quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Crescente


Internet
A cada noite mais o céu se ilumina,
E esmaece nesse brilho o cintilar
Dessas saudades de um sorriso de menina,
Dessas lembranças de um antigo e doce amar.

Pois quando vejo o teu sorriso que fascina
Cresce em meu peito uma esquecida sensação
Que, em cascatas de calor, de adrenalina,
Rejuvenesce um combalido coração.

E nesta luz que me ilumina toda a alma
Quero cantar sem ter qualquer cuidado ou calma,
Sem mais razões, explicações, sem hesitar;

E num crescendo majestoso a melodia
Do nosso amor fará a grande poesia,
À luz crescente em prata do nosso luar.

Niterói, 29 de fevereiro de 2012
às 22:21 h (lua crescente)
Rodolfo Barcellos


Este é o terceiro de uma série de quatro sonetos temáticos, programados para publicação nas datas e horas em que mudam as fases da lua, de acordo com as tabelas de efemérides astronômicas. O tema é o paralelismo poético entre as diferentes fases da lua e as do amor. 
Próxima postagem desta série: PLENILÚNIO
Em 08 de março, às 06:39


Postagens anteriores:


domingo, 26 de fevereiro de 2012

Conjunção

Ontem, um pouco depois do por do sol, quem teve a curiosidade de olhar para o céu pôde observar, logo acima do horizonte oeste, uma conjunção não muito rara, mas muito bonita: a Lua, Vênus e Júpiter juntos em um pequeno espaço do firmamento. Tirei esta foto com uma câmera digital sem muitos recursos. Hoje a conjunção continua, com a diferença que a Lua estará mais longe de Vênus e mais próxima de Júpiter. Mas é preciso fazer a observação logo após o escurecer, antes que os três astros se ponham no horizonte, e contar com um céu limpo e um local não poluído por poeiras, fumaça ou luzes, com visão livre para o oeste - o local onde o sol se põe.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Trovas

Trova é uma quadrinha rimada em redondilhas, sem título e com sentido completo. Gosto de usá-las como comentários às postagens mais inspiradoras de meus amigos. Este é um pequeno apanhado de alguns desses comentários. Haverá outros. 
Imagem: Kim Casali
10
Esse, querida, é o porquê:
Dia passa, passa dia,
Você nos traz a alegria
De ser mais e mais você.
9
Tu te enganas, princesa,
Pois a verdade surpreende:
Ao ver a tua beleza,
É o mar que a ti se rende!
8
Dorme, oceano... repousa;
A insônia não é para ti.
Sonhar sonhos azuis ousa,
E expõe-os em verso, aqui.
7
Teu "talvez" traz a certeza
De que esse amor não morreu,
Pois que toda essa tristeza
Brota deste peito teu!
6
Luna minguante de prantos,
Luna nova de esplendor,
Luna crescente de vida,
Luna cheia de amor!
5
É preciso estar atento
Pois não existe sineta
Que nos avise o momento
De virar a ampulheta.
4
Não sei se voei nos versos
Ou se na tua emoção;
Mas sei que os voos dispersos
Tocaram meu coração.
3
Onde a Terra e o Céu se fundem,
Onde o Espaço abraça o Mar,
Nossos versos se confundem
Conjugando o verbo Amar.
2
E imóvel, você escorre
Entre o zênite e o nadir;
Querendo morrer, não morre
E fica, querendo ir.
1
Além dos vales e montes,
Lá onde está teu sorriso,
São lá os teus horizontes,
Nos umbrais do Paraíso!

Niterói, fevereiro de 2012
Rodolfo R. Barcellos

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Nova


Em plena escuridão está envolto o mundo.
Fugiu do céu a lua, e tu também de mim.
Brilham mil diamantes no espaço profundo,
Lembranças de momentos que tiveram fim.

Mas eis que lentamente, acima do horizonte,
Nasce um sorriso leve, uma foice de luz,
Trazendo-me esperanças de uma nova fonte
De carinho que afaga, de amor que seduz.

Mas inda luzem fortes, no meu firmamento,
Saudades e lembranças do amor antigo,
Dores que não se vão em tão curto momento;

E entre a luz passada e a que inda é futura,
Entre o refúgio novo e o costumeiro abrigo,
Meu coração hesita nesta fase escura.


