sábado, 29 de setembro de 2012

Para Milene



Alagoana,
Sinto saudades de ti.
Sabes? Deixei meus dedos
Dançarem sobre o teclado
Para escrever o recado
Que eu quero deixar aqui.

Alagoana,
Sinto saudades de ti.
Sabes? O teu perfume
Chegou-me através do vento
Que, caprichoso e atento,
Trouxe notícias daí.

Confirmou que tu me amas, alagoana,
E eu que nunca confiei
Nos devaneios da brisa
Desta vez acreditei.

Ama-se, e oh! alagoana,
Ah, Maceió!
Como se ama
Em Maceió!

Sabes, alagoana?
A primavera vem por ti.
Há sete dias passados,
As luzes furta-cores do equinócio
Vieram dançar comigo, ao por do Sol.
E um reflexo rosado
Num tom radioso e dourado
Segredou-me: É por ela que viemos.

Confirmou que tu me amas, alagoana,
E eu que nunca confiei
Nos reflexos das luzes
Desta vez acreditei.

Eu não sabia, alagoana, que meus sonhos,
Nas horas em que estou acordado,
Dormem no umbral de tua porta,
Na comunheira do teu teto,
Na comunhão das rolinhas,
Lá mesmo onde dormem os teus.

E lá, os nossos sonhos sonham juntos
Em prosas e poemas remendados
Com cobras floridas, que voam sem ter asas,
E tiram fotos do Cristo Redentor.

Confirmou que tu me amas, essa cobra,
E eu que nunca confiei
Na malícia das serpentes
Desta vez acreditei.

Por ti, alagoana, as floradas cantam e o céu se enfeita;
Por ti a terra se veste de campos,
Os campos se vestem de lírios
E os lírios se vestem de Deus.

E um serafim trombeteiro, alagoana,
Mulato de  olhos verdes,
Com rosas na carapinha,
Soprou-me forte a trombeta
Dizendo: Por ela eu vim.

Confirmou que tu me amas, esse arauto,
E eu que nunca confiei
Nas profecias dos anjos
Desta vez acreditei.

Viste hoje a Lua? Ela vestiu-se em tons de prata
E fez-se toucar de estrelas
Num luar de serenata
E disse-me que era por ti.

Confirmou que tu me amas, alagoana,
E eu que nunca confiei
Nas confidências da Lua
Desta vez acreditei.

Sinto saudades de ti, alagoana,
Sinto saudades de ti.
Mandei-te igual resposta
Na brisa, nas luzes, na cobra,
No serafim e na Lua,
Em feitio de oração;
Porém só confies nela
Se for idêntica àquela 
Que mora em teu coração.
A Lua passou em Aquário, pronta para a festa,
e deixou um recado antes de ir desfilar em Peixes...
(Foto dia 28 às 19 horas)

     Parabéns, Mi, Pétala Rosadinha, Mi_nina-ternura, Bruxinha, Mimosa, Lagarta Listrada, Milóka, Galeguinha, Miminha...
     Feliz aniversário, Milene Lima! 
     Feliz aniversário, amada nossa!
     Feliz aniversário, querida minha!

Niterói, 29 de setembro de 2012 - aniversário da Milene
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Noves fora


