sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Tristesse

Este vídeo é o resultado de um estudo sobre a composição de letras para temas musicais clássicos. Embora inspirado na afeição das musas mais chegadas, o próprio tema - Tristesse - evocou-me a saudade daquela que já partiu; mas há um pouco de todas, aqui.
Procurei compor um poema cuja métrica se adaptasse bem ao ritmo da melodia e não fugisse ao clima nostálgico da mesma; e acho que fui feliz. Pretendo realizar mais alguns cometimentos nessa linha.
Um dia você
Me aconteceu
E inundou de luz meu coração
Com teu amor
Bálsamo das dores, das feridas
Que o tempo abriu em meu viver...

Um dia você
Me apareceu
E me sorriu com teus lábios de luz
Com teu amor
Com tanta ternura, alegria bela e pura, com calor, com emoção, com esplendor...
E a paixão
Encheu meu coração
Nublou minha razão
E eu te amei
Eu te amei...

Um dia você
Me disse adeus
E me deixou sem teus lábios de luz
Sem teu amor
Com tanta amargura, agonia triste e dura, tanta dor, tanta tristeza e desamor...
Mas a paixão
Ficou no coração
Toldou minha razão
E eu te amei
Eu te amei...
Como te amei...

Niterói, dezembro de 2011
Rodolfo Barcellos

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Mensagem de Ano Novo

     Já me perguntaram se eu converso com ele "de verdade". Mas o que é conversar "de verdade" quando a troca de ideias se dá em um nível que transcende a palavra falada, o raciocínio consciente?
     Meus bate-papos com ele são, no mínimo, surreais. A gente se entende por fluxos de sentimentos "sentidos", por correntes de emoções trocadas. Por isso, é difícil "traduzir" nossas conversas em texto. Faço o melhor que posso.
     Nem sempre sou eu quem o procura; talvez por saber que ele está sempre disponível. Mas quando as ideias começam a embaraçar-se e dar nó na minha linha de raciocínio, é hora de perguntar a quem sabe...
*  *  *  *  *
     - Me explica uma coisa...
     - Sim? - Ele já sabe qual é a minha dúvida, mas faz-se de desentendido para me deixar mais à vontade.
     - Outro dia eu estava comentando o poema de uma amiga... e me saiu um texto que não era meu.
     - Ah, aquele que falava em remover montanhas e construir pontes...
     - Eu sabia! Era você me soprando as palavras!
     - É... mas não vá ficando muito convencido. Eu converso com todo mundo, sabia?
     - Claro... mas tem gente que parece que não te escuta.
     - Para esses eu mando recados por terceiros.
     Eu fiquei na dúvida se seria um desses "terceiros". Gosto de pensar que sim. Mas ele já tinha me avisado para não ficar convencido e eu tratei de seguir adiante:
     - Olha, quando percebi que a mensagem era sua, comecei a postá-la em alguns comentários, mas depois resolvi incluir o texto na postagem da Simone. Mas porque "dançarinas"?
     - Ora, você é poeta, não é? Sabe que a sensibilidade feminina reagirá com mais receptividade a um texto desse teor.
     Não pude evitar - senti uma onda de orgulho. Ele sorriu. Eu continuei:
     - Certo. Mas e os homens?
     - Esses lerão esse artigo de agora... e tirarão suas conclusões.
     - Devo então publicar mais esse bate-papo?
     - Deve. E acrescente uma mensagem para todos.
     - Sim...
     - "Entreguei a vocês o tijolo e a argamassa, o prumo e o cordel, a pá e o esquadro. Construam um bom 2012 - para vocês e para todos os seus irmãos e filhos. Seja a sua obra digna de ser contemplada e louvada por todas as criaturas do Universo".
     Preferi não dar palpite. Desconfio que a obra, na mão da gente, vai ficar - como sempre - mais para barraco ou choupana do que para palácio ou catedral. Por que será que ele insiste em sempre dar mais uma chance pra nós?
     Melhor nem perguntar. Mas senti um leve sorriso...
*  *  *  *  *
     Transcrevo aqui - mais uma vez - a mensagem às "dançarinas":


     MENSAGEM para uma dançarina:
Caminha cantando, dançarina.
Removerei as montanhas de teu caminho
E lançarei pontes através dos abismos.
Caminha descalça, dançarina.
Cobrirei de pétalas teus caminhos
E elas te perfumarão os pés.
Caminha sonhando, dançarina.
Guiar-te-ei pelos meandros da vida
E pelos vaus traiçoeiros do amor.