Niterói, 21 de fevereiro de 2012
às 20:34 h (lua nova)
Rodolfo Barcellos


Próxima postagem desta série: CRESCENTE
Em 29 de fevereiro às 22:21 h

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

No silêncio

     Ela disse que gostaria de declamar um poema - e eu me lembrei de um sonetinho que tinha feito a partir de um texto dela. Mas quando a poesia cresce dentro da alma, é difícil segurar a inspiração, e os versos foram saindo, e saindo, e saindo.
     Mandei-lhos, com o fundo musical do toque militar de silêncio, que tanto marcou minha vida nos quartéis. Mas a filhota dela disse que o "Silêncio" soava lúgubre; assim, transformei o silêncio presente em vozes do passado, substituí cornetas melancólicas e tristes clarins por uma orquestra vibrante e trouxe, com o imortal Carlos Gomes, uma "Alvorada" para alegrar os corações silenciosos.




NO SILÊNCIO

No silêncio escutei a voz dos ventos
E dos suspiros.
No silêncio ouvi tristes pensamentos
Que não são meus.
O Tempo sussurrou-me seus segredos,
Gotejando em segundos que escorreram
Como lágrimas na face da Eternidade.

E os murmúrios que jorraram dessas fontes
Esvaíram-se em mil constelações,
Em estrelas que brilharam silenciosas,
Eternamente mudas,
No olhar parado da minha solidão.

Busquei cantigas que há muito se perderam
Na bruma espessa da saudade antiga,
Na voz de meus amores que se foram
Para onde?
Para onde o amor se esconde.

No silêncio se abrigaram os gemidos,
Os murmúrios que escaparam dos lençóis,
As promessas que duraram um momento,
E as juras com prazo de vencimento
De amores que fugiram... há quanto tempo?

No silêncio Deus me fala, e eu escuto
A voz que não é mais da solidão.
No silêncio Deus me olha, e eu vislumbro
A luz que agora vem da escuridão.

SUSPENSE E PROFECIA

O Tempo para,
E ouço cantigas que voltaram do passado
Nas asas do silêncio.

A ALVORADA

Mas, eis! O Tempo fecha o seu ciclo
E o céu no oriente, pouco a pouco,
Expulsa de si mesmo a escuridão;

E a luz da Alvorada engolfa o mundo
E cresce em cores a cada segundo
E afugenta-me da alma a solidão.

E junto à escuridão vai-se o silêncio
Nos gorjeios de pardais e sabiás
No zumbir inquieto e forte dos insetos.

E quando o sol desponta no horizonte
E seu primeiro raio, mensageiro,
Busca o mais alto píncaro do monte,
Beijando a flor, que se abre por inteiro,
Rasga-se enfim a bruma de tristeza
Que me envolvia o coração silente;
E minha alma canta toda a beleza
Do amor que chega, poderoso e ardente!

Rodolfo Barcellos
Niterói, fevereiro de 2012
(Para a declamação da Denise)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Minguante


Onde a paixão? Onde estará, insano e ardente,
Aquele amor que incendiava cada noite?
Foi-me o desejo. A ânsia louca também foi-te;
Em cinzas frias fez-se a brasa antes candente.

Se bem nos reste ainda um aconchego morno,
Não sobreviverá ao fim do nosso estio;
Não nos dará calor quando chegar o frio,
Ao extinguir-se o lenho último do forno.

E vai minguando o amor, o encanto e a magia.
Não mais os nossos corpos, em mútua poesia,
Entoarão o canto do febril desejo.

Cada lembrança doce virará saudade.
Talvez nos reste ao fim alguma amizade,
Talvez o nosso adeus sequer mereça um beijo.

Niterói, 14 de fevereiro de 2012
às 15:03 horas (lua minguante)
Rodolfo Barcellos


Próxima postagem desta série: NOVA
Em 21 de fevereiro, às 20:34

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

IMENSOS PEDAÇOS DE AMOR

Amigo é assim, chega à casa do outro, pega a chave embaixo do vaso e entra sem cerimônia alguma. E quando ele não está presente, espalha bilhetinho de amor por cada canto, escancara a porta e convida a todos para um derramamento de amor vindo de longe, de perto, daqui, dali...  A ideia é misturar sons e cores, bilhetes e rimas, na tentativa de promover um imenso abraço virtualmente real para esse homem a quem todos adoram amar.

Mago? Bruxo? Quem hoje aniversaria nos permite a magia que é fazer parte de sua vida, enfeitiçados pelas suas generosas demonstrações de afeto. Viemos celebrar com a tua parte poeta, e já que abrimos a porta, lembramos que o cofre guarda preciosidades como esta que escolhemos para te homenagear. Palavras... versos... vozes... são ecos do poeta.