     Pois é... zapeando desanimadamente os canais abertos, nesta era de TV a cabo ou via satélite, eis que me deparo com uma propaganda de supermercado, oferecendo ovos a R$ 2,45 a dúzia. Levei um susto.
     Você, caro leitor, estará nesse momento desconfiando da minha sanidade mental. Com razão, eu diria. Onde já se viu um preço sem o algarismo 9?
     Pisquei os olhos rapidamente; mas o 2,45 não quis se transformar em 2,49 - ou 2,39. Espantoso!
     Ora, espera-se que todos nós saibamos que o mecanismo de formação dos preços é uma ciência exata, na qual o algarismo 9 tem papel de destaque. Devíamos saber que o alegado "efeito psicológico" é um argumento ridículo usado pelos eternos insatisfeitos, buscadores de tenebrosas conspirações contra o sofrido bolso do trabalhador. Se fosse válido, a circulação dos cobres de R$ 0,01 seria enorme. Afinal de contas, o consumidor brasileiro é (é?) um cidadão esclarecido, cioso de seus direitos e não se deixaria enganar por uma simples aparência de preço baixo - ainda mais quando sabe que não vai obter com facilidade o troco que lhe é devido. Pasmem: um país com oitenta milhões de consumidores ativos seria prejudicado em R$ 2.400.000,00 por dia, se cada um deixasse de receber seu troco de R$ 0,01 - isso se só fizesse três compras diariamente. Para onde iria essa dinheirama toda?
     Acho que somos idiotas, mesmo...
     Bem, vamos descontar o fato de que os pagamentos em cartão (juros em torno de 9,99%) minimizam essa roubalheira explícita. Permanece, porém, a roubalheira implícita - e maior - patrocinada pelos adoradores do algarismo 9.
     Mas não é só na formação de preços que o 9 tem presença garantida. As percentagens são outra seara em que ele reina absoluto. E isso não se limita às taxas de juros.
     "Elimina 99,9% dos germes!" - proclama orgulhosamente a propaganda de um conhecido sabonete. O que significa a dizimação quase completa da primeira linha de defesa do nosso organismo - a flora bacteriana epidérmica.
     Produtos para higiene oral prometem destruir com a mesma eficiência nossa flora bucal. Li em algum lugar que, num beijo de língua, duas bocas sadias trocam entre si umas oitocentas bactérias (ou seriam 799?) - talvez esteja aí o "sabor do pecado"...
     Bem, não vou cansar meus 14,99 leitores (sim, alguns de vocês são fracionários) com esse assunto ocioso. Mas que saudade do tempo em que uma dúzia de ovos custava R$ 0,99... ou o sabonete Lux era o preferido de 9 entre 10 estrelas de cinema.
     É... noves fora, zero. E nem um tostãozinho de troco. Acho que vou mudar o nome deste meu cantinho para "Nove Ramos de Oliveira", para atrair mais seguidores...
*  *  *  *  *
     Mas nem sempre o nove é submisso às forças do Mal. Dentro de quatro dias, estaremos celebrando o aniversário de uma querida amiga, no qual os noves são sempre bem-vindos. E enquanto vou embrulhando meu presente deste ano, para juntá-lo aos dos demais amigos, relembro aqui a conta que fiz há um ano atrás:


MAGIA

Já te fiz uns versos mancos,
Outros pouco mais sutis;
Já te mandei versos brancos,
Já te dei rimas febris.
Sou hoje antúrio-poeta,
Tu és pétalas rajadas;
Presto homenagem discreta
À tua alma inquieta,
Nestas coplas mal rimadas.

A Primavera completa
Sete casas já de Libra,
Quando a alma de um esteta
Em tua homenagem vibra;
Foi-se um ano, vagabundo,
E tu do tempo zombaste.
Teu poder hoje, no mundo,
É mais amplo e mais profundo
Sobre todos os que amaste.

Recordas quando tu me perguntaste
Do simbolismo oculto em teus dias,
Em tantos noves que do fado herdaste?
Pois sem cuidar de vãs filosofias
Eu coloquei teus noves na Balança
(Porque és de Libra, querida criança)
E consultei as artes das magias.

E se não crês em bruxedos
Pedirei que tu comproves,
Perante toda essa gente,
Aritmeticamente,
Sem truques e sem segredos,
Tudo contado nos dedos,
Tirando a Prova dos Noves:

Tu nasceste às dezenove
Horas, dia vinte e nove
Deste nono mês, do ano
De um, nove, meia, nove
(Consta em tua certidão).
Pus tudo no caldeirão,
Cozinhei por uma hora,
Até levantar fervura;
E depois dos noves-fora
Cheguei a uma conclusão
Singela, porém segura:
O resultado foi UM!
E no Livro do Feitiço,
Onde não falta nenhum,
Sem sobressalto algum
Encontrei apenas isso:

"A solução aqui está:
Tu és única, querida!
Outra igual a ti não há;
És a flor estremecida,
És una, maravilhosa,
És a pétala da Rosa,
És o símbolo da vida!"

