Está frio, e chove. Embrulho-me no meu puído manto de esperança e abrigo-me sob o guarda-chuva rasgado de um otimismo falso. Mas o vento cortante da tristeza insiste teimosamente em trazer-me as gotas grossas e geladas da solidão, enquanto a espessa neblina cinzenta da saudade, mal iluminada pelo solitário lampião das recordações, paira como uma mortalha sobre a rua escura e vazia que é minh'alma.
Incomoda, essa luz espectral, amarelenta e morta do velho lampião. Parece sólida, como se fosse tinta velha, pintando cada gota de chuva com cores doentias. Dói...
O tempo gruda-se em meus dedos, como uma massa amorfa, feita de momentos desconexos, o presente perdido nos passados. São momentos ocos e pesados, intermináveis como um soluço preso na garganta, eternos como a lágrima que teima em não rolar.
Vislumbro ao longe, no limiar da visão, um fantasma silencioso e meditativo. É teu vulto, talvez, perdido no infinito espaço vazio que existe entre duas camadas de eternidade.
Quero seguir-te. Quero alcançar-te. Mas não posso. E choro a minha renúncia em lágrimas ausentes e vazias. E percebo, enfim, que também eu sou um espectro extraviado, vagando num mundo que não é o meu.
Choro. E sobre mim continua chovendo esta tristeza... esta solidão...
Barcellos,
ResponderExcluirQuem disse que uma obra lírica necessita rimas e métrica? Taí, teu texto traz um lirismo profundo e se apresenta com roupas civis. Abraços e bom fim de semana, JAIR.
Meu coração se apertou...espremido entre duas camadas: aquela que conheceu esse vazio e a que cobriu a tudo com o manto da superação...esta é a que hoje ama sem tormento, mas que já foi revestida de ilusão...
ResponderExcluirCoração apertado, sentimentos misturados, fica por ti meu beijo enfeitiçado...
Não li um texto.
ResponderExcluirLi um sentimento..
E me transportei.. e quase senti o cheio da dor..
Respirei..
E voltei na esperança que tudo passa..tudo é ciclico..
e que a dor muitas vezes tem que ser sentida, respirada... Pq dias alegres virão... daqi a pouco...
Um beijo..lindo texto.. me emocionei...
Tem que deixar escoar, não há forma mais eficaz de aliviar.
ResponderExcluir;)
Um beijo.
Eu li ontem ainda quentinho, mas parei de mãos no queixo procurando as palavras certas para serem ditas e não as achei. Me escaparam todas, restando uma tristezinha por não poder expulsar a melancolia do amigo, uma vontade de ter braços elásticos que fossem até Niterói e o acarinhassem num abraço enorme.
ResponderExcluirMas foram embora as minhas palavras.
Beijos, meu querido... Que essa nuvem de chuva triste logo se dissipe.
ENGRAÇADO QUE A MESMA CHUVA QUE TRAZ A VIDA,A FONTE DELA QUE É A AGUÁ TRÁS TANTA SOLIDÃO NÃO É?
ResponderExcluirA MESMA CHUVA QUE TRAZ O CHEIRO BOM DE TERRA MOLHADA CHEIRO DO MANJERICÃO ,DA INFÂNCIA PODE TRAZER TAMBÉM TANTA SOLIDÃO..DO QUE JÁ VIVEMOS DE BOM NÃO É?
POR MAIS QUE TENTAMOS TRAZER QUEM NOS FOI CARO DE VOLTA, POR MAIS QUE SOFREMOS PELA DISTANCIA QUE NOS SEPARARA DOS AMORES E DAS COISAS QUE VIVEMOS ,TEMOS QUE PENSAR ASSIM:
DEPOIS DE TODA CHUVA VEM O ARCO ÍRIS E COM ELE UM LINDO SOL..CHEIO DE ENERGIA ,PARA QUE POSSAMOS SOBREVIVER A SOLIDÃO E RENASCER A VIDA A CADA DIA ..
FIQUE BEM POETA
A SERENATA DA CHUVA É LINDA ,FAZIA TEMPO QUE NÃO OUVIA .