     Caminha com fé. Mas não largues minha mão.
     ENVIADA POR: Alguém que te ama muito.


     MENSAGEIRO: Rodolfo Barcellos.


     Links para outras conversas com ele:
     Bate-papo
     Confiteor


FELIZ 2012 A TODOS OS AMIGOS!
A TODAS AS DANÇARINAS!
A TODOS OS PEDREIROS!


Licença Creative Commons
O trabalho Mensagem de Ano Novo de Rodolfo Barcellos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em seteramos.blogspot.com.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Natais


O filho João Pedro e Simone
"Como se risca da história o primeiro homem? Que cor ele tinha? Ainda se exige respeito, se impõe valores, que as vezes, se põe pela cor. De certo, ainda viajo em navios negreiros, mas que morra de escorbuto a consciência negra, branca, parda, e que viva para brilhar a gente. Que é gente de verdade, o preto lindo, o preto feio, o branquelo esquisito, o branquelo bonito. Que a luta seja pela raça humana!"


SIMONE FERNANDES
(no Balaio da Si)



MENSAGEM para uma dançarina:


Caminha cantando, dançarina.
Removerei as montanhas de teu caminho
E lançarei pontes através dos abismos.
Caminha descalça, dançarina.
Cobrirei de pétalas teus caminhos
E elas te perfumarão os pés.
Caminha sonhando, dançarina.
Guiar-te-ei pelos meandros da vida
E pelos vaus traiçoeiros do amor.


Caminha com fé. Mas não largues minha mão.
ASSINADO: Alguém que te ama muito.


MENSAGEIRO: Rodolfo Barcellos.



Não tenho o direito de censurar a decisão dela de fechar o Balaio da Si, mas a saudade é grande. E como hoje é o seu aniversário, presto homenagem à minha querida Simone relembrando Tennyson:



Now sleeps the crimson petal, now the white;
Nor waves the cypress in the palace walk;
Nor winks the gold fin in the porphyry font:
The firefly wakens: waken thou with me.

Now droops the milkwhite peacock like a ghost,
And like a ghost she glimmers on to me.

Now lies the Earth all Danae to the stars,
And all thy heart lies open unto me.

Now slides the silent meteor on, and leaves
A shining furrow, as thy thoughts in me.

Now folds the lily all her sweetness up,
And slips into the bosom of the lake:
So fold thyself, my dearest, thou, and slip
Into my bosom and be lost in me.
(Alfred Tennyson, 1809-1892)

Ora dorme a pétala rubra, ora a branca;
Não mais ondula o cipreste no caminho do palácio;
Nem brinca o peixe dourado na fonte de pórfiro:
O vagalume acorda. Comigo acordas Tu.

Ora inclina-se o pavão branco, como um fantasma,
E como um fantasma para mim reluz.

Ora jaz inteira a Terra, como Danaë para as estrelas,
E todo o teu coração jaz aberto para mim.

Ora desliza silente o meteoro, e deixa
Um rastro brilhante, como os teus pensamentos em mim.

Ora embrulha-se o nenúfar em toda sua ternura,
E mergulha no seio do lago profundo:
Assim guarda-te Tu, amada minha, e submerge
Em minha profundeza, e perde-te em mim.
(Tradução por Rodolfo Barcellos)

SEE
See, I love you.
And in my darkness, 
Your love glimmers on to me
Like a ghost.
I love you... See.

Sí, te quiero.
Y en el oscuro de mi vida
Tu amor reluce para mi
Como un espectro.
Quierote... Sí.