E se isso não bastasse,
Existe a Prova Real:
Houve alguém que não te amasse
Neste mundo virtual?
É claro que não, amada!
Todos estão a teus pés;
Por todos és adorada,
Benquista, idolatrada,
Só por seres tu quem és!

E as estrelas de Aquário
Ou de qualquer outra origem,
Capricórnio, Sagitário,
De Câncer, Áries, Leão,
De Peixes, Gêmeos e Virgem,
De Touro, de Escorpião,
Cantam em coro, contentes,
Nestes versos eloquentes
Em honra a Libra, a canção:

"Salve a estrela mais bela
Que no céu profundo brilha!
A Rosa dos Ventos é ela,
Norte, Sul, Leste ou Oeste,
É sertaneja do Agreste,
Das Alagoas é filha!
Linda estrela radiosa,
Seu nome próprio é Milene,
Seu oculto nome é Rosa;
É a Urna mais luminosa,
É a Rainha mais perene,
É a Pedra mais preciosa,
É a Mulher mais formosa,
É a Luz da própria Selene!"

Esta rima é dedicada
Àquela que as paixões move,
À Deusa mais preferida,
À Musa mais desejada:
És, em inglês, MY BELOVED!
Em espanhol, MI QUERIDA!
Em português, MI AMADA!

Parabéns, Mi.
(setembro de 2011)

*  *  *  *  *
Niterói, setembro de 2012
Rodolfo Barcellos

sábado, 22 de setembro de 2012

Trovas 151-160

     Hoje, às 14:49, horário de Brasília, o Sol transpõe a linha do Equador, trazendo a reboque a senhorita Primavera. Algumas trovinhas não serão demais para dar-lhes as boas vindas.
     Atingi essa marca de 160 trovas (aliás a 157 não é bem uma trova) no início de maio. Quase todas nasceram ao comentar textos particularmente poéticos de meus amigos; e assim poesias maiores geraram estes pequeninos poemas.
"A poetisa sendo tocada pelo dedo da Inspiração"
(Imagem roubada do blog da Marilene)
160 - Marilene, 5/5/12
Nas ruas, casas ou vidas
De onde se expulsa o amor
O vazio acha guaridas
Para instalar a dor...

159 - Dilmar Gomes, 3/5/12
"Amor" - pequena palavra
Que tem sentidos diversos;
E dela o poeta lavra
Mil rimas, trovas e versos!

158 - Isa, 2/5/12
Teus momentos que somados
Já completam quatro anos
São brilhantes delicados
Guardados nos teus arcanos.

157 - Severa, 1/5/12
O yin e o yang
Me deixam perplexo
Prefiro o côncavo
Bem junto ao convexo...

156 - Marilene, 1/5/12
E assim se esconde a tristeza,
E assim se abraça a saudade,
Em versos de tal beleza,
Tanto amor, tanta verdade!

155 - Tony Manna, 1/5/12, por Milene
Vozes d'África, que entoam
O hino da Liberdade
E em versos leves voam
Buscando a felicidade!

154 - Lu Nogfer, 1/5/12
Nestes poemas dispersos
Teu céu é a folha vazia;
Tuas asas são teus versos,
Teu voo é a Poesia.

153 - Carla, 26/4/12
O amor, na tua ausência,
Tem cor de infelicidade,
Tem o sabor de carência,
Tem perfume de saudade.

152 - Marilene, 26/4/12
Silêncios, esperas, mágoas,
Desencontros e ausências
São os rios cujas águas
Levam ao mar das carências...

151 - Carla, 23/4/12
Tuas palavras-crianças
Feitas de luz prateada
Brincam com passos de danças
Em teus compassos de fada.

