quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

"Sabedoria"


     Há gente que adora repetir ditados populares como se fossem dogmas, verdades absolutas e irrefutáveis. Mas conforme a língua e os costumes evoluem, algumas interpretações perdem sua expressividade original e devem ser repensadas. Hoje em dia, dizer que "mais vale um pássaro na mão do que dois voando" tem um sabor, no mínimo, politicamente incorreto - embora preserve o sentido original de "não vale a pena arriscar o certo pelo duvidoso".
     Vejamos alguns ditos que podem transmitir ideias equivocadas:

     "Quem espera sempre alcança."
     Besteira. Para alcançar é preciso correr atrás. Ou pelo menos esticar o braço. Quem espera pode ser alcançado, pisoteado e ultrapassado.
     E segundo Milene Lima, esperançar não é esperar: "esperançar se faz caminhando".

     "Quem não vive para servir não serve para viver."
     Belo jogo de palavras, mas parece discurso de dono de escravos ou feitor de senzala. Ou de general durão, ou presidente ditador, ou de neonazista, ou fundamentalista ou fanático religioso...

     "É dando que se recebe."
     Atribuído a S. Francisco de Assis (a autora provável da famosa Oração é Gabriela Mistral), o dito é hoje aplicado aos "favores" trocados em negociatas escusas, principalmente nas esferas políticas. 

     Do blog "A Viagem" (http://aviagem1.blogspot.com.br/), da amiga Evanir, extraí o texto abaixo (26/2/13):
     "Segundo a sabedoria popular só temos uma vida completa quando plantarmos uma árvore, escrevermos um livro e tivermos um filho. Mas o difícil não é plantar a árvore, escrever um livro ou ter um filho. O difícil é regar a árvore, criar o filho e ter alguém que leia o livro. Verdade ou não?!"

     Há inúmeros outros aforismos de interpretação no mínimo duvidosa. Sinta-se o leitor à vontade para citar outros exemplos. Os comentários estão abertos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Augúrios de Inocência, 31-35

     Concluo, com estas cinco estrofes, este trabalho de tradução, que me tirou algumas horas de sono e me deu em contrapartida algum conhecimento a mais da literatura inglesa pré-vitoriana.
     William Blake (Londres, 1757 - 1827) viveu num período significativo da história, marcado pelo Iluminismo e pela Revolução Industrial na Inglaterra. A literatura estava no auge do que se pode chamar de clássico "augustano", uma espécie de paraíso para os conformados às convenções sociais, mas não para Blake que, nesse sentido era romântico, "enxergava o que muitos se negavam a ver: a pobreza, a injustiça social, a negatividade do poder da Igreja Anglicana e do estado." (Excerto da Wikipedia)

     Segundo alguns estudiosos, o simbolismo presente em "Augúrios de Inocência" pode ser assim resumido:
     Cão – o mendigo.
     Cavalo – o servo, o escravo.
     Galo – o soldado.
     Cordeiro – o sacrifício de Jesus.
     Morcego – o espectro humano.
     Coruja – a humanidade perdida nas trevas, temendo um Deus desconhecido.
     Lagarta – a humanidade emergindo do útero ou casulo da natureza, a expulsão do Paraíso.
     Saltar sobre a barra – entrar num mundo novo.
     Ondas – o oceano do espaço e do tempo.
     Formiga e águia – percepção do muito próximo e do muito distante.
Roubei - acho - da Regina. Não sei de quem ela roubou.

31
The winner's shout, the loser's curse,
Dance before dead England's hearse.
Do vencedor o brado, do perdedor a manha,
Dançam diante do féretro da Grã-Bretanha.

32
Every night and every morn
Some to misery are born,
Every morn and every night
Some are born to sweet delight.
Cada noite fria, cada manhã etérea
Alguns nascem para a miséria,
Cada manhã morna, cada noite fria
Alguns nascem para a alegria.

33
Some are born to sweet delight,
Some are born to endless night.
Alguns nascem para a alegria,
Alguns nascem para a noite fria.

