quarta-feira, 28 de abril de 2010

Rimas para Mãe II

Um poema de muitos filhos para todas as mães


Dizem que Mãe não tem rima:
É claro que rima tem!
Rima com campos de flores,
Com carinhos, com amores
E com ternura também.


Com pulsar de coração,
Com sossego, com sorvete,
Com bolo de aniversário,
Com cheiro de sabonete.



Rima bem com esperança,
Com murmúrios de oração,
Com belos contos de fadas
E estórias do bicho-papão;
Com cobertores no inverno,
Com refrescos no verão.

Também rima com poema,
Com perfume de alfazema,
Estórias para dormir,
Cantigas para embalar,
Carícias para acordar.



Rima, é claro, com beleza,
E com ceia de Natal;
Com bondade, amizade,
Com poesia, fortaleza,
Verdade, serenidade,
Com bondade, com firmeza.



Mãe rima com esperança,
Acalantos, goiabada,
Com saudades, com lembrança,
Rima com anjo da guarda,
Com brinquedos, com criança.



Com chocolate, com beijo,
Com perfume de baunilha
Com sorrisos de alegria,
E com cheiro de comida,
Com lágrimas, com poesia.



Quem diz que Mãe não tem rima
Poeta é não senhor.
Mãe rima com tantos entes,
Belos, nobres, transcendentes...
Rima perfeita: "Amor".

   Autores cooptados (por ordem alfabética):
   (atenção, Guiness: talvez um novo recorde!)
   Nota: alguns autores mais tímidos foram cooptados não muito voluntariamente, através de busca por palavras e expressões
"rimáveis" em matérias e comentários publicados em "blogs".


Alma Inquieta (Estados de Alma)
Bia
Brandina
Davidson
Dôra
Graça (Botões de Madrepérola)
Jair (Um Blog que Pensa)
Leonel
Maria Helena
R. R. Barcellos (Sete Ramos de Oliveira)
Serpai (El Puente)


   Como prometi, estou divulgando as "rimas" mais cotadas. Para classificá-las, elaborei um indicador que chamei de IPRM - Índice de Popularidade de Rimas para Mãe. Os valores foram obtidos pesquisando no Google páginas em português, no dia 29 de abril.

   Exemplo: "Mãe + bolo de aniversário" deu 603.000 resultados.
   Nota: o número de resultados varia de dia para dia. Cotações inferiores a 1.000.000 IPRM não foram listadas.

Amor           5.690.000
Coração       4.710.000
Verdade       4.480.000
Beijo           3.970.000
Amizade      3.550.000
Criança        2.800.000
Sorvete        2.380.000
Bondade      2.050.000
Beleza         1.700.000
Alegria         1.500.000
Esperança    1.410.000
Sabonete     1.360.000
Serenidade   1.280.000


Aguardem, para a próxima semana, a terceira versão. Resolvi publicar esta segunda quando descobri que o Dia das Mães é comemorado na maioria dos países lusófonos no primeiro domingo de maio.

sábado, 24 de abril de 2010

Guppy

- Há uns trinta anos atrás, a Força Aérea Brasileira estava empenhada na modernização de sua frota - incluindo os Hércules C-130. Nas oficinas da Varig, em Porto Alegre, os "gordos" recebiam novos sistemas de navegação e comunicação. Mas os aviões mais antigos começavam a apresentar fadiga estrutural nas asas, e um grande programa de substituição das mesmas foi implementado.
- Em 1987 eu estava em Birmingham, Alabama, para receber duas novas asas. Foi quando tive a oportunidade de conhecer o Super-Guppy.
Imagem obtida na Internet
- Trata-se de uma versão aperfeiçoada do Pregnant Guppy, turbohélice modificado, construído pela Aero Spacelines a partir de um C-97J Turbo Stratocruiser, a versão militar do Boeing 377, e especialmente projetado para transportar peças de grande tamanho, que não passariam em túneis, pontes ou sob viadutos. Por exemplo, os anéis do primeiro estágio e os motores do gigantesco Saturno V.
Eu, Mr. Davies e o Super-Guppy
- O Super-Guppy estava dentro de um imenso hangar, com a cabine basculante aberta, expondo o imenso volume do seu compartimento de carga. E embora as fotos fossem expressamente proibidas, eu ousei pedir ao Mr. Davies (acho que era esse o nome) licença para documentar aquele momento. E ele posou a meu lado, enquanto uma terceira pessoa (não me lembro quem) registrava o acontecimento.
- Hoje, apenas um Guppy está em atividade, pelo que sei, operado pela NASA. Os demais foram desativados, e qualquer um pode conhecê-los pela Internet. Mas aquela foto foi um troféu para mim, durante vários anos.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Armagedon