Niterói, setembro de 2012
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Uma de menos

A persistência da memória - Salvador Dali

     O tempo escorre lentamente do relógio, em tiquetaques preguiçosos e vadios. É o velho demônio irritante, tirando do saco de minha vida, já meio murcho, uma moeda a cada tique e atirando-a no saco sem fundo da eternidade a cada taque. E ele faz isso sorrindo, sarcástico, para mim. "Uma de menos... uma de menos... uma de menos..." - vai ele desfiando a ladainha dos segundos que se perdem sem resgate.
     Mas hoje, demônio velho, não cairei nesse truque psicológico barato. Não ligarei a TV, não lerei livros ou jornais, não telefonarei para ninguém. Porque sei que ela, a minha amada, está vindo.
     Desfia a tua ladainha, velho demônio, desfia-a mais rápido, que os segundos da espera não se contam como aqueles da tristeza. E quando minha amada estiver em meus braços, será minha vez de contar: "uma a mais, uma a mais, uma a mais..."
     Pois dela os beijos são vida, e os carinhos são eternidade, e seu amor não cabe neste ridículo universo onde espaço e tempo têm seus limites. Ela me levará nas asas da paixão e me guiará para onde não se contam moedas, onde não há sacos de diferentes tamanhos, onde os demônios contadores se encolhem envergonhados e perecem à míngua de relógios, onde tempo não é dinheiro e dinheiro não é mais que fumaça. E lá escarneceremos de ti, até o fim dos tempos.
*  *  *  *  *
      Esse pequeno ensaio foi publicado no Quiosque do Pastel em 17/11/2011, e eu achei que ele merecia uma reedição, em homenagem à primavera que está chegando.

Niterói, setembro de 2012
Rodolfo Barcellos

     PS: os "blogs" O Livro Imortal e A Biografia do Fogo, do Moisés Poeta, estão completando dois e três anos por esses dias. Parabéns ao amigo. http://olivroimortal.blogspot.com/2010/09/benjamin-franklin.html
http://biografiadofogo.blogspot.com/2009/09/eu-nao-sou-triste-alegria-vive-sempre.html

sábado, 15 de setembro de 2012

Sete Sete-setes, IX

     Sete-setes de junho-julho... para comentar as palavras em verso e prosa, os textos inspiradores de meus inspirados amigos...
    E a IX.4 está aí de enxerida. Achei-a perdida em algum desvão esquecido do disco rígido do meu PC e tratei de resgatá-la.
Imagem: As  Musas dançam com Apolo, por Baldassare Peruzzi - Wikipedia

IX.7- Cecília, 1/7/12
Na orla do Mar do Sul
Teu valhacouto, poetisa,
Fica numa tenda azul
Íntegra, una, indivisa,
Tecida com os teus sonhos,
Versos alegres, tristonhos,
Em rima louca e imprecisa.

IX.6- Regilene, 1/7/12
Caminho extraviado,
Verdade que foi perdida,
Vida que deu errado,
Alma pisada e ferida;
Tudo será resgatado
Naquele que foi chamado
Caminho, Verdade e Vida.

IX.5- Milene, 1/7/12
Inda não foi inventada
Na língua dos menestréis
A palavra encantada
Que exprima quem tu és.
O alfabeto, como prêmio,
Pagará foro e laudêmio
A quem rojá-la a teus pés!

IX.4- Milene, 14/12/11
Ô, Miminha, me perdoa!
Pois mesmo que a ti te doa
O atraso de um dia ou mais,
Eu prometo humildemente
Perante toda essa gente,
Se isso te deixa contente,
Não me atrasar jamais!

IX.3- Sissym, 30/6/12
Faz de conta, Sis querida,
Que as contas que a gente faz
Para dar conta da vida
Não contam menos nem mais;
Não contes as despedidas
Nunca contes as partidas
Faz de conta... se és capaz!

IX.2- Marilene, 30/6/12
Enfrenta com confiança
O medo, a dor, a verdade;
Na jaula há segurança,
Há riscos na liberdade.
As saudades se enraízam,
As feridas cicatrizam
Buscando a felicidade.