34
We are led to believe a lie
When we see not thro' the eye,
Which was born in a night to perish in a night,
When the soul slept in beams of light.
Em mentiras seremos levados a acreditar
Se com nosso olho não quisermos olhar,
O que nasceu à noite e à noite pereceu,
Quando em feixes de luz a alma adormeceu.

35
God appears, and God is light,
To those poor souls who dwell in night;
But does a human form display
To those who dwell in realms of day.
Deus aparece, e Deus é luz forte,
Às almas noturnas que vagam à sorte;
Mas Deus manifesta-se em humano semblante
Aos que habitam os reinos do dia brilhante.


- FIM -

Niterói, fevereiro de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Trovas 251-260

     "Onde há um vencedor haverá, inevitavelmente, um perdedor, ou vários. O culto à vitória produz derrotados. Mestres, guias, pais e professores não são vitoriosos. São líderes nos caminhos que conhecem e seguidores naqueles que não conhecem. E não temem passar o bastão a outrem."
     Comentário a Milla, 22/9/12

260- Carla, 10/9/12
As marcas no calendário
Não sejam marcas de ausência
Ou erros de itinerário
Mas de sábia paciência...

259- Marcia, 10/9/12
Cada estação que se vai
Leva consigo uma flor;
Em seu lugar outra sai
Com novo jardim de amor.

258- Denise, 6/9/12 (MSN)
A uma menina-soneto
Um abraço-madrigal,
Afago-trova completo
E um haikai-beijo total.

257- Denise, 28/8/12
É por isso - não sabia -
Que me chama com PSIU
Uma linda poesia
Que o poeta sempre ouviu...

256- Marilene, 28/8/12
Cantas, poetisa, a saudade
Do que não aconteceu;
As varandas, em verdade,
São restos de um sonho teu.

255- Leninha, 21/8/12
Onde o Sol vai se deitar
Onde a nuvem beija o monte
Onde o céu abraça o mar
É lá o nosso horizonte!

254- Mery, 13/8/12
Nossos tão queridos pais
Mesmo em dias banais
São seres especias
Anjos, heróis, muito mais!

253- Carla, 13/8/12
Saudades de ti, menina,
Saudades, raio de sol...
Saudades da flor bonina,
Saudades do arrebol!

252- Leninha, 13/8/12
Luas não param no céu
Chuvas não param seus pingos
Horas não param ao léu
(Só durante os Domingos)...

251- Cecília, 26/7/12
Na noite escura e vazia
Na terra úmida e fria
Germinará a semente
Do amor luminoso e quente!

Niterói, fevereiro de 2013
Rodolfo Barcellos

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Parabéns






Thays,

Peço vênia neste dia
Para em breve comentário
Celebrar com alegria
Este teu aniversário;

Ao lado dos que tu amas
Junto aos que te querem bem
Aí refulgem as chamas
Do amor mais puro que tem

E a estrela que hoje brilha
No olhar de mãe e filha
Quando pensam em "alguém"

É um brilho de harmonia
Pois a filha da Poesia
Já tem seu filho também.

*   *   *   *   *

Ricardo,

Filho meu, meu grande amigo
Mais um ano a vida traz
Sempre estiveste comigo
Nas horas boas, nas más

Dou-te um abraço de urso
E um cumprimento sincero
Neste singelo discurso
Mas sem qualquer lero-lero

Teus caminhos desbravaste
Os teus sonhos conquistaste
Com a fé que tudo crê;

Teu futuro te espera
No raiar de nova era
Meus parabéns a você!

Niterói, fevereiro de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Augúrios de Inocência, 26-30

Júlio César laureado
- moeda romana antiga
(Internet)
     Após o recesso momesco retomo este trabalho de tradução do poema de William Blake. Tive dificuldades com alguns termos do inglês arcaico, principalmente com a palavra "emmet", na estrofe 28. Finalmente achei seu significado no site Babylon: é a forma antiga de "ant" - formiga. O contexto parece indicar a forma alada do inseto, mas preferi não usar "içá" ou "tanajura", a meu ver restritos à saúva brasileira, espécie sem similar na Inglaterra. Descartei também "siriluia", "aleluia" e outros tais. E obrigado à Denise pelos bons palpites na tradução da estrofe 26 - a glória que envenena o vencedor, a couraça que engessa o lutador.

