curiosidade.
  "Ele é exasperante!" - pensei, no mais recôndito do meu próprio pensamento.
  Ele fingiu que não percebeu, e eu fingi que não sabia que ele estava fingindo. Coisa de velhos conhecidos...
  Tratei de mudar de assunto:
- Escuta, eu estou com um problema, e preciso da sua ajuda.
- E quando é que você não está com problemas? Em que encrenca se meteu agora?

  Como se ele não soubesse...
  Não vou expor aqui essa parte do nosso papo. Meus problemas são meus. Mas a troca de idéias me ajudou a traçar uma estratégia para enfrentá-los.
  Depois, ele me disse:
- Parabéns pelos "Sete Ramos". Estou gostando de suas colocações, lá.
  Fiquei surpreso. Ele não é muito de elogiar.
- Ah, eu me embananei em algumas matérias... principalmente as científicas (estava lembrando de "Entropia", quando me meti a imitar o papel dele).
- Que nada! Você fez bons amigos e distribuiu alguns sorrisos! Você não fez um prefácio para o livro do Jair?

- Bem... 
- Não ajudou a Graça na festa da Milene?
- É, mas...
- E você não arrancou sorrisos da Milene com aqueles versos capengas? e da Si com um comentário elogioso?
- É, mas...
- Não deu um jeito de aproximar Leonel e Rê com aquele teu prêmio fajuto?
- Pera aí... fajuto?!
- E não está ajudando o Arthur e tantas outras crianças com a sua campanha?
- Bem...

- E o incentivo que deu ao Daniel, nos 7 Bardos?
- Eu...
- E sabe quantas pessoas estão acompanhando seus escritos... fora seus seguidores?

- Mas...
- Nem mas, nem meio mas! Você está indo bem. Mas pode melhorar.
  Sempre exigente. Mas ele me deixa mais leve com seu papo. Arrisquei:
- Acho que vou publicar essa conversa no próximo post...
- Faz bem... vai! Vai comigo!

  E eu vim...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Arthur x Danone


- O Arthur é sobrinho do meu filho caçula. Ele e muitas outras crianças estão precisando da sua ajuda. Vejam o e-mail que recebi da mãe, Consuelo:

   Amigos,
   Acompanhei esta semana a trágica notícia sobre a morte do menino de 14 anos por falta do cumprimento de uma ordem judicial para entrega de oxigênio (medicamento).
   Meu filho encontra-se em situação semelhante mas ainda está vivo... e muitos outros também estão.... então precisamos fazer alguma coisa. Por favor, leiam e entrem em contato comigo, com a falência do SUS e a ausência do Estado, precisamos de mobilizar a imprensa e a sociedade de uma forma geral.
   Meu filho ainda não tem diagnóstico.  Passou seu primeiro ano de vida internado no hospital utilizando leite de vaca.  Durante todo este ano, minha mãe (pediatra) e eu lutamos para que fosse introduzido um leite especial pois tinhamos certeza que ele não podia tomar leite mas as equipes eram irredutíveis e insistiam em refluxo gastro-exofágico grave.  Naquele ano ele passou por muitos problemas, alimentação parenteral, alimentação por infusão contínua de leite de vaca, aspiração contínua em razão de muita secreção, bronco-espasmo, foi entubado, fez inúmeras apneias que podem ter causado lesoes cerebrais irreversíveis.
   Fato é que ao ser transferido para internação domiciliar/home care, finalmente conseguimos provar aos médicos que ele apresentava uma intolerância alimentar grave (e que não aparece nos exames feitos) - a comprovação é somente clínica. Em apenas uma semana tomando só PREGOMIN - a secreção secou em 90%, as apnéias frequentes deixaram de acontecer.
   Após dois anos de dieta monótona tomando somente Pregomin fizemos um teste com proteina de leite sem lactose e ele apresentou reações cutâneas e broncoespasmo - levando o nutrólogo a determinar que fosse descartado qualquer produto bovino, seja leite ou carne.  Foram proibídos vários medicamentos que continham substâncias  advindas do boi. Por conta disso, ele adquiriu a chamada NEOFOBIA - passando a recusar qualquer outro alimento (frutas e legumes) que estão sendo introduzidos aos poucos, um a um pois muitos não são por ele digeridos, outros causam outras reações extremas (constipação grave, diarréia grave, gases, distensão abdominal, etc.) - tudo só é ingerido se processado (por causa do distúrbio de deglutição) e misturado no leite.
   A vida do meu filho é garantida pelo Pregomin. Sem  Pregomin  meu filho desnutrirá e pode não resistir.
   A DANONE comprou a Support,  eles lançaram o Pregomin Pepti, que não é a mesma coisa que o Pregomin Original pois apesar de hidrolisado, não é da soja mas de soro de leite de vaca. O Serviço de Atendimento ao Cliente da empresa me informou que muitas crianças não estão se dando bem com Pregomin Pepti mas mesmo assim a empresa não está mais produzindo o Pregomin Original.
   O que faremos com nossas crianças que só podem tomar Pregomin? Mesmo que exista fórmula equivalente  crianças como meu filho vão ter que  ser internados para testar e vão ter que passar por um processo de adaptação à nova fórmula  - são crianças portadoras de necessidades especiais, muitas que não têm entendimento - não podemos trocar o alimento (paladar, consistência, etc)  de um dia para o outro... os alimentos novos para estas crianças são testados e levam meses para adaptação!
   Como uma empresa pode tirar do mercado, de um dia para o outro, um produto que é medicamento e garante a vida de inúmeras crianças sem qualquer aviso prévio? Um fabricante de automóveis quando tira um carro de linha tem obrigação legal de garantir manutenção e peças por pelo menos 5 anos!
   A empresa alega que não pode prestar informações ao Consumidor por conta de norma da Anvisa e do Ministério da Saúde que proíbem veiculação de informações sobre leite para proteção do Aleitamento Materno. Assim, além de protestar pela retirada do leite Pregomin do Mercado, PRECISAMOS SABER DA ANVISA E DO MINISTÉRIO DA SAÚDE SE EXISTE OUTRA FÓRUMULA EQUIVALENTE AO PREGOMIN SENDO COMERCIALIZADA NO MERCADO BRASILEIRO.
   Além disso precisamos alertar às mães que utilizam Pregomin  que a fórmula do Pregomin Pepti é diferente. Como estão utilizando o mesmo nome, com embalagem semelhante, muita gente pode ser levada a erro e colocar em risco a vida de sua criança.
   Por favor amigos, divulguem  este email, o Blog http://intolerancia-alimentar.blogspot.com/ ou  a comunidade no orkut http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=105826792
 
   Grata,
   Consuelo Machado
   Advogada
   Tel. (21) 7825 3635
O hidrolizado de soja, original, está sendo retirado do mercado.
- Para enviar seu protesto:
http://www.danone.com.br/faleconosco.php
 
- Sugestão para o texto:
- "Em protesto contra a retirada do Pregomin original da vossa linha de fabricação, estou considerando reduzir ao mínimo necessário o meu consumo dos produtos Danone."
- Nota: Edite à vontade ou faça um texto diferente, se quiser. Seja educado, mas firme. Isso dará credibilidade às suas colocações.


- Visite também o blog 
http://intolerancia-alimentar.blogspot.com/ 
- E desde já, receba a gratidão de muitas mães esperançosas.