IX.1- Nathy, 29/6/12
Um coração mal amado
É como ouro derretido
Num crisol muito aquecido
Por um alquimista errado;
Num pranto triste e sentido
É novamente perdido
O que já fora encontrado.

Niterói, setembro de 2012
Rodolfo Barcellos

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Cuecas e calcinhas

     Fui abençoado ao nascer com uma santificada ignorância sobre Economia e Finanças; mas tendo convivido com inflação galopante, planos econômicos diversos e pacotes mirabolantes, alguma coisa aprendi sobre o dinheiro nosso de cada dia. E quero dar meu pitaco, valha o que valer, sobre a oportunidade da participação do Brasil como país-sede dos próximos megaeventos de repercussão mundial: a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
     Para dar uma ideia, o casamento de Kate Middleton com William of Wales movimentou uns 25 milhões de Euros. As Olimpíadas de Londres, uns trinta bilhões de reais. A Copa na África do Sul, cerca de dois bilhões de dólares.
     Os números foram obtidos na Internet, e eu não vou perder tempo verificando a precisão dos mesmos ou convertendo moedas diferentes para comparar diferentes situações. Mas acho que todos concordam comigo: é muita grana.
     Também não quero embarcar na canoa furada dos druidas que profetizam e quantificam gastos astronômicos para a Copa de 2014 ou as Olimpíadas de 2016. Está na cara que vai ser outra nota preta.
     O que não entendo é essa polêmica sobre se o Brasil tem condições econômicas de "bancar" tais eventos, ou se não seria mais aconselhável destinar os recursos para a Educação, Saúde etc.
     Gente, dinheiro não é material de consumo! Não se queima com o uso, como um fósforo! Dinheiro circula!
     Então, o que realmente importa é de onde vem e para onde vai o dinheiro, e o que acontece nesse caminho dele.
     No "Casamento do Século", o dinheiro que saiu dos cofres públicos foi parar no bolso de costureiras, doceiras, decoradores, motoristas e trabalhadores em geral. Daí saiu para as despesas do dia a dia, incluindo médicos, professores e moradia (leia-se Saúde, Educação e Habitação - na esfera privada). E a cada passo desse caminho, uma parcela, sob a forma de taxas e impostos, retornava ao Erário - às burras da Coroa - fechando o ciclo e reforçando o orçamento da Saúde, Educação e Habitação (entre outros), na esfera pública.
     Coisa parecida aconteceu nas Olimpíadas de Londres. E em ambos os eventos, houve o aporte de recursos de fora, via turistas e cessão de direitos de televisão. Se você acompanhou os acontecimentos pela TV, contribuindo para o aumento do IBOPE das emissoras que cobriram os eventos, você bancou uma pequenina parcela daquela grana toda. Ou você acha que não paga a TV aberta? Você paga consumindo produtos nela anunciados.
     Na África, foi quase igual. Mas uma certa desorganização, devida à inexperiência na promoção desses megaeventos, reduziu os benefícios paralelos. E consta que o governo de lá ainda está tapando alguns buracos.
     E como será no Brasil? Como será no Rio?
     Bem, dificilmente atingiremos a perfeição demonstrada pelos britânicos, mas acho que poderemos superar nossos irmãos africanos... se não formos derrubados por um inquietante detalhe: as cuecas.
Foto minha. Pouca grana para ilustrar convenientemente a matéria...
     Cuecas, meias e outras peças íntimas, incluindo peças femininas, são graves obstáculos à livre circulação do dinheiro, no Brasil. Qualquer que seja o estilo ou a cor, quando usadas por certas pessoas atuam como sorvedouros, como verdadeiros buracos negros. E uma vez absorvido, perde-se a pista do dinheiro... mas é certo que a maior parte dele não chegará jamais à Saúde ou à Educação.
     Os doutores em Economia ainda estão estudando a patologia dessa curiosa moléstia que aflige as finanças tupiniquins. Já se sabe, por exemplo, que a infecção existe há muito tempo, mas estava incubada; e a causa dos virulentos surtos recentes ainda não é bem conhecida. Mas se quisermos assegurar um futuro de sucesso para nossos megaeventos, o tempo urge. E na falta de uma vacina a curto prazo, devemos proceder à imediata profilaxia das cuecas e congêneres.
     Falar nisso, as eleições estão aí... isso me lembra: hora de conferir as griffes, modelos e cores preferidas pelos candidatos e como anda a procura no comércio por meias, cuecas, calcinhas e moda íntima em geral...
     Votem bem, amigos... não permitam que as cadeiras das nossas honradas assembleias municipais sejam contaminadas por cuecas e calcinhas esburacadas e corrompidas. Salvemos a Copa e as Olimpíadas!
     (Se ainda houver tempo...)