26
The strongest poison ever known
Came from Caesar's laurel crown.
Nought can deform the human race
Like to the armour's iron brace.
O mais forte veneno encontrado
Vem dos louros de César coroado.
Nada deforma tanto a humana raça
Como a armadura de ferro que a abraça.

27
When gold and gems adorn the plow,
To peaceful arts shall envy bow.
A riddle, or the cricket's cry,
Is to doubt a fit reply.
Quando ouro e jóias ornarem o arado na terra
Às artes da paz invejará o arco de guerra.
Ao trilar de um grilo, ou a uma charada,
Nem sempre se encontra resposta adequada.

28
The emmet's inch and eagle's mile
Make lame philosophy to smile.
He who doubts from what he sees
Will ne'er believe, do what you please.
Da águia a milha, da formiga a polegada
Fazem sorrir a filosofia aleijada.
Quem duvida do que seu olho vê
Nunca terá fé, faça o que fizer você.

29
If the sun and moon should doubt,
They'd immediately go out.
To be in a passion you good may do,
But no good if a passion is in you.
Se sol e lua chegarem a duvidar
Eles imediatamente irão se apagar.
Você estar em paixão pode ser belo dom,
Mas se a paixão está em você, não é bom.

30
The whore and gambler, by the state
Licensed, build that nation's fate.
The harlot's cry from street to street
Shall weave old England's winding-sheet.
Meretriz e jogador, com o aval do Estado
Constroem da nação o destino e o fado.
O grito da prostituta, que nas ruas berra,
Tecerá a mortalha da velha Inglaterra.

Niterói, fevereiro de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Sete sete-setes, XVII

     "O fácil de ser feliz é partilhar a alegria. O difícil de ser feliz é partilhar a tristeza. O impossível é partilhar a solidão."
     Comentário a Débora Andrade, 15/7//12



XVII.7- Marilene, 12/9/12
Amou, até exaurir
Ao som de triste acalanto
A última gota do pranto
Oculto em falso sorrir;
E no abraço da saudade
Mergulhou na insanidade
Buscando novo porvir.

XVII.6- Isa, 11/9/12
Saudade é memória viva
Na alma e no coração;
Lembrança que se cultiva
Com amor e afeição.
E que por mais que se tente,
Em língua que não da gente
Não se encontra tradução.

XVII.5- Denise, 11/9/12
O Tecendo, em roupa nova,
Traz-nos a sabedoria
Num texto que, posto à prova,
Tem sabor de poesia
E mostra a sensualidade
Do corpo nu da verdade
Sob o véu da fantasia.

XVII.4- Mery, 10/9/12
Não busques fora de ti
O que tens no coração;
O amor está aí,
Fora está só a paixão.
E quando estão em conflito
O coração fica aflito
Sem perceber a razão.

XVII.3- Marilene, 10/9/12
A liberdade do fruto
De quem já foi fruto um dia
É como o diamante bruto
Que brota da terra fria
Resgatado no amor quente
De um lapidário consciente,
Lapidado em poesia.

XVII.2- Evanir, 8/9/12
Aceite este comentário
Do amigo que a lê
E no seu aniversário
Com olhos d'alma a vê;
Que Deus nos dê a alegria
De ano a ano, neste dia,
Dar parabéns a você!

XVII.1- Denise, 6/9/12 (MSN)
Este é um beijo sete-sete
Pra uma mulher nota mil
Com serpentina e confete
Na festa da mãe gentil;
Fez-se colo o Tecendo
Em verso e prosa acolhendo
Novo Hino do Brasil.

Niterói, fevereiro de 2013
Rodolfo Barcellos

Alegria entre amigos - 12 de fevereiro

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

VIVA TREZE DE FEVEREIRO!



A pessoa é isso, aquilo, mais aquilo outro. Tudo isso conforme os pontos de vista que sempre vão mudando, dependendo de quantas vezes a pessoa é analisada. É feito se montasse um cardápio de opções de tudo que ela é ou deixa de ser.

