sábado, 28 de dezembro de 2013

Sete sete-setes, XXXIX

XXXIX.7- Milene, 3/8/13
"Amar" - transitivo direto
Onde o objeto é sujeito
Pois amar algo concreto
Nunca é amar direito;
"Amar" é meio abstrato,
Não se firma em contrato,
Nem se garante perfeito.

XXXIX.6- Denise, 27/7/13
E quem sabe, no futuro
O teu mundo de azul puro
Receba um raio rosado
Enriquecendo o efeito
Ficando o teu vovozado
Se possível - mais amado,
Se possível - mais perfeito!

XXXIX.5- Milene, 27/7/13
Tuas rosadas letrices
Lavradas de própria mão
São Cecílias e Clarices
Gabrielas Mistrais são
São preciosas tolices
São raras filosofices
Que falam ao coração.

XXXIX.4- Lu, 23/7/13
Neste Reino a soberana
Por decreto imperial
Declara aberta a semana
Da imaginação total.
Anistia às fantasias
Aos contos, às poesias,
Ampla, irrestrita, geral.

XXXIX.3- Marilene, 23/7/13
Dançam as folhas na brisa
Em compassos outonais;
Dança o verso da poetisa
Aos ventos pré-invernais
Dançam corações e almas
Dançam coqueiros e palmas
Dançam roupas nos varais...

XXXIX.2- Milene, 25/6/13
Prantado no São José
Colhido no São João
Comido com graça e fé
Sob o luar do sertão
Fugindo do buscapé
Poetizando o Migué
Vancê num é fraca, não.

XXXIX.1- Denise, 8/6/13
Um rei chamado Gustavo
Nas terras do Sul nasceu
E meu canto é hoje escravo
Da mãe que o concebeu;
E outra mãe - a Poesia
Com orgulho e alegria
No seu colo o recebeu.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A data

     Artigo de anos atrás, "requentado" para este Natal...
*  *  *  *  *
     Eventos como o Natal deveriam ser celebrados diariamente, não importando o que diga a folhinha  - se não com luzes, presentes e ceias, pelo menos com o coração.
Foto: Rodolfo Barcellos
     Dito o importante, vamos ao interessante:
     Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro: sete, oito, nove, dez. Não parece estranho que os meses de nove a doze tenham nomes de sete a dez?
     Essa confusão tem mais de dois mil anos de idade. O calendário romano daquela época compunha-se de dez meses - quatro nomeados em honra a deuses e os demais simplesmente chamados pelos seus números: Martius,  Abrilis, Maius, Junius, Quintilis, Sextilis, Septembris, Octobris, Novembris e Decembris. Ano sim, ano não, um mês extra - Mercedonius - era incluído. O resultado era uma sequência irregular de anos com 355, 377 ou 378 dias cada um.
     Em 46 a.C. o imperador Júlio César resolveu acabar com a bagunça e, com a assessoria do astrônomo Sosígenes, instituiu o calendário hoje conhecido como Juliano. Ele acrescentou mais dois meses - Unodecembris e Duodecembris - e eliminou o mês intercalar (Mercedonius), substituindo-o por um único dia que seria acrescentado a cada três anos ao último mês, Duodecembris, o famoso ante die bis sextum kalendas martias - o dia "bissexto".
     Mas havia erros acumulados a ajustar, e por conta deles aquele ano acabou durando 445 dias. Com a confusão reinante, os romanos passaram a considerar Unodecembris e Duodecembris não como os últimos, mas como os primeiros do ano seguinte, dando-lhes nomes em honra de Janus - Januarius - e Februa - Februarius (restaurando parcialmente o antigo calendário de Numa Pompílio).
     Em 44 a. C., o senado de Roma homenageou Júlio César, trocando o nome do mês Quintilis para Julius. E sessenta anos depois César Augusto mudou o intervalo dos bissextos de três para quatro anos e recebeu a mesma homenagem, quando o mês Sextilis passou a se chamar Augustus - roubando um dia de Februarius para ficar com os mesmos 31 do ilustre antecessor... ô vaidade!