SI
Si, te amo.
E na escuridão em que vivo
Teu amor reluz para mim
Como um fantasma.
Te amo... Si.
(Rodolfo Barcellos)

E hoje, também, o Sete Ramos comemora seu segundo ano de existência. E como a festa de um ano atrás foi um sucesso, que tal voltarmos no tempo - outra vez? É só clicar aí embaixo...



sábado, 24 de dezembro de 2011

A missa e a ceia


     Este artigo, que dá continuidade à série natalina do Sete Ramos, é a combinação de dois outros, publicados há um ano: A Missa e A Ceia. Mas antes...



PEQUENO POEMA DE NATAL
PARA UMA QUERIDA AMIGA

Num  momento esquecido no Tempo,
Num lugar já perdido no Espaço,
Uma Estrela perdeu-se a si mesma,
E sua Luz se perdeu.

Anos-luz de Espaços mais tarde
E milênios de Tempos mais longe,
Num aprisco no Tempo perdido,
Numa noite no Espaço esquecida,
Uma Luz que perdera seu astro
E uma Estrela carente de Luz
Por acaso se encontraram;

O Tempo achou seu lugar,
O instante achou seu Espaço,
A Estrela rebrilhou
E o milagre aconteceu:
Momento e lugar se encontraram,
Espaço e Tempo se uniram,
E o mundo de luz se encheu!


Rodolfo Barcellos, o9 de dezembro de 2010
Feliz Natal, Lois! De novo, e muitas vezes mais!
*  *  *  *  *
Ah, aquelas Missas do Galo...
     Segundo a tradição, o nascimento de Jesus foi anunciado por um galo, que cantou à meia-noite do dia 24 de dezembro. A Missa do Galo reflete essa tradição.
     Lembro-me de alguns detalhes. Naquele tempo...
     In illo tempore, as missas eram rezadas em latim - não só as missas, mas a maior parte dos textos litúrgicos, como as ladainhas, por exemplo. Obviamente eu não entendia nada, mas guardei alguma coisa na memória e refresquei as lembranças com leituras posteriores.
     Enquanto o latinório se limitava ao celebrante, tudo ia bem; mas quando o ritual exigia os responsos dos fiéis, o caso era outro...
     - Turris davidica! - puxava o celebrante, na ladainha.
     - Tudo é da Dica! - ecoava a caboclada, contrita.
     - Turris eburnea!
     - Tudo é burro!
     - Sedes sapientiae!
     - Sede de Sá Piença!
     - Virgo potens! Virgo clemens! Virgo fidelis!
     - Viva o pote! Viva o creme! Viva o Fidélis!
     A Missa do Galo não era diferente. Por volta das 23 horas, saiam todas as famílias e serviçais para o ato religioso. E a igreja festivamente adornada, com todas as velas do Advento acesas, transformava-se numa referência social tanto quanto num templo de alegres orações. Cantava-se a plenos pulmões o Gloria in Excelsis Deo - que durante as quatro semanas do Advento fora deliberadamente banido da liturgia - e o celebrante despejava sobre os fiéis o melhor sermão que seus dotes oratórios lhe permitiam. Rezava-se o Confiteor e cantava-se o Tantum Ergo.
     Nós, crianças, com o pensamento nas guloseimas da ceia e, principalmente, nos desconhecidos mas maravilhosos presentes que ganharíamos, achávamos enfadonho aquele ritual... mas tínhamos que nos conformar.
     E ao fim da missa, dado o Dominus Vobiscum - que alguns respondiam "e com espirro tutum" - e o Ite Missa Est (Deo Gratias!), ainda tínhamos que aturar os intermináveis cumprimentos e despedidas dos adultos... 
     Finalmente voltávamos para casa, mas ainda havia uma provação a vencer: a solene colocação da imagem do Menino na manjedoura, acompanhada de orações que nos pareciam intermináveis!
     É... talvez por essas e outras, nós, que temos mais quilometragem (por favor, "idade", nesse contexto, é palavrão), tenhamos aprendido a ser mais pacientes do que os jovens apressadinhos de hoje, que querem tudo para ontem...
*  *  *  *  *
A ceia
     Parece que a Ceia de Natal originou-se do antigo costume europeu de deixar as portas das casas abertas na noite de Natal, para receber viajantes e peregrinos, e confraternizar com eles na data tão significativa para os cristãos. Para essa comemoração era preparada bastante comida, composta por diversos pratos. Essa tradição foi se espalhando pelo mundo e adaptando-se aos costumes locais.
     No Brasil, os principais pratos da ceia são:
• Peru - herança norte-americana;
• Leitão, pernil ou lombo;
• Arroz;
• Farofa;
• Castanhas - legado de Portugal;
• Nozes e avelãs - costume europeu;
• Salada Tropical;
• Frutas (em especial as brasileiras, com destaque para o abacaxi);
• Bolinhos ou salada de bacalhau - também de Portugal;
• Vinho - Portugal e França.

