Em março o Sete Ramos publicou em "É hoje?" algumas datas adotadas para celebrar a poesia e os poetas:
Imagem roubada de Graça... |
b: 21 de março, por decisão da UNESCO;
c: 16 de agosto, em Recife;
d: 4 de outubro, em diversos locais do Brasil;
e: 20 de outubro, por Decreto-Lei da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro;
f: 4 de dezembro, no Rio Grande do Sul.
A arte da Poesia é das mais antigas de que se tem notícia, e é universal - existe em todas as culturas. Não admira que o Dia do Poeta - ou da Poesia - tenha mais marcas nos calendários que qualquer outro...
Enquanto o mundo não decide o dia,
Aqui no Sete Ramos se decreta
Que toda noite é noite de Poesia,
E todo dia é dia do Poeta!
Portanto, obedecendo a meu próprio decreto, ofereço a poetas e poetisas a minha homenagem pelo dia de hoje (alternativa e) - pois embora as celebrações sejam regionais, a poesia é universal.
De poeta e de louco
Um poeta é aquele ente,
Não sei se são ou doente,
Capaz de ouvir estrelas.
É um fingidor competente:
Finge até a dor que sente
Se acaso não pode vê-las.
Assim Bilac e Pessoa,
Em rimas fáceis, à-toa,
Enquadraram todos nós;
Sinta-se pois numa boa
O poeta da garoa
Ou o que canta arrebóis.
Um poeta é meio louco,
De cada um tem um pouco,
Isso é verdade concreta.
E o inverso é verdadeiro:
Seja pouco ou por inteiro
Todo maluco é poeta.
Um poeta de verdade
Tem saudade da saudade
De quem nunca conheceu;
E compõe bela poesia
Pra cantar a nostalgia
De alguém que já esqueceu.
Acorda de madrugada
Quando a rima procurada
Aparece no seu sonho,
E escreve a frase buscada
Sobre o corpo nu da amada
E volta a dormir, risonho.
Um poeta é tudo isso
Pois seu maior compromisso
É com algo transcendente;
É por isso, meu amigo,
Que não digo nem desdigo
Se sou são ou sou doente.
* * * * *
Bolsa de Poesias
ou
Você Escolhe o Final
ou
Você Escolhe o Final
Um poeta vende sonhos,
Mercadeja ilusões;
Falseia pesos, tamanhos,
Trafica com emoções.
Barganha com sentimentos,
Finge por nada e por tudo,
E aos fregueses desatentos
Rouba no troco miúdo.
Faz operação casada
Vendendo gato por lebre.
E à clientela enciumada
Diz que poema cura febre.
Vende esperanças vencidas
Por dez réis de mel coado;
Promete juntar as vidas
De quem vive separado.
Diz que crédito merecem
Assuntos do coração
E embute juros que crescem
Nas parcelas do cartão.
Insiste em que você prove
Um verso que vende - fala -
Por um e noventa e nove
Dando por troco uma bala.
Diz-se agente de Cupido
E doutor de corações;
Que um soneto bem medido
Vale dez mil orações.
Contrabandeia Nerudas
Sem passar pela Aduana;
Sonega somas polpudas
E fica com toda a grana.
Sem passar pela Aduana;
Sonega somas polpudas
E fica com toda a grana.
Mas um dia o delinquente,
Distraído pelo tédio,
Se apaixona loucamente
E prova o próprio remédio.
E tenta comprar fiado
O que ele vendeu à vista:
O soneto mal rimado,
A trovinha equilibrista.
É aí que ele descobre,
"Marrai filidô sô rei",
Que o que vendia por cobre
É fino ouro de lei.
E derrama coplas loucas
Na conquista da amada:
Rimas ricas como poucas,
Métrica cheia e contada.
Acontece que a musa
Nada entende do riscado;
Na rima fica confusa
Na métrica conta errado.
Final 1:
E o poeta abandonado
Desiste de amar um dia,
De sonhar sonho sonhado
E volta à sua poesia...
Final 1 (variante):
E o menestrel chicaneiro,
Com a alma em agonia,
Engole o batráquio inteiro
E volta a vender poesia...
Final 2:
Mas o poeta, matreiro,
Conquista logo a amada
Com verso solto, certeiro,
Sem metro ou rima, sem nada.