Licença Creative Commons O texto "Cuecas e calcinhas" está licenciado sob uma licença Creative Commons Atribuição-SemDerivados 3.0 Brasil. É livre a cópia e a distribuição, mesmo em publicações de caráter comercial, respeitados os créditos e a forma original do texto. A foto ilustrativa está incluída nessa licença.

sábado, 8 de setembro de 2012

Trovas 141-150

     Quando comecei a compilar minhas trovas-comentários não tinha ideia do potencial inspirador dos textos que vocês, meus amigos, tão generosamente espalham pela blogosfera. Essa marca de 150 quadrinhas - a grande maioria na forma de trova clássica - foi alcançada ainda em abril... fruto dos belos pensamentos e poemas de vocês. São, portanto, nossas.
Dama da Noite - Por Rodolfo e Bia Barcellos
150- Denise, 21/4/12
Que a paz e a serenidade
Estejam sempre contigo
Neste mundo, que em verdade
É teu refúgio e abrigo.


149- Marcia, 20/4/12
Se um dia, porventura,
Em minha rede te achar
Te soltarei com ternura,
Te seguirei no teu mar.


148- Denise, 20/4/12
Desistir não é saída
Para quem quer prosseguir;
Se queres viver a vida,
Desiste de desistir.


147- Denise, 16/4/12
Começo bem a semana
Lendo aqui tua alma.
Todo o teu texto emana
Felicidade e calma.


146- Mellíss, 15/4/12
Fui-te árvore um dia
Depois vento me tornei
Para a flor que me queria
Tudo o que queiras serei.


145- Mellíss, 15/4/12
Foste-me na poesia
Brisa, nuvem, folha e flor;
Hoje me és trilogia:
És Fé, Esperança, Amor!


144- Cecília, 13/4/12
Anjo, espírito ou vento,
Vejo-te luz e clarão,
Ouço-te canto e lamento,
Sinto-te chuva e paixão.


143- Carla, 14/4/12
Quando o ciclo se completa,
Noite e dia, sol e luar,
O amor que dorme desperta
E acordado vem sonhar...


142- Ma, 12/4/12
Este teu negro profundo
Em sua alma encerra
Todas as luzes do mundo,
Todas as cores da Terra...


141- Sandra Subtil, 11/4/12
Nos sonhos deste meu sono,
Querida Sandra Subtil,
As tardes de meu outono
São manhãs do teu abril...

Niterói, setembro de 2012
Rodolfo Barcellos

     PS: Parabéns à amiga Evanir pelo seu aniversário - acho que é depois de amanhã.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Pátria amada

     As margens do riacho, outrora plácidas, estão mortas e surdas. Já não ouvem o brado retumbante do povo que de herói se fez refém dos mercadores de ilusões.
     A luz da liberdade, que brilhava em raios fúlgidos, hoje se coa penosamente entre as nuvens negras da corrupção que escurecem o céu da Pátria.
     A igualdade foi penhorada em cotas desiguais, pelo braço forte de um conquistador...
     E continuamos desafiando a própria morte, não mais no seio da liberdade, mas na selvageria do tráfego e do tráfico.
     Deus te salve, ó Pátria amada!
     O sonho se transforma em pesadelo, e já não há fé no amor... talvez só a esperança desça à terra.  Pois o Cruzeiro ainda resplandece no Céu.
     Tua natureza sofre, gigante! Impávidos os homens exploram-te belo e forte, sem ver que tua colossal grandeza espelhar-se-á diminuída no futuro.
     Ah, minha terra adorada! És ainda minha mãe gentil, amada... és minha Pátria, Brasil!