ABRAÇOS AMIGO
OTILIA
Chego a estranhar ler-te assim...melancólico e chorando ausência doída. Como se poetas, Bruxos, fossem presença alegre em tempo integral. Me sinto então mais "normal" entre os mortais. Como mineiramente dizemos O preço de viver se paga à vista, não se faz fiado!. Deixa chover, amado, e lavar toda essa saudade...deixa.
ResponderExcluirBeijuuss n.a.
Amigo querido
ResponderExcluirEntre duas camadas também
De amor misturado com dor
Esconde a tua saudade
Que vive apenas a dura realidade
E esquece que na verdade
O amor pode ser finito aqui na terra
Mas certamente infinito na eternidade
Reage e apreoveite a viagem
Beijos para fazer companhia a tua tristeza
E te lembrar a beleza
De poder ter um amor
Esteja ele onde for
Lembrado no nome da flor
Dentro do coração cheio de dor
Mas vivo....
:D
Obrigado a todos os amigos. Esta postagem já estava preparada há um mês, e esta é, para mim, a maneira mais fácil de expulsar da alma essas nuvens cinzentas - elas agora estão "no papel". A chuva lavou a alma, a saudade ficou mais leve, as palavras de vocês aqueceram meu peito.
ResponderExcluirEstou preparando a republicação da mesma série natalina de um ano atrás, com pequenas alterações nos textos. O primeiro artigo - "Papai Noel" - sairá no próximo sábado.
Abraços a todos.
Estou ansiosa por estes posts natalinos,vim aqui deixar meu carinho por este amigo queridissimo!!
ResponderExcluirRR, bom dia, vim te ver e te ler tb!
ResponderExcluirTuas palavras são sempre belas, sejam na alegria ou na melancolia (nossa algoz).
É novembro e dele podemos colher flores e tu o fizeste nessa blogada, (mesmo que estejam no subtexto) e se chamem saudades!!
Lindo de ler e belo em sentir.
Lavar a alma é preciso (sempre).
Meu afeto, amigo querido!
beijo da Lu
bom feriadão =D
Olá querido poeta!
ResponderExcluirMe deslumbra a grandeza de suas poesias!Até as mais tristes!Teus braços foram feitos para abraçar o infinito das palavras!
Beijos meus, com carinho!
PS:Ja sentia saudades!
Você lavou a alma com sais especiais. Todas as gotas que caíram, colhemos. A nostalgia nos chegou como aquelas lembranças que nos envolvem ao sentir, na ausência, o perfume de quem partiu.
ResponderExcluirQuanta poesia há nesse texto! Amei!
Bjs.
Meu amigo
ResponderExcluirNão há verso que descreva a tristeza...não há
palavras que descrevam a ausência...nem gritos que descrevam o silêncio...nem mãos que descrevam a saudade.
Desculpe entrar assim de rompante, mas este texto tocou-me.
Um beijinho
Sonhadora
Quando leio os versos que oferece, em comentários, não consigo deixar de vir agradecer. São pérolas valiosas. Você é precioso com as palavras.
ResponderExcluirBjs.
Oi Barcellos!!
ResponderExcluirBoa tarde de um novembro que já respira adiantado ares de um dezembro apressado. Enquanto o mundo corre, vou com mais calma....
Beijos
Alô, Amigo!
ResponderExcluirMelancolia e saudade, transformados nessa linda e triste prosa poética...
Que os bons ventos continuem a trazer mais inspiração, e que o desabafo te ajude conviver com a saudade...
Abraços!
Bom feriado meu maracujá de gaveta!
ResponderExcluirVim aqui é sempre gratificante...vc como professor é nota 10.kkkkkkkkk
lendo esse post,senti dentro do meu coração que foi um dos mais lindos que vc publicou,usou toda sua alma hém amigo!por isso que me tocou tão profundamente...as vezes penso que só tenho alma,kkkkkkkk
e por cima depois de ler me transportei para a serenata da chuva.Sabia que sai molhada ,kkkkkkk,mas valeu,pois já me enxuguei.
Bjsssss