sábado, 19 de novembro de 2011

Papai Noel

     O "Sete Ramos" inicia hoje a republicação da mesma série de "posts" com que comemorou, há um ano, a época das festas natalinas. Os textos foram mantidos, exceto por um ou outro retoque, e trouxeram consigo os comentários de um ano atrás. Mas a ordem das matérias foi modificada, e isso deixou os comentários um pouco desordenados.
     Este ano, começarei com o Papai Noel, para que os amigos que quiserem possam ter tempo de escrever sua cartinha (ou um e-mail) para o bom velhinho.
*  *  *  *  *
     Muitos séculos antes de nossa era, durante os festivais primitivos que celebravam o solstício de inverno - quando o sol interrompia sua "fuga" e as noites começavam a ficar menos longas - já havia nas aldeias o hábito da troca de presentes. O costume persistiu e chegou às Saturnálias romanas; e quando a Igreja Católica escolheu o dia 25 de dezembro como a data oficial do nascimento de Jesus, a Saturnália foi banida, mas alguns dos costumes pagãos, como a troca de presentes, acabaram sendo adotados pelos cristãos.
     Há quem justifique o costume tomando como exemplo o fato de que os Reis Magos teriam ofertado como presentes a mirra, o incenso e o ouro - mas que eu saiba, eles presentearam o Rei dos Judeus, em vez de trocarem os presentes entre si.
     Hoje, associamos o ato de presentear, no Natal, à figura de um velhinho de longa barba branca, bem humorado, com um traje que lembra o de um duende - ou palhaço - e um saco de presentes às costas. Mas como nasceu a história de Papai Noel?
     Bem, Papai Noel nasceu na  Turquia, no século III. Chamava-se Nicolau, era bispo e adorava crianças. Era rico, e em dezembro tinha o hábito de distribuir presentes entre os pobres e as crianças.
     Em pouco tempo, a história do velhinho chegou à Grécia e à Itália, já com a fama de milagreiro. A Igreja Católica decidiu canonizá-lo e instituiu como seu dia o 25 de dezembro, junto com o Natal.
     Essa é a história do verdadeiro Papai Noel ("Saint N'klaus", o popular "Santa Claus"). Esse existiu - ou existe -de verdade, em algum lugar perdido no Tempo e no Espaço, mas real; e sua tradição de bondade e altruísmo sobrevive nas campanhas humanitárias - principalmente as organizadas nas comunidades próximas a nós, onde podemos ver e sentir os resultados de nossas contribuições.
     E basta lermos o belo "post" da Regina, há um ano, no "Tofora-Todentro", intitulado "Papai Noel existe?", para sentirmos, no texto e nos comentários, a realidade do bom velhinho. Confira em:

http://toforatodentro.blogspot.com/2010/12/papai-noel-existe.html
     Mas há pessoas que não acreditam nele, porque infelizmente um clone falso e enganador se espalhou pelo mundo, fazendo-se passar por ele; eu o chamo de "Papai Noel que não existe".
     Esse curioso processo de clonagem ocorreu nos séculos XIX e XX. Em 1809, o escritor Washington Irving resolveu popularizar a história de São Nicolau nos Estados Unidos e descreveu "Santa Claus" como um duende gorducho que aparecia nas noites de Natal e distribuía presentes - montado num cavalo voador! E o imaginário popular absorveu essa imagem caricata...
     Em 1822, o cavalo foi aposentado e substituído por um trenó supersônico, tirado por oito renas: Dasher - Corredora; Dancer - Dançarina; Prancer - Empinadora; Vixen - Raposa; Comet - Cometa; Cupid - Cupido; Donner - Trovão; Blitzen - Relâmpago.
     Mas não parou aí. O aspecto sóbrio das roupas do personagem - capote de inverno cinza ou verde - foi transformado no atual visual de palhaço pelo cartunista Thomas Nast, na revista Harper's Weeklys, em 1886, na edição especial de Natal.
     E  em 1931 a clonagem se consumou. Buscando aumentar suas vendas, sempre fracas no inverno, a Coca-Cola aproveitou a caricatura de Nast, que tinha suas cores - vermelho e branco - e apresentou Papai Noel ao mundo, em grande estilo,  numa campanha publicitária milionária... que fez grande sucesso!

