sábado, 3 de outubro de 2015

Há quatro anos...


Outubro de 2011

Chuva de inverno


Está frio, e chove. Embrulho-me no meu puído manto de esperança e abrigo-me sob o guarda-chuva rasgado de um otimismo falso. Mas o vento cortante da tristeza insiste teimosamente em trazer-me as gotas grossas e geladas da solidão, enquanto a espessa neblina cinzenta da saudade, mal iluminada pelo solitário lampião das recordações, paira como uma mortalha sobre a rua escura e vazia que é minh'alma.

Incomoda, essa luz espectral, amarelenta e morta do velho lampião. Parece sólida, como se fosse tinta, pintando cada gota de chuva com cores doentias...

O tempo gruda-se em meus dedos, como uma massa amorfa, feita de momentos desconexos. Vislumbro ao longe, no limiar da visão, um fantasma silencioso e meditativo. É teu vulto, talvez, perdido no infinito espaço vazio que existe entre duas camadas de eternidade.

Quero seguir-te. Quero alcançar-te. Mas não posso. E choro a minha renúncia em lágrimas ausentes e vazias. E percebo, enfim, que também eu sou um espectro extraviado, vagando em um mundo que não é o meu.

Choro. E sobre mim continua chovendo esta tristeza... esta solidão...

4 comentários:

  1. E hoje chove chuva fina em primavera carioca.


    Bjs

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  2. Que beleza de texto meu poetamigo RR!!
    Saudade em ler-te... sorte a minha passar por aqui esta noite

    Bacios caríssimo!

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  3. Que lindo! Uma tristeza descrita de forma luxuosa. Bjs.

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  4. Ai que vontade de chorar que me deu... sem palavras para comentar, só um nó bem aqui no peito, um sentimento que nem sei definir direito...
    Beijo

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