quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

RESOLUÇÕES

DE UM BRUXO VELHO PARA UM ANO NOVO.

    Como a maioria dos amigos empenhou-se em elaborar  sua lista de propósitos para 2011, eu resolvi pegar também esse bonde - nem que seja só pra curtir o passeio em tão boa companhia. E aqui vão as promessas do bruxo velho:

 1 - NÃO CRITICAR O GOVERNO...
   ...enquanto não consertar os vazamentos da minha própria casa;

2 - NÃO ATACAR O RACISMO...
   ...enquanto não abraçar alguém cuja cor seja como o negativo da minha;
 
3 - NÃO RECLAMAR DA FOME E DA MISÉRIA...
   ...enquanto não dividir com um faminto uma côdea de meu pão;

4 - NÃO LAMENTAR A IGNORÂNCIA DO MUNDO...
   ...enquanto não compartilhar um pouco de sabedoria - como mestre ou como discípulo;

5 - NÃO MALDIZER O ÓDIO E A INTOLERÂNCIA...
   ...enquanto não bendizer o amor e a compreensão.

   E chega, porque eu sou bruxo mas não sou santo!


   PS: Seguindo o sábio conselho do Leonel, elaborei um Plano B para cada alternativa. Por exemplo, se não tiver chance de dividir meu pão literalmente e pessoalmente, vou apelar para campanhas tipo "doar um quilo de alimento não perecível" - coisa que sempre faço... só que terei que afivelar a língua até cumprir essa resolução... o que é duro pra quem quer colocar a boca no trombone.
   Sim, eu sei que o dar um pedaço de pão não me desobriga da participação permanente nessas campanhas; mas anima a gente pacas!

   E olha ele aí! Feliz 2011, gente!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Inauguração

   - Bem-vindos! Vamos entrando! Fiquem à vontade! Drinks e tira-gostos naquele barzinho... Ah, Xipan, ainda sobrou uma garrafa de vodka daquele passeio. Milene, você está linda... Rê! Elegantíssima! Sempre uma das primeiras a chegar!
   - Leonel e Jair, prazer em recebê-los... E tá chegando gente... Ah, Si! Arrasou no visual, menina! Acomode-se. Acho que a Lu ainda não chegou, mas olha lá o Sergio, de fusquinha... e parece que ele deu uma passadinha em Portugal - é a Amélia que está com ele? Toda encasacada? Vai morrer de calor aqui, coitada... Êita fusquinha bom, sô!
   - Ainda tem gente lá fora? Manda entrar todo mundo - tá na hora de inaugurar a nova fachada dessa casa que é de vocês. E vamos começar com uma premiação - melhor que a do Oscar!
   - Sabem, há uns meses atrás eu perdi, num incêndio do meu HD, muitos arquivos importantes, entre eles a matriz de um certificadozinho que eu costumava atribuir aos blogs que, a meus olhos, se destacavam em certas categorias. Mas agora, eu vou tirar o atraso, aproveitando uma "blueprint" do belíssimo projeto do Tatto. Assim, a gente combina a festa de inauguração com a de premiação, pois o ano tá acabando e o tempo ruge!
   - E quem tem o certificado antigo, agora tem uma peça de colecionador - raríssima; acho que o Jair está feliz (não com o incêndio, mas com a posse do seu certificado).
   - Pra quem não sabe, as regras de indicação, seleção e premiação são simples: os jurados são em número de três - eu, eu e a Minerva. A Minerva é uma moeda velha de Cr$ 100,00 (alguém se lembra?) e só dá pitaco quando eu entro em conflito comigo mesmo - o que é mais comum do que vocês imaginam.
   - O veredicto dos jurados  é soberano e irrecorrível; mas o choro é livre (se bem que não vai resolver nada).
   - E que rufem os tambores! Que soem os clarins! Vamos à cerimônia de premiação!
   - Para começar... palmas para o Xipan Zeca, vencedor absoluto na categoria Humor!



   - E agora, vamos aplaudir o Balaio da Si, premiado na categoria Literatura!



   - Não poderia ficar de fora aquele que tornou esta festa possível. Senhoras e senhores... Photo Fake, premiado em Arte Digital!



   - E finalmente, aquele que todos esperavam... aplausos para o vencedor da categoria Crônica... o Inquietude!


   - Parabéns aos premiados... e vamos aproveitar! A cerimônia de premiação está encerrada, mas a festa de inauguração não tem hora pra acabar...
   - Hum... tô vendo uns e outros meio com cara de pidão... Calma, gente! Haverá mais prêmios no futuro... isso foi só pra tirar o atraso. Divirtam-se... a festa só termina quando o último sair - e se alguém quiser emendar com o Réveillon... Feliz Ano Novo! Pra todo mundo, aliás!

sábado, 25 de dezembro de 2010

História de um passeio

   No dia 26 de dezembro de 2009, nascia o Sete Ramos de Oliveira. Parto sem complicações, mas induzido pelo doutor Jair C. Lopes, que também foi o padrinho, junto com o Leonel Rodrigues - que comentaram o primeiro  "post".
  Esse "post" ainda existe, mas não sob sua forma original. Por artes de um bruxo, que queria comemorar o aniversário de maneira diferente, seu texto foi transformado radicalmente: de uma pequena, simples e ingênua história de amor em uma matéria cuidadosamente planejada para criar o clima fantástico que eu queria proporcionar aos meus amigos.
   Além disso, fui incentivado pela boa aceitação com que esses mesmos amigos receberam minha singela homenagem ao Inquietude, em seu aniversário - uma simples transcrição do seu "post" inaugural. E tentei dar um passo adiante.
   Mas o pequeno conto, fosse qual fosse seu valor literário, não merecia ser simplesmente jogado na lixeira; e hoje quero apresentá-lo aos amigos que ainda não o conhecem.
   Aliás, sei que nem todos desfrutaram do divertido passeio que marcou o evento; e mesmo aqueles que embarcaram naquela viagem maluca talvez queiram conhecer um novo personagem que se introduziu sorrateiramente no fusquinha e apareceu inesperadamente no episódio IV.
   Para facilitar, deixo aqui os links para cada episódio da viagem, e mais um - para o texto original do primeiro "post", revisado e atualizado.