     Mas o que isso tem a ver com o Natal?
     Bem, na época do nascimento de Jesus ainda era grande a confusão no calendário. E os judeus seguiam um calendário próprio (que usam até hoje), sem relação com o calendário romano. E no meio da confusão, a data real do nascimento de Jesus perdeu-se - parece que definitivamente.
     A data de 25 de dezembro foi adotada pela Igreja, já no século IV, para contrapor-se às festas pagãs do solstício de inverno, entre as quais a Saturnália romana e o festival do Sol Invictus.
     Mas existem alguns indícios que permitem uma pesquisa sobre a data aproximada do evento. As fontes históricas mais confiáveis são os evangelhos canônicos de Lucas e Mateus, alguns textos dos apócrifos, os registros do Templo de Jerusalém e os escritos de Tácito, Plínio, o moço, Suetônio e Josefo.
     E o que nos dizem essas fontes?
     Jesus nasceu durante o reinado de Herodes, o Grande (não confundir com seu filho Herodes Ântipas, que permitiu a decapitação de João Batista a pedido de Salomé). Herodes, o Grande, foi o rei-fantoche designado pelos romanos, que ordenou a tristemente famosa "matança dos inocentes". Ora, segundo as pesquisas mais recentes, esse Herodes morreu no ano 4 a.C., de modo que Jesus deve ter nascido uns dois ou três anos antes. E sabemos que José foi com Maria a Belém para cumprir a ordem da autoridade romana que exigia, para o censo, que o registro fosse feito na cidade de origem do chefe da família.
     Sabemos que em Belém o censo ocorreu no mês Sextilis (posteriormente agosto) do ano 7 a.C.  Mais uma pista:  a  apresentação dos recém-nascidos no templo e a purificação de suas mães tinha um prazo máximo de 21 dias após o parto, pelas normas judaicas. Jesus foi apresentado no templo de Zacarias, segundo os registros locais, no mês de Setembro, num sábado.

     Ora, o mês de Setembro do ano 7 a.C. teve quatro sábados: 4, 11, 18 e 25. Como os censos em Belém ocorreram entre 10 e 24 de Agosto, o sábado de apresentação seria o de 11. E assim, Jesus teria nascido provavelmente entre 21 e 30 de Agosto do ano 7 a.C.
     E dito o interessante, voltemos agora ao importante:
    FELIZ NATAL PRA TODOS VOCÊS!!!

sábado, 21 de dezembro de 2013

Trovas 461-470


470- Sandra, 12/5/13
A vós, que sentis saudade
Das avós que todos têm
A voz diz-nos da Verdade
Que avós são mães também.

469- Coletiva, 10/5/13
As mães são anjos sem asas
Porque aos filhos as deram
Para buscar novas casas
Nos voos que eles fizeram.

468- Mari Guedes, 10/5/13
Mãe não tem dia nem hora,
Mãe não tem hora nem dia;
Menina, moça, senhora,
Soneto, trova, poesia.

467- Sabor das Letras, 9/5/13
Mas que honra e privilégio
Entre as feras deste grêmio
Integrar este colégio
Este é meu maior prêmio!

466- Lu Cavichioli, 5/5/13
Alegres são as lembranças,
Memórias doces, formosas,
Que uma menina de tranças
Traz nos seus lábios de rosas.

465- Chica, 2/5/13
Leva saudades quem parte,
Sente saudades quem fica.
Mais uma obra de arte
Nessas "coisinhas" da Chica!

464- Cecília, 22/4/13
E enquanto não chega o dia
De te elevares inteira
Voa tua alma, altaneira,
Nas asas da poesia.

463- Sandra Subtil, 21/4/13
Entro nesta janelinha
Pra te deixar um afago
Mesmo não sendo andorinha
Quiçá na pena de um mago...

462- Sissym, 20/4/13
Sede que é saciada
Das regras do amor no jogo
No beijo da boca amada
Não com água e sim com fogo.

461- Milene, 19/4/13
Mandei-te um quilo de Love
No sistema Pague e Leve;
Você agora me deve
Bj$ 1,99

Niterói, dezembro de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Sem griffes



Não. Não te quero hoje Armani.
Hoje não te quero submissa e comportada,
Não te quero Dior ou Givenchy, Chanel ou Prada,
Vestida e perfumada, Cartier, Rabanne.

Desnuda-te! Despe a fantasia viva!
Quero-te pele, toque, suor e saliva!

Vem! Dá-me o doce mel de tuas flores!
Orvalha sobre mim teu corpo, sem pudores!
Quero-te cheiro, sabor, gemidos, paixão!
Quero-te prece e pecado, queda e redenção!
Delírio e sonho, carne, calor, ilusão...

Quero-te loucura, feitiço, luxúria,
Fera e fruto e fome e febre e fúria,
Frêmito, fogo, fêmea, força e flama...
Quero-te como és na tua profundeza
Quero derramar em ti minha certeza
De não saber qual de nós dois mais se derrama! 

Niterói, dezembro de 2013
Rodolfo Barcellos

sábado, 14 de dezembro de 2013

Sete sete-setes, XXXVIII

Imagem: Graça Lacerda
XXXVIII.7- Milene, 8/6/13
Com o suor de teus labores
As lágrimas de tuas dores
E o sangue de teus amores
Farás a massa do pão
E haverá quem diga então
Que o diabo o amassou
E no inferno o cozinhou.

XXXVIII.6- Regina, 27/5/13
Eu digo que a despeito
Dos que me acham suspeito
Carrego um grande respeito
Por quem traz amor no peito
Seja humilde ou imperfeito
Seja com jeito ou sem jeito
Seja torto ou direito.