E o malandro, finalmente,
Encontra sua alegria
E passa os dias contente
Vivendo a própria poesia.
Na conquista da amada:
Rimas ricas como poucas,
Métrica cheia e contada.
Acontece que a musa
Nada entende do riscado;
Na rima fica confusa
Na métrica conta errado.
Final 1:
E o poeta abandonado
Desiste de amar um dia,
De sonhar sonho sonhado
E volta à sua poesia...
Final 1 (variante):
E o menestrel chicaneiro,
Com a alma em agonia,
Engole o batráquio inteiro
E volta a vender poesia...
Final 2:
Mas o poeta, matreiro,
Conquista logo a amada
Com verso solto, certeiro,
Sem metro ou rima, sem nada.
E o malandro, finalmente,
Encontra sua alegria
E passa os dias contente
Vivendo a própria poesia.
Niterói, outubro de 2012
Rodolfo Barcellos
PS: Parabéns, Lois! Feliz aniversário!
No mês das bruxas, eis que o Bruxo-Poeta solta a imaginação e nos enfeitiça com seus versos, as rimas perfeitas, cada uma tocando o acorde do coração da gente, tal qual a nota melodiosa em cadência com a emoção que vc desperta...
ResponderExcluirMe repito: lindo demais esse teu versejar, um beijo em cada um de seus olhos mágicos!
ResponderExcluirA poesia não define, aponta;
A poesia não estranha, admira;
A poesia não rebate, acolhe;
A poesia não descobre, encontra;
A poesia não debate, aceita;
A poesia não desdenha, pensa;
A poesia não escolhe, enxerga;
A poesia não pratica, exerce;
A poesia não corre atrás, acompanha;
A poesia não apela, expõe;
A poesia não concorda, pergunta;
A poesia não analisa, traduz;
A poesia não pinta, colore;
A poesia não descreve, verseja;
A poesia não junta, compõe;
A poesia não veste, paramenta;
A poesia não dissimula, acode;
A poesia não modifica, transmute;
A poesia não conquista, seduz;
A poesia não cutuca, contorna
A poesia não constrói, edifica;
A poesia não morde, assopra;
A poesia não dispõe, semeia;
A poesia não critica, eleva;
A poesia não cobra, exprime;
A poesia vicia.
Aeeee Bruxo amado...parabéns por mais essa data! E como não poderia deixar de ser, nos brindando com sua arte! Eu aprecio sem nenhuma moderação.
ResponderExcluirBeijuuss n.a.
Gostei do poeta "vivendo a própria poesia". Escolho, portanto, o final dois, senhor das ideias bacaninhas.
ResponderExcluirEu posso dizer aos céus que poetas existem, são de carne, osso e verso. Eu até abracei e chorei com um deles,esses seres de alma sublime, logo ali, em Maceió. Ama-se, e oh!
parabéns, meu bem. Embora todos os dias a poesia esteja em ti.
Rodolfo,
ResponderExcluirparabenizando-o por aqui também, escolho o final de número 2. A razão? Não sei. Acho que é porque me alegrou mais...e olha que eu nem tinha reparado ainda nos ícones! Mas gosto de poetas felizes.
Lindos versos, poeta grande, criativo, sensível!
Abraços a ti.
Uma semana de glórias!
"E escreve a frase buscada
ResponderExcluirSobre o corpo nu da amada
E volta a dormir, risonho."
Fico imaginando a amada acordando pela manhã e achando o poema escito na sua barriguinha ou no bunbum...Ihihihih!
Enfim, criastes mais uma data para homenagear as poetisas e poetas, até mesmo os de ocasião...
Abraços, Barcellos!
Como eu sou uma romântica incurável, é claro que escolho o final 2...bobona como sou, sempre escolho finais felizes! gostei da criatividade. Um abraço, ótima semana!
ResponderExcluirRodolfo poeta,
ResponderExcluirFico com o final dois, apesar de já eleito por tantos...mas gostei também do final UM...aliás não sei desgostar de nada que escreves, Poeta, Menestrel que respira poesias, sonha com rimas e acorda com sabor de estrelas no céu da boca.
Bjssssss,
Leninha
Para quem escreve como você, não há dia a ser desconsiderado. Todos ficam a merecer a designação. Construir versos e ganhar admiração por eles é seu forte.