Eu gosto que o meu coração seja o analista dessa questão. Se ele diz que a pessoa é bonita, é bonita e é bonita, feito a vida cantada pelo Gonzaguinha, eu me rendo, tem jeito não. É pra dizer dessa boniteza que invadi sem pedir licença o canto do Bruxo mais querido daqui e de lá, pra dizer que meu coração o desenhou em riscos de brasa, marcou pra sempre numa belezura de amizade daquelas que a gente nem consegue compreender porque foi merecedor. Não é condição particular a partilha da sua amizade. Nem seria possível por que lá, naquele coração de área incalculável, mora o amor de um montão de privilegiados.

Me contento com o espaço que invadi e lhes garanto: é grande e produtivo. Eu me sinto absurdamente querida por esse homem e isso não carece de ter tanta explicação. É o que o coração desenha e pronto. E um dia, quando a barreira da distância geográfica foi momentaneamente burlada, e a gente materializou o abraço sob a companhia do mar, da música, da poesia, das conversas fiadas e afiadas costumeiras nas boas rodas de amigos, significou mais uma rima bonita nos versos da nossa amizade, porque essa tal amizade, é poesia que não cessa e todo dia há de se versejar pra ela.

Presunçosa eu sou em pensar que posso chegar aqui e mostrar retrato do Bruxo desenhado no meu coração, só porque hoje é o aniversário dele. Eu me rendo aos clichês e dou graças em saber o quanto ele tem retrato bonito sob o olhar da alma de todo mundo que vem cá no Sete Ramos. Rodolfo é querido que só! Daria pra ser diferente com um homem que se desmantelaria inteiro se não lhe fosse permitido ser como é? A gente percebe quando vê o seu olho azul do mar, miúdo, observador, pescando poesia de cada suspiro alheio. Rodolfo não sabe ser sem doar, sem gritar o amor com toda a força dos seus pulmões na ponta do lápis. Eu divagaria por horas sobre a sua generosidade, sapiência e imensuráveis etecéteras. Todo o povo já sabe. Todo povo o ama por ele ser exatamente como se vê em cada rabisco traçado no próprio olhar de amizade.

Admiração, afeto, orgulho. Rodolfo me inspira isso. Rodolfo me inspira tanto! Me sentir acolhida no seu coração gigante, que nem se sabe explicar como cabe naquele peito, é muito bom. Eu nem saberia precisar. Mas precisar sentimento não precisa, né?

Eu vou parando por aqui, antes que ele chegue e me prenda com invasora contumaz do seu espaço dos versos, do amor, da palavra linda. Eu bem ia roubar um punhado de palavras pra fazer uma receita nova de versos quentinhos, mas é melhor correr e não deixar rastros.

Lembrei que é impossível. Quando se é amigo, quando se ama tanto um amigo, se quer mesmo é deixar todas as pegadas e tons e cheiros e falas. Quer-se dizer pro amigo num grito a ensurdecer até as nuvens: EU TE AMO!

Felizes os dias em que um verso seu brota como se fosse um mero suspiro, meu bem. Felizes todos os dias, amém!

Milene Lima, a invasora.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Dançando


     Uns dias atrás, a Milene Lima (já tentaram ler A MILENE LIMA de trás para diante? Os literatos têm um nome feio para essas construções: chamam-lhes palíndromos. Já lhe disse uma vez que seu nome - e seu apelido MEMEM - são imunes a feitiços sassevasá.)
     ... mas estou divagando. Onde estávamos mesmo antes desse extenso entre-parênteses?
     Ah, estávamos "uns dias atrás". Melhor dizendo, umas noites atrás, no MSN. É, foi quando a querida e palindrômica amiga enfeitou a minha madrugada recém-nascida com o seguinte poema:

Você me sorriu dois beijos
No peito da meia noite
No chão molhado de estrelas
Nós dois, um céu, deu poema
Respondi num choro alegre
E dança de seduzir
O vento levou meu véu
Chamou seu olhar pra mim
Dançaram apaixonados
O seu olho e  a minha dança
Por um bocado de tempo
Até que já era hora
De calar meu pé dançante
E fechar teu olho nu
Porque a noite quer dormir
Imagem: Internet
     Não quis lhe dizer na lata do quanto me tocou o extremo lirismo desses versos. Ela ainda estava rascunhando, e eu não iria arriscar ferir sua modéstia e talvez interferir na criação de sua obra de arte. Limitei-me a afirmar que "estava bom" e que eu tentaria compor uma glosa, se ela permitisse.
     Ela me ajudou com algumas rimas mais difíceis, e eis o resultado:


Na noite dos meus desejos
Latejantes como açoite
Você me sorriu dois beijos

Tão suave ela foi-te
Como chamas amarelas
No peito da meia-noite

E essas chamas, ao vê-las
Formaram um diadema
No chão molhado de estrelas

Como em fita de cinema
Nos tempos de Pola Negri
Nós dois, um céu, deu poema

Sem medida que nos regre
Teu olhar a me sorrir
Respondi num choro alegre

E adivinhando o porvir
Dei-te passos de meu céu
E dança de seduzir

E assim bailando ao léu
A brisa soprou enfim
O vento levou meu véu

E a dança chegou ao fim
E o sabor dos meus pecados
Chamou seu olhar pra mim

Mas os pés já descansados
Eis que vem a contradança
Dançaram apaixonados

Em sorrisos de criança
Em ritmo de passatempo
O seu olho e a minha dança

Sem temer um contratempo
Sem acordar a aurora
Por um bocado de tempo

Sem pensar em ir embora
Sem parar nem um instante
Até que já era hora

De avisar o horizonte
Que era tempo, eu e tu,
De calar meu pé dançante

De esquecer qualquer tabu
De deixar o sonho vir
E fechar teu olho nu

Porque o Sol já vai sair
Porque o dia vai raiar
Porque a noite quer dormir.

Arapiraca - Niterói, fevereiro de 2013
Milene Lima e Rodolfo Barcellos

     Nota: Pretendo continuar a publicar a tradução de "Augúrios de Inocência" a partir da próxima semana. Falta pouco para terminar.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Trovas 241-250

     A trova 243 merece um esclarecimento: foi num bate-papo no MSN, que a Milene abriu com um "Boa noite, Sr. Ocupado..." - alusão ao meu "status" habitual. Adaptei-a de um poema do Fernando Pessoa e assinei "Rodolfo Empessoa"...

250- Marcia, 23/7/12
Ah, essas voltas da vida
Ah, essas pedras que rolam
Ah, essa dor da partida
Quando esses sonhos se evolam!

249- Severa, 23/7/12
Tua saudade balança
Pendurada na parede
E tu ris como criança
Nos punhos da tua rede.

248- Milene, 22/7/12 (Face)
As águas de Pajuçara
Roubaram a cor que vem
Com brilhos de joia rara
Dos verdes olhos de alguém...

247- Mery, 17/7/12
Colhi o teu desabafo
Na rede do meu amor;
E esta trovinha aqui grafo
Pra dissipar tua dor.

246- Dilmar Gomes, 15/7/12
Ao refém televisivo,
Ao escravo da TV,
Diga, em tom incisivo:
"Quem te viu... e quem te vê..."

245- Milene, 14/7/12
Reserva em tua gaveta
(Aquela do coração)
Um cantinho perfumado
Pra guardar minha paixão.

244- Regilene, 9/7/12
Nem sempre é um fingidor
O poeta, certamente,
Pois quando louva o amor
É o Amor Maior que sente.

243- Milene (MSN), 8/7/12
O poeta é um ser fingível
Finge tão completamente
Que finge estar disponível
Quando está mesmo é ausente.

242- Severa, 6/7/12
Ao contrário da Esfinge
(Eu deixo aqui o meu grifo)
Severa Cabral não finge:
"Devora-me... ou te decifro!"

241- Mery, 5/7/12
Queiras sempre a quem quiser
Conquistar teu bem-querer;
Se eu não quero a quem me quer
Quem quererá me querer?