Quando o amor não coube mais dentro do peito, ele resolveu abrir estradas e construir pontes. Abrir portas e estender as mãos, num gesto amplo, puro e fiel. Em campo aberto nos convida diariamente, distribuindo tenros ramos de oliveira, cobrindo-nos de flores e mimos. Mais que gratos, estamos felizes e com sorte por tê-lo como amigo...

Me deste a chave, lembra? Então eu, Denise e Lu viemos bagunçar tua casa, fazer sopa de letrinhas no teu caldeirão, bruxo querido! Dizer do nosso amor, respeito, admiração e amizade, representando todos os teus amigos que certamente gostarão de compartilhar desse momento... É bom você nos ouvir atentamente. É bom que receba nossos beijos e afetos. É bom!

Salve, Rodolfo Barcellos!
Jamais se perca de nós...






PEDAÇOS

Pedaços de mim, esquecidos
Nas horas perdidas das noites...
Nas tardes chuvosas do outono...
Nas ondas profundas do mar...

Pedaços de mim são crianças
Sem teto e sem esperanças,
Sem pais, sem amigos, sem sonhos,
Seus olhos molhados, tristonhos.

Pedaços de mim, espalhados
Por tantas esquinas da vida,
Por tantas pessoas amadas,
Por tantos lugares passados.

Pedaços de mim são soldados
Vencidos de dor, mutilados,
Famélicos, tristes, cansados
De lutas que não são as suas.

Pedaços de mim são saudades
De tempos de serenidades,
Sem lutas, derrotas e mortes,
Que em guerras vitória não há.

Pedaços de mim, derramados
Em juras de amor olvidadas,
Em beijos tão desesperados,
Em lágrimas mal enxugadas.

Pedaços de mim são as preces
Dos anjos por seus protegidos,
Dos pais por seus filhos drogados,
Das mães por seus filhos perdidos.

Pedaços de mim, sequestrados
Por tantas lembranças queridas,
Por tantos retratos guardados,
Por tantos carinhos trocados.

Pedaços de mim, sepultados
Nas tumbas profundas da alma,
Nas mil covas rasas da vida,
Na cripta escura da dor.

Pedaços de mim...
Folhas arrancadas...
Páginas queimadas...
Promessas rasgadas...

E assim,
Aos poucos me despedaço,
E em cada verso que faço
Vai um pedaço de mim...

Recolhe tu meus pedaços
E guarda-os no teu coração,
Se lá ainda houver espaços
Para amor ou compaixão.

Pedaços de mim...
Pedaços de ti...
Pedaços...


Rodolfo Rodrigues de Barcellos
Maio de 2010

                   


OBRIGADA AO DJ CLAYTON
PELA GENEROSA ASSISTÊNCIA
 ÀS MUSAS CONFUSAS... 


sábado, 11 de fevereiro de 2012

Cigarras

     No nosso rico imaginário popular guardam-se frases e expressões poéticas, metáforas originais, figuras de linguagem e de pensamento inspiradoras. Diz-se, por exemplo, que "a cigarra canta até arrebentar". Será verdade?
     À primeira vista, parece que sim. Qualquer observador curioso e amante da natureza certamente já notou, nas áreas arborizadas onde é comum o estridular desses insetos, as carcaças secas, presas aos troncos das mesmas árvores onde o bicho gosta de cantar. E todas apresentam uma fenda no dorso, como se o inseto houvesse explodido de alguma forma.
     Mas essas cascas são apenas a "pele" abandonada de onde saiu o inseto adulto, na fase final de sua metamorfose - o exoesqueleto da última ninfa. A fenda dorsal é a abertura através da qual a cigarra emergiu já com asas para voar, cantar e acasalar-se.
Uma cigarra adulta emerge da "casca"
da última ninfa (Wikipedia)
     Há mais de 1500 espécies conhecidas de cigarras. No Brasil ocorrem umas vinte, cujos nomes populares - vários deles aplicados a mais de uma espécie - são, entre outros, Cigarra do cafeeiro, Cigarrinha do milho, Cigarrinha verde, Cigarrinha das raízes, Cigarrinha das folhas, Cigarrinha das pastagens.
     A maioria das espécies tem períodos de amadurecimento irregulares, com ciclos vitais de duração variada (geralmente um a seis anos), enquanto as ninfas ficam sob a terra, alimentando-se da seiva das raízes. Mas sete espécies do gênero Magicicada têm uma característica adicional: elas são sincronizadas, ou seja, saem do chão todas ao mesmo tempo, para cerca de duas semanas de canto ensurdecedor, acasalamento e postura de ovos. Este gênero é também o campeão da longevidade entre as cigarras: em certas regiões da América do Norte, suas ninfas podem viver até 17 anos sob a terra.
     As fêmeas adultas põem seus ovos e morrem logo depois. Os ovos eclodem e as ninfas caem no chão - ou descem penduradas em fios de seda - e penetram na terra, onde se alimentam da seiva de raízes, trocando de pele várias vezes enquanto crescem. É quando causam grandes prejuízos à agricultura se não forem controladas.
     Depois desse período, elas cavam túneis, sobem nas árvores e sofrem uma metamorfose, a ecdise, se tornando adultas e prontas para o acasalamento.
     O acasalamento ocorre geralmente durante os meses quentes do ano, o que varia de acordo com a região geográfica. Nesse período, a cigarra se alimenta da seiva de folhas e ramos, e torna-se vulnerável ao ataque dos pássaros insetívoros, da vespa assassina e do louva-a-deus, seus predadores naturais.
     As cigarras masculinas cantam para atrair as fêmeas, vibrando as membranas no lado de baixo do primeiro segmento abdominal. Esse aparelho é bem menos desenvolvido nas fêmeas, cujo estridular é quase inaudível em comparação com os 120 decibéis dos machos maiores.
     No Brasil, o ciclo de vida desses insetos dura um ou dois anos, sendo apenas duas ou três semanas fora do solo.