   Episódio I - Convite para uma viagem fantástica.

   Episódio II - De volta a 2009.

   Episódio III - Discussão sobre o aluguel.

   Episódio IV - Prisioneiros no tempo!

   E o link para o pequeno conto que inaugurou o "Sete Ramos de Oliveira" é:


   O Outro Nome da Rosa - uma história de amor.


   Espero que apreciem. E para quem gosta de colecionar selinhos, deixo aqui este, simples e despojado, mas cheio de bons amigos - exatamente como é o "Sete Ramos"  (Milene, a dona do fusquinha, não quer nem ouvir falar em aluguel dos direitos de imagem):


   O ponto final em 2010 era aqui. Este é um remendo para voltar a 2011 - clique no link abaixo. Feliz Ano Novo, amigos!


Missa do Galo

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/m/missa_do_galo
     In illo tempore, as missas eram rezadas em latim - não só as missas, mas a maior parte dos textos litúrgicos, como as ladainhas, por exemplo. Obviamente eu não entendia nada, mas guardei alguma coisa na memória e refresquei as lembranças com leituras posteriores.
     Enquanto o latinório se limitava ao celebrante, tudo ia bem; mas quando o ritual exigia os responsos dos fiéis, o caso era outro...
     Turris davidica! - puxava o celebrante, na ladainha.
     Tudo é da Dica! - ecoava a caboclada, contrita.
     Turris eburnea!
     Tudo é burro!

     Sedes sapientiae!
     Sede de Sá Piença!
     Virgo potens! Virgo clemens! Virgo fidelis!
     Viva o pote! Viva o creme! Viva o Fidélis!
     A Missa do Galo não era diferente. Por volta das 23 horas, saiam todas as famílias e serviçais para o ato religioso. E a igreja festivamente adornada, com todas as velas do Advento acesas, transformava-se numa referência social tanto quanto num templo de alegres orações. Cantava-se a plenos pulmões o Gloria in Excelsis Deo - que durante as quatro semanas do Advento fora deliberadamente banido da liturgia - e o celebrante despejava sobre os fiéis o melhor sermão que seus dotes oratórios lhe permitiam. Rezava-se o Confiteor e cantava-se o Tantum Ergo.
     Nós, crianças, com o pensamento nas guloseimas da ceia e, principalmente, nos desconhecidos mas maravilhosos presentes que ganharíamos, achávamos enfadonho aquele ritual... mas tínhamos que nos conformar.
     E ao fim da missa, dado o Dominus Vobiscum - que alguns respondiam "e com espirro tutum" - e o Ite Missa Est (Deo Gratias!), ainda tínhamos que aturar os intermináveis cumprimentos e despedidas dos adultos...
     Finalmente voltávamos para casa, mas ainda havia uma provação a vencer: a solene colocação da imagem do Menino na manjedoura, acompanhada de orações que nos pareciam intermináveis!
     É... talvez por essas e outras, nós, que temos mais quilometragem (por favor, "idade", nesse contexto, é palavrão), tenhamos aprendido a ser mais pacientes do que os jovens apressadinhos de hoje, que querem tudo para ontem...
     Sei que há muitos rincões - felizes e abençoados lugares! - por esses Brasis afora, que preservam muitas dessas tradições que enriqueceram minha meninice. E especialmente para essas gentes quero hoje desejar boas festas e...
...FELIZ NATAL PRA TODOS.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Aula pra BIOS

   Para escrever em negrito ou em itálico numa postagem, temos uma barra de ferramentas no Editor que facilita as coisas. Mas essa barra não está disponível quando digitamos comentários, e por isso precisamos usar "tags" HTML, que são códigos de formatação.
   Como esses códigos não são mostrados quando se publica uma postagem ou um comentário, é impossível exemplificá-los em um texto; e depois de quebrar a cabeça um pouco, achei a melhor solução: usar imagens.
   Na figura, estão mostrados os textos como devem ser digitados na caixa "Postar um comentário". Como se trata de imagens, você não pode simplesmente copiar e colar. Digite-os, exatamente como estão, na caixa de Comentários e clique em "Visualisar".

   Se não houver erros, o resultado será:


   Normal negrito normal.
   Normal itálico normal.
   Negrito itálico.


   As tags b e i são fáceis de memorizar. Mas a tag a - usada em links - é um pouco mais complicada. Ela deve ser digitada exatamente como no exemplo abaixo:


   É obrigatório o espaço entre o a e o href. O resto do código deve ser digitado sem quebras de linha e os espaços só são permitidos no texto de título - no caso, Blog da RÊ.

   href= indica que tudo o que vem entre aspas logo depois é o hipertexto de referência - no caso, o endereço do "toforatodentro". Depois do sinal de maior que, segue-se o título que vai aparecer no comentário, e finalmente a "tag" é fechada da maneira usual. É claro que o endereço pode ser copiado e colado, desde que a forma final seja mantida. O resultado, quando se digita na caixa de comentário e se clica em "Visualizar" - se não houver erros - será:


   - Visite o
   Blog da RÊ
   - Eita trem baumm!


  Onde o link se destaca do texto comum (esse aí não é um link de verdade - é apenas um texto formatado para imitá-lo. A aparência varia de um Blog para outro).