XXXVIII.5- Sandra Subtil, 25/5/13
Tantas loucuras ousei
E nunca desculpas pedi
E nas vezes em que errei
Nenhum remorso senti;
Mas do abraço não dado
E do beijo não roubado
Perdão imploro a ti...

XXXVIII.4- Zilani, 21/5/13
Enquanto o Sol nos envia
Sua luz durante o dia
Quando tudo está claro,
A Lua, num gesto raro
Nos manda seu luar puro
Tornando o mundo seguro
Quando tudo está escuro...

XXXVIII.3- Milene, 21/5/13
Sem entretanto ou porém
Parabéns à Rafaela
Pelo aniversário dela
E a ti, Mimi, também
Por cantar a amizade
Neste poema-verdade;
Nos finalmentes, amém!

XXXVIII.2- Margoh, 21/5/13
Sim, eu também acredito
No que me diz teu olhar
São reflexos de luar
Reluzindo no infinito
São orações de mãos postas
São perguntas sem respostas
São respostas sem conflito.

XXXVIII.1- Sandra Subtil, 20/5/13
Perfumes são tuas flores
Deveras são tuas primas
De romãs são teus sabores
De sorrisos tuas rimas
Raios de sol teus poemas
Doces beijos, diademas
No cantar com que nos mimas.

Niterói, dezembro de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Luzes


As luzes coloridas do equinócio
Em breve dançarão nesta clareira
Em honra de uma moça festeira
Que em verso acalenta o seu ócio

Cismando ela canta em tom dolente
E chama a mim, para pintar com ela,
As rimas, que espalhadas pela tela
Nos fazem rir a ambos, loucamente.

E assim dançamos nós, com nossos versos,
E as horas passam leves e fagueiras
Enquanto estamos no eme-esse-ene;

Cantamos rimas e metros diversos
Em sonetos e trovas condoreiras
Eu e ela... minha linda Milene.


Niterói, dezembro de 2013
Rodolfo Barcellos

PS: Quem quiser adaptar este soneto à estação basta trocar, na primeira estrofe, equinócio por solstício e ócio por vício.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Trovas 451-460


460- Jair, 19/4/13
Como o índio que volta à taba antiga
Depois de longa e tenebrosa ausência
É muito bom rever Vossa Excelência
Compartilhando a blogosfera amiga...

459- Lou Salomé, 16/4/13
Já me perdi nos espaços
De um amor que foi embora;
Rasguei meu mapa em pedaços
E a bússola joguei fora.

458- Denise, 14/4/13 (MSN)
Carrego em mim a saudade
De uma certa Poesia
Que, sonho ou realidade,
Cantou-me o silêncio um dia.

457- Si, 12/4/13 (Face)
Mas nem por isso de ti canso ou aborreço
Pois sei que a saudade é mais do que mereço
E como amizade nunca é merecimento
A nossa vive no seu próprio sentimento.

456- Denise, 12/4/13 (Skype)
Morde, surucucutinga...
Teu veneno me embriaga
Como musa tu me xinga
Como mulher tu me estraga...

455- Cecília, 11/4/13
Quisera que tu quiseras,
Quem dera - meu coração;
Quisera querer quimeras,
Que meras poesias são...

454- Denise e Milene, 3/4/13 (Face)
Não sinto falta da falta
Que você sente de mim
Pois quando a saudade assalta
Sinto que ela não tem fim...

453- Regina, 3/4/13
Não há como botar cobro
Essa leoa é demais
E que D'us vos dê em dobro
Tudo o que adjetivais.

452- Lu Nogfer, 3/4/13
Deste bolo serenata
Um pedaço é para mim
E comemorando a data
FELIZ NATAL, LU! TIM TIM!

451- Tulipa Vermelha, 3/4/13
E sobre a terra, em dor,
Terão vingado somente
O riso do pecador
E o pranto do inocente.

Niterói, dezembro de 2013
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Poeta, médico e louco


Para entender as mulheres
Algo posso te ensinar;
Se é isso que tu queres
É preciso estudar.

Recomendo Poesia
E Medicina também;
Muita Psicologia,
Nada de Exatas, porém.

O poeta sabe d'alma
Dessa bela criatura
E dedica-lhes a palma
Dos seu versos, com ternura.

O doutor do corpo entende,
Hormônios, ciclos, humores;
Em seus estudos aprende
A tratar de suas dores.

Mas tem que ser é maluco
Pra seguir suas razões;
O homem fica caduco
Se insistir nas discussões.

E os que entendem do riscado
Acreditam no ditado:
"De poeta, médico e louco
Todos nós temos um pouco".

Niterói, dezembro de 2013
Rodolfo Barcellos