- No último dia 6 de maio, imprensado entre o Dia das Mães em Portugal e o Dia das Mães no Brasil, passou despercebido o Dia do Matemático Brasileiro. As inúmeras e justíssimas homenagens às mães não deixaram margem a uma única menção a esse vilão detestado - o professor de Matemática - que inventa armadilhas malignas nas questões das provas e parece ter um prazer sádico em ver seus alunos desesperados.
- A data, porém, homenageia um genial matemático brasileiro que lecionou no Colégio Pedro II e lutou contra os métodos de ensino vigentes na época, o que lhe custou a desconfiança de seus pares. Transcrevo abaixo um pequeno trecho extraído do conto que batizou este "blog" (ver em "Minhas Obras"):
- "O Homem que Calculava é a história de Beremiz Samir, um matemático persa, que viaja de sua aldeia natal até Bagdá. No decorrer da jornada, usa seus conhecimentos para resolver diversos problemas do dia-a-dia, e acaba conquistando um cargo de confiança de um vizir e o amor da filha de um poeta da corte do Califa Al-Motacém. O autor é Ali Iezid Izz-Edin Ibn Salim Hank Malba Tahan, ou simplesmente Malba Tahan, natural de Muzalit, na atual Arábia Saudita.
- "Na verdade, esse autor árabe nunca existiu, exceto como pseudônimo do professor Júlio César de Mello e Souza, genial matemático brasileiro, que detestava os métodos de ensino vigentes na época. Ele deu vida a Malba Tahan para poder publicar incógnito diversos contos onde os problemas matemáticos, lógicos, filosóficos e até religiosos eram apresentados sob um aspecto lúdico, atrativo e compreensível. O jornal A NOITE foi seu primeiro veículo, com a série CONTOS DE MALBA TAHAN. Deu verossimilhança ao pseudo-autor árabe através de seu profundo conhecimento da cultura árabe – berço da matemática moderna – e da criação de um segundo personagem fictício: Breno de Alencar Bianco, o suposto tradutor das obras de Malba Tahan.
- "Malba Tahan" publicou ao todo 56 livros. O mais famoso é justamente O Homem que Calculava, traduzido para diversos idiomas. Sob seu verdadeiro nome, Mello e Souza publicou cerca de 50 outros livros.
- "Nasceu no Rio de Janeiro, em 6 de maio de 1895. Lecionou Matemática no Colégio Pedro II, onde alcançou fama por seus métodos pouco ortodoxos. Costumava dizer que os professores de matemática eram sádicos, que se compraziam em inventar dificuldades para os alunos. Seus discípulos o adoravam e seus colegas o olhavam com reservas. Morreu em Recife, no dia 18 de junho de 1974, sem nunca ter posto os pés na Arábia. O dia de seu nascimento é celebrado no Rio e em grande parte do Brasil como o Dia do Matemático."
Barcellos,
ResponderExcluirFico feliz e imensamente grato que você tenha lembrado do dia do Matemático e, por tabela, também do Malba Tahan, meu guru e inspirador durante muitos anos. Também fui uma vítima dos infelizes métodos de ensino dessa matéria que acho maravilhosa, e os escritos de Malba Tahan me auxiliaram muito a desinibir diante dos números e notações. Abraços, JAIR
Nunca fui muito boa em Matemática, meu forte é Filosofia, mas admiro pessoas com raciocínio rápido,tenho pouco conhecimento sobre os Mestres Matemáticos e isso as vezes me faz pensar bastante. Amei de verdade seu blog, vou seguir-lo para voltar mais vezes. Um Grande abraço. Heudes.
ResponderExcluirPô, Barcellos, esta foi bem do fundo do baú! Você desencavou algumas coisas que eu só tomei conhecimento através do teu lindo conto "Sete Ramos de Oliveira" sobre este super-herói brasileiro, que tem até identidade secreta.
ResponderExcluirNa minha juventude, tive o prazer de ler, graças a um colega, "O Homem Que Calculava".
E, até a idade adulta, eu pensava que ele fosse mesmo árabe!
Justa homenagem a este ilustre e modesto brasileiro, que poucos conhecem pelo verdadeiro nome.
E pensar que o escritor brasileiro mais lido atualmente é Paulo Coelho...
Mas, naquela época, a comunicação era bem mais restrita do que nos dias atuais.