Outubro de 2011
Chuva de inverno
Está frio, e chove. Embrulho-me no meu puído manto de
esperança e abrigo-me sob o guarda-chuva rasgado de um otimismo falso. Mas o
vento cortante da tristeza insiste teimosamente em trazer-me as gotas grossas e
geladas da solidão, enquanto a espessa neblina cinzenta da saudade, mal
iluminada pelo solitário lampião das recordações, paira como uma mortalha sobre
a rua escura e vazia que é minh'alma.
Incomoda, essa luz espectral, amarelenta e morta do velho
lampião. Parece sólida, como se fosse tinta, pintando cada gota de chuva com cores
doentias...
O tempo gruda-se em meus dedos, como uma massa amorfa, feita
de momentos desconexos. Vislumbro ao longe, no limiar da visão, um fantasma
silencioso e meditativo. É teu vulto, talvez, perdido no infinito espaço vazio
que existe entre duas camadas de eternidade.
Quero seguir-te. Quero alcançar-te. Mas não posso. E choro a
minha renúncia em lágrimas ausentes e vazias. E percebo, enfim, que também eu
sou um espectro extraviado, vagando em um mundo que não é o meu.
Choro. E sobre mim continua chovendo esta tristeza... esta
solidão...
E hoje chove chuva fina em primavera carioca.
ResponderExcluirBjs
Que beleza de texto meu poetamigo RR!!
ResponderExcluirSaudade em ler-te... sorte a minha passar por aqui esta noite
Bacios caríssimo!
Que lindo! Uma tristeza descrita de forma luxuosa. Bjs.
ResponderExcluirAi que vontade de chorar que me deu... sem palavras para comentar, só um nó bem aqui no peito, um sentimento que nem sei definir direito...
ResponderExcluirBeijo