   Sintam-se meus amigos à vontade para fazer este "post" de cobaia... bons comentários e Feliz Natal!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Passeio

   - Oi, Memem!
   Ela já tinha me visto. Paramos para conversar.
   - Oi, Rodolfo... sabe que é a primeira vez que você me chama de Memem?
   - É pra te proteger... quero levar você pra uma viagem no tempo, e Memem é um nome mais seguro do que Mi, Milene ou mesmo Sassevasá Enelim.
   - Ué... por quê?
   - Porque é imune a feitiços Sassevasá. Tente.
   - Xavê... Sassevasá Memem... dá Memem, mesmo!
   - Isso aí. Você quer ir?
   - Claro! Vamos pra onde?
   - Não é pra onde, é pra quando... já disse que é uma viagem no tempo.
   - E pra quando nós vamos? E vamos de quê?
   - Vamos passear pelo ano que passou. Quero te levar à inauguração do Sete Ramos de Oliveira, e mostrar alguns momentos especiais. E vamos no seu fusquinha, é claro. Já o adaptei para FLEX e revisei os circuitos de tempo...
   - E os nossos amigos?
   Ela está sempre acompanhada de vários amigos... alguns, eu nem conheço direito.
   - Quem quiser pode vir, também.
   - Mas não vai caber... principalmente se o Xipan quiser levar aquele engradado de vodka...
   - Cabe, sim. É só usarmos o feitiço do amontoamento. Nós dois juntos, pra garantir. Um, dois e ...
   - É-DI-MON-TÃO!
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   - Aí, moçada, todos estão acomodados? Simbora, então. Alguém, por favor, clique na data que aparece no painel do tempo...


 PAINEL DO TEMPO

domingo, 12 de dezembro de 2010

Parabéns

- PARABÉNS, MILENE! PARABÉNS, INQUIETUDE!
- Mi, entre a bela homenagem do Tatto e a simplicidade de sua mensagem, eu escolhi o fusquinha. Ele é a sua cara... está sempre nos levando a algum lugar novo e interessante. Mas hoje, esse fusca vai curtir uma de DeLorean para nos levar ao passado...

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sábado, 12 de dezembro de 2009


Cá Estou



Olá.

Olá a mim mesma, já que estou inaugurando esse blog e nem sei no que vai dar. Meu propósito é escrever... sobre o que nem sei ainda. Postar poemas que adoro, considerações sobre os temas mais diversificados, importantes ou nem tanto.
Espero que venham.
Espero que leiam.
Espero que fiquem.
Um bom fim de semana...por enquanto pra mim mesma.
Rsrs.
Beijos.




2 comentários:


Infortec disse...
Que mensagem mas atraente...rsrsrsrs amei.Isso significa que vc se ama muito...e isso é muito bom.Bjs
pedro disse...
SABE MI? ACHO QUE PESSOAS CRUZAM NOSSOS CAMINHOS E NA MEDIDA QUE A GENTE VAI MELHORANDO DEUS DIRECIONA NOSSOS PASSOS AO QUE É BOM, AOS ILUMINADOS. E QUANDO A GENTE PERCEBE ESTÁ ASSIM RODEADA DE LUZ. TENHO SENTIDO MINHA VIDA ASSIM, POUCOS AMIGOS, POUQUISSIMOS, MAS TODOS FORMAM UMA CORRENTE DO BEM.NÃO DEIXO NINGUÉM QUE NÃO SEJA DO MESMO PATAMAR FICAR JUNTO PORQUE NÃO QUERO QUE ROUBEM AS ENERGIAS, QUERO SIM QUE JUNTE PARA QUE MESMO POUCOS POSSAMOS ILUMINAR O CANTINHO QUE DECIDIRMOS FICAR. E VC É ASSIM...UMA LUZ IMENSA.BEIJOS WAGNÉIA

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- Nota: removi os "links" da sua postagem, para evitar conflitos no Blogger, mas deixo aqui um link para a postagem original:
- Abraços, beijos e carinhos mil, bruxinha!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sadismo

- Não gosto do Faustão. Não gosto de ninguém que invada minha sala aos berros. E sobretudo, não gosto das famosas "videocassetadas". Não acho graça na alheia desgraça.
- Sim, sei que muitas são cômicas... até no aconchego do lar ocorre-nos soltar uma boa gargalhada quando um ente querido se mete numa situação daquelas; mas, dada a risada, corremos sempre a verificar se tudo está bem, e a prestar socorro quando necessário.
- E esses laivos de sadismo podemos satisfazê-los perfeitamente assistindo a filmes e, principalmente, a certos desenhos. O meu predileto, no gênero,  é o Papa-Léguas (Bip-Bip) versus Coiote... haja cacetada!
- Mas qual a diferença? Bem, eu sei que nos filmes e desenhos ninguém se machuca de verdade; mas, no "domingão"... sei lá!
- A literatura também proporciona pratos suculentos para nossos inconfessáveis apetites de sadismo. E quero saborear com vocês um lauto banquete, um prato português legítimo, cuja receita perdi, junto com o nome do "Chef"... mas não faz mal, algum dos meus cultos amigos certamente saberá o nome do autor e me ajudará a dar os créditos a quem de direito. E quanto às lacunas na receita, complementei-as de memória com ingredientes meus, o que talvez altere o sabor original, mas manterá seu caráter picante. Vamos nessa:

- UMA CRÔNICA PORTUGUESA

- (Carta-resposta):