     Mas, na minha opinião, falta um importante quitute na lista: a rabanada. 
     Ah, a rabanada da mamãe! Como uma boa mineira, ela se orgulhava - com razão -  de seus dotes culinários, mas a rabanada do Natal era sua obra-prima!
     Desde a escolha dos pães, comprados na antevéspera ("rabanada decente se faz com pão dormido", ensinava ela), até a preparação - cortando as fatias, mergulhando-as em leite levemente adoçado,  passando cada uma no ovo e fritando-as por tempo certo... tudo era feito por ela. Depois, era separá-las em duas porções, conforme a preferência dos convivas: as que seriam polvilhadas com açúcar e canela - as doces - e as que seriam recobertas de parmezão ralado - as salgadas.
     Maria Helena, a nora, mesmo sendo paulista, pegou logo o jeito da coisa, tão bem que passou a ser requisitada pelos cunhados a contribuir com suas rabanadas para a Ceia - a do Ano Novo, que até hoje celebramos reunindo as famílias de todos (o Natal é comemorado na intimidade do lar de cada um, e cada família faz a Ceia conforme suas preferências).
     Mas desculpem-me essa digressão saudosista. É claro que a ceia tinha outros quitutes, e é preciso complementar a lista acima.
     Vinhos e queijos disputavam lugar, sobre a mesa enfeitada, com as  rabanadas e com fatias generosas de pernil, quando não com um leitão à pururuca, recheado com farofa, e montanhas de frutas da estação, acompanhadas por nozes, avelãs e castanhas portuguesas. O presunto não podia faltar; e o peru de Natal tem dado lugar, nos últimos anos, ao frangão - o chester ou ave fiesta, conforme a origem. E todos se regalavam, principalmente as crianças, que se mostravam extremamente eficientes no dividir seu tempo entre os quitutes e os presentes.
     E vinha o inevitável fim de festa: olhos cheios de areia, espichávamo-nos numa cama ou enrodilhávamo-nos numa poltrona, sem largar o brinquedo predileto (senão o único) e dormíamos a sono solto, acordando tarde no dia seguinte - misteriosamente ajeitadinhos em nossas camas, em lençóis cheirosos e pijamas limpos...

     Ô, saudade!
     Sei que há muitos rincões - felizes e abençoados lugares! - por esses Brasis afora, que preservam muitas dessas tradições que enriqueceram minha meninice. E também para essas gentes quero hoje desejar boas festas e...
...FELIZ NATAL PRA TODOS.


     Nota: na "juntada" dos dois artigos, alguns comentários do ano passado - os da Missa - foram copiados e inseridos no texto, para não se perderem.




Milene disse...
Eu, de família católica, nunca fui a uma missa do galo. Faria isso parte do meu perfil 'espiritualmente marginal', será?

A tradição por aqui ainda é mantida, minha mãe vai quase sempre e todos os anos vejo muitas pessoas passarem pela minha calçada rumo a esse evento tradicional, em detrimento das tão prestigiadas ceias.

