terça-feira, 11 de setembro de 2012

Cuecas e calcinhas

     Fui abençoado ao nascer com uma santificada ignorância sobre Economia e Finanças; mas tendo convivido com inflação galopante, planos econômicos diversos e pacotes mirabolantes, alguma coisa aprendi sobre o dinheiro nosso de cada dia. E quero dar meu pitaco, valha o que valer, sobre a oportunidade da participação do Brasil como país-sede dos próximos megaeventos de repercussão mundial: a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
     Para dar uma ideia, o casamento de Kate Middleton com William of Wales movimentou uns 25 milhões de Euros. As Olimpíadas de Londres, uns trinta bilhões de reais. A Copa na África do Sul, cerca de dois bilhões de dólares.
     Os números foram obtidos na Internet, e eu não vou perder tempo verificando a precisão dos mesmos ou convertendo moedas diferentes para comparar diferentes situações. Mas acho que todos concordam comigo: é muita grana.
     Também não quero embarcar na canoa furada dos druidas que profetizam e quantificam gastos astronômicos para a Copa de 2014 ou as Olimpíadas de 2016. Está na cara que vai ser outra nota preta.
     O que não entendo é essa polêmica sobre se o Brasil tem condições econômicas de "bancar" tais eventos, ou se não seria mais aconselhável destinar os recursos para a Educação, Saúde etc.
     Gente, dinheiro não é material de consumo! Não se queima com o uso, como um fósforo! Dinheiro circula!
     Então, o que realmente importa é de onde vem e para onde vai o dinheiro, e o que acontece nesse caminho dele.
     No "Casamento do Século", o dinheiro que saiu dos cofres públicos foi parar no bolso de costureiras, doceiras, decoradores, motoristas e trabalhadores em geral. Daí saiu para as despesas do dia a dia, incluindo médicos, professores e moradia (leia-se Saúde, Educação e Habitação - na esfera privada). E a cada passo desse caminho, uma parcela, sob a forma de taxas e impostos, retornava ao Erário - às burras da Coroa - fechando o ciclo e reforçando o orçamento da Saúde, Educação e Habitação (entre outros), na esfera pública.
     Coisa parecida aconteceu nas Olimpíadas de Londres. E em ambos os eventos, houve o aporte de recursos de fora, via turistas e cessão de direitos de televisão. Se você acompanhou os acontecimentos pela TV, contribuindo para o aumento do IBOPE das emissoras que cobriram os eventos, você bancou uma pequenina parcela daquela grana toda. Ou você acha que não paga a TV aberta? Você paga consumindo produtos nela anunciados.
     Na África, foi quase igual. Mas uma certa desorganização, devida à inexperiência na promoção desses megaeventos, reduziu os benefícios paralelos. E consta que o governo de lá ainda está tapando alguns buracos.
     E como será no Brasil? Como será no Rio?
     Bem, dificilmente atingiremos a perfeição demonstrada pelos britânicos, mas acho que poderemos superar nossos irmãos africanos... se não formos derrubados por um inquietante detalhe: as cuecas.
Foto minha. Pouca grana para ilustrar convenientemente a matéria...
     Cuecas, meias e outras peças íntimas, incluindo peças femininas, são graves obstáculos à livre circulação do dinheiro, no Brasil. Qualquer que seja o estilo ou a cor, quando usadas por certas pessoas atuam como sorvedouros, como verdadeiros buracos negros. E uma vez absorvido, perde-se a pista do dinheiro... mas é certo que a maior parte dele não chegará jamais à Saúde ou à Educação.
     Os doutores em Economia ainda estão estudando a patologia dessa curiosa moléstia que aflige as finanças tupiniquins. Já se sabe, por exemplo, que a infecção existe há muito tempo, mas estava incubada; e a causa dos virulentos surtos recentes ainda não é bem conhecida. Mas se quisermos assegurar um futuro de sucesso para nossos megaeventos, o tempo urge. E na falta de uma vacina a curto prazo, devemos proceder à imediata profilaxia das cuecas e congêneres.
     Falar nisso, as eleições estão aí... isso me lembra: hora de conferir as griffes, modelos e cores preferidas pelos candidatos e como anda a procura no comércio por meias, cuecas, calcinhas e moda íntima em geral...
     Votem bem, amigos... não permitam que as cadeiras das nossas honradas assembleias municipais sejam contaminadas por cuecas e calcinhas esburacadas e corrompidas. Salvemos a Copa e as Olimpíadas!
     (Se ainda houver tempo...)

Licença Creative Commons O texto "Cuecas e calcinhas" está licenciado sob uma licença Creative Commons Atribuição-SemDerivados 3.0 Brasil. É livre a cópia e a distribuição, mesmo em publicações de caráter comercial, respeitados os créditos e a forma original do texto. A foto ilustrativa está incluída nessa licença.

14 comentários:

  1. Limerique

    Numa certa republiqueta de banana
    Onde impera falcatrua e chicana
    Fazem mega eventos
    Que são como ventos
    Que enchem cuecas e bolsos de grana.

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  2. Á rigor! Votemos consciente!!!

    Boa tarde.
    Att.

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  3. Zero de economia e zero de política, prefiro corrigir as sifras e arrumar gavetas, quem sabe encontro reservas úteis , suficientes e necessárias. Mesmo porque o extraordinário é demais e usamos sempre uma peça de cada vez.