- Ilustríssimo Sr. Dr. Delegado Provincial,
- Saúde.
- Atendendo à vossa ordem, e na impossibilidade de servir-me das minhas, valho-me das mãos abençoadas de Sor Tereza, que misericordiosamente me assiste neste pobre leito de hospital, e passo a descrever-lhe os detalhes do infausto acontecimento que me reduziu à infeliz condição de impotência na qual me encontro agora.
- Saberá pois Vossa Senhoria que, sendo eu pedreiro de ofício, estava a arrematar uma obra de seis andares, quando notei que sobrara uma pilha de uns duzentos tijolos a um canto do terraço.
- Não querendo desperdiçar tão ricos sobejos, deliberei baixá-los ao rés-do-chão, por meio de um grande barril, pendurado a uma corda que passava por uma roldana, solidamente presa a um forte madeiro encravado na cimeira do prédio.
- Portanto, desci ao térreo e icei o barril até à altura do terraço, amarrando a corda com firmeza a uma estaca próxima. Em seguida, subi ao terraço e depositei os tijolos no barril pendente.
- Voltei ao térreo e agarrei firmemente a corda com minha destra, enquanto desfazia com a canhota o nó que a atava a estaca.
- Vossa Excelência decerto sabe, pelo laudo médico, que eu era um homem forte, com 90 quilogramos - todos de músculos -, capaz de sustentar pesos de 180 Kg e mais. Pois qual não foi minha surpresa, ao me ver elevado ao ar, quando sabia que o barril e sua carga não pesariam mais que uns 120 Kg!
- Desesperado, agarrei-me à corda e fui subindo com rapidez crescente. Na altura do terceiro andar, colidi violentamente com o barril que descia. Foi quando fraturei a perna direita e sofri luxação no ombro do mesmo lado.
- Mesmo assim, continuei agarrado à corda e subindo, até que meus dedos da mão direita fossem esmagados entre a corda e a roldana.
- Pendurei-me como pude com a canhota; mas àquela altura, tendo o barril perdido seu fundo e sua carga no choque com o solo, começou a subir - e esse vosso infeliz criado a descer!
- No novo entrechoque com o barril que subia, deslocou-se-me o ombro esquerdo e o quadril do mesmo lado; e ao estatelar-me sobre os tijolos espalhados no solo sofri sérias lesões na coluna e quebraram-se-me quatro costelas.
- Exausto de forças, soltei a corda - e vi precipitar-se sobre meu alquebrado corpo o barril sem fundo, espatifando-se sobre mim e lesionando-me as partes pudendas.
- Mesmo então, ainda dava graças por estar vivo, quando o pesado madeiro, com a roldana e a corda, abalado por tantos solavancos, aluiu de vez e abateu-se sobre minha pobre carcaça indefesa.
- Perdi os sentidos; mas creio que foi então que sofri o afundamento do crânio e a fratura do maxilar e de ambas as clavículas...
- Sem mais, assino-me respeitosamente,
- António dos Santos
- Mestre de Cantaria.


- Não é de morrer de rir?
- Pois é, se Freud não explica... que tal a Rê?

- Mas a moça do divã é esperta... ela com certeza vai descolar uma explicação, e ainda vai querer saber com que direito eu me utilizei da sua imagem... quer dizer, a do tofora-todentro...
- Seguinte, Rê: mande a conta de seus direitos e da consulta, que eu lhe mando a das risadas que lhe proporcionei... e pode usar os Sete Ramos à vontade - você e qualquer outro amigo que queira.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pra você...


PEQUENO POEMA DE NATAL
PARA UMA QUERIDA AMIGA

Num  momento esquecido no Tempo,
Num lugar já perdido no Espaço,
Uma Estrela perdeu-se a si mesma,
E sua Luz se perdeu.

Anos-luz de Espaços mais tarde
E milênios de Tempos mais longe,
Num aprisco no Tempo perdido,
Numa noite no Espaço esquecida,
Uma Luz que perdera seu astro
E uma Estrela carente de Luz
Por acaso se encontraram;

O Tempo achou seu lugar,
O instante achou seu Espaço,
A Estrela rebrilhou
E o milagre aconteceu:
Momento e lugar se encontraram,
Espaço e Tempo se uniram,
E o mundo de luz se encheu!


Niterói, 9 de Dezembro de 2010
Rodolfo Barcellos

FELIZ NATAL, LOIS!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Apelo

- APAGANDO O INCÊNDIO

 - Faço uma pausa na minha série natalina para vestir meu uniforme vermelho (o de bombeiro, não o outro) e ajudar os amigos a combater o incêndio que irrompeu no De Tudo Um Pouco.
- Não sei se o sinistro foi acidental ou criminoso; mas parece que o foco principal está difícil de controlar. A nossa querida Lois, dona do pedaço, está meio perdida, querendo derrubar o prédio para apagar o fogo.
- Lois, amiga nossa, não faça isso! Deixe que nós derramemos quanta água for precisa para aplacar as chamas, e escute as palavras desse amigo, que já colheu muitas desilusões pela vida e algumas na blogosfera...
- É, sei que as suas desilusões são únicas, só suas, intimas e particulares, e vou deixar para a Rê  o convidar-te para deitar no divã, mesmo porque eu só tenho um velho catre de campanha, guarnecido com um colchonete esgarçado e coberto com um lençol puído. Por isso, vou limitar-me a recitar uma página do Manual de Ética do Blogueiro. O titulo: Direitos e Deveres.
1 - DIREITOS QUE VOCÊ TEM
a) postar o que quiser;
b) apagar os comentários que quiser;
c) alijar os seguidores que quiser;
d) seguir a quem quiser;
e) amar e odiar a quem quiser.
2 - DEVERES QUE VOCÊ TEM
a) não desprezar o carinho daqueles a quem você ama.
- Esse é o único dever, moça... e como corolário, você não pode alijar essas pessoas da sua convivência, deletando pura e simplesmente o seu De Tudo Um Pouco, negando a eles o aconchego de sua companhia.
- Mude o visual dele, se quiser... faça uma pausa ou um recesso... faça uma faxina geral e jogue fora o que não presta. Mas não destrua o seu cantinho. É lá que vão te encontrar os que te amam - quando você deixar. É de lá que você virá ao nosso encontro - quando bem quiser.
- Por favor, não aperte a tecla DELETE... ela leva consigo muita porcaria, mas também acaba com inúmeras coisas boas.
- Fique conosco, Lois... por favor!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Eternidade

A persistência da memória - Salvador Dali

- Eu sempre me achei muito seguro. Para mim, a Rê e seus colegas de profissão estariam desempregados se todos fossem como eu.
- Ledo engano. Nesses últimos dias, sem que eu percebesse, ela me deitou em seu divã, me analisou, fez seu diagnóstico e me prescreveu a melhor terapia: escrever.
- E ela soube induzir-me ao tratamento: mandou-me em comentário, há alguns dias, um soneto do Mário Quintana que já se havia sumido de minha lembrança:


AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
Quando um dia eu me for de vossas vidas
Em seus fúteis problemas tão perdidas
Que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
Não o conhece a vida - a verdadeira -
Em que basta um momento de poesia
Para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
Somente por si mesma é dividida:
Não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
Quando alguém - ao voltar a si da vida -
Acaso lhes indaga que horas são...