Referências: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cigarra

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Palavrão




Denise disse assim: “Você vai se reconciliar com as suas palavras, elas me fazem mais feliz”... Abri um sorriso constrangedoramente feliz e fui buscá-las de volta para o ninho.
As coisas que ela escreve eu leio e releio, degustando-lhe a agridoçura do texto como um amante que sorve, dos lábios da amada, promessas inebriantes. Vi a feira. Vi aquele bibelô sentado nos caixotes, já senhorinha das palavras, ouvidos atentos no biscato das falas daquela Babel - falas com que nos encantaria um dia.
Sim, li e reli. E lá pela segunda ou terceira releitura, engasguei-me com aquele delicioso "constrangedoramente" logo no segundo parágrafo.
Não fui questionar Aurélios e Houaisses. Se for neologismo, é dos bons, vindo de onde vem, e as letras arapiraquenses terão acrescentado a esta castigada última flor do Lácio uma nova e bela pétala, agora mais rosadinha pelo sangue que lhe foi derramado em oferenda.
Mas não pude deixar de notar o tamanho do vocábulo. E ocorreu-me compará-lo a outros de grande calibre. Lembrei-me do famoso "anticonstitucionalissimamente" -  acho que ainda considerado o maior de nosso idioma - e botei um ao lado do outro, para uma disputa a partir das origens. Então, dado o tiro de partida, acompanhemos volta a volta:
Primeira volta:
Constitucional - 14 letras
Constrangedor - 13 letras
O campeão começa abrindo vantagem sobre o desafiante.
Segunda volta:
Constitucionalmente - 19 letras
Constrangedoramente - 19 letras
O desafiante reage. A disputa parece estar equilibrada.
Terceira volta:
Constitucionalissimamente - 25 letras
Constrangedoralissimamente - 26 letras
A velocidade aumenta. O campeão parece ter dificuldades para acompanhar o forte ritmo imposto pelo desafiante.
Chegada:
Anticonstitucionalissimamente - 29 letras
Anticonstrangedoralissimamente - 30 letras
Após acirrada disputa nos metros finais, o desafiante cruza a linha e rompe a faixa de chegada com um escasso corpo de vantagem sobre o campeão.
...and the Golden Medal goes to - MILENE!


Quem quiser, confira a certidão de nascimento do desafiante em
http://petalarrosadinha.blogspot.com/2012/02/segunda-de-filme-e-feira.html


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Stardust


Nesta tarde de domingo, a Bia achou um tempo para remexer nos papéis guardados da mãe, em busca de nem ela sabia o que. Pura curiosidade, que não ousarei chamar de feminina, pois eu e o Daniel acompanhamos com interesse essa incursão nos arquivos secretos da saudosa querida nossa.
Entre retratos e diplomas antigos, recortes de jornais e revistas, cartas e cartões postais, receitas e folhinhas de calendário, eis que a Bia descola dois poeminhas que eu havia feito para Maria Helena. E embora estejam sem data, tenho quase certeza de que foram escritos em outro milênio. Ei-los:


A TI, AMADA MINHA


Soneto feito para Maria Helena, em uma noite de cansaço, perto do aniversário dela.


