Vez por outra, remexendo nos arcanos da memória, salta-me lá de dentro, como um coelho assustadiço, uma lembrança que empacou no seu caminho para o esquecimento. E desta vez lembrei-me do meu pai, declamando trovas e poemetos para passar o tempo, nas tardes chuvosas dos fins-de-semana, quando faltava eletricidade ou o velho rádio a válvulas falhava na sua obrigação de entreter a família com as "Histórias do Tio Janjão", as aventuras de "Radar, o Homem do Espaço", os episódios de "Jerônimo, o Herói do Sertão" ou os percalços de um detetive cujo nome já me fugiu caminho afora. E um dos nossos poeminhas preferidos - talvez pela atmosfera de suspense que ia num crescendo até o final, era este.
É claro que já sabíamos o desfecho, mas adorávamos ver o "seu" Eurico, com seus gestos grandiloquentes e sua voz empostada, demorar-se nas pausas finais... só pra terminar num anticlímax que sempre nos arrancava gostosas gargalhadas.
Lá longe...
O sol, no horizonte recostado,
Da sua cama corre a grã cortina;
E a lua, por temer um resfriado,
Envolve-se num manto de neblina.
Uma nuvem, hiperbólica e amável,
Qual fumaça de celeste pito,
Parecia um remendo formidável
Costurado nos calções do infinito!
As nuvens, no espaço já crescendo
Semelhavam magnífico repolho;
E o céu, em trevas se envolvendo,
Não via nada - parecia estar caolho.
E lá longe, muito ao longe, bem ao longe,
Além daquela serra rendilhada...
Eu repito: Lá longe...
...muito ao longe...
...bem ao longe...
...
...mais ao longe...
...
...não se vê nada!
O meu ta la empacadíssimo...
ResponderExcluirNão sei porque as coisas são assim..
Talvez só porque são né..
beijo meu anjo poeta!
Rsrs... Adoro quando leio aqui as histórias que já conheço nos bastidores. São impagáveis essas lembranças da vida que um dia tivemos e se redesenhou sem que tenhamos percebido como.
ResponderExcluirE você é um restaurador de memórias e tanto, caro bruxo.
Beijo-te.
É simplesmente magnifico passar por aqui pra te ler!Sempre prazeroso!
ResponderExcluirUm beijo!
Graaaande Mago, como sempre fazendo seus feitiços com as palavras e nos brindando com seus textos, quando eu crescer quero escrever assim, e bem legal quando vc escreve algo da sua memória aqui, aahh tem podcast novo lá no meu blog e claro uma citação a você inclusive, abração Rodolfo :-)
ResponderExcluirBom dia meu maracujá de gaveta!
ResponderExcluirVim te ler e deixar um desejo;que tenhas um dia fenomenal,com teus amigos que estão sempre por aqui dando seus carinhos e até amor...e eu tbm,kkkkkkkkkkk
bjssssssssssssss
kkkkk é realmente uma surpresa o final. Não sabia que carregava na fita genética o gosto poético. Seu Eurico deveditê um orgulho só desse fiodele. Adoro ler essas histórias de sua vida...êita prosa boa...daquelas que a gente fica um dia intirim ouvindo e quer mais!
ResponderExcluirBeijuuss, Bruxo amado, n.a.
Barcellos,
ResponderExcluir"seu" Eurico, com seus gestos grandiloquentes e sua voz empostada" deve ter despertado a veia poética do autor do blogue. Parabéns a ele e a você que se fez poeta. Abraços, JAIR.
Meu véi!! Eita qu~eu viajei em tua postagem... rs
ResponderExcluirEu tinha um tio assim, contos que só ele sabia como prender nossa atenção infantil... D+!
Abraços Mago dos Magos...
Tatto
Essas lembranças mostram as raízes da tua veia poética...
ResponderExcluirMomentos inesquecíveis, que ficam para sempre congelados numa dobra do tempo, preservados e imaculados, a espera que voltemos para revive-los mentalmente...
Abraços, Amigo!
Passei aqui para deixar um abraço .
ResponderExcluirQue danado este seu pai... rsrsrs
ResponderExcluirSe eu estivesse ali no meio da escuridão escutando ele contar estórias em forma de poesia linda como esta e ainda por cima cheia de mistérios para a gente sentir medo, rsrsrs e no final me falasse que não teria nada, eu entraria em contradição com ele, e no final ele teria que mostrar para todo mundo o que realmente poderia ter lá longe... kkkkkkkkkkkkkk
Sabe porque faria isto? Porque se ele não mostrasse o que tinha lá longe, eu depois não dormiria... ou por sentir medo, ou porque estaria a imaginar do meu modo tudo que ele não falou... Lá longe tem tanta coisa!