- Pois não é que o bendito sonetinho ficou me azucrinando as idéias? Foi de propósito, né, dona Rê?

- Bem, tenho uma superabundância de tempo - que, conforme alerta Mark Twain, não é dinheiro - e resolvi exorcizar o soneto tomando-o como mote e compondo uma glosa, em tercetos:
 

GLOSA

Não quero constar de Martirológios,
E se a hora chegar das despedidas,
Amigos, não consultem os relógios

Pois horas eu vivi tão bem vividas
Que as cantarei em salmos eloquentes
Quando um dia eu me for de vossas vidas

Em frações de minutos repartidas
Essas horas  não foram, por contentes,
Em seus fúteis problemas tão perdidas

E se querem fazer-me apológios
Não mos façam como os da negra sorte
Que até parecem mais uns necrológios...

Sejam mais como beijos de consorte
E não como areia de ampulheta
Porque o tempo é uma invenção da morte

A natureza, à sua maneira
Do tempo desconhece esta faceta;
Não o conhece a vida - a verdadeira -

Para tornar tristeza em alegria
Eventos há - a alma é parceira -
Em que basta um momento de poesia

Não queiras tu tapar Sol com peneira
Pois basta de um segundo uma fatia
Para nos dar a eternidade inteira.

Inteira como o é uma caverna
Onde há túneis infindos sem saída;
Inteira, sim, porque essa vida eterna

Em divisões nunca será partida;
Toda fração é una e sempiterna,
Somente por si mesma é dividida

Assim inteira é da glória a ação:
Na derrota ou vitória aos soldados
Não cabe, a cada qual, uma porção.

Heróis e mártires serão amados
Eternamente, sem qualquer senão;
E os Anjos entreolham-se espantados

Buscando tontos resposta pedida,
E ficam sempre em grande confusão
Quando alguém - ao voltar a si da vida -

Do Paraíso a alma no portão,
Do fútil que é o tempo esquecida
Acaso lhes indaga que horas são...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Livro

 - Ano passado, a Larousse tupiniquim lançou a primeira edição brasileira da "História da Astronomia", de Heather Couper e Nigel Henbest, com prefácio de Arthur C. Clarke e traduzida por Henrique Monteiro. Edição luxuosa - capa dura, quase 300 páginas de 290 x 240 mm em papel acetinado e profusamente ilustrada com imagens coloridas de alta resolução.
- Começando na pré-história e (não) terminando com as mais recentes pesquisas  sobre inteligência extra-terrestre (projeto SETI), os autores adotam o estilo inaugurado por Paul de Kruif, em seu clássico "Caçadores de Micróbios", para vencer esses milênios caminhando lado a lado com os maiores astrônomos da História, mostrando seus erros, dúvidas e tropeços enquanto buscavam respostas sobre os mistérios do Universo.
- Texto escorreito e de fácil compreensão, sem descambar para comparações simplistas, tradução à altura, esta edição mereceria um dez com louvor, não fosse por um único senão: a fonte escolhida é de difícil leitura para uma vista cansada, mesmo com lentes apropriadas. Traços fininhos e serifas ausentes em nada ajudam na legibilidade, que em condições de iluminação ambiental  apenas razoável é muito precária.

- O dito "uma imagem vale mais que mil palavras" aqui não se aplica. Ao contrário, parece que as ilustrações travaram com o texto uma luta pelo espaço disponível e ganharam por ampla margem.
- Mesmo assim, recomendo a leitura aos amantes da Ciência. Quem precisar, use óculos, e todos que quiserem desfrutar desta obra nota dez (sem louvor), que procurem um ambiente bem iluminado para curti-la. Vão sem dúvida apreciar.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

De Profundis



 A meus anjos
(imagem pela Regina)
- Busco palavras para exprimir o consolo que vocês, meus filhos, meus irmãos e amigos, derramaram sobre mim, e não as encontro. Obrigado a todos, sem exceção. E permitam-me tomar alguns como porta-vozes de todos; as palavras que a estes dirijo destinam-se a todos vocês:
- Sérgio, meu irmão, que também sabe falar com Deus;
- Regina, minha querida amiga, cuja oração no seu blog ouvi como centenas de murmúrios de todos os amigos, presentes ou não, e que efetivamente trouxe-me luz neste lusco-fusco;
- Daniel, neto querido que encontrou forças em sua tristeza para consolar-me e postou no seu "Queimaduras da Alma" uma linda homenagem à querida "vó";
- Milene, que soube encontrar palavras confortadoras - e a elas acrescentou as de Vinícius;

- Beatriz, Ricardo e Luiz Cláudio, que na dor da perda da mãe encontraram meios de confortar o pai;
- Jair, Brandina, Amélia, Sergio (Serpai), Leonel, Simone, Graça, Tania, Chica, Marilu, Fátima, Branca, a netinha Ana Helena, Aline e Consuelo, Tatto, Marcos, Auxiliadora... Gerusa, ah! Gerusa... minha irmã que se plantou a meu lado como um anjo da guarda... e tantos, tantos outros, vizinhos, conhecidos, parentes próximos e distantes... sem esquecer os membros da Comunidade dos Santos Anjos, liderados pela Teresa - que passou pelo que estou passando agora quando meu irmão Tarcísio faleceu - enfim, é impossível citar todos, mas que todos saibam que sua solidariedade deu frutos. A saudade aumenta dia a dia, mas a dor vai aos poucos sendo mitigada.
- Obrigado. De coração. Deus os abençoe.

sábado, 13 de novembro de 2010

Maria Helena

- Ontem, dia 12, às seis da manhã, minha querida esposa Maria Helena entregou sua alma a Deus.
- Hoje, às dez da manhã, nós entregamos seu corpo à terra.
- Restaram para nós as saudades e lembranças - alegres, serenas, felizes - que ela nos deixou em herança, para enxugar nossas lágrimas e aliviar nossa dor.
- Vá com Deus, meu amor.

domingo, 7 de novembro de 2010

Comédia

Bico-de-pena de Gustave Doré para
A Divina Comédia, de Dante Alighieri.
Beatriz guia Dante ao Paraíso.