A ti, que me trouxeste luz e vida,
E que fizeste de uma tenda um lar,
Consolo meu, meu amor, meu amar,
Repouso meu, na sempiterna lida;

A ti, a quem todo o meu ser convida
Nas horas más, nos tempos de penar,
Nos dias ruins, nas noites sem luar,
Que sofro só por não te ver sofrida!

Ah, meu amor, querido e adorado!
Como quisera eu, teu bem-amado,
Dizer-te mais do que me diz a pena!

Quisera tanto, tanto, ser capaz
De, em formas menos toscas e banais,
A ti meu amor dar, Maria Helena!

Embora não me lembre da data exata, tenho certeza de que este sonetinho foi escrito durante uma solitária noite longe de casa, após um dia de intensa labuta, numa das inúmeras missões que me levavam, nas asas da Força Aérea Brasileira,  a distantes rincões desse mundão de Deus - muitas delas sem data certa de retorno.
O outro poeminha é um acróstico. E os amigos que curtiram meu livro - O Outro Nome da Rosa - reconhecerão nele a semente que gerou, muito tempo depois, a dedicatória de Ego In Verso.


MARIA HELENA


Versos brancos (meio acinzentados, admito), feitos para Maria Helena, logo depois do poema anterior.  Tive um trabalhão para evitar rimas, sem fugir do ritmo...


          Minha amiga,
          A ti dedico este humilde verso,
          Rústico seja, pobre, mas sincero,
          Intérprete confuso do que sinto,
          Amiga minha!


          Helena amada,
          Em ti repouso da perene luta,
          Lida constante, só por ti vivida,
          E cada teu carinho é meu troféu.
          No teu amor está minha vitória,
          Amada Helena!


Niterói, fevereiro de 2012
Rodolfo Barcellos

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pensamentos vossos


Se a gente sente, sofre;
E se não sente, também...
Se sofre é porque teve alguém,
Se não, não teve ninguém;

Tem coisa pior do que ter?
Sei não... acho que é não ter.
Se não se sente saudade
Pra que então se viver?


     Essas frases não são minhas. São da Otília Cristina, em um comentário a meu "post" Saudade. Tudo o que fiz foi ajeitar as palavras para formar as quadrinhas. Ah, e também tomei a liberdade de transformar algumas maiúsculas em minúsculas...
     Compilei esses Pensamentos Vossos a partir de postagens, comentários, papos no MSN, e-mails, perfis pessoais, livros e quaisquer outros repositórios de sabedoria dos amigos. Não encontrarão aqui citações famosas, mas vozes amigas, em falas inspiradas.
     Deixei, sem dúvida, que escapulissem muitos peixes da minha rede furada, mas creio que a pescaria foi proveitosa. Que julguem os amigos.


Acredito que somos a mudança que queremos no mundo. (Ma Ferreira)


Os verdadeiros amigos  não querem saber o porquê, querem saber de ajudar você; e se nada mais puderem fazer,  ficarão em silêncio a seu lado. (Otília Cristina)


Sonhos podem voar! (Glorinha Lion)


Nem sempre o silenciar é fugir. Muitas vezes é uma arma mais poderosa do que queixas e protestos, quando se conhece o alvo de nosso silêncio. Mas isso exige um autocontrole que nem todos alcançam. (Mery)


Solidão é uma semente pisada no chão do coração. (Carla Fernanda)


Eu desinvento o amor até o breve instante em que meu coração não suporta ser espaço desabitado. (Milene Lima)


Minhas renúncias serão recompensadas, minhas lágrimas serão enxugadas, sentirei as mãos fortes dos amigos, sentirei o carinho e o amparo de quem me quer tanto bem. (Márcia Morais)


Gosto da saudade. Ela jamais foi pra mim uma tirana, ao contrário, é o meu elo de ligação com o mundo deixado pra trás a cada passo do meu inevitável caminhar. (Milene Lima)


Nunca serei só com a minha poesia na minha companhia. (Carla Fernanda)


Todo aquele que perde a humildade na briga por reconhecimento se torna mais um na multidão, sem nome, sem rosto. Arrogância é ferrugem que corrói a alma e descolore o coração. (Renata Fagundes)


Não corras atrás das borboletas. Cuida do teu jardim e elas virão a ti. (Mirna Cavalca)


