- Por volta de 640 A. C. Assurbanipal mandou fazer cópias de todo o acervo espalhado pelos templos e coleções particulares da Assíria e da Babilônia, e fundou a maior biblioteca de sua época. Essa biblioteca, descoberta por Henry Layard em 1846, nas escavações em Nínive, e explorada por seu assistente Hormuzd Rassam, continha entre outras maravilhas a Epopéia de Gilgamés - que já era antiquíssima na época de Nínive.
- Gilgamés era um semideus que se tornara poderoso, e contra ele os deuses mandaram Enkidu, para matá-lo. Mas os dois heróis se tornaram amigos, e quando Enkidu adoeceu e morreu, Gilgamés partiu em busca do segredo da imortalidade. Nessa busca, encontrou Ut-Napistim, o pai da humanidade, que lhe narrou a história de seu maravilhoso salvamento: o deus Ea (ou Enki) apareceu-lhe em sonhos e disse-lhe que construísse um navio, pois os deuses, desgostosos com a humanidade, tinham resolvido aniquilá-la.
- Passemos a palavra ao assiriólogo George Smith, tradutor da Epopéia: assim ele interpreta uma passagem épica dessa obra-prima - a narração de Ut-Napistim:
Tomei comigo tudo o que eu tinha, toda a colheita da minha vida...
Carreguei no navio; a família e todos os parentes,
Os animais do campo, o gado dos prados e gente de ofício,
tudo embarquei.
Entrei no navio e fechei a porta...
Quando raiou a aurora,
Uma nuvem negra se formou ao longo do horizonte...
De súbito, a luz do dia se transformou em noite,
O irmão não vê mais o irmão,
A população do céu não pôde mais reconhecer-se.
Os deuses encheram-se de pavor perante a enchente,
E fugiram e ascenderam ao céu de Anu,
Os deuses agacharam-se como cães contra a parede e ficaram imóveis...
Durante sete dias e sete noites
A tempestade e a enchente subiram e o furacão reinou sobre a terra.
Quando rompeu o sétimo dia, a tempestade amainou,
A enchente, antes raivosa como exército em luta,
Os deuses agacharam-se como cães contra a parede e ficaram imóveis...
Durante sete dias e sete noites
A tempestade e a enchente subiram e o furacão reinou sobre a terra.
Quando rompeu o sétimo dia, a tempestade amainou,
A enchente, antes raivosa como exército em luta,
Aplanou, as ondas baixaram, o vento cessou e a enchente não subiu mais.
Espreitei para a água, estava mudo o seu fragor
Toda a humanidade fora transformada em lama!
O lodaçal chegava até a altura dos tetos!...
Olhei para a terra, para o horizonte do mar,
Longe, muito longe, surgiu uma ilha.
O navio vogou até o Monte Nissir,
No Monte Nissir ele parou e ficou imóvel como ancorado...
Quando despontou o sétimo dia,
Enviei uma pomba, soltei-a,
Ela voou e voltou, a minha pomba,
Porque não encontrou lugar onde pousar, ela voltou.
Enviei uma andorinha, soltei-a,
Ela voou e voltou, a minha andorinha,
Porque não encontrou lugar para pousar, ela voltou.
Mandei um corvo, soltei-o,
Ele voou, o corvo, viu que o espelho de água baixava;
Ele come, ele voa em roda, crocita e não volta mais.
Espreitei para a água, estava mudo o seu fragor
Toda a humanidade fora transformada em lama!
O lodaçal chegava até a altura dos tetos!...
Olhei para a terra, para o horizonte do mar,
Longe, muito longe, surgiu uma ilha.
O navio vogou até o Monte Nissir,
No Monte Nissir ele parou e ficou imóvel como ancorado...
Quando despontou o sétimo dia,
Enviei uma pomba, soltei-a,
Ela voou e voltou, a minha pomba,
Porque não encontrou lugar onde pousar, ela voltou.
Enviei uma andorinha, soltei-a,
Ela voou e voltou, a minha andorinha,
Porque não encontrou lugar para pousar, ela voltou.
Mandei um corvo, soltei-o,
Ele voou, o corvo, viu que o espelho de água baixava;
Ele come, ele voa em roda, crocita e não volta mais.