 - O teatro grego legou-nos os símbolos da Tragédia e da Comédia, sob a forma de máscaras - uma sorridente e a outra tristonha. Mas o sentido exato da palavra comédia modificou-se sutilmente nos últimos séculos.
- No século XIV, a palavra ainda conservava seu significado original - uma narrativa com final feliz, ao contrário da tragédia. E a Divina Comédia (c. 1310) retrata fielmente esta conotação. Ela conta como Dante - o próprio autor - após "perder-se", foi guiado por Virgílio pelos caminhos infernais e depois entregue às mãos de sua amada Beatriz - uma guia capaz de conduzi-lo ao próprio Céu.
- Se você não tem paciência para ler o extenso poema original, eu espero que goste do humilde soneto no qual procurei resumir a narrativa épica do grande vate.

COMÉDIA ANTIGA

Perdi-me de mim mesmo, certo dia, 
E fui achar-me numa selva escura.
Tu te doeste desta alma sombria
E me guiaste nesta senda dura.

Por tua mão, pela Geena fria,
Os sete ciclos esta alma impura
Passou temente, sem ver luz do dia;
E agora falo à guia mais segura:

Ao próprio purgatório me levaste
E guiaste meus passos uma vez mais,
Por que não fosse eu jogado às feras;

Enfim, tu me elevaste às esferas
Onde anjos cantam coros celestiais,
Celebrando o amor que me entregaste.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A marciana

- Há cinco anos, quando tracei as primeiras linhas do "Projeto Hades", pesquisei diversos autores quanto ao calendário a ser adotado em um planeta cujo "ritmo de tempo" é totalmente diverso do nosso. Entre várias alternativas, optei por criar a minha própria. E, para me auxiliar, elaborei um pequeno programa (em FreeBasic) capaz de me fornecer os dados necessários.
- Quando da recente festinha que fizemos para a Milene, ocorreu-me transpor as datas para o "meu" calendário marciano. E acho que vocês vão gostar do resultado.



(clique na imagem para ampliar)

MIMOSA MARCIANA

Se você fosse nascida
Num planeta mais distante,
Certo teria um vida
Diferente, interessante.

Em Marte você nascesse,
Vinte quilos pesaria;
Leão, sim, seria esse
Seu signo e companhia;

Pois no calendário deles
Em seu dia, e mais nenhum,
Era dezesseis do Jarro
De mil e cinquenta e um

A Terra solta em Câncer,
Sol e Vênus em Leão,
Saturno sozinho em Touro,
Netuno no Escorpião.

Festa na casa da Virgem,
Mercúrio, Ceres, Plutão;
Júpiter e Urano em Libra,
Faça as continhas, então:

Como lá hoje é o Arqueiro
De mil e setenta e três.
Você só tem vinte e dois!
Mas ora vejam vocês!

Dois patinhos na lagoa...
Você fica bem na foto,
Seja em disco voador,
Seja em garupa de moto.

- A imagem foi gerada pelo programinha. Pretendo, até o final do ano, aperfeiçoá-lo e disponibilizá-lo para os amigos.

- Ah, e as posições dos astros nas casas zodiacais são, evidentemente, do ponto de vista de Marte...
- Usei a Milene como cobaia, sem pedir-lhe licença, mas não vou pedir desculpas pelo abuso... toda vez que faço isso, ela me dá um puxão (mais ou menos carinhoso) na orelha.
- Abraços, amigos.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Nomes

 - Dizem que nossos caboclos herdaram dos antepassados índios o hábito de darem aos recém-nascidos nomes relacionados com fatos, pessoas ou objetos que lhes chamavam a atenção, na época do nascimento. Não sei se isso é verdade, mas conheci muita gente boa com nomes no mínimo curiosos - um colega de sobrenome Pernilongo, um outro chamado Onaireves...
- Há uns 40 anos atrás, um artigo numa das últimas páginas do Jornal do Brasil me chamou a atenção. Recortei-o e guardei-o, mas após quatro décadas de vida cigana, com oito mudanças de domicílio, o recorte perdeu-se em algum desvão imperscrutável de um caminhão baú.
- O artigo era simplesmente uma listagem de nomes pitorescos, garimpados no arquivos do extinto INPS. Não me recordo da autoria.  Cito o texto de memória, ressalvados alguns lapsos.
- Antônio Dodói, Antônio Melhorança, Antônio Treze de Julho de Mil Novecentos e Treze, Bomfilho Persegonha, Cafiaspirina Cruz, Céu Azul do Sol Poente, Dezêncio Feverêncio de Oitenta e Cinco, Joaquim Pinto Molhadinho, José Casou de Calças Curtas, Leão Rolando Pedreira, Maria Passa Cantando, Maria Privada de Jesus, Marimbondo da Trindade, Remédio Amargo, Restos Mortais de Catarina, Um Dois Três de Oliveira Quatro, Veneza Americana do Recife.
- Bom, sei que o tal Um Dois Três existiu mesmo, e era funcionário da Companhia Siderúrgica Nacional, se não me engano. E meu pai confirmou que conhecera a tal Veneza Americana, de modo que a lista adquiriu foros de verdade para mim.
- Para fechar esta matéria, fiz uma breve pesquisa na Internet. E descobri que quase todos os nomes citados (com mais alguns que eu havia esquecido) constavam em uma lista bem mais extensa, que pode ser consultada em
 
- Oxente! 