Niterói, fevereiro de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Augúrios de Inocência, 21-25

     A essa altura da tradução já se percebe claramente a influência das visões do Apocalipse nas estrofes deste poema. Blake nos brinda com fortes contrastes entre o ser humano e a natureza, a culpa e a inocência, a recompensa e o castigo, a vida e a morte, o Bem e o Mal.
O Juízo Final - Fra Angélico (Wikipedia)
21
The soldier, arm'd with sword and gun,
Palsied strikes the summer's sun.
The poor man's farthing is worth more
Than all the gold on Afric's shore.
Armado com espada e fuzil, o soldado
Ataca em vão o sol de verão, paralisado.
O centavo do pobre vale mais em seu poder
Que todo o ouro das praias africanas pode valer. 

22
One mite wrung from the lab'rer's hands
Shall buy and sell the miser's lands;
Or, if protected from on high,
Does that whole nation sell and buy.
Um percevejo retorcido às mãos do empregado operoso
Comprará e venderá as terras do ganancioso;
Ou, se receber mais alta proteção,
Venderá e comprará toda a nação.

23
He who mocks the infant's faith
Shall be mock'd in age and death.
He who shall teach the child to doubt
The rotting grave shall ne'er get out.
Quem zomba da fé da criança, sua sorte
É ser escarnecido em vida e na morte.
Aquele que ensina a criança a duvidar
O túmulo da podridão nunca irá deixar.

24
He who respects the infant's faith
Triumphs over hell and death.
The child's toys and the old man's reasons
Are the fruits of the two seasons.
Quem respeita a fé da criança, sua sorte
É triunfar sobre o inferno e a morte.
Da criança os brinquedos, do velho as razões
São os frutos dessas duas estações.

25
The questioner, who sits so sly,
Shall never know how to reply.
He who replies to words of doubt
Doth put the light of knowledge out.
O inquiridor que usa perguntas capciosas
Não tem resposta a questões ponderosas.
Mas quem esclarece a dúvida proposta
A luz do conhecimento deixa exposta.

Niterói, fevereiro de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sete sete-setes, XVI

     "Tu és a soma do que foste e do que serás. És a integral, de zero a infinito, de todos os tempos do verbo ser".
     Comentário a Lu Cavichioli, em 6/7/12

XVI.7- Lu Cavichioli, 6/9/12
Brote a semente na terra
Cresça a planta do chão;
Flor e fruto o ciclo encerra
Quando o fruto cai ao chão.
A polpa alimenta o solo
Que, sob os raios de Apolo,
Faz germinar novo grão.

XVI.6- Marilene, 6/9/12
Conviver é partilhar
A própria vida, menina!
É surpreender, encantar,
Com tudo o que nos fascina;
É compor a cada dia
Uma nova poesia,
Não é cair na rotina!

XVI.5- Marcia, 3/9/12
Ao findar o furacão
Tu serás o meu regaço;
Resgatarei teu cansaço,
Dormirás minha paixão;
E teu corpo, em calmaria
Será uma poesia
Escrita em meu coração!

XVI.4- Regilene, 3/9/12
Os teus versos, poetisa,
Transbordam do coração
Como a fonte, que precisa
Jorrar do seio do chão.
Vem de onde? É mistério...
Porém traz-me refrigério
Como a quem se dá a mão.

XVI.3- Sissym, 3/9/12
Não creias, minha querida,
Em quem se ri do amor;
Quem tem medo da ferida
Hesita em se expor.
O amor é a própria vida,
Vibrante, alegre, incontida,
Plena de luz e calor.

XVI.2- Marcia, 2/9/12
Sei que tu sabes, menina,
Que a lagarta rastejante,
Para cumprir sua sina
Deve passar pelo instante
De uma clausura completa
Para emergir borboleta
E alçar voo, brilhante!

XVI.1- João Esteves 2/9/12 (no 7R)
Teu comentário-poesia
Bem disfarçado em prosa
À minha rima vadia
Traz tua palavra honrosa;
Nessas vinte redondilhas
Com talento aqui partilhas
Tua poesia preciosa.

Niterói, fevereiro de 2013
Rodolfo Barcellos