   Consuelo Machado e Rodolfo Barcellos.

domingo, 3 de outubro de 2010

Seleções

- Tendo cumprido o sagrado dever e exercido o iniludível direito do voto, eu e minha família voltamos para casa inebriados de orgulho cívico, e cheios do afeto que se encerra em nosso peito varonil. Já na tranquilidade do lar, trocamos idéias a respeito de nossa decisiva participação na História de nossa pátria. E descobrimos alguns fatos perturbadores:
1. Minha mulher confundiu os números dos candidatos e votou em quem não queria.
2. Minha filha digitou o número da seção eleitoral em vez do número de seus candidatos.
3. Eu levei a cola errada - a fezinha do bicho. Votei na cobra, na borboleta, no veado...
- O único que ficou com a consciência tranquila foi meu filho... longe do domicílio eleitoral, ele justificou o voto.
- Para acalmar meus remorsos cívicos, decidi relaxar neste ambiente virtual da blogosfera... e por falta de assunto, apelei para minha tática predileta, nesses casos.
 - Gosto de fuçar postagens antigas nos blogs dos amigos, e como um garimpeiro persistente encontro muitas vezes pedras preciosas que vou guardando em forma de links. E quando falta-me assunto, nada melhor do que partilhar essas preciosidades com os amigos - para que os mais novos conheçam, os mais antigos relembrem e todos saibam que eu sou xereta, mesmo. Portanto, vejam lá o que escrevem!
- Vamos aos medalhistas da vez:

- Categoria crônica: 

http://toforatodentro.blogspot.com/2009/09/desabafo-de-uma-bios.html


- Categoria música:
http://7bardos.blogspot.com/2010/06/musica-medieval-violao.html

- Categoria documentário:

http://asteroide-leonel.blogspot.com/2010/07/uma-facanha-esquecida.html

- Há muitas outras categorias: crítica (literária e outras), humor, ciência e tecnologia, poesia, etc. Mas prefiro limitar cada "concurso" a três links, para não tomar em demasia o tempo dos amigos. E serão sempre três categorias diferentes, de autores diferentes - todos medalhistas de ouro.
- Nota: a decisão dos jurados (eu, eu e Minerva) é soberana e irrecorrível; não adianta reclamar. Em compensação, não há regras para apoderar-se do selinho: qualquer um pode levar...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Caixa-preta

- "Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão." (Carlos Drummond de Andrade).

- No início dos anos 70, Leila Diniz já era um ícone do movimento feminista. Não tinha receio de exibir sua gravidez, usando biquini na praia, falava abertamente de liberdade sexual e não dispensava palavrões, quando queria usá-los. Foi perseguida pela ditadura e a Globo se recusou a renovar seu contrato "por motivos morais".
- Leila morreu no auge da fama, aos 27 anos, num acidente aéreo, quando regressava da Austrália. Mas o movimento feminista tupiniquim logo arranjou outra bandeira.
 - E que bandeira! Casada duas vezes, multimilionária, belíssima, amiga de Pablo Picasso, Salvador Dali, Omar Shariff, Jane Fonda, Roger Vadim, Odile Rubirosa, Guy Rothschild, Roman Polansky, Jack Nicholson e Henry Kissinger, residindo numa mansão na Joatinga, tinha uma casa de praia no Taiti, um castelo na França e um iate, e ainda dividia em Paris um andar inteiro de um prédio de luxo com a princesa Grace de Mônaco... só isso
!

- Mas o reinado de Regina Léclery não durou muito. Exatamente como sua predecessora, ela foi vítima de um acidente aéreo.
- A tragédia do vôo VARIG RG-820 Rio-Paris é fielmente reconstruída por Ivan Sant'Anna no seu excelente livro "Caixa-preta". O autor recria o ambiente político e social da época e dá vida aos personagens - tripulação, passageiros e suas famílias, controladores de vôo etc. Da mesma forma que descreve uma musa da alta sociedade, não se esquece de focalizar um passageiro que viaja com passaporte falso, fugindo da justiça.
- Dois outros acidentes com aviões de empresas brasileiras são descritos no mesmo livro. Inteligentemente, Sant'Anna escolheu desastres que deixaram sobreviventes, os quais puderam enriquecer seu relato com informações em primeira mão.

- Um outro livro do mesmo autor e na mesma linha - "Plano de ataque", sobre o 11 de setembro e seus antecedentes  - eu ainda não tive oportunidade de ler. Mas"Caixa-preta" não pode faltar na leitura dos amantes da aviação.