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tristesse

- Ah, os revolucionários! São eles que trazem vida nova à velha e confortável rotina nossa de cada dia, e sacodem a poeira, o mofo e as teias de aranha que se acumulam na nossa mente. São eles que nos resgatam do passar igual de nossos hábitos monótonos!
- Há-os na política e nas ciências humanas. Há-os na filosofia e na culinária, na estética e na ética, na matemática e na física... onde quer que os busquemos, vamos encontrá-los.
- Há-os nas artes - na Arquitetura, na Pintura, na Escultura, na Literatura, nas artes cênicas - incluindo teatro e cinema... e hoje eu quero falar de um revolucionário da Música. Seu nome: Frédéric Chopin, o malabarista do piano.
- Chopin nasceu na Polônia, em 1810. Gênio musical precoce, aos dez anos já compunha e tocava piano com maestria.

-No final de 1830, já famoso, Chopin transferiu-se de mala e cuia para Paris. Poucos dias depois, a Polônia foi invadida pela Rússia. E logo vieram a lume suas "Polonaises" - que são a exata contrapartida musical do mural "Guernica", de Picasso, em relação à guerra espanhola, um século depois.
- Durante dez anos, Chopin manteve uma relação amorosa problemática com a escritora George Sand. A relação teve fim em 1847, talvez por problemas familiares. Dois anos depois, o compositor morria, vitimado pela tuberculose - sua companheira fiel e inseparável.
- Chopin inovou as técnicas do arpejo e do uso dos pedais, usando-as para produzir um fluxo contínuo - um legato harmonioso, quase cantabile. Raramente apelava para os fortes e fortíssimos - exceto, talvez, nos trechos mais enérgicos das "Polonaises".
- Entre tantas composições vibrantes e patrióticas, o profundo romantismo do compositor deixava escapar ocasionalmente pequenas jóias musicais. O Estudo N. 3 em Mi Maior,  conhecido como "Tristesse", é uma destas. Escrita para piano solo, recebeu inúmeros arranjos para outros instrumentos. Escolhi aqui um arranjo que mantém o piano como protagonista, apoiado por um fundo orquestral de grande profundidade romântica.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Luzes da Ribalta

- Não gosto de teatro e não gosto de ópera. Acho que nasci com um defeito de fabricação sem "recall" e sem conserto, que me provoca uma espécie de indiferença - às vezes, aversão - pelos espetáculos da ribalta.
- Não que eu não valorize os profissionais do palco. Como bem frisou o Jair, eles não têm o recurso cinematográfico do "Corta! - Tá uma merda! - Vamos gravar de novo!". Não, eles têm que desempenhar seu papel à perfeição, dia após dia, enquanto dure a temporada.
- Mas há um tipo de espetáculo "de palco" que aprecio muito: é a apresentação de corais. As vozes em harmonia de homens e mulheres de diversas idades e classes sociais são para mim uma melodia celestial, um verdadeiro retrato da confraternização que todos gostaríamos de ver pelo mundo... e isso me lembra  um certo "post" no "Relicário" da Milene, com um coral universal cantando Stand by Me.
- De qualquer modo, o canto coral me reconciliou com algumas árias operísticas, mesmo cantadas em solo. Destas, as que mais me tocam são aquelas de tom intimista, como a do ciclo
"Canções de Sir Walter Scott", de Schubert (título original Ellens dritter Gesang, D.839 - também conhecida como "A Dama do Lago"), que deu origem à sua famosa "Ave-Maria". E tem uma ária em "Sansão e Dalila", de Camille Saint-Saënz, cuja segunda parte é, no mínimo, enternecedora. O nome da ária é "Mon coeur s'ouvre a ta voix"; aperte o nariz da Maria Callas para ouvi-la:


- Imaginando como ficaria essa última parte num canto coral, meti-me a fazer uma letra em português para ela:

Sim, eu te amarei...
Eu te amarei por toda a vida!
Sim, eu te amarei
Na derradeira despedida!
Todo o meu coração
Se abre ao teu amor,
Como pela manhã,
Ao beijo do sol se abre terna a flor.....
Sim, eu te amarei,
Eu te amarei,
Amor...


- Não sou musicista e não posso julgar o valor da adaptação para corais ou sua viabilidade; mas, na qualidade auto-assumida de poeta menor, acho que a letra não é de se jogar fora.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Mico de Ouro

- Pois é... falei tanto contra os prêmios e selinhos da blogosfera... e aqui estou, pagando mico - literalmente.
- Acontece que tive a honra e o orgulho de receber, de fonte anônima, o mais cobiçado prêmio da blogosfera: o famoso MICO DE OURO!
- O troféu, de posse transitória, tem a finalidade precípua de torrar a paciência dos agraciados. As regras para recebê-lo e distribuí-lo são as seguintes:

- DIREITOS E DEVERES DO DOADOR:
1. Direitos:
-   Repassar o prêmio a quem quiser e quando quiser, sem necessidade de qualquer justificativa;
-   Reter o prêmio para si próprio, indefinidamente, até ser atacado por algum vírus desconhecido;
-   Editar e mudar a figura do prêmio a seu bel-prazer;
-   Mudar estas regras à vontade.
2. Deveres:
-   (não há).

- DIREITOS E DEVERES DO AGRACIADO:
1. Direitos:
-   (não tem).
2. Deveres:
- Xingar o doador na rede pública;
- Xingar o doador também na privada;
- Como recipiendário, começar a exercer de imediato os direitos de doador, ou seja, pagador de mico.
 

- Bem, a princípio, pensei em repassá-lo ao amigo, irmão e ancestral (se assim posso chamá-lo) XIPAN ZÉCA. Achei que ele gostaria de dar um trato no visual desse primo distante, que está meio desmazelado. Mas depois de profunda reflexão resolvi seguir meus inabaláveis princípios éticos.
- Portanto, no exercício de meus legítimos direitos de pagador de mico, repasso o MICO DE OURO, com muita alegria e profundo alívio, para TODOS os meus amigos e seguidores, sem exceção. Sei que vocês não merecem isso, mas o espírito da coisa é esse mesmo.
- Parabéns a todos!