Quatro etapas da "clonagem"

     É curioso. Desde então, mais e mais crianças acreditam num Papai Noel falso, e depois de alguns anos sofrem a profunda desilusão de ter que abandonar esse sonho. E consequentemente mais e mais adultos não acreditam em qualquer Papai Noel - nem no falso, nem no verdadeiro!
     Essa descrença dos adultos é alimentada pelas campanhas publicitárias e pelos inúmeros Papais Noéis de fancaria, nos shoppings e lojas. Os mesmos fatores respondem pelo aumento da ilusão infantil, que é ainda reforçada por pais que não conhecem o Papai Noel de verdade - o que existe, e que deveria ser representado por eles, pais.
     Nesse mundo que gira em torno do dólar, é inevitável que nossos filhos e netos, quando pequenos, sejam contaminados por ilusões e fantasias sabidamente preparadas para alimentar o consumismo capitalista. Deixemos, enquanto pequenas, que sonhem com o "bom velhinho"; mas devemos prepará-las para o dia em que terão que trocar seus sonhos infantis pelos sonhos de adultos - num processo de crescimento interior que não conhece a tristeza de abandonar uma bela fantasia e sentir-se vazio de sonhos... basta que o sonho que não existe seja substituído pelo que existe, e que traz em si valores mais sólidos.
     Um texto bem mais extenso e explicativo sobre a "clonagem" pode ser consultado em:
http://jipemania.com/coke/historia_do_natal_V3.pdf
     E o Papai Noel que existe tem escritório com endereço. Anote:
     Santa Claus
     FIN-96930 Arctic Circle
     Rovaniemi - Finlândia
     http://www.santaclausoffice.fi
     Lá, as cartas recebidas com remetente recebem uma resposta em oito idiomas diferentes. E nesse "site" o representante "oficial" (embora vestido à moda Coca-Cola) dá expediente no horário comercial (4 horas a mais que o horário de verão no Brasil). Dias 24 e 25 de dezembro ele fará hora-extra. Mas a qualquer momento você pode curtir ao vivo músicas natalinas e a bela paisagem do inverno ártico.

     Ano passado, a Tânia lembrou bem: no Brasil, os Correios recebem milhares de cartas endereçadas a "Papai Noel", e qualquer um de nós pode escolher algumas para responder, incorporando assim uma pequena parcela do Papai Noel de verdade. Veja o comentário dela. E querendo participar ou obter mais informações, acesse o site
http://www.correios.com.br/papainoelcorreios2011/
     Para fechar: em 1936, alguém teve a infeliz idéia de acrescentar uma nona rena às oito já reconhecidas popularmente, dotando-a de um brilhante nariz vermelho e colocando-a como líder à frente das outras. O nome do animal (a rena, não o "iluminado"):  Rudolph - Rodolfo!
     Pode?!



     Próximo artigo desta série: A árvore - 26/11.

25 comentários:

  1. Rsrs... Impossível não ter sorrido, ao menos um sorrisinho xoxo, ao ler o nome da nona rena. Rudolph é um belo nome!

    Sempre tive meio bronca do Papai Noel de mentirinha, esse aí, o rei do consumo. Na minha mente infantil ele só vinha pras crianças ricas então eu nem perdia tempo colocando meu sapatinho na janela. Ele não viria para casas com nove crianças. Eram muitas crianças! Portanto, saber que não existia de fato pra mim foi indiferente... Até resmunguei um "papai noel besta" pra ele várias vezes.

    Mas, mantenhamos a esperança no Papai Noel que existe. Esse sim é importante.

    Beijos.
    Cuide-se!

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  2. Ah, eu tinha que voltar, né? O sujeito passa dois séculos e meio sem ser campeão e agora fica aí cheio de bossa!
    Preparado pra mais 26 anos em jejum???

    Mas te dou sim minhas congratulações pelo feito. Foi merecido.

    Beijos, tricolor amado!

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  3. Barcellos... mio amico .. rss
    Quero informar-te.. rss Repetindo o que escrivinhei pra "Rêzina da Grória" rss de que surpresas virão pra todos que querditam no Santa Claus...
    Vou além ainda.. tem um montão deles ( os de verdade.. não aqueles que se fantasiam pra mór di presentiá os fius ) .. ME AGUARDEM !!!

    Não pódo dizê mais senão perde o encantamento... rss

    P.S. Adorei a idéia do surgimento do (VIXE), rsrs Prá mór di eu êzêcutá... rsss

    Déussssssssssssssssssssssskiajudeê
    Forte abraço
    Tatto

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  4. Barcellos,
    É sempre bom colocar os pingos onde eles deveriam estar, este texto faz exatamente isso. Fico muito contente que alguém tenha coragem de tirar a máscara desse velho que deve ser pedófilo, pois anda sempre atrás de criancinhas. O outro, aquele citado no início, deve ter gostado desse texto, pelo menos alguém esclareceu as coisas. Abraços, JAIR.