Moço cujo sobrenome deveria ser SABER... Beijos.
JAIRCLOPES disse...
Barcellos,
Devido à minha criação fora dos ritos cristãos, realmente, dessas liturgias católicas eu só ouvia falar. Tuas lembranças e a maneira como as colocou em letras, me trouxeram um conhecimento que eu não tinha. Parabéns pelo banho de cultura e bom Hanuká para você. Abraços, JAIR.
Regina Rozenbaum disse...
Rodolfo amaaaado!
Primeiramente: OBRIAGADA pelas palavras deitadas lá no Divã nas últimas postagens. Vindas de você é muiiiito mais que elogio!
Segundamente:ri aos montes com os "reponsos"(nem conhecia essa palavra)dos fiéis.E como o Jair, fui criada fora dos ritos cristãos, então suas postagens natalinas tem sido verdadeiras aulas.
Terceiramente: conhecias esse ladim da nossa minina-ternura???rsrs Braba messssmo a bichinha, mas como ela deve ter lido no desafio dos SETE, dou uma boiada prá não entrar numa "briga" rsrs...inda mais com quem amo de viverrr!
Beijuuss n.c.
Xipan Zéca disse...
Barcellos... Amigo Ráry Prótis Brázuca.. rss
Li, Reli, Melí, Selí e num intindi....
Fui percura ajuda e deu nisso..
1º- http://www.paroquiasaofrancisco.net/2010/10/palavra-missa-vem-do-latim-tardio-missa.html

Dispois de me acertificá que tinha EU entendido à respeito da Missa.. Fui fazê uma penitencia e queima uma vélinha que ninguém é tão tão que num percise de proteção.. nénão ?
2º- http://www.portalangels.com/altar_virtual/altar.php?id=2865

DéussssssssssssssMilivreDumaMardição... rsss
Amém
Tatto
R. R. Barcellos disse...
- Tatto, já estive lá e acendi minha luz perto da tua. Abraços.
Xipan Zéca disse...
Barcellos ..
Oxalá que tudus amigos nossos vão lá tumêm fazê uma oração e acender uma velinha prá mór di miorá as coisa nesse mundin... nénão ?
Ficadica.. e o endereço..
http://www.portalangels.com/altar_virtual/altar.php?id=2865

Valeu Amigo R.R.Barcellos
Tatto
Leonel disse...
Apesar de ter estudado em escola paroquial, eu nunca fui na missa do galo. Mas, o pior é que eu pensava que o nome missa do galo era por causa daquele galo que cantou duas vezes, enquanto Pedro já havia negado sua ligação com Jesus por três vezes! Mas, isso foi na paixão de Cristo! Não tem nada a ver com o Natal, sô!
Valeu Barcellos, por estas lembranças saudosas, como a missa em latim!
Abraços!
Si Fernandes disse...
Fui Cristã por criação e hoje sou por opção. Mas, talvez, eu seja a mais anti-religião que existe, acho que o RELIGARE, é o que mais afasta o homem de Deus... O que me deixava "bolada" no 25/12 era o Papai Noel, que sempre me dava uma volta...era eu piscar os olhos e ele aparecia e sumia...velhinho, gordinho e ligeiro. Mas, essas coisas todas me remetem a vários cheiros que viram cenas lindas..
Menino, seu latim é baum mesmo né... eita povo poliglota danado,sô!
Chega pra vc e Tatto, deixa eu acender minha velinha, pro meu Rio, que tá tenso!

Beijos !
Ps.: adoro vê vc no Balaio!
Regina Rozenbaum disse...
Ahhhh... Rodolfo, amigo, amado!
Assim num guentu nauuuummm, sô...Já tôquitô nesses últimos tempos e vc ainda deita aquelas palavras prá mim?! Tem bola de cristal? É bruxo messssmo! Amanhã, meu mininu, vai pros States num intercâmbio de estudo e trabalho através da nossa UFMG (improve his english). Mesmo que dessa vez são poucos meses (retorna em março e olha que em 2007 ficou UM ANO fora do outro lado desse mundão de D'US)tô sentindo taaanto... Deve ser por conta da época: NATAL, ANO NOVO, FÉRIAS...sei lá, sô! Só sei que nessas horas, o tal "filhos são do mundo" não aquece meu coração nauuummm! Mas ELE é sábio mesmo: vem me preparando, faz tempo, pra esse aprendizado e desgarramento. O moço decidiu fazer Ciências do Estado + Direito = carreira de "Diplomata" (pelo menos até agora rsrs) e já comunicou rsrs: mestrado não sei onde (acho que Alemanha...com ênfase em política internacional etc e tal) poooooode? E eu cá no meu cantinho, quietinha mesmo, misto de orgulho e espanto, lembrando dele, da altura de seus 02 anos, me dizendo: póxá mãe eu sigo ti judá (com as sacolas do super-mercado)!Afff...GUENTA CORAÇÃO!!!
Beijuuss n.c.
Salete Cattae disse...
Embora católica, nunca fui numa missa do galo, aliás faz tempo que nem vou à igreja, mas achei bem interessante seu texto.