    Blogada detalhista na genialidade de RR - LÓGICO e PECULIAR!

    bacios

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  4. Somos parentes! Eu tambem nasci assim e cresci assim e nao sou Gabriela!

    Quanto as calcinhas, caramba, agora que entendi porque vi tantas nádegas (cheias de furinhos) na Praia no ultimo domingo: Falta de dinheiro para comprar mais pano!!!
    É a inflação!

    Beijos

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  5. Menino, moço dos versos
    Já viste quanta loucura?
    Tanto dinheiro roubado
    Chega a me dar gastura
    Dessa falta de decência.

    Pois é, bem sabemos que o Brasil se identificará muito mais com as trapalhadas dos africanos (do Sul), do que com a competência britânica. O contrário é bem improvável, mas torçamos então pro improvável, né?

    Beijos, meu bem.

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  6. Limerique

    Conheci um corrupto carinha
    Que por costume bolsos não tinha
    Porém ficou confuso
    Com dinheiro escuso
    Pegou da sua mulher a calcinha.

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  7. OI R. R. BARCELOS!
    SIM, AS ELEIÇÕES, AÍ ESTÁ NOSSA MAIOR RESPONSABILIDADE, VOTAR BEM, AO MENOS TER CONFIANÇA EM QUEM VOTOU E REZAR PARA NÃO SE DECEPCIONAR.
    QUANTO A COPA, REZAR TAMBÉM, PARA QUE DÊ TUDO CERTO, SABENDO QUE PELOS ATROPELOS DE ÚLTIMA HORA, SERÁ DIFÍCIL UM CONTROLE MAIOR QUANTO AOS GASTOS, QUE HAVERÁ DESVIOS, TODOS SABEMOS QUE SIM.
    TALVEZ, CONTROLAR AS CONFECÇÕES DE CALCINHAS E CUECAS,PARA QUE AS FABRIQUEM COM ALGUM DETECTOR DE DINHEIRO?
    ABRÇS
    zilanicelia.blogspot.com.br/
    Click AQUI

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  8. UMa pouca vergonha íntima demais desses sacanas... e o pior.... são as poucas opções de voto que temos.... os candidatos são exatamente atraídos por esses eventos... parecem querer jogar no mesmo time de sempre viu amigo...

    Beijos e boa noite!

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  9. Que pouca vergonha, não?! E desta vez, a "safadeza" não é como em tantas histórias com cuecas e calcinhas... Prefiro as outras! HA!
    Bem, passei bons meses longe, não é?! A faculdade, alguns probleminhas pessoais, novidades e mudanças me deixaram com o tempo escasso. Pense numa maratona, é a vida. Bem, há algum tempo que não passo por aqui. Se observar, até o meu perfil é novo. Ou seja, perdi todos os blogs que seguia. Fui então, nos arquivos antigos de meu blog, para encontrar você e alguns bons amigos nossos nos comentários lindos que me deixavam. Só assim pude vir até aqui para escrever-lhe, me aconchegar no teu cantinho e te seguir novamente, claro! Assim não te perco de vista. Adooooro esse lugar!
    Beijos,
    Débbie.

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  10. Essa é a preocupação primeira, onde vai PARAR o dinheiro. Pelo que temos vivenciado, certamente muitos lucrarão com esses eventos. Sozinhos, porque ele não reverterá em benefício popular. Haja roupa íntima suficiente! Até para escolher candidatos é complicado, já que são sempre os mesmos. Mas vamos mantendo a esperança, com olhos bem abertos.
    Impossível não elogiar a lucidez de seu texto, em todos os focos . Bjs.

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  11. Belo alvorecer meu maracujá de gaveta !!!!
    Adorei a mudança,sua revolta diante dos políticos...mas fazer o que?Só com o voto que podemos mudar...
    bjsssssssssssss

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  12. Será que se deixar minhas calçolas bem a vista depositarão nela (de volta)todo o dim dim que me/nos foi/é roubado???!!! Meu querido, vamos à tradução do que está lá: Shaná=Ano Tová=bom Umetuká=doce Reginá= sua admiradora desde sempre!
    Beijuuss, doces, n.a.

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  13. Quando eu nasci, um anjo torto(não o do Poeta, outro), decretou: não entenderás de Economia nem de Finanças...nem mesmo de Matemática, no meu tempo, Aritmética. Mas, serás sempre, amante das Letras e dos belos textos, acrescentava o Decreto.

    E teu texto está irrepreensível, como tudo o que escreves, aliás. Quanto às cuecas e calcinhas, gostei imensamente da sugestão da Zilani, na própria fábrica instalar-se um dispositivo detectador de dinheiro...poderia até ter um alarme, não é mesmo?

    Bom, quem viver verá o que será feito com as divisas provenientes das efemérides...

    Bjssssss e muito carinho,
    Leninha

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  14. Caro amigo: Quando comecei a ler, fiquei preocupado: será que o meu velho mestre estaria ficando senil?
    Mas, quando vi as cuecas e a grana, percebi, com alívio, que continuamos assistindo ao mesmo jogo, e portanto, vendo a mesma coisa: não importa o que de bom esses eventos tragam, tudo irá para as cuecas dos mesmos salafrários!
    E nossas mazelas continuarão, na saúde, na educação e nos transportes!
    Somos a Sodoma e Gomorra do século 21!
    Que venha o asteroide!
    Abraços, amigo!

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