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  5. Para mim, este velhinho sempre foi meio duvidoso, pois nunca me trouxe o trenzinho elétrico que eu sempre quis, enquanto meus coleguinhas melhores de vida ganhavam de tudo! Assim, aprendi logo a não contar muito com ele!
    O Natal pra mim só era bom mesmo pelos canapés, docinhos e refrigerantes, pois coincidia com o aniversário do meu pai.
    Mas é interessante saber como foram adequando a figura e o seu papel aos interesses comerciais.
    Então, o que temos hoje é o Papai Coca-Cola!
    Mas, no universo das ilusões que existe na mente de cada um cabe o que cada um quiser!
    Parabéns pelo Flu! Como a Milene disse, aproveite bem, pois outro, só daqui há mais 26 anos!

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  6. Rudolph, amado!
    Agora descobri pq sempre fui xônada com as tais renas de Papai Noel fake! rsrs
    Agora entendi o tal do spam (inda bem que ainda nem te conhecia rsrs e belíssimo escrito!)
    Agora tenho esperança pro meu Galo (quaaaase rebaixado)!
    Agora preciso colocar sapatinhos na janela prá quem sabe ganhar um presentim do meu bom velhinho: FORÇA!
    Beijuuss Rudolph n.c.

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  7. Antes de mais nada.... PARABÉNS CAMPEÃO!!!
    Mas falando do Papai Noel, além daquele que tem endereço certo, podemos nós também virar um Papai Noel. Basta passar nos Correios (em Niterói é lá no centro) para pegar uma ou mais cartinhas e presentear o remetente. Vocês vão se surpreender com os pedidos. Claro que tem os exagerados, mas temos também pedidos tão simples que até dá vontade (e porque não o fazer?) de presentear muito mais.
    E no final das contas, acho que quem ganha mais somos exatamente nós - os Papais Noéis. E nesse caso acho que nos tornamos Papais Noéis "de verdade", né meu irmão?
    Então.... FELIZ NATAL PARA TODOS!
    E não nos esqueçamos nunca do homenageado do dia.

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  8. - Milene, a conta lá em casa também era nove... oito de sangue e um de alma. E dá-lhe botar água no feijão o ano inteiro, módi sobrar um pouquinho para as festas de Natal...
    - Rê, o Flu tava pior no ano passado do que está o Galo agora... o caminho está aberto.
    - Tânia... belas palavras, maninha... esse ano vou me limitar às comunidades assistidas pelos Santos Anjos, mas vale a lembrança.
    - E a todos, um abração!

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  9. Inauguro os novos, então - não sem antes agradecer a vc pelo carinho de teu gesto....esta postagem me fez resgatar a história de meus filhos, sentir a ternura pela data que tb me provoca tristeza...

    Vou ler de novo e com outro olhar (menos emotivo), mas já sei que me apaixonei pela tua completa aula sobre o falso velhinho de vermelho...eu creio nos dois, verdadeiro e falso, minha criança pede que mantenha o sonho pra que possa passá-lo para outros olhinhos brilhantes, boquinha aberta diante daquele rosto tomado pela espessa barba...se ele não existe, com certeza a magia do Natal a gente encontra em meninos-grandes como você...obrigada, e vc sabe de que!

    Beijo com imenso carinho...um FELIZ NATAL te espera, Mago Sonhador!!

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  10. Quando era criança , acreditava tanto em papai Noel, chegava até escrever cartas, tempo bom aquele...que bom saber que o espirito natalino jamais morreu, beijos

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  11. Não conhecia essa clonagem que mencionou. Parece que em tudo há uma parcela de falsidade que se acomoda e é aceita, passando a superar a verdade.
    A única beleza que vejo nisso é o sonho das crianças, muitas vezes frustrados, já que a mídia impõe modelos que a maioria dos pais não tem condições de acompanhar.
    Independente de realidade ou ficção, a iniciativa dos correios é bela, porque proporciona momentos de felicidade a quem espera, um ano inteiro, pela oportunidade de ser presenteado. E o Papai Noel que existe dentro das pessoas sensíveis proporciona essa alegria.

    Bjs,

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  12. Barcellos,
    Apropriado esse texto natalino. Continuo dizendo que ler teu blogue é adquirir cultura. Parabéns, JAIR.

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  13. Caro Barcellos, minha opinião continua a mesma do comentário antigo...
    Só poderia acrescentar que temos dois papais noéis que não existem:
    O falso "Papai Coca-Cola", uma alegoria puramente comercial, e o verdadeiro, que deixou de existir há 18 séculos!
    Mas, o teu post continua existindo, e é tão válido hoje como há um ano!
    Abraços!

