sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sadismo

- Não gosto do Faustão. Não gosto de ninguém que invada minha sala aos berros. E sobretudo, não gosto das famosas "videocassetadas". Não acho graça na alheia desgraça.
- Sim, sei que muitas são cômicas... até no aconchego do lar ocorre-nos soltar uma boa gargalhada quando um ente querido se mete numa situação daquelas; mas, dada a risada, corremos sempre a verificar se tudo está bem, e a prestar socorro quando necessário.
- E esses laivos de sadismo podemos satisfazê-los perfeitamente assistindo a filmes e, principalmente, a certos desenhos. O meu predileto, no gênero,  é o Papa-Léguas (Bip-Bip) versus Coiote... haja cacetada!
- Mas qual a diferença? Bem, eu sei que nos filmes e desenhos ninguém se machuca de verdade; mas, no "domingão"... sei lá!
- A literatura também proporciona pratos suculentos para nossos inconfessáveis apetites de sadismo. E quero saborear com vocês um lauto banquete, um prato português legítimo, cuja receita perdi, junto com o nome do "Chef"... mas não faz mal, algum dos meus cultos amigos certamente saberá o nome do autor e me ajudará a dar os créditos a quem de direito. E quanto às lacunas na receita, complementei-as de memória com ingredientes meus, o que talvez altere o sabor original, mas manterá seu caráter picante. Vamos nessa:

- UMA CRÔNICA PORTUGUESA

- (Carta-resposta):

- Ilustríssimo Sr. Dr. Delegado Provincial,
- Saúde.
- Atendendo à vossa ordem, e na impossibilidade de servir-me das minhas, valho-me das mãos abençoadas de Sor Tereza, que misericordiosamente me assiste neste pobre leito de hospital, e passo a descrever-lhe os detalhes do infausto acontecimento que me reduziu à infeliz condição de impotência na qual me encontro agora.
- Saberá pois Vossa Senhoria que, sendo eu pedreiro de ofício, estava a arrematar uma obra de seis andares, quando notei que sobrara uma pilha de uns duzentos tijolos a um canto do terraço.
- Não querendo desperdiçar tão ricos sobejos, deliberei baixá-los ao rés-do-chão, por meio de um grande barril, pendurado a uma corda que passava por uma roldana, solidamente presa a um forte madeiro encravado na cimeira do prédio.
- Portanto, desci ao térreo e icei o barril até à altura do terraço, amarrando a corda com firmeza a uma estaca próxima. Em seguida, subi ao terraço e depositei os tijolos no barril pendente.
- Voltei ao térreo e agarrei firmemente a corda com minha destra, enquanto desfazia com a canhota o nó que a atava a estaca.
- Vossa Excelência decerto sabe, pelo laudo médico, que eu era um homem forte, com 90 quilogramos - todos de músculos -, capaz de sustentar pesos de 180 Kg e mais. Pois qual não foi minha surpresa, ao me ver elevado ao ar, quando sabia que o barril e sua carga não pesariam mais que uns 120 Kg!
- Desesperado, agarrei-me à corda e fui subindo com rapidez crescente. Na altura do terceiro andar, colidi violentamente com o barril que descia. Foi quando fraturei a perna direita e sofri luxação no ombro do mesmo lado.
- Mesmo assim, continuei agarrado à corda e subindo, até que meus dedos da mão direita fossem esmagados entre a corda e a roldana.
- Pendurei-me como pude com a canhota; mas àquela altura, tendo o barril perdido seu fundo e sua carga no choque com o solo, começou a subir - e esse vosso infeliz criado a descer!
- No novo entrechoque com o barril que subia, deslocou-se-me o ombro esquerdo e o quadril do mesmo lado; e ao estatelar-me sobre os tijolos espalhados no solo sofri sérias lesões na coluna e quebraram-se-me quatro costelas.
- Exausto de forças, soltei a corda - e vi precipitar-se sobre meu alquebrado corpo o barril sem fundo, espatifando-se sobre mim e lesionando-me as partes pudendas.
- Mesmo então, ainda dava graças por estar vivo, quando o pesado madeiro, com a roldana e a corda, abalado por tantos solavancos, aluiu de vez e abateu-se sobre minha pobre carcaça indefesa.
- Perdi os sentidos; mas creio que foi então que sofri o afundamento do crânio e a fratura do maxilar e de ambas as clavículas...
- Sem mais, assino-me respeitosamente,
- António dos Santos
- Mestre de Cantaria.


- Não é de morrer de rir?
- Pois é, se Freud não explica... que tal a Rê?

