terça-feira, 27 de julho de 2010

Programa NEO

Cratera de meteorito no Arizona - cfq-blog
- Esta matéria, por direito, deveria ser reservada ao meu amigo Leonel, expert no ramo. Mas o assunto é vasto, e ele não se importará se eu tirar uma casquinha.
- O filme Impacto Profundo é verossímil. Tirando a inevitável personificação dos EUA como salvador do mundo, o enredo é envolvente, o elenco é dos bons (Morgan Freeman está impecável) e os efeitos especiais nada deixam a desejar. E quanto ao embasamento científico?
- A NASA tem um programa de monitoramento de objetos espaciais cujas órbitas os trazem periodicamente às proximidades da Terra. O NEO (Near Earth Objects) acompanha cerca de 4000 objetos - asteróides, lixo espacial (satélites desativados, estágios de foguetes lançadores etc.), restos de cometas esboroados e outros. O objetivo principal é a previsão tempestiva de possíveis impactos contra nosso planeta.
- Objetos pequenos não são perigosos. Diariamente, a Terra é bombardeada por centenas de pedrinhas e milhares de grãos de areia cósmicos, que se desfazem na alta atmosfera, como estrelas cadentes. Uma ou duas vezes por semana, uma pedra maior - com o tamanho de uma bola de basquete - consegue atingir a superfície, antes de ser totalmente desintegrada. Há registro de pelo menos uma morte causada por um desses meteoritos.
- De tempos em tempos, uma pedra ainda maior, do tamanho de um carro ou de um ônibus, causa seus estragos. O meteorito Bendegó, exposto no Museu Nacional, no Rio, é um exemplo. Há outros, menores e maiores, espalhados pelos museus do mundo. Se um desses cair em uma área densamente povoada, a tragédia será grande. Por sorte, a grande maioria atinge os oceanos ou locais ermos.
Meteorito Bendegó
- Mas que dizer de uma pedrona, do tamanho de um campo de futebol, ou ainda maior?
- Bem, isso já aconteceu. Nosso planeta tem cicatrizes de impactos fortíssimos. A mais conhecida é a Cratera do Meteorito, no Arizona (200 metros de profundidade e 1250 de diâmetro). Existem indícios maiores, no Yucatán e na África, que são geralmente relacionados aos eventos de extinção em massa da vida na Terra (como a extinção dos dinossauros). Outra evidência é o chamado "evento de Tunguska", em 1908, quando uma explosão nunca vista destruiu milhares de hectares de floresta na Sibéria. Testemunhas afirmaram ter visto uma "bola de fogo" no céu, e análises da área estimaram em uns 15 megatons a potência da explosão. Mas não há indícios de impacto direto, como uma cratera. Uma expedição, em 1927, tirou essa foto da região devastada:
Tunguska, 19 anos após o impacto
- Esses megaimpactos acontecem em intervalos de milhões de anos. E agora, a bola da vez é o asteróide Apophis - com 45 milhões de toneladas e 350 metros de diâmetro, cadastrado no programa NEO desde sua descoberta em 2004.
- Todos os anos, em meados de abril, a Terra cruza em seu caminho a órbita do Apophis. Geralmente, ele está noutro ponto de sua órbita... mas vez ou outra, eles se aproximam perigosamente.
- A próxima aproximação máxima está calculada para 13 de Abril de 2036. A NASA já comunicou publicamente que a probabilidade de o asteróide atingir nosso planeta nessa data é muito reduzida. Mas, pelo sim, pelo não, cientistas russos anunciam que vão estudar uma maneira de salvar a Terra.
- Uma das hipóteses, aventada pela agência espacial russa, é construir uma nave não-tripulada, com a missão de ir ao encontro do asteróide e destruí-lo ou desviá-lo. Isso dá outro filme...
- E para quem ainda aposta no fim do mundo em 2012, Don Yeomans (coordenador do programa NEO) tem um recado em

http://eternosaprendizes.com/2009/11/12/2012-don-yeomans-cientista-da-nasa-e-coordenador-do-programa-neo-explica-o-que-nao-vai-acontecer/comment-page-2/

3 comentários:

  1. Bem, filmes catastrofistas a parte, o assunto é interessante e foi abordado de maneira sóbria como deve.
    Minha opinião: Se há possibilidade de colisão num futuro qualquer, o homem devia deixar como está. É uma roleta que o Planeta sai ganhando sempre. Haveria uma renovação da vida na Terra e, talvez, novas formas se sobrepusessem a outras. Quem sabe um sonho louco deste apedeuta se realizasse: O homem passaria a ser não predominante, apenas mais um num elenco maior, ou, desaparecesse para sempre.

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  2. Barcellos, de forma alguma eu faria melhor do que esta matéria, tão concisa e objetiva.
    Sobre asteróides, como diria Alfred Neumann (Revista MAD): "Quem, eu, me preocupar?"
    No link, Don Yeomans nos tranquiliza quanto à impactos até 2012.
    Infelizmente, não são apenas causas espaciais que poderiam ameaçar a vida do planeta (vide o filme "O FIM DOS TEMPOS").
    Tem uma "linda" animação do impacto de um asteróide em:
    http://www.youtube.com/watch?v=-zvCUmeoHpw, com o som de Pink Floyd.

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  3. Hola amigo Rodolfo!

    Me encanta la forma como tratas los temas.
    Enhorabuena por el texto.

    Te dejo saludos desde Argentina,

    Sergio.

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