quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ases e Kamikazes

- Kublai Khan, neto de Gengis Khan, o conquistador mongol, após dominar a China lançou seus olhares para o Japão. Via o país insular como uma presa fácil, e os japoneses como um povo atrasado.
- Em 1274, Kublai lançou ao mar uma grande frota, guarnecida com os temidos arqueiros mongóis, mas o ataque fracassou devido a um violento tufão que destroçou a esquadra invasora. Isto proporcionou ao Japão tempo para a construção de suas defesas.
- Em 1281, Kublai lançou mais um ataque, mas dessa vez a marinha japonesa estava preparada e encarregou-se de derrotar os invasores, capturando ou matando milhares de mongóis. Mas o tufão salvador de sete anos atrás não foi esquecido: recebeu o nome de "Vento Divino" - em japonês, Kamikaze.
- Os japoneses sempre consideraram vergonhosa a captura pelo inimigo. E nas duas guerras mundiais, combatentes japoneses raramente se rendiam. Sua milenar cultura abominava a condição de prisioneiro de guerra. Assim, pilotos de combate feridos ou sem combustível suficiente para retornar preferiam lançar seus aviões contra um alvo inimigo. Foram esses os precursores dos famosos Kamikazes.
- Ás da aviação é o título que se dá ao piloto de caça que abate cinco ou mais aviões inimigos em combate aéreo. A lista é extensa, pois abrange as duas guerras mundiais, a guerra espanhola, a da Coréia e os conflitos entre árabes e israelenses. Essa lista pode ser conferida em

http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81s_da_avia%C3%A7%C3%A3o

- O mais conhecido é o alemão Manfred Von Richthofen - o famoso Barão Vermelho, com 80 vitórias pela Luftstreitkräfte na primeira guerra. E na segunda guerra, impressiona a quantidade de vitórias alemãs sobre os aliados - prova evidente da superioridade dos caças germânicos e do treinamento de seus pilotos.
- Mas não é desses que eu quero falar. É do ás japonês Hiroyoshi Nishizawa, com 87 vitórias na segunda guerra, e de sua frustrada tentativa de se tornar um Kamikaze.
- Em 24 de outubro de 1944, já famoso, liderou seu grupo - o 201º Kokutai - na escolta aos pilotos que realizaram o 1º ataque Kamikaze oficial da história. Durante esse vôo, Nishizawa teve uma premonição de sua própria morte. Ao retornar, relatou o sucesso da missão ao comandante Nakajima e se ofereceu como voluntário para participar do próximo ataque Kamikaze, previsto para o dia seguinte. Nakajima rejeitou prontamente; Nishizawa era um piloto brilhante, cujo valor para o Japão seria muito maior como piloto de caça do que numa missão suicida.
- Dois dias depois, o 201º Kokutai foi transferido para Camp Clark, e Nishizawa tomou assento, como simples passageiro, em um avião-transporte Najima Ki-49 Donruy, com alguns companheiros cujos caças estavam em manutenção. No trajeto, aviões americanos interceptaram e derrubaram o transporte; não houve sobreviventes.
- E assim pereceu o maior herói nipônico dos ares: como um simples passageiro, sem poder sequer dar um único tiro em sua defesa. Que ironia...

4 comentários:

  1. Fazendo uma mistureba do teu texto com o meu "Sobre suicído", cito de memória o que disse General Patton a respeito de heróis: "O objetivo da guerra não é morrer por seu país, mas fazer o outro sujeito morrer pelo dele". Presumo que essa frase encerre uma possível discussão se os Kamikases eram ou não heróis, e se sucídio, neste caso, é ou não uma ação niilista extrema. Abraços, JAIR.

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  2. Obrigada, Barcellos, por me fazer conhecer um pouco mais daquilo que sei e aprendi.
    Seu blog é sempre um poço de cultura, uma fonte rica de selecionados temas e assuntos que deixam-me encantada.
    Saber mais sobre os kamikazes, só aqui mesmo...

    Estou aqui para agradecer sua agradável presença e cumprimentos pelo meu niver, amigo. Muito obrigada!
    Que Deus esteja com vc, sempre, iluminando sua vida e orientando seus passos.

    Um grande abraço.

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  3. Triste o fim de Nishizawa, impotente dentro de um avião condenado, logo ele que era um exímio caçador. Alguns relatos o citavam com mais de 100 vitórias!
    Apesar da frase do Patton, citada pelo Jair, a ação dos ataques kamikaze contra a esquadra americana afetava profundamente a moral dos marujos, que tinham dificuldade em lidar com um inimigo que não temia o fogo antiaéreo. E quando conseguiam seu objetivo, era uma troca desigual: um avião e seu piloto podiam matar muita gente e deixar um porta-aviões fora de ação por meses! Mas, nem todos conseguiam, para sorte dos americanos.
    Os escores elevados dos pilotos alemães em relação aos aliados também tem explicação: alguns combateram continuamente desde a Guerra da Espanha até ao final da II Guerra, como Adolf Galland (102 vitórias) e enfrentaram pilotos com menos qualificação, no caso da frente oriental. Quanto mais experientes se tornavam, mais difíceis de serem abatidos e mais eficazes na caçada.Já os pilotos americanos eram reciclados, enviados aos EUA para serem instrutores após certo número de missões, o que os impedia de atingirem escores maiores. Outro detalhe é que a maioria das vitórias americanas era contra caças alemães e japoneses, pois estavam na maior parte do tempo na ofensiva.

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  4. - As frases feitas de Patton não se comparam às de Churchill. Estas, além da construção visando um efeito convincente, possuem um conteúdo que falta às de Patton. Esta citada pelo Jair se resume a dizer que o objetivo da guerra é a morte do inimigo...

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