- Mas a moça do divã é esperta... ela com certeza vai descolar uma explicação, e ainda vai querer saber com que direito eu me utilizei da sua imagem... quer dizer, a do tofora-todentro...
- Seguinte, Rê: mande a conta de seus direitos e da consulta, que eu lhe mando a das risadas que lhe proporcionei... e pode usar os Sete Ramos à vontade - você e qualquer outro amigo que queira.

13 comentários:

  1. Barcellos... bruxo véi danado... rssss
    Pôtzzkeospáróbas..... oras pois pois qê stou a farfar de rirê.... rss ( avacagá )..rsss


    "O mundo está de virado de ponta cabeça.
    Faustão está magro,
    Silvio Santos está quebrado,
    Tiririca está alfabetizado e o
    Richarlyson, chamou o juiz de viado."

    E o Macaco deu risado... opss Não rimou... rsss
    Abraços
    Tatto

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  2. Barcellos,
    Obrigado pela facécia. Nossos amigos lusos semprem nos brindam com risadas frouxas com suas proezas.

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  3. Aki, kbei de chegá de umas festa e tomei uns whiskis a maisssssss... intão vorto manhã, prá modi respondê as altura...causu diquê já tô lá em cima sem roldana ou corda prá ti respondé...fui pra horizontal...inté

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  4. kkkkkkkk mininu tô é danada messssss, tentei treis veiz a tal verificação kkkkkkk rsrsrsrrs

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  5. rsrsrs facéia kkkkkk tô é danada rsrsrs perdoa eu, visse? filha kbo de entrar aki pra perguntar: mãeeeee tá rindo ou chorando????? kkkkkkkkkk chorando de riri é cada palavfra que sai na verificação....rsrsrs aiiiiii bruxo kkkkkkk inte

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  6. Misericórdia! Tadinho do sujeito!
    Eu não sou das que acham muita graça nas vídeo cacetadas não. E muitas ali não tem como a pessoa não ter se machucado, é muito tombo feio!

    Beijos, bruxo querido!

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  7. Isto é que é um massacre!
    Tá me lembrando um cara lá do Galeão, que tudo o que fazia dava errado!
    Mas, não era azar, não!
    Valeu!

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  8. Mas é claro que é engraçado! hehe

    Imaginei tudinho e ri feito um louco!

    Agora, bah, tchê, que maldade, o personagem tinha que ser português?

    Um abraço!

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  9. Hola Rodolfo,

    tambiém me reí, pero será que a Alma le va a gustar... jajajaja
    Es broma, seguro que sí, ella tiene sentido del humor....

    Te dejo un abrazo desde Argentina,

    Sergio.

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  10. - Jair, Léo, Sergio... o autor da crônica original é português - estou quase certo. E mesmo que não seja, nunca foi minha intenção transformar a crônica em "piada de Português" (não que eu não ache algumas engraçadissimas). Qualquer mérito literário cabe ao autor original, que ainda pretendo extrair das brumas de minha memória.
    - Agradeço os comentários. Abraços a vocês e aos demais amigos.

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  11. Nossa, ainda bem que retornei hoje, séria e compenetrada... Já vou pedindo desculpas se meu "escrito" possa ter ofendido ao dono dos SETE RAMOS ou a qualquer leitor dessa casa. Tenho amigos, queridos, amados meus, aqui em Beagá, portugueses e no Divã fiz outros tantos. Brincamos muiiiito com as diferenças culturais (mesmo tendo sido colônia), de sotaque, de escrita, de dizeres e fazeres... O que me encanta, com aqueles que estão perto e me conhecem, é a alegria respeitosa que sempre rege nossa prosa! Entre um "copa" e outro vivemos rindo uns dos outros, e isso não abro mão.
    Sua demais amiga (fiquei tristinha messsmo)
    Regina

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  12. Voltei para dizer que estou muito bem obrigada e que na sexta-feira foi só mesmo uma brincadeira. Até pq quisera eu, um dia, tomar umas a mais (não consigo)e um porre daqueles se é que vale a pena. Como ouvi ontem e ouço sempre dos meus amigos: se Regina é assim bebendo como bebe (somente os mls que me dão o prazer da degustação)imagina se bebesse prá valer?!
    Por conta da minha alegria que não carece de nenhum tipo de aditivo.
    Beijuuss de sua "Demais amiga"
    Regina

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  13. Não assisto o programa do Faustão, mas já dei muita risada com as video cassetadas que tem pela internet, mas assim descrita fiquei é com pena do acidentado.

    Beijos

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