- P. S.:  Em consideração aos amigos, usei os meus privilégios de doador para editar a imagem original, substituindo um gesto de mau gosto (obsceno, mesmo) da pata direita do mal-educado símio por uma cópia espelhada da pata esquerda.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Troféus e Spams



- Na modesta opinião deste leigo apreciador da boa música, essa chinesinha é a maior virtuose do violino desde Paganini. Vê-se na sua expressão que ela ama o que faz. Eu a convoquei para deleitar meus amigos enquanto exponho um assunto interessante, mas meio sem graça.
- Quando resolvi criar meu blog, não esperava mais que um ambiente para compartilhar ideias e opiniões. Bem, descobri que há muito mais que isso na "blogosfera"; mas estou particularmente intrigado com a quantidade de "selinhos" e "prêmios" fartamente distribuídos pelos blogueiros.
- É um prazer receber o reconhecimento dos amigos, e a maioria dos selinhos tem realmente um belo apelo visual; mas o que me deixa com a pulga atrás da orelha é a imposição de redistribuí-los por um certo número de blogs. Isso me lembra as fatídicas pirâmides de anos atrás, que primeiro acalentavam esperanças para logo destruirem amizades.
- Um prêmio que se multiplique dez vezes ao ser redistribuído, alcançará na décima geração a incrível marca de 10.000.000.000 só na base da pirâmide! Não existem tantos blogs no mundo!
- E se o selinho for portador de um vírus? Um vírus com data marcada para atacar? Arquivos de imagens podem ser manipulados nesse sentido...
- Quando recebi o "Blog de Ouro", fiz uma pesquisa: Qual instituição criou o prêmio, quando foi criado, com que finalidade, quais as regras para obtê-lo e indicá-lo... e não obtive obtive respostas claras.
- É chato recusar um presente ofertado por um amigo. Por isso criei regras próprias para receber e redistribuir prêmios e selinhos cuja primeira origem me é desconhecida:
- 1. Pesquisar a origem;
- 2. Passar a imagem por um antivírus confiável e, se possível, cortar os links associados;
- 3. Disponibilizar o selinho para todos os meus seguidores que o quiserem, mas sem impor qualquer obrigação de redistribuí-lo.
- Meus amigos sabem que eu já criei um selinho: é o Certificado de Excelência, individual e intransferível - e por isso mesmo garantido. Outro que lancei é o "Seleções dos 7 Ramos". Ambos indicam claramente sua origem, na própria figura.
- Mas antes que o amigo comece a deletar apavorado todos os seus selinhos e prêmios, quero tranquilizá-lo: creio que a finalidade oculta da maioria deles (se e quando houver) é identificar a máquina hospedeira para fins de "spam" - e nada mais. E os navegadores atuais filtram com eficiência esse invasivo "infomarketing" indesejado.
- E permitam-me finalizar esta matéria dizendo que um breve comentário com que honrem meus escritos me é mais valioso que todos os selinhos da blogosfera!


- P.S.: Escolhi a Ária na Corda de Sol por motivos sentimentais e para destacar a expressão de absoluta entrega que essa soberba violinista mostra ao executá-la. Para melhor julgar seu valor virtuosístico, recomendo vê-la - ainda aos 12 anos - interpretando o próprio Paganini em:
http://www.youtube.com/watch?v=yhve5jT4xmM&feature=fvw

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Churrasco de Gato

- Na época em que os tamborins eram feitos com couro de gato, havia no Rio de Janeiro, nos meses que antecedem o carnaval, uma hecatombe desses felinos, em busca da matéria prima indispensável à manifestação artística maior da cultura brasileira. E, por uma lei econômica formulada por Adam Smith e comprovada por Karl Marx, os agentes dessa hecatombe buscavam auferir algum lucro da parte não aproveitada do gato. Assim nasceu o mais famoso prato da culinária carioca: o churrasco de gato.
- Essa iguaria tem a vantagem de poder ser preparada "indoors". Aprendi a receita com uma integrante da bateria da União da Ilha, e repasso-a aqui para os apreciadores da boa comida.
 

- Ingredientes:
- 1 kg de lombo de gato.
- 2 pimentões médios.
- 2 cebolas médias.
- 250 g de linguiça calabresa fina.
- Sal refinado (não use sal grosso).
- Nota: para alívio dos felinos e frustração dos ratos, os tamborins são hoje produzidos com material sintético. Por isso, é difícil encontrar no mercado lombo de gato de boa procedência. Na falta do nobre produto, use alcatra ou contrafilé bovinos.
 

- Modo de preparo:
- Corte a carne em cubos de 3 cm de lado. Tempere com sal a gosto;
- Corte da mesma forma o pimentão, a cebola e a linguiça;
- Espete os cubos em espetinhos de bambu, intercalando pedaços de pimentão, cebola e linguiça;
- Disponha os espetinhos lado a lado, apoiando as extremidades nas bordas de uma assadeira retangular, de forma a não tocar o fundo;
- Leve ao forno alto por 20 a 30 minutos. Não há necessidade de virar os espetinhos.
 

- Rendimento: 10 porções de 2 a 3 espetinhos cada.
- Sirva com farofa mineira e molho à campanha catarinense. Um bom vinho tinto gaúcho acompanha bem o prato e um pudim de tapioca das Alagoas, como sobremesa, fecha com perfeição o banquete.
 

- Informação nutricional (por porção):
- Lipídios: 0 mg.
- Glicídios: 0 mg.
- Protídios: 0 mg.
- Gorduras trans: 0 mg.
- Gorduras totais: 0 mg.
- Valor calórico: 0 kCal
- Não contém glúten.

- Nota: valores máximos garantidos para degustação virtual.

- Bon apétit...