É impressionante como temos memória do que sentimos! (Regina Rozenbaum)


A saudade é um bem precioso, que insistimos em transformar em sinônimo de perda. (Denise)


Quer me enfrentar? Muito bem, venha munido de argumentos ou então sinta o peso de minha indiferença. (Tatto)


Este mundo é redondo mas está ficando chato. (Manuel Marques)


Não sei se sou quem moldo o barro ou se sou moldada por ele. (Ma Ferreira)


No quiero cambiarte para que seas como yo quiero. Quiero quererte como tú eres para ser alguien que tú puedas querer. (Sergio, blog El Puente)


Se o ontem já passou e o amanhã ainda não veio, concluo que meu tempo é hoje. (Rafaello)


De nada servem planos para o passado. (Leonel Rodrigues)


Ainda bem que pessoas não nascem em árvores. (Simone Fernandes)


Devemos imitar o eterno exemplo dos rios: dão suas águas ao mar e nunca ficam vazios. (Mirna Cavalca)


Não podemos permitir que a língua corra à frente do pensamento. (Mirna Cavalca)


A imaginação não é o talento de alguns homens, mas sim, a saúde de todos eles. (Mirna Cavalca)


Seja sempre você mesmo; não queira imitar ninguém. Temos muitas virtudes e defeitos; mas o pior dos defeito é a hipocrisia. Dignidade e moral não tem preço. (Mirna Cavalca)


O sábio fala, o ignorante grita. (Mirna Cavalca)


Quando a vida não te oferece pontes, é para que tu descubras as tuas asas. (Fátima Guerra - Mellíss)


O livro é a menor distância entre o homem e o saber. (Jair C. Lopes)


Todo mundo tem direito a um minuto de burrice por dia. (Maria Auxiliadora Pinheiro de Barcellos - a mãe)


Mamãe tem sempre razão. Mas tem gente que abusa. (Maria Auxiliadora Pinheiro de Barcellos - a filha)
*   *   *   *   *
Nota: Nunca primei pela boa organização dos meus arquivos. Caso tenha inadvertidamente atribuído a algum amigo a frase de outrem, que me perdoem e avisem, para que eu faça a devida correção.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Calíope

Informa-nos a Wikipedia, em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Musa:
"Calíope (bela voz), a primeira entre as irmãs, era a musa da eloquência. Seus símbolos eram a tabuleta e o buril. É representada sob a aparência de uma jovem de ar majestoso, a fronte cingida de uma coroa de ouro. Está ornada de grinaldas, com uma mão empunha uma trombeta e com a outra, um poema épico. Foi amada por Apolo, com quem teve dois filhos: Himeneu e Iálemo. E também por Eagro, que desposou e de quem teve Orfeu, o célebre cantor da Trácia."
E em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cal%C3%ADope:
"Foi a musa da poesia épica, da ciência em geral e da eloquência e a mais velha e sábia das musas, e é considerada por vezes a rainha destas. É representada por uma figura de donzela de ar majestoso, coroada de louros e ornada de grinaldas, sentada em atitude de meditação, com a cabeça apoiada numa das mãos e um livro na outra, tendo, junto de si, mais três livros: a Ilíada, a Odisseia e a Eneida. Em outras representações, traz como atributo um rolo de pergaminho e uma pena. Mãe de Linos, com Apolo ou Oeagrus, e de Orfeu, das sereias e dos coribantes."
Hoje, a rainha das musas declama os versos dos poetas em arquivos mp3 hospedados nos sites da internet; e como ela honrou um de meus sonetos com sua bela voz, eu me atrevo a retribuir, com a minha parca eloquência, o carinho que ela me concedeu (ouça na primeira trilha, na "sidebar" à direita).

CALÍOPE
Teu nome é Calíope. Tua voz eloquente
É arauto de poetas que a lira fugaz
Cativa, seduz, nesse tom envolvente,
Trazendo mensagens de amor e de paz.

Teu nome é Calíope. Teu verbo candente
Da mais alta esfera do Olimpo nos traz
As preces que manam da pena silente
De poetas humanos, de simples mortais.

Ave! Musa do poema, da trombeta!
Grava com buril, em tua tabuleta,
Teu nome imortal, para que não se evole!

E deixa outras vozes por hoje cantarem
Os mais nomes teus para  nos encantarem,
Calíope Lúcia Helena Cavichioli!

Rodolfo Barcellos
Niterói, janeiro de 2012