domingo, 30 de maio de 2010

A Trapizonga

- O Jair tem o dom de saber dar nome aos bois, e foi extremamente feliz quando referiu-se ao LHC como "trapizonga". De fato, o multibilionário aparelho faz parte de um complexo que merece o nome de complexo, e bota complicado nisso.
- LHC é a sigla para Large Hadron Collider - o Grande Colisor de Hádrons, construído pela Organisation Européenne pour la Recherche Nucléaire - CERN (a sigla vem de Conseil Européen, e foi mantida quando o conselho se transformou em organização). Custo da trapizonga: US$ 6.000.000.000,00.
- Quem acha que o LHC é apenas um túnel circular de 27 km, escavado na fronteira franco-suíça para alojar o maior sincrotron do planeta não tem ideia da quantidade de aparelhos subsidiários que o acompanham. Aceleradores lineares, ciclotrons e sincrotrons menores completam a teia de aranha que forma a estrutura subterrânea do CERN, sem falar nos inúmeros defletores e absorvedores de radiação e nos gigantescos detetores de partículas, o maior dos quais, chamado ATLAS, tem a altura de um prédio de quatro andares - a cem metros de profundidade. O LHC usa 9.798 toneladas de nitrogênio líquido para refrigerar os ímãs a -193,2 ºC (aproximadamente 80 K). Depois, usa 54 toneladas de hélio líquido para refrigerá-los ainda mais. A fase de testes iniciais começou em 2008.



- E o que será que vai acontecer quando passar a fase de testes e ligarem a tomada pra valer?
- Bem, já ligaram. Em março deste ano, a trapizonga acelerou os prótons pelo túnel circular, obrigando os coitados a darem milhares de voltas por segundo, cada vez mais rápido, para deixá-los bem tontos, e então, quando estavam a 99,9999991% da velocidade da luz (um pouco acima da máxima permitida nas rodovias locais), desviaram-nos para o alvo - o ATLAS - onde eles colidiram com uma energia de 7.000.000.000.000 de elétrons-Volts (7 TeV). Deve ter sido uma baita dor de cabeça... mas os resultados práticos da infração às leis de trânsito de Genebra ainda estão sendo analisados.
Detetor ATLAS. Observe as duas figuras humanas na entrada...
- Alguns cientistas soltaram um meio-suspiro de alívio porque a experiência não provocou de imediato o fim do mundo. Mas estão guardando a outra metade do suspiro para daqui a dois ou três anos, quando o complexo provocará colisões com o dobro dessa energia - 14 TeV. Acontece que um estudo independente prevê a possibilidade do surgimento de mini buracos negros a partir de 8 TeV... e ninguém sabe o que poderá acontecer...
- Portanto, minha gente, vamos aproveitar a vida... sem esquecer que o calendário Maia acaba em 2012, ano de Olimpíadas, quando certamente serão quebrados recordes de velocidade nas pistas, nas raias e no LHC.

2 comentários:

  1. Gostei, acho que a TRAPIZONGA vai ignorar a teoria e continuar dando resultados pífios até 2012. Ano que, conforme o calendário maia o mundo deve acabar. Acontece que o calendário só acaba no ano 2012 porque os operários que o estavam confeccionando entraram em greve por motivos de salários e não o completaram, segundo nosso amigo Leonel.

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  2. Na realidade, não foi por greve salarial que os operários maias pararam o calendário em 2012. É que eles pensaram um pouco e perceberam que, se a malandragem deles fosse descoberta só perto de 2012, eles já teriam gasto todos os salários que receberam para fazer o calendário e não estariam mais aí para ter que dar explicações!
    Mas, falando da TRAPIZONGA, eu ainda não entendi qual o objetivo desta maldita engenhoca que custou quaquilhões de dólares!
    Se nada acontecer, eles terão enterrado toda esta fortuna numa porcaria de metrô que não leva a lugar nenhum...por outro lado, se funcionar, isto é, se reproduzir os efeitos como aqueles do suposto Big Bang, correrão enorme risco de criar um novo mini-universo, e os tais buracos negros gerados como efeitos colaterais engolirão a Terra e provavelmente todo o sistema solar!
    Será que os autores vão receber o prêmio Nobel diretamente do Príncipe das Trevas?
    Porque do Grande Arquiteto eu acho que não...
    Que tal se empregassem essa grana em pesquisas sobre a fusão nuclear, captação e acumulação de energia solar, nanotecnologia aplicada à medicina ou na manipulação genética de microrganismos capazes de controlar a poluição causada por trapalhadas como a da plataforma de petróleo do Golfo do México?

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