- Dizem que o poder de destruição do arsenal nuclear das grandes potências é suficiente para arrasar o mundo não sei quantas vezes. Não é bem assim: a energia liberada por terremotos, erupções vulcânicas e furacões excede em cada ano, por milhões de vezes, o total de megatons acumulados nos arsenais do mundo. Está aí o Eyj-seiláoquê, que não me deixa mentir.
- Acontece que as forças naturais atacam cegamente e geralmente deixam um saldo positivo na natureza, mesmo quando ceifam vidas humanas. As cinzas dos vulcões enriquecem o solo, os abalos sísmicos formam novos relevos, os fenômenos meteorológicos equilibram as diferenças climáticas.
- Já a arma atômica foi concebida com o único propósito de destruir. As ogivas têm endereço certo: locais de grande concentração humana e tecnológica. Por isso, é melhor dizer que uma eventual guerra atômica destruiria, sim, a civilização, mas não o mundo.
- E Gaia, após sacudir a poeira radioativa (em alguns milhares de anos, simples momentos para ela), voltaria à vida de sempre - e talvez melhor, sem a interferência desse acidente evolutivo que arrogantemente se autodenomina Homo Sapiens.
- Mas talvez tenhamos uma segunda chance. Após a destruição e o morticínio iniciais, o que restar da população humana continuará decrescendo, não só por conta dos efeitos da radiação residual, mas também pela falta absoluta de recursos tecnológicos, principalmente medicinais, dos quais nos tornamos cronicamente dependentes - remédios em geral, vacinas, antibióticos etc.
- E quando a Seleção Natural tiver descartado os menos aptos e talvez favorecido uns poucos mutantes positivos, é possível que surja uma nova humanidade, menos tecnológica e - com sorte - mais ajuizada. Resta saber se nela haverá lugar para gente como eu e você...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Rimas para Mãe

Na maioria dos países lusófonos, o "em" tônico final é pronunciado como "ãe": também = tambãe, porém = porãe, etc. Isto proporciona excelentes rimas fonéticas para a palavra "Mãe". Nossos primos chegados têm menos problemas com suas mères e madres; mas nós brasileiros, com nosso sotaque peculiar, pronunciamos tambéim, poréim - o que levou muito tupiniquim desavisado a declarar que "Mãe não tem rima".
Besteira. A palavra "Mãe" tem mais rimas que qualquer outra - e não somente aqui no Brasil.

Dizem que Mãe não tem rima;
É claro que rima tem!
Rima com campos de flores,
Com carinhos, com amores
E com ternura também.

Rima com anjo da guarda,
Com doces, com goiabada,
Com cheiro de roupa limpa,
Com perfume de lavanda,
Que não rimam entre si.


Rima bem com acalantos,
Com beijos, com emoção,
Com lágrimas e alegrias,
Com festas e com folias
E com sossego, pois não.

Quem diz que Mãe não tem rima
É poeta não senhor.
Mãe rima com tantos entes,
Belos, nobres, transcendentes...
Rima perfeita: "Amor".


Convido amigas e amigos a sugerirem mais rimas para Mãe. Prometo divulgar as mais votadas no Dia das Mães, em nova postagem.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Lilienthal

- Otto Lilienthal - (Pomerânia, 23 de maio de 1848 - 10 de agosto de 1896),  foi o primeiro homem a manejar repetidas vezes um aparelho mais pesado que o ar, em vôo controlado. Tentativas anteriores não obtiveram sucesso ou não mereceram continuadores.
- Apaixonado desde a infância pela aviação, já aos 12 anos ensaiava, com o seu irmão Gustav, grandes planadores rudimentares e mais tarde máquinas de asas articuladas.
- Em 1889 , já engenheiro formado, publicou uma importante obra sobre o vôo das aves, considerada base da aerodinâmica. Dois anos mais tarde,  construiu seu primeiro planador.
- Ele demonstrou a importância da curvatura da asa e introduziu na teoria do vôo os conceitos de arrasto e sustentação, básicos em aerodinâmica, tendo realizado e registrado diversas medições a respeito.
- Construiu uma colina artificial nos arredores de Berlim, de 15 metros de altura por 70 de diâmetro. Da plataforma no cume, atirava-se contra o vento com suas frágeis asas.


- Lilienthal realizou cerca de dois mil vôos planados entre 1891 e 1896, atingindo em alguns cerca de 350 metros de distância. Muitas vezes, ele conseguiu subir mais alto que o seu ponto de partida e efetuar várias manobras. Chegou mesmo a aproveitar uma forte corrente ascendente para efetuar um planeio estático a uns 12 metros de altura, enquanto perguntava ao fotógrafo no solo se o ângulo estava bom.

