sexta-feira, 4 de junho de 2010

Arte indígena

- Quando um novo sistema de navegação foi instalado no Hércules C-130 2462, da FAB, foi programada uma série de vôos, num périplo por todo o Brasil, para fins de teste e aceitação. Eu fiz parte da tripulação, e no pernoite em Belém tive oportunidade de conhecer e me apaixonar pela cerâmica marajoara.
- Trata-se de autêntica arte de uma avançada cultura indígena que lá floresceu entre os anos 400 e 1400 - portanto, uma cultura pré-colombiana. Os objetos originais, de alto valor arqueológico, não estão à disposição do público em geral; mas os artesãos locais, descendentes em boa parte do povo antigo, ainda produzem belíssimos objetos com as mesmas técnicas e os mesmos materiais. Sob a orientação de arqueólogos, aperfeiçoaram sua arte até obter reproduções fiéis aos estilos das peças de museu, e com isso conseguem uma renda razoável com os turistas.
- Visitei um dos centros de produção - uma simples rua de barro, ao lado de um igarapé que fornecia as matérias primas. A cada dez ou vinte metros um depósito rústico, repleto de peças diversas, e oleiros com seus tornos a pedal, em cuja mesa giratória montes de argila se transformavam em obras de arte, ante meus olhos embasbacados. De longe em longe, uma fogueira a céu aberto, para dar o cozimento e a têmpera certa. Para onde quer que eu olhasse, predominava a cor vermelha - inclusive no céu, onde o crepúsculo ia se adiantando.
- Como não tínhamos carga a transportar no retorno, enchi duas grandes caixas com vasos, ânforas, pratos e mais petrechos da arte local. E com a ajuda dos companheiros, embarquei-as no nosso grande cargueiro.
- Anos e anos se passaram. Não sou colecionador, e muitas peças foram dadas em presentes de aniversários, casamentos etc. Hoje, restam-me poucas.
- Mas essas, graças ao apurado senso artístico de Maria Helena, são talvez as mais representativas da antiga arte marajoara. E apesar de haver muita gente com olho grande em cima, essas ficam conosco.

3 comentários:

  1. Barcellos,
    Pelas belas peças das fotos dá para deduzir que você teve "olho" na hora de adquiri-las, parabéns. Também pelo texto.

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  2. Essas que aparecem nas fotos são lindas!
    Eu adorava aquelas lojas de "souvenirs" que ficavam na rua principal de Belém.
    Sempre que eu ia lá, trazia alguma coisa.

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  3. Rodolfo..Imagino a emoção sentida por voce ao ver o resultado da criação de uma obra ceramica saida de um forno a céu aberto. Já passei por experiencia parecida.
    É um encantamento ainda ultilizada em algumas partes do Brasil.
    Com a modernidade usa-se hoje fornos a gaz, elétricos...
    A ceramica Marajoara é lindississima. O nome vem da sua origem, Ilha do Marajó. E vc, com toda sua sensibilidade não poderia deixar de contempla-la.
    É facil reconhece-las. Predominam-se os tons avermelhados, pretos e brancos. Esses tons são conseguidos pela utilização de engobes ( uma espécie de barro liquido ).
    A maioria desses objetos são usados na decoração ou como ultensilhos domesticos.
    Os grafismos e as figuras ligadas a animais são tb muito utilizadas na sua decoração.

    Parabéns pelo bom gosto. Eu tenho peças de cerramica marajoara que ganhei de persente de casamento. Confesso que foi um dos presentes que mais gostei.
    Pq sera?

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