     Não mais é esplêndido o teu berço. O som do teu mar traz apitos de óleo cru e a luz do teu céu se cobriu de fumaça. És florão deflorado à luz sombria de um mundo novo.
     Onde se perderam as terras garridas? Onde as flores dos campos risonhos, a vida dos bosques, os amores?
     Deus te salve, ó Pátria amada!
     Tua bandeira é ainda o lábaro estrelado. Morreu o amor eterno? E o verde-louro de tua flâmula, se inda diz da tua glória passada, cala-se sobre a paz de teu futuro.
     E se ergueres a clava, será a da justiça? Correrão teus filhos à luta? Não temerão, mesmo te amando, a própria morte?
     Ah, minha terra adorada! És ainda minha mãe gentil, amada... és minha Pátria, Brasil!

Niterói, setembro de 2012
Rodolfo Barcellos

Licença Creative Commons O texto "Pátria Amada" está licenciado sob uma licença Creative Commons Atribuição-SemDerivados 3.0 Brasil. É livre a cópia e a distribuição, mesmo em publicações de caráter comercial, respeitados os créditos e a forma original do texto. O vídeo não está incluído nessa licença.

     PS: Parabéns a Ma e a Antenor pelas bodas (não sei de que, mas acho que não são de barro - 8 anos - nem de cerâmica - 9 anos). E mais um motivo extra - o Antenor aniversaria hoje. Abraços.

sábado, 1 de setembro de 2012

Sete sete-setes, VIII

     Essas sete-setes são de junho. A VIII.1 saiu no Sete Ramos no pacote do Dia dos Namorados; as demais nasceram como comentários aos "posts" dos amigos citados, nas datas correspondentes.

VIII.7- Milene, 27/6/12
O escuro tem hora certa
De chegar e ir embora;
Vem quando a saudade aperta,
Vai quando o amor aflora.
Pirilampo da boemia,
Brinca na noite vadia
E dorme ao romper da aurora.

VIII.6- Graça, 26/6/12
É um cartão postal enviado
Por nós, no tempo passado,
Para nosso "eu" futuro;
O selo é o coração puro,
O Tempo é o portador
A caixa postal é o Amor,
E a Saudade é o seguro.

VIII.5- Marcia, 25/6/12
Convite irrecusável
Súplica doce e completa
De uma rima órfã e amável
Em busca de um poeta
Que lhe dê trova dileta
Ou sete-sete repleta
De carinho inefável.

VIII.4- Severa, 25/6/12
Chega pra lá, Lampião,
Que essa Maria Bonita,
Essa Severa catita,
Na festa de São João
Já me fez pular fogueira
E dançar a noite inteira
Com fogo no coração!

VIII.3- Marcia, 22/6/12
Bálsamo suave é o verso
Para a dor de quem o lavra.
Um pouco em cada palavra
Esvai-se o sofrer perverso;
Mas a cura, com efeito,
É o pedido em prece feito,
Em cada estrofe disperso.

VIII.2- Marilene, 10/6/12
Uma chama que estremece
Numa vela que se finda
É uma luz que merece
Brilhar muito tempo ainda;
Basta que acendas nela
O pavio de outra vela
Para teres luz infinda.

VIII.1- Sete Ramos, 10/6/12
Às amigas e aos amigos,
Musas e seus companheiros,
Sejam ricaços, mendigos,
Sejam casados, solteiros...
No Dia dos Namorados
Fiquem bem acompanhados
As damas e os cavalheiros.

Niterói, setembro de 2012
Rodolfo Barcellos

     PS: Parabéns à Isa, do "Momentos meus", por mais um aninho de vida. Abraços.