- Fonte: C. W. Ceram, Deuses, Túmulos e Sábios
- Melhoramentos, 1992
- A narrativa bíblica do dilúvio, dizem os estudiosos, é uma recompilação tardia da epopéia sumeriana... será?
Pois é, parece que todos os grandes fatos que definem nossas culturas são reciclagem de fatos ou histórias folclóricas anteriores. Se cavocarmos um pouco veremos que até o Natal, festa máxima do cristianismo e o pessach requentado dos judeus. Abraços, JAIR.
ResponderExcluirBarcellos, excelente matéria, resgatando este editor de 27 séculos atrás.
ResponderExcluirAs coincidências são demais para se deixar de ver que é a mesma história. Resta saber quem se inspirou em quem!
Algumas livros da bíblia, como os encontrados nos pergaminhos do Mar Morto, são posteriores á época de Cristo.
Eu tinha um professor de história em Porto Alegre que costumava levar este livro de C.W. Ceram para a sala de aula. E eu gostava muito...
Ótima lembrança!
Abraços!
Mesmo eu não sendo profunda conhecedora do que diz o Livro Sagrado, mesmo assim posso perceber a semelhança entre as histórias. E como disse seu amigo Leonel, resta saber quem se inspirou em quem... Fosse eu uma cristã fervorosa defenderia aqui que a história de Noé é a legítima... Muitos o farão. A mim foi por demais interessante a descobertaq dessa outra face da história, o qual, humildemente convfesso, não tinha conhecimento.
ResponderExcluirBeijos...
Cuide-se!
O Noé da Suméria passou por Nínive e conversou com Jonas...Essas são as fantásticas possibilidades da literatura.
ResponderExcluirObrigada pelo comentário em meu blog. O que vc escreveu é o prêmio de todo escritor. E, quanto ao que vc desenhou ao ler o texto, eu diria que perfeitamente, poderia ser uma lágrima, mas, seu eu afirmo, tiro o que é de mais fascinante depois do escrever, que é a interpretação individual de quem lê.
Amei seu comentário.
Beijos!
Demorei, mas desempaqu...ops...cheguei, amigo!
ResponderExcluirÉ de fato algo interessante e curioso sim, mas eu acredito no Noé da bíbia. Ou quem sabe houve dois Noés??
Amigo, estou aqui para CONVOCÁ-LO para festa da mamãe de um amigo, no dia 29 de setembro. Não esqueça!!! Fizemos convitinhos lindos, se vc fizer questão deixe-me teu e-mail em meu blog dos Botões que te envio, sem falta!
Abraço e afeto!
NESTE ENDEREÇO:
http://salaodefestasvirtual.blogspot.com/
Ai que voltei aqui só pra bater um pouquinho em vc! Como assim "estrela branca num escudo negro"? Olhe, moço! Muito respeito com o escudo mais lindo do mundo, viu? Rsrsrsrs...
ResponderExcluirE bingo! A moça aqui adora ser mimada, é mais forte que eu.
Bacana você e a Simone estarem interagindo... Orgulho-me muito dos dois. Simone é mais que uma amiga, é uma irmã que a vida fez a brincadeirinha de fazer nascer um tanto longe de mim... Só me resta agora ficar fiscalizando pra ver se os dois não estão me deixando muito de lado, tipo se livrando de mim... Snif!
Meu Deus! Estou incorporando todos os personagens de uma novela mexicana, todos de uma só vez...rsrs. Vou-me rapidinho antes que piore o quadro.
Beijo, moço.
Obrigada!
Voltei, Rodolfo.
ResponderExcluirPrimeiro, corrijo aquele disparate de 'bíbia', em meu comentário acima, que isso?!!rs
E segundo, é muito importante que vc me envie teu e-mail, amigo, muito mesmo!!!
Se preferir, já deixo-te o meu, assim vc me manda em segredo da blogos...
mglacerda-pa@hotmail.com
Um abração!
Olá amigo Rodolfo,
ResponderExcluirparabéns pelo texto.
Gostei muito desta aula de História.
Ficaremos sempre na dúvida... quem imitou quem?
Um beijo e que tenhas um excelente final de semana.