- Seus ensaios tiveram lugar em Bremen, Steglitz, Lichterfelde, e depois em Rhinow. Também tentou criar uma máquina voadora motorizada, usando um motor de ácido carbônico. E se tivesse à disposição um motor a gasolina, adequado, a história da aviação seria certamente outra.
- Em 9 de agosto de 1896, durante um vôo, ele estolou (perdeu a sustentação), caindo de uma altura de 17 metros. Exímio piloto, ele sabia como evitar o estol; é possível que tenha sido vítima de um fenômeno atualmente conhecido como tesoura de vento (shear wind).
- A queda lhe foi fatal, quebrando sua espinha dorsal. Ele morreu no dia seguinte. Suas últimas palavras foram:
- Opfer müssen gebracht werden (Sacrifícios precisam ser feitos).
- Lilienthal foi o primeiro homem fotografado em vôo. As inúmeras fotos eram publicadas no mundo todo, influenciando os pesquisadores do seu tempo em diante, incutindo-lhes a confiança no futuro da aviação.
- Já ia me esquecendo: os Wright e Santos=Dumont conheciam as realizações de Lilienthal e aproveitaram seus ensinamentos. O ângulo das asas do 14-Bis - o diedro, fundamental na estabilidade lateral - é praticamente igual ao dos planadores de Lilienthal. E a curvatura (camber) das asas do Flyer dos Wright foi baseada nos ensinamentos de Otto, assim como outros refinamentos aerodinâmicos.

Para encerrar, quero dar as boas vindas aos titulares das novas cadeiras deste espaço:

Alma minha, inquieta, que sorriste
A mim num beijo com sabor do Tejo,
Tornando alegre minha alma triste,
Bem-vinda sejas! Tudo te desejo.

E tu, que constróis pontes de amizade,
Vencendo léguas, anos e olvido,
Para aliviar meu peito tão sofrido,
Bem-vindo sejas! E fica à vontade.

domingo, 18 de abril de 2010

Pioneiros do Ar

 - Orville e Wilbur Wright voaram em Kitty Hawk, possivelmente em 1903. Alberto Santos=Dumont voou em Paris, em 1906, sob as vistas da imprensa e do público, além de fiscais do Aéro-Club de France.
- Em torno do possível vôo de uns e do vôo documentado do outro criou-se uma polêmica relativa à prioridade e pioneirismo. É claro que os brasileiros aclamam Santos=Dumont como o Pai da Aviação, enquanto norte-americanos e países de língua inglesa insistem em apresentar os Wright como inventores do avião. Já muitos franceses dizem que a prioridade é da França, pois o 14-Bis foi criação de engenheiros franceses, pilotado por um franco-brasileiro... em suma, a polêmica é sustentada por muito nacionalismo cego, muita semântica tendenciosa, muita interpretação subjetiva e pouca pesquisa dos fatos.
- O Flyer é, indiscutivelmente, um projeto aerodinamicamente superior ao 14-Bis. Orville e Wilbur levaram anos para aperfeiçoar sua máquina, dando ênfase à controlabilidade, e chegaram a construir um túnel de vento para analisar várias geometrias de aerofólios. Também efetuaram inúmeros planeios, tripulados e não tripulados, antes de decidir motorizar seu aparelho. Por sua vez, Santos=Dumont fez apenas alguns testes inconclusivos, pendurando o protótipo do 14-Bis em seu dirigível número 14 (daí o nome).
- Há diferenças fundamentais entre os dois feitos. Enquanto os Wright mantinham seu projeto em segredo, visando obter os direitos de patente, o brasileiro submetia-se publicamente às regras inflexíveis estabelecidas pelo Aéro-Club de France, equipando seu 14-Bis com trem de pouso e preparando-o para decolar de um relvado em nível, independentemente do vento. Já os irmãos podiam dispensar o peso extra do trem de pouso e optar por um decolagem sobre trilhos, contra o vento e com o auxílio de uma catapulta - conforme admite Wilbur, em carta ao capitão Ferber, pedindo detalhes sobre o vôo do 14-Bis. Confira em:

http://www.webartigos.com/articles/663/4/Santos-Dumont-100-Anos-Do-14-bis/pagina4.html

