domingo, 28 de fevereiro de 2010

O quantum

Quando uma pessoa nega a existência do livre-arbítrio, ela está dizendo: "As coisas são como são, e ninguém pode fazer nada a respeito". Na verdade, ela está negando sua própria liberdade de opinião a respeito do assunto - a não ser que se julgue a única pessoa no mundo capaz de tomar decisões próprias.


Se, ao contrário, combate o determinismo, ela está negando todo o alicerce da Física, que se baseia em relações de causa e efeito - a não ser que ache que um ser racional está imune às leis científicas.

A controvérsia vem de eras remotas, e tem dividido filósofos e cientistas através dos tempos. Tentativas de achar um meio-termo fracassaram em meio à disputa, mesmo porque os contendores queriam mesmo era brigar. Mas em 1900 Max Planck veio com a idéia maluca de um tal de "quantum de energia" que iria botar lenha na fogueira. Estava nascendo a Mecânica Quântica.


Não vou cansar o leitor com uma exposição árida e cheia de fórmulas (tradução: eu não entendo patavina disso), mas vou resumir as minhas conclusões:

- Sim, o livre-arbítrio existe. Estas linhas existem porque eu quis.

- Sim, o determinismo existe e cerceia o livre-arbítrio. Quando eu aperto a tecla x, uma série de relações de causa-e-efeito faz com que um x apareça no meu texto, mesmo que minha intenxão tenha sido escrever "intenção".

Se você quer tirar suas próprias conclusões (supondo que se sinta livre para isso), recomendo assistir aos seguintes vídeos:

http://video.google.com/videoplay?docid=-7180902681748103402#
Partículas e ondas

http://video.google.com/videoplay?docid=-5128082095464869520#
Ondas e partículas

http://video.google.com/videoplay?docid=3237982797701884678#
O contexto histórico

http://video.google.com/videoplay?docid=-4853271687297380878#
O tempo

http://video.google.com/videoplay?docid=-9059388017574247564#
Mais rápido que a luz

Recentemente, Murray Gell-Mann comparou os avanços da física das partículas elementares ao descascamento de uma cebola, camada por camada, insinuando que um dia chegaremos ao núcleo, e assim à compreensão total das leis que regem o universo. Com o devido respeito ao ilustre Prêmio Nobel, eu discordo. Nós estamos dentro, e não fora da realidade. Se estamos descascando uma cebola, é de dentro para fora; e quanto mais avançamos, mais dura e maior fica a camada seguinte. Nem sequer sabemos quantas camadas há ainda para vencer. E se chegarmos um dia a sair da cebola, quem sabe onde nos encontraremos? Talvez numa feijoada cósmica... confira em
http://www.ted.com/talks/lang/por_br/murray_gell_mann_on_beauty_and_truth_in_physics.html

A estranheza quântica de fato é o livre-arbítrio da natureza. É ela que explica a diversidade do mundo físico e biológico. Com ela, as mutações genéticas e o evolucionismo darwiniano se tornam fatos naturais. E, bizarramente, é ela que nos permite intuir uma Inteligência Superior, que impôs ao mundo as leis da causalidade, mas reservou um espaço no microcosmo para influir na realidade material através do princípio da incerteza.

Portanto, seja você ateu, crente, livre-pensador ou adepto do determinismo, haverá sempre um lugar para você na bizarra realidade da física quântica.

Um comentário:

  1. O ganhador do premio Nobel de física de 1979, Steven Winberg, afirmou certa vez que só existiam meia dúzia de pessoas no Planeta que entendiam a física quântica na sua plenitude. De modo que eu, que nada entendo do assunto, embora tenha tentado, estou em companhia de 99,9999999999999999% dos humanos, assim estou bem acompanhado, até de você caro Barcellos. Abraços, JAIR.

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