Beijos e ótimo fds.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Solstício de Verão



Ouça na voz de Lu Cavichioli. Se preferir, vá ao Empório do Café.


Assim, sem mais nem porquê,
Sem lenço e sem documento,
Me bateu no sentimento
A saudade de você,
Que brotou sem quando e onde
No desejo do meu bonde,
No meu rancho de sapê.

Assim, sem promessa ou jura,
Saltou-me à mão esta pena
Dançando em valsa serena
Sobre a folha branca e pura,
Em rabiscos atrevidos,
Em compassos mal medidos,
Passos de amor e ternura.

Assim, sem razão ou juízo,
Nasceu de tua lembrança
Este poema-criança
Já com seu alvo preciso;
E eu, poeta erradio,
Celebrando o novo estio,
Canto hoje o teu sorriso.

Assim, sem eira nem beira,
Sem audácia ou covardia,
Voltou-me a sorte arredia,
Sorriu-me a musa, faceira;
E o verso fluiu, jeitoso,
Namorado e ardoroso,
Para a linda feiticeira.

Assim, sem voz e sem jeito,
Nascem rimas desconexas
Em frases rotas, perplexas,
Vindas do fundo do peito
Deste peão que verseja
E as dedica à sertaneja
Com amor mais que perfeito.

Assim, sem hora ou momento,
Brotaram da pena minha
Sem ter marcas na folhinha,
Sem calendário ou evento,
Estas palavras vadias
Em louvor a tantos dias
Que te abraço em pensamento.

Assim, sem choro e sem vela
Por hoje morre-me o estro;
E este poeta canhestro
Fica sem rima e sem trela;
E pra terminar remete
Neste sete-sete-sete
Sete mil beijos à bela.

Rodolfo Barcellos
Para Milene Lima,
no dia 22 de dezembro de 2011,
às 02:30 - hora legal de Arapiraca.
COMEÇOU O VERÃO, OXENTE!


Nota: Tenho dúvidas sobre a grafia correta da expressão "sem mais nem porquê". Acho que devia ser "sem mas nem por quê". Mas por quê?

