sábado, 20 de fevereiro de 2010

Rondon

Vez por outra, pesquisando na Internet um tema para documentar algum artigo, meu dedo escorrega e encontro tesouros insuspeitados. Buscando dados sobre livre-arbítrio e determinismo, vejam o que achei ao pesquisar a cultura indígena:

Entrevista que o brasileiro Diaí Nambikuára concedeu à jornalista portuguesa Aurora Matos


É um índio brasileiro, homem culto, licenciado em Sociologia. Entroncado, rosto redondo, olhos negros e repuxados, tez acobreada, cabelos escorridos, terá talvez uns sessenta anos. Apoiado pelos Verdes e outros grupos ecologistas, também pelo S.O.S. Racismo, pela Amnistia Internacional e por múltiplas organizações de defesa dos direitos humanos, há seis meses que anda pelas capitais da Europa a tentar mobilizar a opinião pública do Velho Continente contra o extermínio dos povos indígenas da América Latina. Fala perfeitamente a nossa língua. Mas, do seu discurso, por vezes irrompem inesperadas palavras em tupi-guarani que nos laçam e arrastam para a vastidão do Amazonas e Mato Grosso. E é justamente aí que ele nos revela um outro Ghandi do século XX, que a soberba europeia tentou sempre ignorar. Esta é a segunda entrevista que Diaí Nambikuára nos concede:
- Senhor Dr. Diaí, por favor esclareça-me: quem foi esse Rondon de quem está sempre a falar?
- Aurora, tenha dó, nem senhor, nem doutor...
- Mas devo tratá-lo como?
- Por Você, como normalmente os brasileiros se tratam uns aos outros.
- Seja então! Apesar do morticínio, Você ainda se considera brasileiro?
- Aurora, quando portugueses e outros europeus arribaram ao Brasil, nós já ali vivíamos há muitos e muitos séculos. Por isso os índios são os mais brasileiros dos brasileiros. Quem o disse foi Rondon.
- Mas afinal quem é, ou quem foi, esse Rondon?
- Não posso crer, Você não sabe mesmo? Ao menos sabe o que é Rondônia?
- É um Estado brasileiro, não é?
- Sim, é o antigo Território do Guaporé crismado de Rondônia em homenagem a Rondon. É um pequeno Estado, apenas com a dimensão da Itália...
- Fico na mesma.
- Estou vendo que o Curupira continua soprando as neblinas do Esquecimento, forma nova de confundir os viajantes... Não só em Portugal, não só na Europa, até mesmo no Brasil...
- Curupira? Mas o que é isso?

A matéria é extensa. Antes de postar seu comentário, recomendo conferir o resto em
http://www.vidaslusofonas.pt/candido_rondon.htm

2 comentários:

  1. Infelizmente a história nos conta que, vultos memoráveis como Rondon, cuja grandeza estava na aplicação prática da doutrina positivista, são obnubilados pela massa de borra-bostas que eivam nossa marcha histórica rumo a um país justo para todos. Nossos índios não tiveram a chance de serem assimilados pela cultura dos invasores e, tampouco, deram-lhes a opção de manterem-se dentro dos usos e costumes deles próprios. O que aconteceu foi que para cada Rondon que respeitava os aborígines, existiam centenas de exploradores que se preocupavam apenas em invadir, aproveitar-se dos recursos naturais, destruir o ambiente de vida do índio e matar o maior número deles possível. Assim se vê hoje, aqui Floripa, indios tapuias mendingando nas ruas sem quaisquer perspectivas de um futuro para sua gente e sua cultura. Lamentável. Abraços e parabéns pela supimpa matéria, JAIR.

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  2. Existem alguns brasileiros pouco falados e desconhecidos pela maioria das pessoas do nosso povo. Rondon, Oswaldo Cruz, Carlos Chagas são apenas alguns desses heróis quase esquecidos.
    "Morrer se preciso; matar, nunca!" era o lema de Candido Mariano da Silva Rondon, o bandeirante da paz.

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