ResponderExcluirNão importa o final, eis que poetas podem delinear amargura e saudade mesmo quando o coração canta por amor. Linda postagem. Bjs.
BOA NOITE MEU MARACUJÁ DE GAVETA !!!!!
ResponderExcluirANDANDO POR AI ENCONTREI ESSE TEXTO E ME LEMBREI DE VC!
No dia 23 de outubro comemoramos o Dia do Aviador, porque foi nesta data, no ano de 1906, que Santos Dumont, o grande inventor brasileiro, levantou vôo com o seu "14 Bis". Foi o primeiro vôo de um aparelho mais pesado que o ar. Era o princípio da aviação, o meio mais rápido e arrojado de locomoção conseguido pelo homem.
Por seu valor e representatividade, o dia vinte e três de outubro foi escolhido como o dia do aviador para homenagear aqueles que, movidos pelo mesmo ímpeto do inventor do avião, aprenderam a dominar a arte de voar e souberam transformá-la em um ofício que aproxima pessoas e distâncias, transporta recursos e esperança, conduz progresso e leva integração, promove a paz e a segurança, além de alimentar a eterna aspiração de liberdade dos homens. Como o vôo não está somente limitado à perícia e ao arrojo, havendo um complexo envolvido em prol da atividade, este é também o dia da força aérea brasileira, como o reconhecimento aos que são responsáveis pelo fazer voar.
Retratar santos-dumont, resgatando sua vida e seu legado, não é mero ufanismo, é render o justo tributo a quem tanto se dedicou em benefício da humanidade. Que o contato com o gênio de caráter virtuoso, de inteligência incomum, de dedicação exemplar e de notável espírito altruísta possa refletir o orgulho de ser brasileiro, confessando ao mundo que nossa força vem da nossa gente.
Parabéns a Força Aérea Brasileira e a todos os Aviadores Brasileiros que a representam!
DEIXO UM BEIJO GRANDE RECHEADO DE SAÚDE !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Parabéns, querido Amigo Poeta. Poeta nas palavras, nas rimas e no coração. Está dentro de você, o sentir, só assim se explica a sua envolvencia em tudo o que escreve e o modo como o faz chegar a nós. É um previlégio tê-lo encontrado no meu caminho.
ResponderExcluirUm grande bem haja!
beijinho
cecilia
digo, privilégio
ResponderExcluirOI R. R. BARCELOS!
ResponderExcluirENTÃO, "VIVA O POETA".
ESCOLHO O FINAL -2,ONDE O POETA CONQUISTA A AMADA SÓ PELOS VERSOS.
MUITO LEGAL!
ABRÇS
zilanicelia.blogspot.com.br/
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Muito bem, muito bem e apoiado senhor poeta Barcelos :) Olá amigo estou de volta após as merecidas férias, encontrei as coisas um tanto desfeita, mas com o tempo se arruma, enquanto isso vou retomando as ondas e para tanto abri o Salão Boas Festas 2012 da Ilha para comemorarmos mais um renascimento de Menino Jesus e darmos boas vindas ao ano novo que não tarda a chegar, queria contar com tua presença e participação nas brincadeiras! - Te espero lá. Um doce beijo.
ResponderExcluirOlá, R.R.Barcelos!
ResponderExcluirVim conhecer de perto seu cantinho e me surpreendo com linda poesia em ode aos poetas, que fazem da nossa vida alegria e sonhos. Se eu puder dar meu voto nesta primeira vez de visita, digo que escolho o final no.2, pois gosto mais de finais felizes ou românticos.
um grande abraço, carioca
Rodolfo, eu, como poetisa, fico muito encantada com sua homenagem para este dia que escreveu com tanta sensibilidade.
ResponderExcluirBeijos
Olá, R.R. Barcellos
ResponderExcluirQue Máximo esses Poemas!, tanto rima,
na prosa rica com o leitor, no citar de Poetas de primeira.
A escola não precisa ser certeira,
Basta um mix [precioso] e faz-se Poema!
Abraço,
Sandra
Simplesmente adorei esse 'poemão' sobre poesia/poeta. Escolho o final 1, se é que ha votação rsrs
ResponderExcluirPoxa! Fazia tempo que por aqui eu nao vinha, fiquei afastada um tempo e agora estou voltando... que bom ler vc!
bjsMeus
CAtita