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O presépio

     Dezessete de dezembro de 1961. Há exatos 50 anos, faltando uma semana para o Natal, o Gran Circus Norte-americano, em Niterói, pegava fogo, num incêndio criminoso. Até hoje, o número exato de vítimas é desconhecido, mas sabe-se que é próximo de 500 - em sua maioria, crianças. Onde está o memorial?
http://seteramos.blogspot.com/2011/04/natal-triste.html
http://www.jb.com.br/rio/noticias/2011/12/17/incendio-no-gran-circo-em-niteroi-completa-50-anos-relembre/
*  *  *  *  *
Giotto - Natal
     Segundo a Wikipédia, o primeiro presépio do mundo teria sido montado em argila por São Francisco de Assis em 1223. Nesse ano, em vez de festejar a noite de Natal na igreja, como era seu hábito, o santo fê-lo na floresta de Greccio, para onde mandou também transportar uma manjedoura, um boi e um burro, com o objetivo de melhor explicar o Natal às pessoas comuns, camponeses que não conseguiam entender a história do nascimento de Jesus. Convocou alguns aldeões para servirem como figurantes, e assim o primeiro presépio foi o que se conhece hoje como "presépio vivo". O costume - já com imagens - espalhou-se entre as principais catedrais, igrejas e mosteiros da Europa durante a Idade Média.
     Tradicionalmente, o presépio é montado durante o Advento - as quatro semanas anteriores ao Natal. As figuras obrigatórias, mesmo nos mais simples, são Maria, José e o Menino. Os presépios mais "populosos" ostentam também figuras de anjos, o principal dos quais, diretamente acima da manjedoura, traz a faixa que anuncia o nascimento: "Glória a Deus nas Alturas", ou "Gloria in Excelsis Deo". Esse anjo é muitas vezes identificado como o Arcanjo Gabriel - o mesmo do episódio da Anunciação. Os demais, quando presentes, são serafins cantores e querubins harpistas e trombeteiros.
     Outros figurantes habituais são pastores e aldeões, o boi e outros animais domésticos (que variam conforme o país) e, curiosamente, os três Reis Magos - Gaspar, Melchior e Baltazar -, quando se sabe que esses visitantes só chegaram a Belém muitos dias ou semanas após o nascimento (é por isso que o Dia de Reis é em 6 de janeiro). E os camelos que os transportaram geralmente os acompanham. Em Portugal são figurantes habituais o moleiro, a lavadeira, grupos folclóricos e outros.
     Quanto aos objetos materiais, a "Estrela-Guia" não pode faltar. Ela geralmente tem a forma de um cometa e também costuma ser colocada diretamente acima da manjedoura. O local do nascimento é representado por um curral, aprisco ou construção igualmente rústica, ou por uma gruta. Compondo a paisagem, pedras, cascatas, lagos com patos e cisnes, palmeiras... a imaginação é o limite na criação de um presépio.
     Todas as figuras - José e Maria, os Reis Magos, os pastores, o boi e o jumento - e às vezes algumas ovelhas e o galo - são dispostas ao redor da manjedoura, que ficará vazia até o momento certo. Por tradição - não sei se só dos países lusófonos -, a figura principal - o dono da festa - só será colocada em seu rústico leito à meia-noite do dia 24, ou logo após a Missa do Galo, entre orações e, algumas vezes, aplausos, cânticos e músicas. É o momento em que as pessoas se confraternizam, com abraços e beijos e votos de "Feliz Natal".
     Os chamados "Presépios mecanizados" são bem mais antigos do que geralmente se supõe. Já os havia, creio,  na Renascença, movidos por complicados sistemas de eixos e engrenagens, acionados por água corrente.
     Há-os também em diversos tamanhos, desde os imensos presépios montados em praça pública (entre eles, os que servem de cenário para representações artísticas,  como teria sido o original de São Francisco), até as minúsculas obras-primas feitas por artistas famosos ou artesãos desconhecidos.
     Um desses últimos, de origem peruana, foi-nos presenteado há três anos por minha cunhada Araci. É uma pequena moranga, do tamanho de um CD, lindamente ornamentada, a qual, quando se lhe levanta a tampa, revela um pequenino presépio, perfeito em todos os detalhes (as fotos são da Bia). Já entre os de grande porte merece menção o de Alenquer, em Portugal, que ganhou o apelido de Vila Presépio depois que o pintor Álvaro Duarte de Almeida iniciou, em 1968, a tradição de montar anualmente um gigantesco presépio numa colina. 
     Quanto a pinturas, são inumeráveis - cada uma mais bela que a outra. Vale a pena dar uma passadinha na Exposição Especial de Natal (edição de 2010), na Galeria de Arte da Graça (série O Natal na Arte) para conferir. Foi de lá que roubei o Giotto que abre esta matéria.
     Apesar de ser uma das tradições mais arraigadas na cultura popular dos povos cristãos, o presépio não representa qualquer obrigação religiosa - não há uma liturgia específica ligada à tradição. Mas na minha opinião, isso não lhe tira o valor de "ponto focal" das comemorações natalinas - pelo menos no ambiente doméstico.
     E seja o seu presépio uma colina inteira, uma pequena moranguinha ou uma lembrança que cabe num cantinho do coração, meu desejo é que você tenha um...
... FELIZ NATAL!

Próximo artigo desta série: A data - 20/12.