Rodin - O Beijo |
- Mas a Copa do Mundo está aí, na próxima esquina, e com certeza vai monopolizar as atenções de todos. Por isso, é melhor eu me antecipar na homenagem aos amantes e a seu santo milagreiro - que não consegue ter um minuto de paz nesta época do ano. E nada melhor do que algumas rimas, modestas que sejam, para alegrar os corações.
- Quando eu me meto a versejar, prefiro as redondilhas. Esse tipo de verso suporta bem um ou outro tropeço nas rimas e disfarça melhor um pé quebrado no ritmo. Por isso é o predileto dos poetas menores, como eu.
- Mas de vez em quando, a musa me desafia a vôos mais altos, e eu arrisco um estilo mais ousado. E aí me atrevo a imitar Camões - é claro que em vôos bem mais curtos (o grande vate escreveu Os Lusíadas em mais de oito mil e oitocentos versos - todos decassílabos heróicos perfeitos).
- A maioria das minhas tentativas vai parar no lixo, mas de vez em quando sai alguma coisa que se aproveita...
- A maioria das minhas tentativas vai parar no lixo, mas de vez em quando sai alguma coisa que se aproveita...
Dia dos Namorados - Acróstico em heróicos
Duas só almas, gêmeas, se encontram,
Intímidas, amigas, companheiras,
A trocar entre si vidas inteiras.
Duas vozes irmãs em coro cantam
O hino do amor, em tons suaves,
Soltando os versos, como belas aves.
Na espera de mil beijos prometidos
Ao sopro de mil juras mal contidas,
Mil horas num minuto são vividas.
O Sol se esconde entre fulvos ares,
Romântica neblina resplendente,
Ardendo nos vermelhos do poente.
De súbito, centelham os olhares;
Os lábios unem-se em fulgente prece;
Só deles é o milagre que acontece.
- Dá pra sentir a ausência da rima nos beijos prometidos e o pé quebrado em alguns outros versos. Mesmo assim, a força dos heróicos é evidente e sustenta a estrutura toda. E com certeza é mais fácil imitar Camões - o mestre dos heróicos - do que partir para um vôo solo, mesmo contra a opinião de François Chateaubriand, conforme o Blog da amiga Alma Inquieta - Estados de Alma (El Libro...! - 24 de abril).
- Tanto é assim que minha saudação a ela, após sua primeira visita aos Sete Ramos (publicada no post "Lilienthal"), foi uma imitação descarada do imortal soneto do mestre à sua amada - "Alma minha gentil, que te partiste..."
- Tanto é assim que minha saudação a ela, após sua primeira visita aos Sete Ramos (publicada no post "Lilienthal"), foi uma imitação descarada do imortal soneto do mestre à sua amada - "Alma minha gentil, que te partiste..."
- Já na simplicidade das sete sílabas das redondilhas, até um soneto razoável me socorre:
Dia dos Namorados - Soneto em redondilhas
Se você está sozinho,
Carente, abandonado,
Sem amor e sem carinho,
Não fique desesperado:
Reze muito a Santo Antônio
No seu dia consagrado;
Protetor do matrimônio,
Do namoro e do noivado.
Presto aqui meu testemunho
De excelentes resultados
Em versos de próprio punho.
Sejam todos bem-amados!
E viva doze de junho,
O Dia dos Namorados!
- E antes que eu me esqueça: nessa data também se comemora no Brasil o Dia do CAN.
- O Correio Aéreo Nacional entrou em operação em 12 de junho de 1931, ainda como Correio Aéreo Militar, quando os tenentes do Exército Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavenère-Wanderley, pilotando um monomotor biplano Curtiss Fledgling matrícula K263 (apelidado carinhosamente de "Frankeinstein"), transportaram duas cartas do Rio de Janeiro para São Paulo, retornando no dia 15, com mais correspondência.
- E antes que eu me esqueça: nessa data também se comemora no Brasil o Dia do CAN.
- O Correio Aéreo Nacional entrou em operação em 12 de junho de 1931, ainda como Correio Aéreo Militar, quando os tenentes do Exército Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavenère-Wanderley, pilotando um monomotor biplano Curtiss Fledgling matrícula K263 (apelidado carinhosamente de "Frankeinstein"), transportaram duas cartas do Rio de Janeiro para São Paulo, retornando no dia 15, com mais correspondência.
- Vai ver, é por essa coincidência de datas que, no Pindorama, uma bela namorada é chamada de avião...
Meu amigo, apesar da admiração que tenho por Camões, Manuel Bandeira, Vinícius e Barcellos, tudo o que posso fazer em poesia é bater palmas à beira do gramado!
ResponderExcluirAceite meus cumprimentos pelos seus lindos versos.
Mas, quanto à estilos de poesia, eu nem penso em comentar.
Um abraço!
Barcellos,
ResponderExcluirPara comentar esse arroubo poético que tão bem comemora o dia dos namorados me permita contar uma historinha antiga que, nem por isso deixa de ser bem ruinzinha, mas ilustra o festejado dia:
O cidadão, na guerra, por estar impossibilitado pela censura de enviar carta à namorada enviou-lhe um maço de cigarro MINISTER, perguntado porquê, explicou::
Minha
Inesquecível
Namorada
Isto
Será
Tua
Eterna
Recordação!
Bem fraca, não é mesmo?
- O Jair se esquece que eu já fui um fumante inveterado... o Davidson usava acintosamente uma máscara de oxigênio em minha sala. Lembro-me que o "acróstico" do Minister era complementado com a figura do M sobre a representação de uma coroa real, fechando o acróstico com a frase "Morou, coroa?"...
ResponderExcluir- E antes que o Jair reclame: duvido que ele encontre nos seus queridos dicionários o termo "intímido". Isso foi invenção deste poeta menor, com base na jurisprudência que rege a licença poética. É uma aglutinação de "íntimo" e "tímido", que pretende transmitir ao leitor a ideia de "com intimidade e sem timidez".
ResponderExcluirOlá Rodolfo!
ResponderExcluirOnde está o poeta menor, que eu não vejo?
Quanto à saudação para mim, se foi uma imitação descarada do imortal soneto do mestre à sua amada - "Alma minha gentil, que te partiste...", pouco me importa, o que sei e digo... é que foi uma saudação linda que me emocionou!
Um beijo enorme, também para os comentadores ilustres, e votos de uma excelente semana.
P.S.: Em Portugal, o dia dos namorados, comemora-se no dia 14 de Fevereiro, dia de S. Valentim.
Barcellos,
ResponderExcluirObrigado por lembrar o final do infeliz acróstico. Quanto ao "intímido", não cheguei a consultar o Houaiss (ia fazê-lo ainda) mas notei que o termo me era desconhecido e cheirava a neologismo lírico, ou licença poética das melhores. Abraços, JAIR.
Barcellos, você lembrou um detalhe triste, quando eu dividia a mesma sala com você, que tinha sobre a mesa um cinzeiro enorme, feito de um pistão de motor de avião.
ResponderExcluirO incrível é que você conseguia quase diariamente enche-lo até o topo com os tocos de cigarro! Felizmente, isto é apenas uma lembrança...