Vivi coisas assim... Só que, quem era o contador de estórias assustadoras, era o meu avô!
Na minha cidade, antes do homem ir à Lua, não tinha luz elétrica por toda a cidade. Ela se dividia e... Um dia a luz era em uma parte e depois no outro dia, era da outra parte.
Nos dias escuros, eram dias de contar estórias de terror, assombração e piadas. Principalmente piadas de bêbados. eu adorava! rsrs
Beijos
R.R.Barcellos....
ResponderExcluirNem falo em saudosismo, mas sou fã...rsss
Lembrei-me dos meus pais e irmãos, os mais velhos liam livrinhos [formato pequeno] para os menores, meu pai em meio a milhões de coisas, nos trazia livrinhos, até hoje é um grande leitor...e minha mãe, já éramos adolescentes, nos reunia para ver filmes à tarde em preto e branco, logo depois em tecnicolor...que bom lembrar.
A.
Belos momentos para se guardar no fundo da alma e lançar mão das lembranças, quando sentimos necessidade. Aplausos a vc e ao seu dignissimo pai, Rodolfo. Linda tarde, beijos.
ResponderExcluirCaríssimo RR, tudo é história e construção em nossa vida e essa blogada ilustra esse momento de luz no canto da tua memória.
ResponderExcluirDiga-se de passagem Sr. RR és filho de peixe, posto que "Seu Eurico" já navegava em versos.
Teu coment deu futebol lá no Escritos!
Tu és um QUERIDO!
GRATA caro amigo!
bacio nas mãos
Seu pai lhe mostrava versos! Que sabedoria! Fazia com que a imaginação dos filhos se desenvolvesse, poeticamente. Essas lembranças inspiradoras são sempre ressuscitadas, como o fez nessa postagem.
ResponderExcluirUm encanto!
Bjs.
TEM COISA MELHOR QUE LEMBRAR DE COISAS ASSIM? NÃO!NÃO TEM NÃO SSR SRSRS
ResponderExcluirADORO LEMBRAR DAS COISAS BELAS QUE PASSEI PRNICIPALMENTE COM MEU VELHO PAI.
ASSIM COMO VOCÊ ..
GERÔNIMO..NOSSA ..COMO ASSISTI COM MEU PAI...ERA TÃO PEQUENA MAS AS COISAS BOAS, MEU CEREBRO SOLIDIFICOU MESMO..NADA DE SÓ MEMÓRIAS, ESTÁ EM UM BANCO DE DADOS NO CORAÇÃO TAMBÉM, ESSE MAIS DIFÍCIL DE SER INVADIDO SRSR ..
RODOLFO LINDO POEMA...
LINDAS AS LEMBRANÇAS ..
QUE BOM PODER VIR E COMPARTILHAR POR AQUI..
BOA NOITE
OTILIA
Ah que encantamento de versos amigo. Isso é um prato de coida para o astral de qualquer um....kkkkk... e para as crianças então é um deslumbramento...kkkk
ResponderExcluirBelos tempos que nos deixam felizes porque um dia existiram....aliás, ainda existem por dentro.
Vc escreveu lindo para mim hj. Devo agradecer também ao
semnhor Eurico por ter colorido tua alma de poesias que tanto nos encantam.Obrigada!!
Beijo!
Que bom quando as recordações são tão ternas assim. Gostei do poema. Especialmente do final. Diferente né?
ResponderExcluirUm abraço
Filhinho de peixe peixinho é.
ResponderExcluirSou tua fã de carteirinha.
Amo tua poesia.
Cada comentário seu em meu blog me deixa toda envaidecida!
Beijo.
Você sempre distribui afeto, seja em prosa, seja em versos, iluminando nossos blogs.
ResponderExcluirBjs.
Meu amigo querido vim te ler e deixar meu carinho!!Beijos
ResponderExcluirTrazes o longe para perto do jeito certo.
ResponderExcluirBeijos amigo e boa noite!!
Meu irmão, ficou faltando, na relação das histórias que acompanhávamos no rádio, as aventuras de "O Anjo" - talvez seja o tal detetive de quem vc não se lembrava o nome.
ResponderExcluirMas essa sua postagem me fez lembrar de outra historinha do nosso pai, que não lembro toda, apenas o final. E se vc se lembrar, seria uma outra postagem interessante. É aquela que termina com "e a velha com a faca na mão".... e aí vem o desfecho que n ão vou colocar aqui, se não perde a graça.
Beijo mano.... saudade.