 - Se os trilhos eram lubrificados e em descida é questão controversa. Provavelmente todos esses recursos foram experimentados nas primeiras tentativas - os Wright não eram burros e precisavam compensar de alguma forma a baixa potência de seu motor.
- Quem labutou, como eu, na aeronáutica, sabe que a decolagem é a fase crucial de um vôo, onde se exige o máximo de performance dos motores e da aeronave. Mesmo quem nunca entrou num avião se impressiona com as imagens de um Space Shuttle decolando. É quase um milagre o 14-Bis ter decolado com um motorzinho de 50 hp - potência inferior à de qualquer fusquinha. E o primeiro motor do Flyer produzia meros 12 HP de potência... mas acionava duas hélices de alta eficiência - um dos pontos altos do Flyer (a hélice do 14-Bis tinha péssimo aproveitamento da potência do motor).
- Em 1904, Santos=Dumont esteve nos Estados Unidos. Por conta de seus feitos com dirigíveis, gozava de certa fama lá e chegou a ser recebido na Casa Branca por Theodore Roosevelt. Há quem diga que teve então conhecimento das experiências dos Wright e que isso influenciou sua decisão de se dedicar ao mais pesado que o ar. Mas na época, os Wright se recusavam a liberar informações sobre seu projeto, para protegerem seus direitos, e a própria imprensa dos EUA não lhes dava crédito. E mesmo que o brasileiro tivesse ciência do Flyer, ele era apaixonado por máquinas aéreas, e vislumbraria apenas uma nova fronteira a alcançar - sem se importar se seria o primeiro, o segundo ou o quinto...


- E Santos=Dumont perseguiu seu objetivo com tenacidade. Após conquistar o prêmio em 1906, ele prosseguiu no rumo que se impusera e chegou ao magnífico Demoiselle, cujo projeto tornou público. Enquanto isso, os Wright obtinham a tão cobiçada patente e iniciavam uma guerra jurídica para obter seus benefícios... e em 1909 resolveram incorporar um trem de pouso à sua máquina.
- Tudo indica que os Wright realmente foram os primeiros. Mas qualquer que seja o veredicto, os três merecem estar juntos no panteão da glória. Mesmo porque há quem lhes dispute a primazia: seu nome é Otto Lilienthal. E deste eu tratarei na próxima matéria.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A Rainha

   Fechei meu post do último dia 4 anunciando que minha Rainha estava para dar. E a minha Rainha deu em dose dupla... sem se importar com a fase da lua.

   Vamos às fotos. Como a minha velha Digimax exalou seu último suspiro já faz algum tempo, usei a Kodak EasyShare C180 da minha filha. A Bia fez a sessão noturna de fotos.
   Dia 7, dez horas. Posicionei a planta sobre uma espreguiçadeira, ao lado da piscina. Ali, ela suportou estoicamente o dilúvio que se abateu sobre Niterói.
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   Dia 12, à tardinha. Os botões davam mostras de estarem prestes a desabrochar... apesar de ser antevéspera da lua nova. Deixei tudo pronto para a sessão noturna de fotos.
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   Dia 12, 7:30 da noite. Os botões se abrem com uma rapidez surpreendente. Em pouco tempo estarão completamente desabrochados.
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   Dia 12, por volta das 9:00 da noite. Esta é uma das melhores fotos em close, tirada pela Bia. Foram mais de 100 fotos, com diferentes ajustes de foco e exposição. Um dia, a gente acerta.
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   Dia 13, manhã. As Rainhas agonizam após a noite de glória. O CD dá uma idéia do tamanho da flor: quando aberta, ela atinge uns 25 centímetros de diâmetro.
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   Eu pretendia elaborar esta matéria com mais vagar, aproveitando a colaboração de amigos (o morcego da Brandina) e trazendo outras damas da noite para fazer companhia à minha. Entre elas, o mandacaru nordestino, alguns cactos mexicanos, a pitaya (muito parecida com minha Rainha) e mesmo uma solanácea arbustiva muito conhecida no Brasil pela fragrância de suas flores noturnas. Mas minha impaciente dama atropelou todos os meus planos.
   Tudo bem, não faltarão novas ocasiões...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Quousque Tandem?

1966 - Tragédia na bacia hidrográfica da Guanabara.
1988 - Tragédia na bacia hidrográfica da Guanabara.
2010 - Tragédia na bacia hidrográfica da Guanabara.
2032 - ?