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  14. Sigo fazendo caretinha malcriada pro Papai Noel fake...

    Sigo acumulando bem querência por ti.

    Sigo desejando o Flu na fila... (brincadeirinha).

    Beijos, meu caro.

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  15. Bom domingo meu maracujá de gaveta!
    Falar do papai noel é nos lembrar que o natal está abrindo suas portas...tenho o maoir susto,pois sinto que o ano está terminando e não me dei conta,kkkkkkkkkk
    Bjsssssssssssssss

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  16. Voltei para te convidar a passar no blog do meu amigo Daniel para ver o dueto que ele me botou,kkkkkkkkk.
    TE CONVIDO PQ VC ADORA FAZER COMENTÁRIOS E CRITICAR TBM.mAS POR FAVOR FALA BEM DE MIM ,OK! KKKKKKKKKK
    http://encontroslusobrasileiros.blogspot.com

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  17. Agradeço de coração sua visita
    perdoe o atraso em retribuir seu carinho
    que tanto bem me faz.
    Logo terei boas novas se Deus quiser
    creio que você ficara feliz como
    estou .
    Quero avisar quando tudo estiver tudo pronto
    espero muito breve poder deixar postado minha alegria no blog.
    Na vida não temos somente tristeza derrepente esquecemos
    tudo Deus nos faz sorrir novamente.
    Um abraço bjs no coração.
    Um feliz e abençoado Domingo.
    Evanir

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  18. Querido amigo,

    esta sua série promete...ah, se promete.

    Re-mixada então, show de bola!!!

    Uma delícia te re-ler.

    Desculpe minha demora, é que estou trazendo os enfeites de Natal do P.E.T.I pra adiantar em casa, a escola é enorme e há muito pra fazer por lá, enfeitar pátio, salas, oficinas, diretoria, supervisão, biblioteca...eu amo isso tudo.

    Abraços, com carinho!
    aguardo a próxima ansiosa, Rudolph!rs

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  19. Os interesses comerciais e capitalistas são sempre os mais avassaladores possíveis na história da humanidade, tentando e conseguindo permanentemente substituir qualidade por quantidade e números e dinheiro...
    Excelente post!!
    Tenho uma postagem também sobre São Nicolau Barcellos. Aqui:
    http://blogdaescolasantaterezinhaaracaju.blogspot.com/2009/12/sao-nicolau-o-guardiao-da-consciencia.html

    Beijos!!

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  20. Continuo acreditando em Papai Noel...precisão. Dessas necessidades que servem pra alimentar nossa criança interior e nossas ações adultas. Tenho que dizer que to aflita, com esse "Então (já?)é Natal"...afff parece que foi ontem! Uma coisa permanece: tofora do consumismo, correria, etc e tal faz tempo!
    Beijuuss, amado, n.a.

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  21. Vai ficar cansado de ler as mesmas palavras, mas tenho grande prazer em receber um comentário seu, que guardo com carinho.

    Bjs.

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  22. RR, eu fui uma criança que acreditou no bom velhinho e minha filhota também. Creio ser esta uma fantasia (como tantas outras), infantis até que saudáveis, mas tem lá seus efeitos colaterais (...) como bem expressa a musiquinha:
    "eu pensei que todo mundo fosse filho de papai noel (...)"

    recado entendio e recado dado!
    Blogada "pesquisatória das boa" como diria nosso miguinho das froresta: o MaCacO!

    bacio caríssimo e pode aguardar uma surpresa pra ti ... rsrs... mas naum é do papai noel naum kkk
    :)

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  23. Olá, amigo...sou como a Regina*...continuo acreditando em Papai Noel, Ele* me faz bem, acho que é carência...*
    Adoro ouvir aquela musiquinha que se toca nos locais de comércio, é uma grande euforia, mas tem seus efeitos ruins, sim.Penso naqueles pobrezinhos* que não podem se fartar numa boa mesa, e ganhar um brinquedo tão aguardado e que nunca chega.
    Penso que deveríamos todos* contribuir, *adotar uma criança para presentear no Natal*, é algo que nos gratifica e faz bem ao coração.
    Que Deus te dê uma boa semana,
    Estou voltando a escrever, graças a Deus*, eu não consegui ficar sem essa mania, beijus; Mery*

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  24. Rodolfo..quanto capricho...amei sua postagem..


    Minha infancia foi um pouco ausente de papai noel.
    Comecei a acreditar nele depois de grande...rs


    Um beijo...

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