   Em 1966, eu e meus irmãos fomos voluntários na ajuda aos desabrigados alojados no Clube dos Pioneiros, em Niterói.
   Em 1988, eu estava "muito ocupado" com minha carreira para me envolver. Mesmo assim, me envolvi.
   Agora, em 2010, sobra-me algum tempo, entre os constantes apagões, para gritar neste blog contra a mendacidade de nossas autoridades no trato dessas tragédias anunciadas.
   Mendacidade, sim. Nos períodos de paz, Niterói é a cidade-sorriso, aclamada por ostentar uma das melhores qualidades de vida do Brasil. E cada grupo ou partido que alcança o poder se apresenta como criador e mentor dessa utopia.
   Mendacidade, sim. Nos dias de luto, Niterói é a cidade-trampolim, usada pela oposição como cabo eleitoral para tentar alcançar o poder.
   Não sei se esse ritmo de 22 anos está ligado ao ciclo das manchas solares. Mas sei que os montes de lixo onde famílias humildes constroem seu lares estão ligados ao descaso criminoso dos poderosos.
   Mas a culpa não é deles, coitados... eles certamente estão "muito ocupados" com suas carreiras.
   Estamos em época eleitoral. Época de mentiras, de enganos... de mendacidade. Como os políticos de minha querida Niterói reagirão ante esta oportunidade de angariar votos? Um pirulito para quem acertar.
   Em tempo: veja meu "post" neste blog datado de 7 de janeiro deste ano. É apenas uma reedição de um artigo escrito em junho de 2005. Título: Depois da tempestade, vem a enxurrada...

domingo, 4 de abril de 2010

Rainha ou piranha?

    Meio século atrás, mamãe nos acordou altas horas da noite. Resmungando e bocejando, nós a seguimos em fila mais ou menos indiana em direção ao quintal. Sob a luz da lua cheia, ela nos guiou até uma planta pendurada em um arbusto. E explicou:
    - Essa é a Dama da Noite. Ela só dá flor uma vez por ano, sempre em noite de lua cheia. E só dura uma noite. O botão começou a abrir já faz tempo.
    Ficamos olhando. Conforme passavam os minutos, o enorme botão ia se abrindo cada vez mais. Em meia hora, a imensa flor - inteiramente branca - estava totalmente aberta. Eu estava fascinado, assim como meus sete irmãos.
    Quando finalmente voltamos a dormir, sonhei com princesas vestidas de branco, dançando ao luar. Mas foi apenas o sonho de uma noite de verão. Eu tinha coisas mais "importantes" para ocupar minha cabeça de adolescente.
    Os anos se passaram, mas a lembrança ficou, latente e despercebida, em algum desvão empoeirado de minha memória. E um dia ela despertou de súbito, quando descobri um grande botão numa cactácea que Maria Helena trouxera há tempos para casa, numa dessas trocas de mudas comum entre as apreciadoras de plantas. Era véspera de lua cheia, e eu fiquei de olho.
    No dia seguinte, o botão estava maior e dava mostras de estar prestes a se abrir. Preparei minha Digimax com pilhas novas, levei a planta cuidadosamente a uma posição mais favorável e aguardei ansioso pela chegada da noite.
    A lua cheia apontou sobre a serra da Tiririca, e foi subindo lentamente. O botão começou a se abrir, e eu tirei uma série de fotos. Eu era o orgulhoso proprietário de uma rara flor noturna.
Minha Dama
    Mas o orgulho não durou muito. Uns dois meses depois, a mesma planta produziu dois botões, que floresceram pouco depois da lua cheia. Ficou claro que aquela não era a Dama da Noite da minha mãe. Na minha frustração, resolvi dar-lhe o nome de Piranha da Madrugada e expulsei-a, do lugar de honra em minha varanda, para o fundo do quintal.
    Mas depois refleti que a pobre flor não tinha culpa de dar com frequência, e às vezes em dose dupla. Além disso, sua beleza não merece um epíteto tão vulgar. Resolvi tirar a limpo a questão, através de uma pesquisa na Internet.
    Descobri que Dama da Noite é o nome popular de várias espécies de flores noturnas - na maioria cactáceas. Rainha da Noite, Princesa da Noite e Flor da Lua são outras variantes do mesmo nome.
    Ainda não sei qual delas é a flor da minha mãe; mas estou quase certo de que minha piranha é a Epiphillum Oxypetalum, ou a Hylocereus Undatus - ambas mais conhecidas como Rainha da Noite.
Imagem obtida na Internet
    Visto isso, acho que o nome de piranha não é o mais adequado... se bem que a História nos dá notícia de algumas soberanas que talvez merecessem a alcunha.
    Eu estava para encerrar estas linhas, quando me ocorreu a idéia de checar minha Rainha, no seu lugar de exílio. E lá estava a exibida, com dois botões novinhos em folha, olhando ironicamente para mim.
 
A bonita foto que fecha esta matéria foi obtida em http://br.olhares.com/dama_da_noite_foto516866.html

E a bela voz que dá vida à ária é - eu acho - da famosíssima soprano siberiana Rita Streich.